FOTOGRAFIA (Celso Martins) e
POESIA (Emanuel Medeiros Vieira)
*
Imagens da resistência democrática
na Florianópolis da década de 1970
Jornalista e historiador Celso Martins mostra fotografias inéditas
Imagens da Resistência: Florianópolis nos anos 70, do historiador e jornalista Celso Martins, tem a coordenação e produção de Carmem Lúcia Luiz com a curadoria do fotógrafo Radilson Carlos Gomes. O movimento estudantil, as noitadas no Roma, a Novembrada e o cotidiano daqueles tempos integram a mostra.
“Tudo isso fazia parte do meu dia-a-dia, como morador do bairro da Trindade que ameaçava fazer poesia, militava na oposição à ditadura civil-militar e atuava como repórter do jornal O Estado”, conta Martins que não se vê como fotógrafo. “Fotografo no intuito de reportar uma imagem”, explica, “mas onde eu me realizo é como repórter de texto”.
O material que está sendo mostrado é apenas uma ínfima parte do acervo reunido por Celso Martins, a maior parte ainda em negativos que nunca foram ampliados. Munido de uma câmera Canon FTB, ele cobriu os atos da resistência democrática e o dia-a-dia de seus integrantes, além de fatos e eventos pela cidade.
Teve a sorte de conviver com o grupo pioneiro do foto-jornalismo na cidade, reunido no jornal O Estado, como Orestes Araújo, o falecido Rivaldo Souza, Sérgio Rosário e Lourival Bento. “Eu era repórter mas acompanhava as discussões dos fotógrafos sobre a obtenção da imagem, as questões éticas, a revelação, ampliação e edição das fotos”, lembra.
Naquele tempo, profissionais de peso como Tarcísio Mattos, Carlos Silva e Sarará, atuaram no laboratório do jornal, com quem eu “discutia a qualidade dos meus negativos”. Martins também se recorda das primeiras lições com Osvaldo Nocetti (Coca) e Laureci Cordeiro, as aulas com Dario de Almeida Prado e o convívio com outros profissionais.
A mostra tem um formato diferente, com fotos em grandes dimensões, muitas escaneadas e ampliadas a partir de contatos, sem o uso de qualquer programa para alterar seu estado original. Uma pequena instalação vai mostrar como eram processadas estas fotografias, com ampliador, bacias, pinças, cuba e o tradicional varalzinho para a secagem de fotos e negativos.
Na ocasião estarão sendo autografados os livros Os quatro cantos do Sol – Operação Barriga Verde (Florianópolis: EdUFSC, 2006) e Os Comunas – Álvaro Ventura e o PCB catarinense (Florianópolis: Paralelo 27/Fundação Franklin Cascaes, 1995, ambos de autoria de Celso Martins.
Serviço
Mostra
Imagens da Resistência: Florianópolis nos anos 70
Autor
Celso Martins (jornalista e historiador)
Abertura
Dia 25.0.2012 às 19 horas
Permanência
Dias 25 a 27 de setembro
Local
Espaço É A GENTE (rua Júlio Moura, 139, Centro)
Entrada franca
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BREVIÁRIO
(Ou Livro das Citações)
Lembrando Theo Angelopoulos (1936-2012), um dos maiores cineastas do século XX
Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
(...) “Disse a mim mesmo repetidas vezes que não existe outro enigma senão o tempo, essa infinita urdidura do ontem, do hoje, do futuro, do sempre e do nunca”.
(Jorge Luis Borges – “O Congresso”, em “O Livro de Areia”)
O tempo – sempre
pó, sombras, finitude,
meu breviário,
bíblia da jornada – inelutável calendário,
mar azul ao fundo,
menino, velho, defunto.
o tempo e seus presságios
meu fio-terra particular (subjetividade dilacerada) – e rosto no espelho (todos os dias)
bússola desgovernada, errático astrolábio
a vida escorre – sempre celebrada
(Mesmo que a morte tenha mais tempo)
Novamente, lembrei-me de Borges – da mesma obra –, citado na epígrafe:
(...) “Também a mim a vida deu tudo. A todos a vida dá tudo, mas a maioria ignora isso. (...)
(“Undr”)
Lembrando Theo de “A Viagem dos comediantes”, “Paisagem na neblina” “A Eternidade e um dia”, “Um olhar a cada dia”
Breviário, epístola, palavra, revelação, mãe, imortalidade – e o tempo e o mar
(Quem sabe, Deus)
A Eternidade é um dia
A Eternidade e um dia
E só essa vida. Só essa. Nunca mais.
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