21.1.11

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CONTINUAMOS SEM ÁGUA
(Abaixo)

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PROPOSTA
Uma lei de

responsabilidade
sócio-ambiental?


Por Leonardo Boff*

Já existe a lei de responsabilidade fiscal. Um governante não pode gastar mais do que lhe permite o montante dos impostos recolhidos. Isso melhorou significativamente a gestão pública.

O acúmulo de desastres sócio-ambientais ocorridos nos últimos tempos, com desabamentos de encostas, enchentes avassaladoras e centenas de vítimas fatais junto com a destruição de inteiras paisagens, nos obrigam a pensar na instauração de uma lei nacional de responsabilidade sócio-ambiental, com pesadas penas para os que não a respeitarem.

Já se deu um passo com a consciência da responsabilidade social das empresas. Elas não podem pensar somente em si mesmas e nos lucros de seus acionistas. Devem assumir uma clara responsabilidade social. Pois não vivem num mundo a parte: são inseridas numa determinada sociedade, com um Estado que dita leis, se situam num determinado ecossistema e são pressionadas por uma consciência cidadã que cada vez mais cobra o direito à uma boa qualidade de vida.

Mas fique claro: responsabilidade social não é a mesma coisa que obrigação social prevista em lei quanto ao pagamento de impostos, encargos e salários; nem pode ser confundida com a resposta social que é a capacidade das empresas de se adequarem às mudanças no campo social, econômico e técnico. A responsabilidade social é a obrigação que as empresas assumem de buscar metas que, a meio e longo prazo, sejam boas para elas e também para o conjunto da sociedade na qual estão inseridas.

Não se trata de fazer para a sociedade o que seria filantropia, mas com a sociedade, se envolvendo nos projetos elaborados em comum com os municípios, ONGs e outras entidades.

Mas sejamos realistas: num regime neoliberal como o nosso, sempre que os negócios não são tão rentáveis, diminui ou até desaparece a responsabilidade social. O maior inimigo da responsabilidade social é o capital especulativo. Seu objetivo é maximizar os lucros das carteiras e portofólios que controlam. Não vêem outra responsabilidade, senão a de garantir ganhos.

Mas a responsabilidade social é insuficiente, pois ela não inclui o ambiental. São poucos os que perceberam a relação do social com o ambiental. Ela é intrínseca. Todas empresas e cada um de nós vivemos no chão, não nas nuvens: respiramos, comemos, bebemos, pisamos os solos, estamos expostos à mudanças dos climas, mergulhados na natureza com sua biodiversidade, somos habitados por bilhões de bactérias e outros microorganismos. Quer dizer, estamos dentro da natureza e somos parte dela. Ela pode viver sem nós como o fez por bilhões de anos. Nós não podemos viver sem ela. Portanto, o social sem o ambiental é irreal. Ambos vêm sempre juntos.

Isso que parece óbvio, não o é para a grande parte das pessoas. Por que excluimos a natureza? Porque somos todos antropocêntricos, quer dizer, pensamos apenas em nós próprios. A natureza é exterior, posta ao nosso bel-prazer.

Somos irresponsáveis face à natureza quando desmatamos, jogamos bilhões e litros de agrotóxicos no solo, lançamos na atmosfera, anualmente, cerca de 21 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, contaminamos as águas, destruímos a mata ciliar, não respeitamos o declive das montanhas que podem desmoronar e matar pessoas nem observamos o curso dos rios que nas enchentes podem levar tudo de roldão.

Não interiorizamos os dados que biólogos e astrofísicos nos asseguram: Todos possuímos o mesmo alfabeto genético de base, por isso somos todos primos e irmãos e irmãs e formamos assim a comunidade de vida. Cada ser possui valor intrínseco e por isso tem direitos. Nossa democracia não pode incluir apenas os seres humanos. Sem os outros membros da comunidade de vida, não somos nada. Eles valem como novos cidadãos que devem ser incorporados na nossa compreensão de democracia que então passa a ser uma democracia sócio-ambiental. A natureza e as coisas dão-nos sinais. Elas nos chamam atenção para os eventuais riscos que podemos evitar.

Não basta a responsabilidade social, ela deve ser sócio-ambiental. É urgente que o Parlamento vote uma lei de responsabilidade sócio-ambiental imposta a todos os gestores da coisa pública. Só assim evitaremos tragédias e mortes.

*Leonardo Boff é filósofo e teólogo. Texto encaminhado pela escritora Urda Alice Klueger.

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Sambaqui sem água, Barra do Sambaqui sem água, Santo Antônio de Lisboa sem água, Barreira sem água, Praia Comprida/Caminho dos Açores sem água
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CACUPÉ SEM ÁGUA

Pois é, amigo Celso. Em Cacupé também, há três dias. E a Casan - com a sua abusiva "tarifa sazonal" nos intimidando de modo a reduzir consumo abusivo. ABUSIVO? Como, se nem o básico eu consigo consumir...

Lamento que a comunicação da Casan - que me perdoem os colegas Suzete e Olsen Jr - seja tão incompetente quanto a Diretoria da Empresa. Bastava um comunicado esclarecedor, orientando o consumidor a prevenir-se, que os prejuízos seriam minimizados. Mas o que faz a Companhia? Não tem informação. Somente hoje foram cinco ligações e, em todas, as informações eram absolutamente diferentes. Ora foi a queda de luz nos ingleses, ora serviços de reparo...ora o abastecimento voltaria ao normal entre a noite e a madrugada, ora não há previsão! Sugiro um movimento popular com dois objetivos: largar em frente à sede da Casan o que nossos banheiros acumularam em três dias e um banho coletivo, nas torneiras do Centro Administrativo, na SC 401.
Abraços
Aureo Moraes
Cacupé

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Áureo,
não sei como conduzir os dejetos até a sede da Casan, mas podemos levar nossas roupas enroladas em lençóis e deixar na calçada. Topo o banho coletivo no Palácio do Saco Grande. Quem mais se habilita? (Celso)

Um comentário:

Anônimo disse...

Seria praticamente impossível não haver falta de água com a quantidade tão grande de turistas. Infelizmente falta reservatórios da casan para a distribuição da água.

O errro da casan foi falar que não haveria falta de água.