31.3.10

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O tamanho do prejuízo


Por Amílcar Neves*

Ignoro se alguém já se preocupou em fazer o levantamento do monumental estrago que foi feito conosco. Desconheço se alguém já começou a medir o nosso enorme prejuízo. Indiscutível é que essa contagem das perdas e das baixas precisa ser realizada o quanto antes.

Hoje faz 46 anos que eclodiu um levante militar destinado a depor o governo constitucional brasileiro. Como sempre ocorre nessas ocasiões, a aventura contou com o apoio de setores civis influentes, conservadores e oportunistas, interessados no poder sem o risco e o incômodo do veredito popular pelo voto. Amanhã, 1º de abril, aniversaria a autoproclamada Revolução Redentora, de 1964, que, a pretexto de salvar o Brasil, mergulhou o país na escuridão e na ditadura.

O que havia por aqui nos anos 50? Em primeiro lugar, um país em transição, de um modelo rural com economia agrária para uma urbanização de feitio sofisticado. Com Juscelino Kubitschek surge a indústria automobilística e nasce Brasília, afirmações de que o Brasil podia ser uma potência. A conquista da Copa do Mundo de Futebol, em 1958, aumenta mais ainda a autoestima do brasileiro (a dose se repete em 1962). O movimento estudantil, uma invejável escola de participação política, ferve com o exercício amplo da democracia; veem-se, nele, jovens debatendo os problemas da cidade e do país, só isto.

Em 1960 Jânio Quadros elege-se presidente. Renuncia após sete meses e João Goulart, um rico fazendeiro gaúcho, assume o governo. Na época, o vice disputava uma eleição independente, não subia feito suplente de senador. Embora eleito diretamente, Goulart tem dificuldade para tomar posse: tentam dar, em 61, o golpe de 64, que vinha sendo ensaiado desde os anos 30. O pretexto: com ele, os comunistas tomariam o Brasil. Como isto não acontece, o tempo fica cada vez mais curto para os golpistas. Pior: em um ano e meio, na próxima eleição, Juscelino, popularíssimo, certamente será o presidente de novo. A partir daí não haverá mais como romper a Constituição. Por isso, houve o 1º de abril. Antes que ficasse tarde.

Quanto custou para o nosso aprimoramento político, para o nosso desenvolvimento social, para a nossa afirmação internacional essa aventura irresponsável, essa ditadura de 21 anos? Tamanha ruptura criminosa do crescimento intelectual e humano de todo um povo é o prejuízo que necessita ser medido de imediato.

*Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 31 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Crônica publicada na edição de hoje (31.3.2010) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.

30.3.10



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Hino ao Sambaqui

Plano Diretor

Ilha 70
Documentário de uma década


Arte de rua pela paz. Praça 15 de Novembro, Florianópolis-SC.

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Letra: Moacir Brustilin
Música: Washington Guimarães



Saiba mais no blog do autor.

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PLANO DIRETOR
Assembléia pede
respeito às leis


Foi aprovado hoje (30.3) na Assembléia Legislativa catarinense um Requerimento* de iniciativa da bancada do Partido dos Trabalhadores endereçado ao Prefeito da Capital, para que no processo de elaboração do Plano Diretor sejam observadas as normas federais que asseguram a efetiva participação popular e controle social, nos seguintes termos:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

REQUERIMENTO

Os Deputados que este subscrevem, com amparo no Regimento Interno e considerando que o teor do parágrafo único do art. 1º da Constituição Federal, prescreve que todo poder emana do povo; a Constituição do Estado de Santa Catarina, expressamente prevê, no inciso III, alínea, “d” do art. 141, que no estabelecimento de normas e diretrizes relativas ao desenvolvimento urbano, o Estado e o Município assegurarão; a participação de entidades comunitárias na elaboração e implementação de planos, programas e projetos e no encaminhamento de soluções para os problemas urbanos; a A Lei Federal 10.257/2001, também conhecida como Lei do Estatuto da Cidade, entre as suas diretrizes gerais, fixadas no art. 2º, encontra-se assegurada a “gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano”; a Resolução 25 do Concidades, norma federal de observância obrigatória, elaborada para emitir orientações e recomendações sobre a aplicação da Lei nº 10.257, de 2001 (Estatuto da Cidade), e dos demais atos normativos relacionados ao desenvolvimento urbano, adverte nos arts. 3º, 4º e 10; a) - o processo de elaboração, implementação e execução do Plano diretor deve ser participativo; que a coordenação do processo participativo de elaboração do Plano Diretor deve ser compartilhada, por meio da efetiva participação de poder público e da sociedade civil, em todas as etapas do processo, desde a elaboração até a definição dos mecanismos para a tomada de decisões; b) - no processo participativo de elaboração do plano diretor, a publicidade, determinada pelo inciso II, do § 4º do art. 40 do Estatuto da Cidade, deverá conter os seguintes requisitos: ampla comunicação pública, em linguagem acessível, através dos meios de comunicação social de massa disponíveis; ciência do cronograma e dos locais das reuniões, da apresentação dos estudos e propostas sobre o plano diretor com antecedência de no mínimo 15 dias; publicação e divulgação dos resultados dos debates e das propostas adotadas nas diversas etapas do processo; e a proposta do plano diretor a ser submetida à Câmara Municipal deve ser APROVADA em uma conferência ou evento similar, devendo atender aos seguintes requisitos: realização prévia de reuniões e/ou plenárias para escolha de representantes de diversos segmentos da sociedade e das divisões territoriais; divulgação e distribuição da proposta do Plano Diretor para os delegados eleitos com antecedência de 15 dias da votação da proposta; registro das emendas apresentadas nos anais da conferência; publicação e divulgação dos anais da conferência, REQUEREM seja encaminhada ao Prefeito da Capital do Estado, a seguinte mensagem:

"A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SANTA CATARINA, APROVANDO PROPOSIÇÃO DA BANCADA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES, SUGERE A VOSSA EXCELÊNCIA A OBSERVÂNCIA DAS NORMAS QUE ASSEGURAM QUE O PROCESSO DE ELABORAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E EXECUÇÃO DO PLANO DIRETOR DEVE SER PARTICIPATIVO; QUE A COORDENAÇÃO DO PROCESSO PARTICIPATIVO DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DEVE SER COMPARTILHADA, POR MEIO DA EFETIVA PARTICIPAÇÃO DE PODER PÚBLICO E DA SOCIEDADE CIVIL, EM TODAS AS ETAPAS DO PROCESSO, DESDE A ELABORAÇÃO ATÉ A DEFINIÇÃO DOS MECANISMOS PARA A TOMADA DE DECISÕES; SOB PENA DE NULIDADE E EVENTUAL DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. ATENCIOSAMENTE, DEPUTADO GELSON MERÍSIO - PRESIDENTE”.

*Requerimento apresentado pelos deputados Pedro Uczai, Ana Paula Lima, Décio Góes, Dirceu Dresch, Padre Pedro Baldissera e Jailson Lima.

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llha 70
Série da Vinil Filmes
no SC em Cena de abril



Ilha 70 é uma série de documentários que reconta a agitada década de 70 em Florianópolis, através do olhar da juventude da época.

Naqueles anos o mundo fervia em transformações comportamentais, estéticas e políticas e a geração 70 de Floripa deu sua resposta particular: abriu olhos, ouvidos e mentes pacatas para o futuro que se anunciava.

Turma do Kioski, Moda, Música, Palhostock, Beto Stodieck, Estúdio A2, Surf, Joaquina, Doces Bárbaros, Prata Palomares, Ditadura, Novembrada...um período de fatos e personalidades alucinantes vivendo em uma cidade que se transformava rapidamente com o acelerado desenvolvimento urbano.

Os três episódios de Ilha 70 são apresentados como uma colagem pop dinâmica, pintado com cores e texturas setentistas, entrevistas com gente que fez e aconteceu, grafismos e raros materiais de arquivo, embalados ao ritmo pulsante do rock.

Ilha 70 recupera um trecho importante da história de Florianópolis que explica muito do que a cidade é hoje. Passado e presente dialogam em uma narrativa ágil, moderna e emocionante.

ILHA 70
RBS TV
DIAS 10, 17 e 24 de abril
Sábados – Antes do Jornal do Almoço.
www.vinilfilmes.blogspot.com

29.3.10

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Berger,
o Plano Diretor
e o futuro de
Florianópolis


E mais:
Campanha Salarial 2010 dos Jornalistas
Cinema do CIC: Abaixo-assinado
Dia da Terra Palestina

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Preocupações com a cidade e seu
futuro ficam em segundo plano e na
dependência de carreiras políticas

Segundo o setor de Comunicação da Câmara, o prefeito Dário Berger desistiu de encaminhar amanhã o projeto do novo Plano Diretor de Florianópolis. "Em contato com o presidente da Câmara de Vereadores, Gean Loureiro, o prefeito disse que decidiu adiar a entrega do documento, por prazo indeterminado, diante de várias manifestações de entidades da sociedade organizada que tem solicitado mais discussões para promover aprimoramentos e definições em vários pontos do projeto, onde há muitas discussões".

A mesma fonte informa que o prefeito nomeará uma "comissão especial" que vai "coordenar os trabalhos relacionados ao Plano Diretor diante da nova situação", com diferentes atribuições, como a de "receber as novas sugestões das entidades e decidir se deve ou não levá-las para discussão em audiências públicas".

O episódio da rejeição do "plano", materializado no levante ocorrido no Teatro Álvaro de Carvalho, foi uma ducha de água fria na corrida de Berger rumo ao Governo do Estado. Apostou todas as fichas numa vitória na disputa interna no PMDB, dedicando-se a esse momento desde janeiro, após deixar a sombra da árvore natalina. Por isso, não pode prestar atenção no que seus assessores estavam fazendo, especialmente em relação ao Plano Diretor. Os mesmos assessores que agiram à margem da lei (Estatuto das Cidades) e do bom senso, tentando empurrar goela abaixo da população um plano voltado exclusivamente ao adensamento populacional na Ilha, sem a previsão da infra-estrutura que isso exige.

O saldo de duas derrotas seguidas retiram do prefeito de Florianópolis o elã talhado por marqueteiros e a aura de invencibilidade, lançando dúvidas sobre seu tirocínio político, o poder de articulação, eclipsando a trajetória. Muitos de seus atuais aliados, por conta de uma vitória na prévia peemedebista, já estavam fazendo as contas, procurando as novas instalações, prometendo empregos, buscando indicações. A derrota e a possibilidade de Berger permanecer prefeito, cortou muitos embalos, frustou muitos sonhos, tolheu pretensões. Nunca mais as relações entre Berger e seus assessores dos diversos escalões serão as mesmas. Afinal, o prefeito pode ser acusado de muitas coisas, menos de que seja sensível para perceber movimentos e astuto o suficiente para notar quando alguns já não merecem a confiança devida.

No meio de tudo isso o vice João Batista Nunes exercita a invisibilidade, costura discretamente nos bastidores e planeja os quase três anos em que estará à frente do Executivo. Caso Berger renuncie, ele terá que administrar de maneira diferenciada, distinguindo-se do titular, promovendo alterações de políticas, posturas e projetos, promovendo ao mesmo tempo um troca-troca nos cargos, sobretudo no primeiro escalão. Se não fizer isso estará cumprindo um mandato tampão, agindo como interino. Jovem, bem articulado, com ambições políticas, João Batista tem a faca e o queijo nas mãos. Resta saber a opção que fará.

A derrota de Berger na disputa interna do PMDB é a tônica nas colunas dos comentaristas políticos, como Moacir Pereira, que faz algumas considerações sobre o futuro do prefeito da Capital. "Se renunciar, disputará cargos majoritários ou proporcionais. Se ficar, termina a gestão em 2012 e fica dois anos sem mandato". Berger, segundo Moacir Pereira, "tem duas espadas de Dâmocles sobre a cabeça: o pedido de cassação do mandato no Tribunal Superior Eleitoral e o julgamento do polêmico processo da Beira-Mar de São José, no Tribunal de Contas da União".

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Abaixo-Assinado
Cinema do Centro Integrado de
Cultura (CIC/Florianópolis):


Prezada Presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Profº Anita Pires:

Nós, freqüentadores e apreciadores do Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, vimos através deste abaixo assinado nos manifestar a favor e pedir para que a reabertura da sala de cinema do CIC ocorra impreterivelmente no mês de Julho de 2010.

O fechamento desta sala de cinema para obras ocorreu em Setembro de 2009 com previsão de reabertura em Março de 2010 e nada ocorreu. Pedimos então que a reabertura seja em Julho de 2010, pois a cidade de Florianópolis carece de outras salas de cinema com exibições periódicas de filmes de arte. Agradecemos sua atenção e aguardamos pela retomada das atividades de cinema no CIC em Julho 2010!


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30 de março:
Dia da Terra Palestina

Atividade na antiga FAED, dia 30, 19h, reúne a jornalista Elaine Tavares, Khader Othmann e a exibição de um filme sobre as raízes do conflito.

Desde a década de 70 que no dia 30 de março, nas terras invadidas da Palestina, nos campos de refugiados e nos demais países onde vivem os palestinos emigrados, as gentes rememoram o “Dia da Terra” (Yawm Al-Ard). É um dia de protesto e de resistência, contra a apropriação, por Israel, da terra Palestina.

Esta data acabou tornando-se significativa para o povo palestino porque em 1976, em resposta ao anúncio do governo israelense de um plano que iria confiscar mais terras em áreas árabes, para a construção de novas colônias e ampliação de cidades judaicas, foi organizada uma greve geral pelos palestinos e aconteceram diversas manifestações nas cidades árabes, desde a Galiléia até o Negev.

Naquele dia, o governo israelense, através do seu exército, reprimiu violentamente a população com tanques e artilharia pesada. O saldo do confronto foram seis jovens - cidadãos árabes – mortos, 96 feridos e 300 presos.

Desde então o 30 de Março, tornou-se anualmente um dia de reflexões e manifestações, realizadas não só por cidadãos palestinos, mas por árabes e demais cidadãos de todo o mundo. A solidariedade das gentes ao povo Palestino é o que mantém a esperança de que um dia se possa viver em paz na terra das oliveiras.

Neste ano de 2010, o "Dia da Terra" simboliza também a resistência palestina à ofensiva em curso, de Israel, no que diz respeito à continuada expropriação de terras, ao apartheid, à colonização e à ocupação.

Em Florianópolis, para lembrar esta data em que, mais uma vez, o povo da Palestina foi massacrado, e para tornar significativo sacrifício de tanta gente, o Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino chama para a apresentação de um filme que mostra como se dá a resistência. Participam ainda como debatedores, Kadher Othmann, do Comitê e a jornalista Elaine Tavares

Data: 30 de março de 2010 - terça-feira
Hora: 19 hs
Filme: Occupation 101 - A Voz da Maioria Silenciada
Debatedores:
Khader Othmann - Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
Elaine Tavares - jornalista
Local: Museu da Escola Catarinense (antiga FAED) - UDESC. Projeto Cinearth - R. Saldanha Marinho, 196, Centro.

Entrada Franca

Sinopse: Occupation 101 - A Voz da Maioria Silenciada - Dos diretores Abdallah Omeish e Sufyan Omeish , 2006, duração 80 minutos. O filme trata das raízes históricas do conflito entre Israel e Palestina, abrangendo uma ampla gama de assuntos, entre os quais: a primeira onda de imigração dos judeus europeus para a região da Palestina nos anos de 1880; as tensões dos anos de 1920; as guerras de 1948 e 1967; a primeira Intifada de 1987; o processo de paz de Oslo; a expansão dos acampamentos judeus; o bloqueio econômico e a ocupação de Israel na Faixa de Gaza; o papel dos EUA no conflito; o testemunho das vítimas da ocupação israelense.

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Campanha Salarial 2010.
Venha prá luta, participe!

Venha debater a pauta salarial dos jornalistas! Assembleia em Florianópolis dia 31

Categoria tem que mostrar sua força junto ao patrão

Colegas jornalistas da Grande Florianópolis,

Assembleia em Florianópolis encerra discussão sobre pauta de reivindicação

Florianópolis recebe a 11ª assembléia que discute desde o início do mês os rumos salariais e socias da categoria. Até agora foram referendadas a pauta original e mais três sugestões recolhidas em Jaraguá do Sul, Joinville e Criciúma. A principal reivindicação financeira é o piso salarial de R$ 1.800, que, segundo o Dieese, está dentro da realidade das empresas e atende em parte as necessidades dos jornalistas.

Foram acrescentadas as seguintes sugestões: 1 - ampliação no prazo do auxílio-creche, que assegura o recebimento do direito social entre o nascimento e 60 meses de idade para filhos de jornalistas (Jaraguá do Sul); 2 - ampliação da licença-maternidade, conforme a nova legislação, assegurando direito de afastamento do trabalho de jornalistas por seis meses (Joinville); 3 - que as empresas contratem jornalistas formados em cursos específicos de jornalismo e com reconhecimento pelo MEC (Criciúma).


Local da assembleia:

31 de março - Florianópolis – Auditório do 3º Andar da Federação dos Trabalhadores do Comércio de Santa Catarina, à Avenida Mauro Ramos, 1624, com primeira chamada, no turno matutino, às 9h30min, com o quórum regulamentar, e às 10h, com qualquer quórum, e no turno noturno, em primeira chamada às 18h30min, com o quórum regulamentar, e em segunda chamada às 19h, com qualquer número de participantes.


Confira no site do Sindicato:
* Proposta de Convenção Coletiva 2010
* Campanha Salarial 2010 - Razões para elevar o valor do piso dos jornalistas em SC.

28.3.10

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Emanuel Medeiros Vieira
&
O L S E N Jr.



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A CRÔNICA DO OLSEN

Olá, camaradas, salve!

Vai a da semana ilustrada por uma canção de amor...

O restante está dito aí embaixo...




Com o carinho do poeta!

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DIÁRIO DA PROVYNCIA XI

Por Olsen Jr.
olsenjr@matrix.com.br


QUEM COPIOU DE QUEM?

Não se deve acreditar em tudo o que está na internet ou que é repassado por pessoas que, desavisadamente, crêem nela como informação fidedigna ou “fonte” confiável.

Aqueles que deveriam ter “espírito crítico”, jornalistas principalmente, precisam “checar” determinados conhecimentos dados como definitivo.

Sei que ninguém faz nada “por mal”, mas aí reside o “mal”... A ingenuidade é mãe da imprudência, filha da ignorância e neta do desatino, todos aparentados do equívoco.

Recebi ontem por e-mail um vídeo com o Frank Sinatra interpretando “My Way” e afirmando que o compositor e cantor norte-americano Paul Anka (autor da versão inglesa) havia ganhado “milhões” de dólares com a música e a ação que lhe movera o compositor e cantor francês Claude François que morreu sem ver o término do processo.

A pessoa que me enviou o material é sensível, amante das boas coisas da vida e a ideia era compartilhar o “achado” e trazer algumas “informações” adicionais.

Agradeço esse compartilhamento global, mas vamos aos fatos. Em 1967, o compositor francês Claude François junto com Jacques Revaux fizeram a música “Comme d’habitude” (Como de Costume) e que foi gravada pelo primeiro. O também compositor e cantor norte-americano, Paul Anka fez uma versão para o inglês que chamou de “My Way” (Meu Caminho) e cuja letra não tem nada a ver com a “original” francesa, mas a música é exatamente a mesma (basta acessar no Google: Comme d’habitude/Claude François) e que foi gravada em 1968 por Frank Sinatra, uma maravilha. Só outro dado, este sim, adicional, tudo correu bem até o Elvis Presley, em 1971 gravar a mesma música (diz a lenda que the old Frank Sinatra jamais o perdoou) porque a versão do Elvis “matou a pau”... Gostos à parte, desconheço o tal processo, mas não é difícil imaginar a interpretação do juiz. Digo isso pensando no grupo “Renato e Seus Blue Caps (cujo nome foi “chupado” de Gene Vincent & The Blue Caps) um dos papas do rockabilly, autor de “Be-Bo-A-Lula”, 1956 junto com Carl Perkins (“Blue Suede Shoes”, 1956) e Eddie Cochran (“Summertime blues”, 1958) de quem os Beatles eram “fãs”... O “nosso” Renato e Seus Blue Caps devem grande parte do sucesso aos Beatles, eles se apropriavam das músicas, mas faziam “versões” que não tinham nada a ver com a letra original. As músicas eram apresentadas assim: “Até o Fim” (You Won’t See Me – Lennon/McCartney - Vers.: Lillian Knapp) ou “Dona do Meu Coração” (Run For Your Love – John Lennon/Paul McCartney – Vers.: Renato Barros).

Mas a má fé fica caracterizada quando você lê, por exemplo, na apresentação de um disco: “músicas e letras” de Roberto Carlos... Vejam e escutem essa “Forget Him”, de Bobby Rydell (1963) para conhecer de onde saiu a música “Esqueça” ou então, “Road Hog”, de John D. Loudermilk (1960) e o “Calhambeque”, ambas foram sucesso do “Rei”, na mesma batida...

A canção “Auld Lang Syne”, do Reino Unido (que foi construída em cima de um poema de Robert Burns em 1788) e se tornou popular nas “despedidas” ou para celebrar o ano novo. Foi transplantada para todos os países. No Brasil ganhou uma versão de Alberto Ribeiro e Carlos Alberto Ferreira Braga (o “Braguinha”) conhecida como a “Valsa da Despedida” e nesse caso se justifica uma “versão” adaptando-a as circunstâncias de cada região o que não impede e se exige é o (re)conhecimento de “sua” origem e popularidade ou a consciência disso.

Na condição de autor sou avesso a essa permissividade que admite a recriação de um trabalho alheio individual e personalíssimo, portanto por terceiros. Salvo por algo ligado ao folclore em que tal adaptação quase sempre é necessária. Uma boa música sustenta e carrega qualquer letra medíocre, se isso não fosse verdade, os Beatles (do começo da carreira, em 1962) não existiriam. Recentemente Rita Lee fez um CD só com músicas dos Beatles. Na canção “Aqui, Ali, Em Qualquer Lugar” (Here There and Everywhere – Lennon – McCartney) ela diz lá pelas tantas: “ I love you pra chuchu /Se você não está perto eu fico jururú/ Tudo azul, mas sem você eu fico blue”...

O amigo e escritor Mário Prata “adorou”... Com todo o respeito, duvido que John Lennon e Paul McCartney concordassem, fica a dúvida, mas qualquer um pode entender essa preocupação... Ah! Quase esqueço, qualquer um não significa um qualquer!

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NECESSIDADE DE
INTERVENÇÃO NO GDF


Amigos (as)
O curto texto a seguir não é literário.
Tem até um caráter até panfletário.
Dele emana um profundo e muito internalizado sentimento de indignação.

A necessária intervenção no GDF está sofrendo intenso e constante ataque de todos os podres poderes que aqui sempre se locupletaram.

A própria diretoria da OAB/DF não deve ter ouvido falar em Sobral Pinto.

Seu presidente participaria do escritório que defende o governador preso.

O "Correio Braziliense", maior jornal da cidade, sempre viveu às custas das imensas verbas governamentais.

Não precisdo falar da Câmara Legislativa, talvez a maior casa dos horrores desta região.

Donos de hotéis, certas empresas de informáticas (cujo esquema de corrupçao foi revelado pela Polícia Federal na Operação Pandora), pastores evangélicos, empresários, o dono da maior construtora de Brasília (que foi vice-governador): todos têm realizado constantes e endinheiradas manifestações contra a intervenção.

Segundo certas informações, o Procurador-Geral de Justiça do DF, teria recebido R$1600.00,00, além de uma bolada mensal de R$150.00,000 (do governador preso), para evitar certos contratos de licitação.

A podridão atingiu todos os poderes.

Um deputado que foi pego recebendo maços de dinheiro e fazendo a oração da propina com outros colegas, é filho de um dos maiores pastores do Centro-Oeste, também conhecido como o "Edir Macedo de Taguatinga".

Me perguntarão se acredito que a intervenção seja decretada.

Não. Mas não entramos em lutas só para ganhar.

Nesse momento, para mim, a luta é mais ética que ideológica.

A intervenção é cada vez mais necessária.

Olhem para o lado e vejam o colapso da saúde publica, dos trasportes, da segurança.
Além da desilusão geral.

Mas o pessimismo é desmobilizador.

É preciso que nossa indignação seja socializada.

Abraços do Emanuel Medeiros Vieira*

*Um cidadão indignado que mora em Brasília há 31 anos. Pediria que os destinatários desta mensagem de indignação que morem em Brasília dessem um retorno (metonia55@hotmail.com).

26.3.10

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Arrumando as malas
BOI DE MAMÃO E
PAU-DE-FITA DE

DE SAMBAQUI

VÃO À BRASÍLIA




O Boi de Mamão e o Pau-de-Fita de Sambaqui se apresentam em Brasília no próximo dia 8 de maio, informa Zeneide Melo, coordenadora das atividades. Na Capital Federal eles participam do 3º Salão Internacional do Artesanato, que acontece de 5 a 9 de maio no Pavilhão Expobrasília.

Os dois grupos embarcam no dia 6 de maio num ônibus com 40 lugares, enfrentando uma viagem de aproximadamente 22 horas. Em Brasília terão hospedagem, alimentação e outras despesas pagas pela organização do evento.

Só agora a viagem está sendo confirmada, devido ao estado de saúde de uma das principais integrantes da cantoria do Boi e do Pau de Fita, dona Nilza dos Santos, mãe do músico e artista plástico Carlinhos Cunha. Ela esteve internada para a extração de um tumor no intestino e apresentou um quadro grave de anemia, tendo perdido muito peso - no momento tem 40 quilos, se recupera bem, mas não poderá viajar.

A ida a Brasília pode representar também o retorno de Euclides (Kidinho) Dutra à coordenação do Boi, substituinto Zeneide Melo, que se afasta temporiamente para um merecido descanso. "O Kidinho era o coordenador. Eu assumi provisoriamente o lugar", explica Zeneide. "Mas vou estar sempre ajudando no que for preciso", garante. O Pau-de-Fita é coordenado por Dóris Gomes.

Confira abaixo as fotos (inéditas) da apresentação do Boi de Mamão e do Pau-de-Fita de Sambaqui na última Gincaponta.















Pau-de-Fita






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Antonio Alexandre Izidoro (Boquinha), melhor laçador de boi de mamão de Florianópolis, aquecendo para a apresentação em Brasília.

25.3.10

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URGENTE

Convite para reunião do Núcleo Gestor
em Autoconvocação do Plano Diretor

ABERTO ÀS COMUNIDADES

Convite

Reunião sobre o Plano Diretor - convocada pelos representantes dos Distritos Subdisdritos, Universidade, Movimentos Sociais, Comunitário e de Classe, em Auto Convocação, para discutir sobre o Plano Diretor de Florianópolis.

Data: 25 de Março de 2010 - HOJE
Local: Auditório do Centro de Ciências da Saúde
Horário: Das 19h00 às 22:00 horas


p/Comissão Executiva do Núcleo Gestor do Plano Diretor em Auto Convocação

Angela Liuti -UFECO
Cristina Nunes - Ingleses
Gert Schinke - Pântano do Sul
Lino Peres - UFSC

24.3.10

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E S P E C I A L
Rony Martínez,
jornalista na resistência


Martinez na Ponta do Sambaqui. Fotos: Celso Martins


Por Elaine Tavares (jornalista)

Rony e a jornalista Elaine Tavares em palestra na UFSC.

Era o dia 27 de março de 1984. No pequeno povoado de Porvenir, Honduras, na fronteira com a Nicarágua, nascia um garotinho de boca carnuda e olhos de azeviche. O primeiro de uma família simples, camponesa, enredada na difícil tarefa de viver num país marcado pela exploração das empresas estadunidenses, pelos golpes de estado e pela pobreza extrema. Em Porvenir (que na língua espanhola significa “futuro”), naqueles dias não havia luz nem água tratada. Hoje, 25 anos depois, tudo segue igual. Mas o garoto não está mais lá. Ele agora é parte da história do país, junto com um heróico grupo de jornalistas da Rádio Globo Honduras.

Rony Jonathan Martínez Chavez desde cedo conheceu a história das gentes latino-americanas e sua saga de libertação. Seu pai não apenas tratava a terra para fazer nascer o alimento, mas desde sempre tratava a alma e o espírito, lendo sobre as lutas dos povos, acompanhando a batalha dos sandinistas que, ali, bem do ladinho, construíam uma revolução vitoriosa. Destas conversas ao pé do fogo, foi se forjando no agitado guri o desejo de enlaçar o futuro, o “porvenir” que se expressava como promessa no próprio nome do seu lugar. Então, com 14 anos, ele juntou umas roupinhas e se foi à capital.

Tegucigalpa – de um milhão de habitantes - era um universo gigantesco para o jovem camponês, que na bagagem, além dos trapinhos, só trouxera esperanças, simplicidade, lealdade e honradez, estas coisas que forjam as gentes campesinas de “nuestra América”. Foi morar com uma tia e logo saiu em busca de trabalho. O primeiro foi quase que como escravo em uma empresa comandada por chineses. Trabalhava das sete da manhã às sete da noite e seu corpinho franzino tinha de agüentar a fome e o esgotamento. Depois, andou por outros tantos empregos, sempre explorado, já que pouco estudo tinha.

Como a água que corre para o mar, Rony meteu-se na política. No colégio, onde resolveu seguir os estudos, envolveu-se com a luta e desde então não parou mais. Por conta da voz aveludada foi chamado pelos líderes do Partido Liberal para ser mestre de cerimônia do candidato Elvin Santos (este foi também candidato do partido agora em 2009, no processo que elegeu Pepe Lobo). Ele conta essas peripécias entre risadas. “Eu andava lá, com Elvin, metido na juventude liberal. Não imaginava que a vida iria dar uma guinada tão grande e eu iria me transformar num defensor de Mel Zelaya e do povo hondurenho”.


O golpe

Para Rony Martínez o golpe levado a cabo pelo militares em Honduras, no mês de junho de 2009, fez nascer um novo país e um povo renovado. Ninguém poderia imaginar que aquela gente, que andava calada desde as grandes greves bananeiras dos anos 50, iria despertar com tanta força e com tamanha sede de transformação. Ele mesmo, em seus pensamentos mais revolucionários, jamais sonhara com o que aconteceu.

Por conta da bonita voz e do trabalho que já desenvolvia os amigos disseram: procura Dom David (David Romero, jornalista que estava na direção de uma rádio modesta, a Globo, mas que sempre fora crítica). Acreditavam que Rony pudesse ter chance de trabalhar na emissora, que tinha alcance nacional. Ele hesitou, pensou, e decidiu buscar o veterano jornalista. Este o escutou, percebeu que ali estava uma boa voz, um bom rapaz, um bom faro jornalístico e mandou que fosse ter com ele no programa da manhã, que começa às seis horas. Era já um teste. Se o guri resistisse, ficava. Rony resistiu. Por alguns meses ele ali ficava ao lado de Dom David, dando apenas a hora. “Em Honduras, seis horas e seis minutos”. Só mais tarde passou a produzir, buscar notícias pelo mundo afora, redigir, narrar. Então veio o golpe e tudo mudou. A Rádio Globo se converte no único espaço de resistência com alcance nacional, visto que o seu sinal estava em 16 das 17 províncias (estados) do país.

“No dia do golpe, chegamos à rádio e ali estavam os militares. Não nos deixavam entrar. Os demais veículos estavam no ar. Só nós estávamos impedidos. Então, conversamos e os convencemos que iríamos dizer o que nos mandavam, que aquilo era uma substituição constitucional. Mas, assim que entramos no ar passamos a dizer ao povo de Honduras e ao mundo que aquilo era um golpe de estado. Como chamar de substituição constitucional o seqüestro de um presidente, os tanques na rua, os militares por toda a parte? Era um golpe e assim noticiamos. Durou apenas 10 minutos a transmissão e nos cortaram”. Rony conta que, logo, ele, David e o técnico improvisaram uma antena e seguiram transmitindo para parte da capital. E continuavam denunciando pela internet. Só às cinco horas da tarde, os milicos voltaram e aí sim, levaram todos presos, menos Dom David, que fugiu pela janela.

A rádio Globo é uma rádio comercial como qualquer outra no país, pertence a um empresário chamado Alejandro Villatoro. Ele estava lá quando chegaram os militares, foi levado, humilhado. Aquilo o enfureceu. Por isso não hesitou em autorizar aos seus funcionários: “Que digam a verdade ao povo”. E assim foi. A rádio Globo se converteu no principal instrumento de informação de toda a gente em Honduras. De cada vila, povoado, cidade, das ruas, o povo ligava para a rádio a passar notícias. Os repórteres questionavam os golpistas, faziam perguntas impertinentes, mostravam as contradições. Saiam às ruas com as gentes nas gigantescas marchas. A programação da Globo passou a ser puro jornalismo. “Num espaço de poucos meses já éramos a rádio mais escutada em Honduras, e de todo mundo outras rádios se enlaçavam, divulgando o que acontecia por lá”.

Mais tarde a rádio foi fechada outra vez e então os jornalistas transmitiam desde a clandestinidade. Num pequeno quarto de uma desconhecida casa, informavam ao mundo, via internet, sobre cada ação da resistência. Nas cidades do interior, as rádios comunitárias se enlaçavam ao sítio da rádio e passavam pelas ruas, com um alto-falante, as notícias colhidas pelos jornalistas da Globo e os informes dados de toda a parte pelo povo convertido em agente de comunicação. “Foi uma coisa incrível, um ato histórico, jamais visto. Durante os meses todos que durou o golpe, o povo marchou pelas ruas, em atos gigantes, e sempre acompanhado pela rádio Globo”.


O Brasil

Na pequena ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, o golpe militar em Honduras foi acompanhado via rádio Globo. A emissora passou a ser um ícone do jornalismo de resistência, transmitindo a verdade sobre os fatos, sem medo, sem meias palavras. Jornalismo de verdade. Quando ela foi fechada, por iniciativa do jornalista Raul Fitipaldi e logo encampada pelo Sindicato dos Jornalistas, foi-se para a rua, fez-se murais denunciando a situação, colheu-se assinaturas que posteriormente foram enviadas ao governo golpista. Nasceu um vínculo profundo entre Honduras e Florianópolis. Depois, o presidente deposto, Manuel Zelaya se abrigou na embaixada brasileira e Honduras passou a fazer parte do dia-a-dia nacional. O jornalista Celso Martins criou um blog específico sobre o tema, o Portal Desacato se converteu em espaço de debates, a Revista Pobres e Nojentas se juntou e assim surgiu a idéia de trazer o jovem jornalista Rony Martínez para conversar com os jornalistas locais sobre o golpe e sobre o jornalismo. E ele chegou em 14 de março de 2010.

A passagem de Rony por Florianópolis deixa marcas profundas. Organizadas pelo Sindicato dos Jornalistas, conferências realizadas nas três faculdades de jornalismo da capital colocaram os estudantes a par do que seja fazer jornalismo em tempos de cólera. Ao contrário dos colegas jornalistas, que, sintomaticamente, não apareceram em qualquer atividade, os estudantes aproveitaram ao máximo. Ouviram as experiências da rádio Globo, conheceram as histórias do golpe e da cobertura jornalística e, sobretudo, tomaram contato com um tipo de jornalismo que não conseguem vislumbrar aqui no Brasil, a não ser em poucos veículos alternativos: o que se compromete com a maioria. O que fica do lado das gentes, na alegria e na morte.

Rony contou sobre o golpe, sobre as lutas, sobre o jornalismo e falou ainda sobre as ameaças que sofrem os profissionais do jornalismo que insistem em dizer a verdade. Falou do medo, da dor de ver o povo sendo morto, assassinado, desaparecido. Contou das mulheres que tomam a dianteira nas marchas, dos jovens que arriscam a vida, dos professores que cumprem sua hora histórica, dos velhos militantes que retornam às ruas. Falou com paixão da luta do povo hondurenho para retomar sua dignidade, seu presidente constitucional. “O povo não reconhece esse governo que está aí. A eleição não teve povo, foi fraudulenta. A luta agora é pela instalação da Assembléia Nacional Constituinte. Ninguém mais quer a velha Honduras. Nasceu um novo país, há uma nova gente, consciente, capaz de dizer sua palavra”.

E assim é. Aquilo que provocou o golpe, que foi a decisão de Zelaya de ouvir o povo sobre uma nova Constituinte, é o que agora fará o povo organizado. A Frente Nacional de Resistência organiza um plebiscito, uma consulta nacional, e ninguém duvida dos resultados: a gente hondurenha quer outra forma de organizar a vida. Basta de bi-partidarismo, de mais do mesmo, de exploração. A luta hoje é prato do dia em Honduras. Essa gente que resistiu por meses, nas ruas, não dará passo atrás.

Rony Martínez também participou do II Encontro por Soberania Comunicacional, organizado pelo Portal Desacato, e ali conversou com lideranças comunitárias, jornalistas que atuam em sindicatos, povo do MST, mulheres organizadas, jovens, sindicalistas. Com eles refletiu sobre a necessidade de massificar o jornalismo de verdade, não esse, que propagandeia o poder instituído. Ainda recebeu o Premio Volódia Teitelboim, que o Desacato oferece a quem se destaca na prática do Jornalismo. Dividiu a honra com Miriam Santini de Abreu, da Pobres e Nojentas, Jilson de Souza, da Agência Contestado de Notícias Populares e com a escritora Urda Klueger.

E assim, de conversa em conversa, na conferência, em casa, no bar ou na rádio Comunitária Campeche, onde conversou com a comunidade do sul da ilha, o gurizinho serepele do povoado de Porvenir tocou o coração dos veteranos jornalistas que o acompanharam nos 10 dias que passou na ilha. Leal a seu “maestro” David Romero, ele nunca cansou de enfatizar que a rádio Globo e Dom David mudaram seu destino. “Estou vivendo um sonho pessoal e coletivo. Estou aqui no Brasil por conta do trabalho que fizemos e seguirei ao lado do povo de Honduras para a construção de um outro país. Nós vamos conseguir”. Para ele, o “porvenir” (o futuro) agora está mesmo é na mão do povo. Esse povo de Honduras que segue escrevendo com sangue e garra uma das mais belas páginas de sua história.



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Um passeio pela
Ponta do Sambaqui


Ronnie Huete e Rony Martinez visitam o colega escritor Raul Longo.






Canela, a fiel companheira de Raul.














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Mais sobre a visita de Rony Martinez ao Brasil nos blogs
Honduras é logo ali! e
Morazan Resiste.


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As crônicas de
Olsen Jr. e Amílcar Neves

Três homens de esquerda
Fernando Evangelista


Colômbia (livro) e Palestina (filme)

Fotos de Ben Kraijnbrink
Protesto na Assembléia


Jornadas de Gênero
Fifo Lima

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Dia de clássico


Por Amílcar Neves*

Por vezes o futebol tem uma influência muito perniciosa sobre a literatura. Mesmo que essa literatura seja apenas uma despretensiosa crônica. Como esta.

O título já estava decidido. Dia de clássico parecia ser um bom nome para o trabalho, especialmente num dia como hoje, em que se disputará, à noite, o clássico do futebol local, um cruzamento de séries do Campeonato Nacional: o Avaí da Série A jogando em casa contra o Figueirense da B.

O texto ia começar mais ou menos assim, reparem:

"Um dia de clássico é todo dia em que você coloca para tocar um disco do Ludwig van, o Beethoven. Pode iniciar com a Sinfonia nº 9, a Coral, ou com os concertos para piano e orquestra. Esse é um dia de clássico por excelência.

"Clássico por clássico, será igualmente um dia assim, especial, aquele em que seu toca-discos reproduzir o Jazz Sébastien Bach, o LP de vinil gravado pelo grupo vocal Les Swingle Singers e adquirido ainda outro dia em São Paulo - em julho de 1969.

"Dias de clássico estarão democraticamente disponíveis sempre que qualquer pessoa abrir um Shakespeare para ler alguma das suas peças, como os dramas históricos publicados certa ocasião pela Melhoramentos que o Márcio Zeni e a Lucimar trouxeram de um sebo em Curitiba ainda neste final de semana.

"E toda vez que alguém sentar com qualquer livro de Machado de Assis ou Thomas Mann se terá mais um dia de clássico. Ou quando pegar para assistir a Cidadão Kane, Casablanca ou um Ingmar Bergman. Clássicos são inumeráveis, inesgotáveis e inesquecíveis."

A partir daí surgiriam algumas digressões sobre o clássico em futebol - o duelo entre rivais históricos, geralmente da mesma cidade, em que é comum vencer aquele que está passando por pior momento - e o fato de que ele não acontece por vontade do torcedor e, sim, em obediência à tabela da competição.

Então seguir-se-iam comentários imparciais sobre o empate entre os dois segundos colocados e a vitória do líder, ampliando a diferença entre eles de cinco para sete pontos faltando quatro rodadas para o término do campeonato.

Aí a literatura foi traída pelo futebol, pois o Figueirense aplicou 3 a 0 no Metropolitano, o Avaí perdeu para o Imbituba pela contagem mínima e a folga do time da Ressacada sobre a equipe do Estreito caiu para minguados dois pontinhos, contingências que só serviram mesmo para botar mais pimenta no clássico desta noite.

*Amilcar Neves, escritor.
Crônica publicada na edição de hoje (24.3) do
jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC).
Reprodução autorizada pelo autor.


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GRANDE OLSEN!

Olá, camaradas, salve!

Está tudo explicado aí, exceto pela música, well, uma homenagem aos amigos João Vianney e Márcia Philippe... Claro, e a sua filha Julie Philippe que é uma artista de talento e a quem admiro...

A crônica é pelo que não foi...

Dei-me conta do aniversário da cidade tardiamente, o que não significa que não tenha celebrado...

A opinião de Oscar Niemeyer também me impressiona, depois que passou dos 100 anos, afirmou "Na minha idade não se comemora mais aniversário"...

Bondade dele, enquanto estamos vivos devemos celebrar, mesmo às avessas, semelhante ao que fiz hoje...




Com o carinho de sempre, do poeta!
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DIÁRIO DA PROVYNCIA X

Por Olsen Jr.
olsenjr@matrix.com.br

ANIVERSÁRIO
NO PARAÍSO


Segunda-feira, 22 de março, a revista “Veja” da semana traz na capa a fotografia do psicopata que assassinou o cartunista Glauco e o filho. Ao afirmar “Ser Jesus”, o criminoso se deu uma “licença para matar” que no seu desvario o exime de outra expiação pelo dolo.

É difícil para quem está chegando agora entender como a imagem de um artista (morto gratuitamente) possa ser substituída no imaginário coletivo de maneira tão leviana pelo perfil de um débil mental.

Explico, no Brasil a compulsão para se esmiuçar uma mente criminosa tem maior apelo comercial que a gênese de um talento que levou uma vida inteira para ser consolidado .A insanidade em se acabar com uma vida causa menos estranheza do que todo o esforço de uma arte capaz de redimi-la.

Foi pensando nisso, depois de ter passado pela banca de revistas e estragado o meu dia com aquelas constatações que decidi ficar pelo menos meia dúzia de dias sem ler qualquer jornal ou ver e ouvir os noticiários de televisão e rádio. Quero certificar-me se essa “alienação provisória” altera alguma coisa em minha vida.

Terça-feira, 23 de março, o dia amanhece ensolarado, tenho a sensação de que é domingo. Está no ar. Lembro no meu tempo de criança (lá em Chapecó) em que os domingos pareciam ser dias especiais. Tinha carne assada, maionese... Toalha e guardanapos de linho à mesa... Vestíamos as nossas melhores roupas, era um ritual bom de viver e constatar acrescento. Levei muito tempo para descobrir que o domingo era o primeiro dia da semana e não o último como sempre acreditei.

Well, aquela sensação de festa, de ser um dia diferente, de haver uma harmonia no ar, difícil mesmo de ignorá-la, eu sentia em cada poro do meu corpo, decido então tomar um café no boulevard (sempre gostei dessa palavra e está lá, no centrinho da lagoa para quem duvidar) na Lagoa da Conceição. Levo o “Hagar” (o meu carro, pô!) e ando duas quadras, mas não resisto, paro no primeiro boteco, o “Nosso Bar”, coberto de Capim Santa Fé, na Avenida das Rendeiras, passa das 10hs e substituo o tal café por uma cerveja “Original”, a mesma que o meu pai já bebia na década de 1960...

Existem algumas sensações que gostaria de compartilhar. Aquela que estava vivenciando era uma delas. Gostaria, por exemplo, que a mulher que amo estivesse ali comigo. Por outro lado, pode ser que ela não sentisse a mesma coisa. Então, era bom “curtir” o famoso carpe diem popularizado pelo filme “Forrest Gump”, até porque a música estava ajudando, tocava Creedence Clearwater Revival, um presente para o dono da casa, oferta minha em seu último aniversário, ele sempre toca quanto estou na casa.

A morte do cartunista Glauco e do seu filho não me saem da cabeça, as circunstâncias em que ocorreram também não. Dias antes de tomar a decisão de ignorar a mídia por uma semana, tinha visto na televisão uma reportagem sobre a família do assassino... Ninguém acreditava que “ele” tinha cometido o tal crime. As imagens da família mostravam um garoto tranquilo, andando de bicicleta, sorridente, levemente obeso, uma família de classe média normal. Mas o que houve então? Não sei, exatamente, mas ouso dizer que poderíamos, em nível de governo, oferecer opções para a juventude... Projetos em que o indivíduo pudesse crescer, desenvolver ideias absorvendo mais gente, tirá-los das ruas, acenar-lhes com um futuro melhor... Antigamente, o sujeito saia do meio rural e entrava num seminário, com vocação ou não, mais tarde, o exército e a marinha apareciam como opção... E hoje? As religiões, as seitas... São os últimos refúgios dos sem imaginação... Aqueles olhos projetados mostram que o garoto estava ainda sob efeito de drogas... Talvez tenha sido injusto em chamá-lo de psicopata... Mas tinha um artista morto e um algoz (sem motivo) requerendo justiça e ajuda, quem sabe?

A tarde já ia a meio quando descubro que aquela sensação de festa sentida quando cheguei, deveria ser atribuída ao fato de ser o aniversário de 284 anos de Florianópolis.
A iniciativa de abandonar os noticiários se mostrou frustrante. Acostumado em começar o dia lendo os jornais, pelo menos três, aquela mansidão já estava cobrando o seu tributo, mas não fiquei triste, ao invés disso, pedi outra cerveja...

Quando decidi ir embora, lembrei de Sartre, do se livro “A Náusea”... “Atrás de mim, na cidade, pelas grandes ruas direitas, à luz fria dos candeeiros, um formidável acontecimento agonizava: era o fim do domingo”.

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Três homens de esquerda

Por Fernando Evangelista*


O governo Lula trouxe à baila uma discussão que alguns intelectuais, daqui e de fora, haviam decretado como ultrapassado: o que é ser de esquerda hoje? O presidente, mesmo sem querer, ressuscitou o debate ainda no início do seu segundo mandato, deixando muita gente confusa.

O problema é que a dúvida durou pouco e ficou mais ou menos assim: exceto alguns inexpressivos grupos partidários, é de esquerda quem apóia o governo Lula, é de direita quem o critica. O curioso é que o próprio presidente disse, em mais de uma ocasião, que não é e nunca foi de esquerda. Porém, algumas coisas devem ser ignoradas porque senão tudo perde o sentido.

Vive-se um Fla-Flu político pouco polido e muito raivoso, e quanto mais próximas as eleições, maiores os decibéis da gritaria entre simpatizantes e críticos do governo. Por isso, de maneira simples e objetiva, destaco algumas posturas que, na minha visão, seriam os pressupostos formadores do homem ou da mulher de esquerda.


Escolhas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.

É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.

É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.

Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.


Vida Real

Eu conheço três homens de esquerda. Nenhum deles participa de partidos políticos ou utiliza palanques para proclamar suas próprias virtudes. Não são super-heróis ou pessoas infalíveis, são pessoas de carne e osso, com qualidades e contradições. São homens de esquerda, sem nunca, talvez, terem pensado nisso. Os três são de Santa Catarina.

O primeiro e mais novo é Vilson Groh, 55 anos, padre que vive e trabalha há 30 anos no Mont Serrat, comunidade da periferia de Florianópolis. Entre dezenas trabalhos que coordena, está o Aroeira, onde cinco mil jovens, todos pobres, quase todos negros, recebem formação profissional, com bolsas, para entrar no mercado de trabalho. Foi através de outro projeto, o Pré-Vestibular da Cidadania, que 400 jovens daquela comunidade se formaram nas universidades públicas de Santa Catarina e outros tantos seguem o mesmo caminho.

O segundo chama-se Aldo Brito, 77 anos, farmacêutico, que dedica a sua vida à luta pela inclusão dos portadores de necessidades especiais. Quando foi presidente da APAE, idealizou a Feira da Esperança, maior evento filantrópico de Santa Catarina. Há 11 anos, criou a COEPAD (www.coepad.hpg.ig.com.br), a primeira cooperativa no Brasil tocada por portadores de deficiência intelectual.

O terceiro é Francisco Xavier Medeiros Vieira, 78 anos, que escolheu a magistratura porque entendia ser o caminho mais eficaz para lutar por justiça. Entre seus projetos, está a construção de 50 casas da cidadania, para agilizar e humanizar o Poder Judiciário. Foi ele quem implementou e coordenou a primeira eleição computadorizada na América Latina e foi ele, quando presidente do Tribunal de Justiça, quem nomeou o primeiro juiz agrário do Brasil, para evitar conflitos no campo. O homem de esquerda sabe que não é justo, por isso inaceitável, que menos de 1% dos proprietários rurais detenham 46% de todas as terras agricultáveis do país.

Os três são movidos pela integridade de caráter, pela generosidade de espírito e por uma bondade risonha. E é com pessoas assim, como escreveu o poeta e revolucionário cubano José Martí, “que vão milhares de homens, vai um povo inteiro, vai a dignidade humana”. Então, para quem diz que a esquerda na essência não existe ou perde tempo com argumentos teóricos vazios de sentido, para quem ainda não entendeu o embuste da briga entre tucanos e petistas, aí está o exemplo destes três homens. Três homens de esquerda.

*Fernando Evangelista é jornalista. Entre outros eventos internacionais, cobriu a Operação Escudo Defensivo na Palestina em 2002, a guerra no Iraque em 2003, a guerra no Líbano em 2006 e o conflito entre curdos e turcos em 2007. É diretor da Doc Dois, produtora de documentários.

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DIA DA
TERRA

PALESTINA



A projeção e debate do filme "Occupation 101 - A Voz da Maioria Silenciada", marca a passagem do Dia da Terra Palestina em Florianópolis - 30 de março. A obra dos diretores Abdallah Omeish e Sufyan Omeish (2006, 80 min) trata das raízes históricas do conflito entre Israel e Palestina, desde a primeira onda de imigração dos judeus europeus para a região nos anos de 1880 e as tensões dos anos de 1920, passando pelas guerras de 1948 e 1967, a primeira Intifada de 1987 e o processo de paz de Oslo, até a recente expansão dos acampamentos judeus, o bloqueio econômico e a ocupação de Israel na Faixa de Gaza, o papel dos EUA no conflito e o testemunho das vítimas da ocupação israelense.

O debate terá a presença de Khader Othmann, do Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino, e da jornalista Elaine Tavares. Local: Museu da Escola Catarinense (antiga FAED-UDESC, r Saldanha Marinho, 196, Centro. Entrada Franca. Camisetas e Hatahs para venda. Início às 19h.

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Terrorismo na Colombia

"O terrorismo de Estado na Colômbia", do jornalista colombiano Hernando Calvo Ospina, será lançado dia 25, às 19 horas, no auditório do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis e Região - Sinergia (r Lacerda Coutinho, 149, Chácara da Espanha, Centro). No formato 15 x 21cm, com 344 páginas, o livro custará R$ 25,00 no lançamento.

James Pedras, professor da Universidade Estatal de Nova Iorque, afirma: "É o estudo mais importante da política colombiana realizado nas últimas décadas e constitui uma leitura indispensável, tendo em vista a glorificação dada ao presidente Álvaro Uribe por parte dos meios de comunicação e dos políticos ocidentais. O trabalho de Hernando Calvo Ospina apresenta uma grande riqueza de dados históricos e empíricos que põe em evidência a peculiar combinação que ocorre na Colômbia: por uma parte, de sua política eleitoral, característica de uma democracia capitalista ocidental; por outra parte, da liquidação permanente da sociedade civil e política, característica das ditaduras totalitárias".

Waldir José Rampinelli, professor de História da América na UFSC, assinala: "Este livro trata do terrorismo de Estado praticado na Colômbia contra os sindicatos, os grupos guerrilheiros, os movimentos sociais, os partidos políticos de esquerda e a população em geral; analisa os massacres dos paramilitares contra os líderes comunitários, as organizações civis e os pequenos povoados; narra a violência dos narcotraficantes contra os camponeses, os padres da teologia da libertação e os juízes independentes. Tudo isso sob o olhar complacente do Estado colombiano e do Pentágono, que não apenas toleram, mas também apóiam esse terrorismo".


O autor

Hernando Calvo Ospina é jornalista colombiano e refugiado político na França. É autor, entre outros livros, de Don Pablo Escobar; Peru: los senderos posibles; Salsa e Bacardi: la guerra oculta, todos esses traduzidos para vários idiomas. Atualmente, trabalha no Le Monde Diplomatique e prepara um livro sobre a Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos.

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Fundação Badesc promove
Jornadas de Gênero

Por Fifo Lima

A Fundação Cultural Badesc promove a partir deste ano as Jornadas de Gênero, Teatro e Cinema. Serão realizadas exibições mensais de filmes com debate sobre questões de gênero por meio da análise de obras teatrais e cinematográficas sempre com a presença de um convidado.

A promoção é do Grupo de Estudos do Projeto Poéticas do feminino e masculino, coordenado pela professora Maria Brígida de Miranda (Udesc). A estreia será na sexta-feira, dia 26, às 19 horas, com o filme As Malibrans, de Jocy Oliveira e Marcelo Dantas, e com Fernanda Montenegro, Helena Varvaki e Mallu Galli no elenco.

As Malibrans analisa a construção da “Diva” a partir da legendária artista Maria Malibran. Com participação assombrosa de Fernanda Montenegro como “diva virtual”, a peça articula as cenas do sacrifício e mortes de Ifigênia, Desdêmona e Ofélia à análise do desejo dos diretores de matarem suas heroínas e o voyerismo masculino sobre o corpo feminino, em meio a citações de Verne, Kafka, Michel Poizat, Catherine Clement e da própria Malibran.

A convidada para debater o filme é Claudia Mussi, graduanda em artes cênicas, na UDESC, com trabalho final de conclusão de curso em teatro Ela tem que morrer: a permanência do mito e a subversão da encenação de morte de mulheres. Traduziu e fez a direção musical da peça Vinegar Tom, da inglesa Carryl Churchill, que estreou no Festival Isnard Azevendo em 2008. É também Integrante da banda de mulheres Vinegar Tom e graduanda em jornalismo na UFSC.

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PROTESTO NA ASSEMBLÉIA