29.2.12

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Olsen Jr. (À deriva)

*

Emanuel Medeiros Vieira
(Por que escrevemos? e
A mulher e o peregrino
)


Igreja de Nossa Senhora das Necessidades e Santo Antônio,
erguida em meados do século 18 (Santo Antônio de
Lisboa, Florianópolis-SC). Foto: Celso Martins (29.2.2012)


*

À DERIVA

Por Olsen Jr.*

Todos nós já passamos por determinadas situações “não escolhidas” que, se tivéssemos o conhecimento prévio, sequer ousaríamos cogitar em se fazer presentes. Mais ou menos o que, no direito, se chama de vício redibitório. Em outras palavras, é aquele defeito que o objeto que se pretende adquirir possui, mas que se você tivesse conhecimento antes, não compraria. O caso de um automóvel com o motor fundido, por exemplo.
Bem, estou assistindo a um filme com Clark Gable (1901-1960) e Carol Lombard (1908-1942), provavelmente da década de 1930. Um filme dentro de outro filme. Como aquelas latas de azeite (de antigamente) que estampavam no rótulo uma mulher segurando uma lata de azeite, e nesta, outra mulher mostrando outra lata de azeite que trazia nova mulher com outra, assim, indefinidamente... Minha mãe, fã de Gable, já deveria ter visto aquilo. Todos os protagonistas estão mortos, e não canso de imaginar a maravilha que é o cinema. De repente, entra um comercial, em seguida uma chamada para o BBB, e logo a conversa zôo-técnica de alguém se reportando a manipulação de reses e outras lides campeiras, a título de “ilustrar” sua permanência ao lado de uma piscina na clausura de uma casa na qual não tenho o menor interesse. Desligo em seguida, quando percebo não ter curiosidade nenhuma pelos animais, nem os bípedes que observo e tampouco, pelos quadrúpedes a que eles se reportam. Minha afinidade com animálias, não passa de uma paleta de ovelha na churrasqueira, assim mesmo, se eu preparar o tempero e assá-la. Tudo a ver, diria o velho Horácio Braun, salve!
Não sei como terminou o filme e isto me chateia.
Já se pensou em realizar um BBB só com pessoas “cabeças”. Fizeram um teste nos EUA e foi um fracasso. A audiência caiu em níveis intoleráveis para os patrocinadores. As massas (ou o senso comum) não encontram acolhidas naquilo que não se identificam. Uma existência supra-real não é palpável, ainda que real num outro plano. Sugeriu-se aqui, incluir a Vera Fischer, a Sônia Braga, o Nelson Motta, Chico Buarque, Diogo Mainardi, Arnaldo Jabor, Ziraldo... Bem, seria a primeira vez que as duas atrizes não precisariam fazer o papel de “mulher que trai o marido” ou de “prostituta”, quer dizer, o meio-habitat nestas circunstâncias; o Nelson falando em sintonia fina, do “novo” disco dos Beatles, “Love”, duca; o Chico que não quer ser avô, e “deixa em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa”; o Mainardi afirmando que não agüenta mais bater no PT, não tem interlocutor (e nem ouvinte); o Jabor acreditando que há uma revolução em andamento, mas ninguém sabe onde; o Ziraldo afirmando que nunca brochou na vida, risos, macho uma barbaridade... Macho não quer dizer mucho lembra a atriz Zsa Zsa Gabor...
Quer saber? Gostaria de ter visto aquele filme, a despeito da grande audiência do BBB, estatística esta, da qual não faço parte, e diante de tais licenciosidades, sou mais o Glauber Rocha, é preciso acabar com este liberalismo feminista e estabelecer (logo) o machismo revolucionário.


*Olá, camaradas, salve!
No próximo mês começo algo “novo” (em minha escrita) aqui na terra...
O texto anexo foi publicado em janeiro de 2007... Mudaram as moscas mas o monturo continua o mesmo...
A atualidade se mantém...
Aliás, sempre quando escrevo, me posiciono como se estivesse no Rio de Janeiro imaginando ler um texto de alguém de SC e me pergunto e daí, bueno, se a pergunta não encontrar resposta então o texto não vale nada...
No caso, a resposta é o próprio texto...
Vai com o carinho do poeta... Sempre...


*

"I'm so tired"

A música é esta e diz respeito, naturalmente, ao momento em que estou vivendo...




Esta composição foi elaborada quando os Beatles freqüentavam a Academia de Meditação Transcendental do guru Maharishi, no Himalaia.
Havia palestras todos os dias seguidas de meditação...
Aquela calmaria toda seguida das complicações do fuso horário, a ausência de bebidas ou qualquer droga, ao mesmo tempo que deixava a cabeça livre para a criação, também facilitava um extremo cansaço, afinal não se conseguia dormir à noite e não se dormia de dia...
Some-se aí, o fim do casamento, no caso de John Lennon que não sabia como dizer isso a primeira mulher (Cynthia Powell) e também não contava com a presença de Yoko Ono...
Isso tudo foi deixando-o cansado... Muito cansado e acabou sobrando até para Sir Walter Raleigh (1552-1618) explorador e poeta inglês (para John era um babaca e idiota) que também era camponês e conseguiu o título de “Sir” bajulando com insistência a Rainha Elizabeth I... Atribui-se a ele a introdução do tabaco na Europa (levado da América)...
Neste período os Beatles compuseram mais de 40 letras... Parte delas está no que ficou conhecido como Àlbum Branco (The White Album) de 1967...
Esta “I’m so Tired” (“Estou tão Cansado”) é apenas uma delas...
Vem a propósito! (Olsen Jr.)

*

(ESCREVER)

POR QUE ESCREVEMOS?

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA*

Começamos escrevendo para viver e acabamos escrevendo para não morrer.
Para quem edifica palavras mal rompe a aurora, escrever é inadiável e urgente, mesmo que nada externamente nos obrigue a isso. Mas a necessidade interna é visceral, orgânica, chama e fogo, flecha, algo colado à pele.
Não conseguimos escapar desse apelo.
Escrevemos para perdurar, para vencer a poeira do tempo, para despistar a morte, para regar nossos fantasmas e (por que não?), para amar e se amado.
A literatura é o refúgio da sinceridade num mundo de pose.
“A literatura é um apelo de fogo, onde mora meu desespero, a minha inquietação e o meu paraíso”, escreveu alguém.
Eu sei: tento escrever um hino de amor à palavra.
Qual a maior viagem (interior) que podemos fazer, senão aquela que é um mergulho no livro, nesta criação de outros mundos, nessa peregrinação às áfricas interiores?
“Se o mundo dos objetos palpáveis e vida prática, não é mais real que o mundo das ficções, dos sonhos e dos labirintos, então pode ser que o autor de artifícios verbais tenha mais direito à condição de demiurgo que qualquer outro candidato”, escreveu Samuel Titan Jr., falando sobre Borges..

Hoje, a realidade chamada virtual fica sendo mais importante que o humano propriamente dito.
Uma personalidade não aparece porque é boa, mas é boa porque aparece.
Vivemos uma mudança de época e não uma época de mudanças.
Ou está inapelavelmente decretado que não há nada mais a fazer, que o destino já rabiscou todos os destinos?
Queremos um modelo de consumidores ou de cidadãos?
Aceita-se passivamente um mundo onde são as coisas que comandam e não os valores.
Queremos pessoas abúlicas, inertes, numa globalização onde impera a uniformidade e não a igualdade?

A literatura é um sonho do eterno. Sua morte tem sido decretada diariamente.
Mas por que ela continua tão viva?
Pois há dentro do homem uma sede de infinito que nenhum modelo meramente mercantil pode saciar.

*Emanuel Medeiros Vieira é escritor. Seu romance “Olhos Azuis – Ao Sul do Efêmero”(Thesaurus Editora/FAC, Brasília, 2009), recebeu o Prêmio Internacional de Literatura, promovido pela União Brasileira de Escritores – UBE, em 2010. Foi contemplado com o respeitado “Prêmio Lúcio Cardoso” para o melhor romance – na avaliação da entidade – publicado no Brasil em 2009.


*

A MULHER E O PEREGRINO

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

Apenas peregrino/pulsante,
“é vermelha, cor do sangue” – ela diz,
jogando a calcinha no tapete,
contemplo o matagal
sal da vida
úmido
pêlos encrespados,
teus gemidos cortam a tarde, como um túnel,
meu dedo em romaria no teu útero
matriz de tudo
“mater” minha
cachorro late ao longe, ronco de um caminhão,
o tempo zomba de nós,
lambes – lúbrica – a língua,
viva!, a Portuguesa, e esta que me arrepia agora.
Bússola afetiva: decifro (?) o mapa do teu corpo
(vacina de infância),
minha sina, minha mina,
estupidamente comovido,
cumpro a jornada – esta vida.

Fatigado e celebrante,
vivo a vertigem – passageira.
Lembro do poeta:
“Nós que devemos morrer, exigimos um
Milagre”. (W. H. Auden)
Grito “primal” pós-coito,
cheiros que se contaminam – perfume paraguaio,
esperma, suor,
ah, vida, urina, outros odores.
Contemplo tuas axilas raspadas,
teus olhos tão negros que parecem um bisturi
afetivo – eles tudo enxergam,
palavras não ditas – fêmea que não se revela.

Sim: como Rosa disse,
amar não é verbo, mas luz lembrada.

Quem és tu?
Quem sou eu?
Quem somos nós?
Nunca saberemos.
Analfabetos das emoções: para sempre.

Uma sinfonia neste anoitecer,
quase sempre silenciosa.
Serenados estamos.

Mordes uma maçã, o livro entreaberto entre as coxas, lês: “Se Deus morreu tudo é permitido.”
Corpos entrelaçados, estamos tão perto Dele.
Dure, energia!, imploro.
Ajoelho-me e oro.
Lambo tua umidade, um gosto de sal (mar da
infância), ris de olhos fechados, longas pernas,
cabelo oxigenado,
tão sincera/tão simulacro,
és bela-bela,
amorável mulher,
Deus desaparece, depois reaparece,
saciados, molhados, mortais,
vulcânica posse, abro mais esta fenda,
puxo os teus cabelos, com rudeza e doçura
(sim, sempre ambivalente),
um fio branco cai no meu peito, passamos, envelhecemos, e vamos todos morrer.
Extenuado, indago com Freud: “Afinal, o que querem as mulheres?”
Suplicante, gemes mais baixinho,
subalterna, ficas de quatro,
respondes: “O mesmo que os homens.”

Calcinha no ombro, cor de sangue, lépida –
garça vespertina –,
vais ao banheiro, olhos fechados, tudo é noite.
Já posso partir, e a memória do teu corpo
me inunda.

E direi: “Vivi como um peregrino e, mais tarde,
um surpreendente e definitivo passo darei ao morrer.”
(Palavras escritas no mármore branco da minha
peregrinação.)

(Emanuel Medeiros Vieira)

27.2.12

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PARA IR SE
ACOSTUMANDO
COM A IDÉIA


Implosão de ponte nos EUA: barato, indolor,
executavel em segundos. Reproduções: Celso Martins


*

Foi dada a largada para o
fim da ponte Hercílio Luz



Por Celso Martins


A primeira senha é a seguinte:

“— Nós continuaremos a tocar a obra, mas essa é uma discussão que a sociedade catarinense deveria fazer. As associações comunitárias deveriam debater o assunto.”

Afirmação do presidente do Deinfra, Paulo Meller, “comentando” a implosão de uma ponte nos Estados Unidos, parecidíssima com a nossa, a Hercílio Luz, ralo por onde escoaram até agora R$ 135 milhões declarados, desde sua interdição em 1982.

Dada a largada, basta que os atingidos pelas cheias no Oeste catarinense, por exemplo, “se manifestem” via associações comerciais, industriais e agroindustriais, fazendo coro, quem sabe, com as influentes ACIJs e ACIBs do litoral.

[Nos anos que antecederam a construção da ponte, o governador Hercílio Luz travou uma queda de braços com os Ramos, Vidal e Nereu, envolvendo entre outros temas espinhosos a transferência da Capital para Lages. O argumento de que a Ilha estava isolada do Continente foi demolido com a obra.]

A segunda senha de Meller:

“— Não é mais útil, destrói e faz uma nova. Eles não levam em consideração o valor histórico. Já conversei com algumas empresas de lá especializadas em desmontar pontes. Eles não entendem porque tentamos manter uma com todos os gastos”.

A autoridade comenta a facilidade com que seus colegas do estado de Ohio (EUA) se livraram da antiga ponte, fornecendo argumentos aos interessados. Ou seja, se nos EUA fizeram isso, nós também podemos fazer. Afinal, por mais que pulule entre a arraia miúda nutrida aversão a Tio Sam, entre os dirigentes reina a concórdia com seus emissários.

Os pretendidos R$ 78 milhões via Lei Rounaet de Incentivo à Cultura são apenas cortina de fumaça. Afinal, ao tomar essa decisão em relação à antiga ponte, nossas autoridades lavaram as mãos. O tempo ou um acidente poderiam dar conta do serviço. Mas apressar seu desaparecimento pode propiciar bons investimentos no médio prazo.

Interessante é ter sido, digamos, estabelecido, que a ponte deve ser devolvida ao sistema viário. Na impossibilidade disso, inútil se torna. Não se lê ou escuta nossos dirigentes falando do patrimônio voltado à gastronomia, lazer e cultura. É o que se poderia esperar com os pretendidos R$ 78 milhões solicitados via Fundação Catarinense de Cultura.

Confira o vídeo da implosão.


Fonte: “Implosão de ponte nos EUA traz questionamento sobre investimento na reforma da Hercílio Luz em SC - Desde o início da manutenção, ponte já consumiu R$ 135 milhões”. Por Roberta Kremer, DC, 24.2.2012. Publicado no ClicRBS.

25.2.12

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A flor de maracujá,
o por do sol, o parreiral,
Emanuel Medeiros Vieira
e outras imagens





Guaraciaba-SC. Fotos: Celso Martins

Emanuel prepara um
novo livro de contos

O escritor Emanuel Medeiros Vieira passou todo o período de Carnaval “revisando as provas do meu novo livro de contos”, escreve. “Lendo, relendo. Sem parar. Ou eu terminava com a revisão ou ela terminava comigo.... Ufa! Terminei! Terás uma surpresa”, acrescenta.
No momento Emanuel se encontra em Brasília, onde residiu por quase três décadas, devendo retornar a Salvador-BA nos próximos dias. Confira seu último texto:


G A M B I A R R A

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

(...) “Vivendo sempre no obstruído, no precário, no inerte, no disforme, no incerto, no rígido, no aterrorizador, no inóspito, no nu, no enfermiço, no vacilante, no desguarnecido, no nu, no enfermiço, no vacilante, no desguarnecido, no inóspito, no lúdico”. (...)
(Enrique Vila-Matas, “Dublinesca”)

Brasil: gambiarra infinita –
atravessando o tempo e as caravelas,
os Inss, cartórios, jeitos, jeitinhos, golpes, democracias formais –
segue, gambiarra, até a consumação dos tempos,
vem geração, vai geração – estás sempre aí –
arrumando fios na clandestinidade ou às claras,
a gente sabe quem paga a conta
tudo inconcluso
navegar é preciso
gambiarra de simulacros – como se uma peste surgisse no porto de Santos
e acordasse feliz no Brasil inteiro,
com seus carnavais, feriados, e com o seu esquecimento,
e o pó chegará para todos – celebridades vãs, engenhocas eletrônicas, vestidos caros, futilidade, enganação, truques mentais.
Tudo seria recomeçado depois de uma bomba nuclear,
uma flor pequena, um velho de boina, um menino, uma regata – e o mar.
Segue o teu destino, gambiarra – segue em paz,
aguentaremos o teu fedor – sempre.
(Como temos suportado até agora com a nossa “alegria”, nosso samba, nossos mandões tão idiotas e tão presunçosos, nossos velhacos sempre iguais – paródias de si mesmos.)
Mas relembro: um menino, um velho, uma regata – e o mar.

(Brasília, fevereiro de 2011)

*





*





*

A G R E G A R

POEMA DE EMANUEL MEDEIROS VIEIRA*


“Não Matarás”: não basta.

Teu mandamento será este: farás tudo para que o outro viva.

É vero sim o que quero:

não me importa o estoque de teu capital, Brasil,

mas tua capacidade de: amar

lavrar

aspirar

compreender.

Esse estatuto de miséria não é o nosso,

e a tecnologia da última geração não me sacia:

meu coração navegador quer mais.

A Ética – cuspida, debochada, no reino do simulacro,

Virou produto supérfluo porque não tem valor contábil.

Tempo dessacralizado e sem utopia:

a esperança é um cavalo cansado?

A aventura acabou no mundo?

Seremos apenas meros grãos de areia na imensa praia global?

Habitantes de um mundo virtual neste mercado sem cara?

Soará pomposo, eu sei:

não deixemos que nos amputem a alma

(e que acolhamos o outro).

Ser gente: não mera massa abúlica, informe, com os olhos colados

no retângulo luminoso de todas as noites.

O tempo é apenas dos alpinistas sociais?

Sou bom porque apareço, não apareço porque sou bom.

Na internet a solidão é planetária.,

mas do abismo – fragmento – irrompe um menino eterno,

e sentes o cheiro de uma manhã fundadora.

(A Morada do Ser é mais importante que o poder/glória.)

E o poema resiste,

singra a eternidade,

despista a morte,

seu estatuto não é mercantil.

Já não esqueces o essencial:

Na estrada de pó e de esperança, acolhes o outro.


*Este texto obteve o Primeiro Lugar no Concurso Nacional de Poemas, promovido pela Associação de Cultura Luso-Brasileira, de Juiz de Fora, Minas Gerais, sendo contemplado com a Medalha de Ouro “Jacy Thomaz Ribeiro.” O tema do concurso foi “Solidariedade: Por um Mundo Melhor.”

*


17.2.12

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SAÍMOS PARA
COBRIR O CARNAVAL


Acompanhe o Portal de Notícias Daqui na Rede

O Portal de Notícias Daqui na Rede está cobrindo o Carnaval do distrito de Santo Antônio de Lisboa com os seguintes profissionais: Marco Nascimento, Milton Ostetto, Marco Cezar (foto), Jerônimo Rubim, Celso Martins (texto e foto), Carú Dionísio, Miriam Santini de Abreu (texto) e Angelita Brandão (vídeo e suporte técnico). Anita Martins (texto) cobriu os preliminares e apresentou todos os blocos. Confira: http://www.daquinarede.com.br/.

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BLOCOS
ENGENHO DE DENTRO
E BAIACU DE ALGUÉM



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Bloco Engenho de Dentro e as
antigas vendas de Sambaqui


Por Cesar Augusto Tancredo

Uma tradição do Carnaval organizado pelos moradores de Sambaqui, Santo Antônio de Lisboa e Barra do Sambaqui, o desfile do Bloco Engenho de Dentro será nos dias 19 e 21 (domingo e terça de carnaval) a partir das 21 horas, em Sambaqui, partindo da Praia do Fogo em direção à Praia das Flores.

O tema escolhido para este ano são as antigas vendas de Sambaqui. Típicas das localidades do interior Ilha, as vendas eram um ponto de encontro dos moradores e suas peculiaridades e variada oferta de produtos são lembradas por todos.

Criado em 1995 como uma alternativa à Passarela e ao Carnaval do centro da cidade, os desfiles do Bloco Engenho de Dentro atraem um público cada vez maior e seus organizadores sempre procuram escolher temas identificados com a comunidade, tais como suas praias, pescadores, lendas e mitos, fortalezas, os engenhos de farinha, a Reserva Carijós e a antiga alfândega, entre outros.

Os cantadores do samba enredo acompanhados por violão, cavaquinho e a afinada Bateria Saideira, além de um carro alegórico, “arrastam” as famílias e visitantes que, para participarem, precisam doar apenas um pouco de sua alegria.

Serviço
O que: desfiles do bloco Engenho de Dentro.
Quando: domingo (19.2) e terça-feira (21.2)
Horário: 21 horas
Onde: praias das Flores e do Fogo (Sambaqui)

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Pescadores
de Cultura:

pulsando
o carnaval
do Baiacu


Por Gabriella Pieroni*

O último ensaio do Baiacu de Alguém antes do carnaval vibrou nesta quarta-feira (15-02) na sede do bloco carnavalesco que é um dos 650 Pontos de Cultura do país. A fórmula praticada pelo Baiacu na cena cultural da cidade serve como referência para iniciativas comunitárias, mesclando inclusão social, cultura tradicional e carnaval. Engendrando a folia do Baiacu está o trabalho desenvolvido nos encontros e oficinas que vão de abril a novembro na sede da Associação e espaços de Santo Antônio de Lisboa.

Jussara Brum Motta, coordenadora pedagógica do Ponto de Cultura, faz uma avaliação entusiasmada da incidência do Pescadores de Cultura neste carnaval, que é o grande momento da Associação Cultural Baiacu de Alguém. “A integração dos participantes das oficinas ocorreu de forma natural e fantástica, o reflexo é nítido dentro do bloco”. Os Pontos de Cultura fazem parte do Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania, o Cultura Viva.

A experiência implantada pelo Ministério da Cultura desde 2005 é uma política de democratização do acesso à cultura que rompe com a busca por novas demandas para potencializar as iniciativas espontâneas da organização comunitária. A abordagem vestiu muito bem no Baiacu de alguém, que no mesmo período avançou de bloco carnavalesco a Associação Cultural no Distrito de Santo Antônio de Lisboa. O Projeto Pescadores de Cultura surgiu em 2008 e desde então mantêm uma relação vital com o bloco. “Por ter bonecos na avenida uma vez no ano surgiu a demanda da oficina de bonecos. Hoje a oficina de bonecos está dentro do bloco,fazendo o percurso inverso,qualificando o trabalho, isso também aconteceu de forma bem nítida”, explica Jussara.Um dos pontos fortes das oficinas é a inclusão de crianças com dificuldades psicossociais, principalmente na aprendizagem.

Esta atenção parte do histórico da associação que surgiu com um grupo de estudantes de psicologia e hoje é coordenada pelo psicólogo Célio Moraes.O projeto ainda mantêm dois estagiários do curso de psicologia, parceria com o CAPES e posto de saúde do bairro.”Temos em torno de 30 crianças indicadas pela psicóloga do bairro e a melhora na aprendizagem das crianças já foi diagnosticada por pais e professores” diz Jussara. Nesta quarta-feira o grupo de teatro foi o primeiro a chegar para fazer os acertos finais da performance que vai transportar para avenida as vivências da oficina que ocorreu ao longo do ano.

Mais tarde foi a vez dos adolescentes da oficina de violão e percussão encorpar a bateria do bloco que reúne famílias e amigos do bairro nas influências múltiplas do samba ilhéu. A ponteira Jussara aproveita para compartilhar também os desafios encontrados no funcionamento do Ponto de Cultura. “Fragiliza bastante a demora da liberação da verba porque a comunidade fica muito tempo esperando para organizar seus horários e isto desmobiliza, não conseguimos diversificar os horários e as modalidades das oficinas já que os oficineiros se comprometem com outros trabalhos”. O desabafo está na pauta de discussão dos Pontos de Cultura que se articulam nacionalmente por uma política cultural mais segura e participativa, motor para o Cultura Viva emplacar de vez enquanto lei no país.

O tema também está em voga a nível global com discursos que reivindicam a implementação de políticas públicas voltadas à diversidade cultural e sustentabilidade estando presente na agenda da Conferência Mundial Rio + 20, que acontece no Rio de Janeiro este ano. Nesta sexta-feira, quando o Baiacu de Alguém estrear a avenida, não leva consigo apenas a magia do carnaval popular de Santo Antônio de Lisboa, mas também o sucesso da trajetória de 20 anos deste trabalho que merece o apoio e reconhecimento da comunidade.

*Gabriella Pieroni, acadêmica de História e Ponteira do Ponto de Cultura Engenhos de Farinha.

*

GANHANDO O
PÃO DE CADA DIA









Imediações do Mercado Público de Florianópolis
em 16.2.2012. Fotos: Celso Martins

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VOLTAMOS NA QUARTA-FEIRA DE CINZAS!

15.2.12

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FINANCISMO
Vitória do Financismo:

Réquiem do Humanismo

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

Meu texto não pretende ser um lamento, mas uma constatação.
Não direi nada de novo.
Os bancos triunfaram em todo o universo.
A obscena concentração de riqueza e de renda nunca deixou de nos alarmar.
Ela só aumentou,
A Grécia é o exemplo mais dramático e atual.
A desligitimação do sistema capitalista se dissipará naturalmente quando “tudo voltar ao normal” – creem alguns.
Não acredito – sendo realista.
Tal desligitimação ocorreria, é claro, “se os beneficiários de remuneração obscena aceitarem entrar no jogo de sacrificar um ou outro anel a fim de salvar os dedos”, como observou alguém..
A desigualdade não é nova.
A pobreza já atinge 115 milhões de pessoas nos 27 países da União Européia.
“O capitalismo é o reino do desejo infinito atolado no paradoxo de se impor num planeta finito, com recursos naturais limitados e capacidade populacional restrita”.
Nada de novo: a consequencia é a acumulação ou posse da riqueza em mãos de uns poucos e se processa graças à desposessão e exclusão de muitos, como observa outro outro articulista.
Quem diz isso não são só marxistas.
Vejam uma manchete do “Los Angeles Times: “os seis herdeiros do Wal-Mart são mais ricos que a soma dos 30% dos americanos com renda mais baixa”.

E que grandes riquezas podem– e no geralmente são – ser fruto de corrupção, discriminação ou monopólio.
Basta olhar o nosso amado Brasil....
Milhares de milionários chegaram ao topo graças ao estado e não ao mercado...

A maioria dos analistas sobre a crise grega, culpa apenas os gregos pela sua tragédia, como detectou Clovis Rossi.
“O bancos só cedem os anéis para poderem manter os dedos gordos, ainda mais engordados pelos juros obscenos que cobraram para rolar parte da dívida grega que não será reestruturada”, complementou.
Enquanto isso pó povo grego está sendo esfolado e espoliado.
O “império” está na “Troyka: A Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI.

Para Ruy Braga, a rebelião do setor da classe trabalhadora formado por jovens à procura de emprego (o desemprego entre jovens de 20 a 24 anos, na Espanha, chega a mais de 50%), imigrantes e trabalhadores temporários, “representa não apenas o fim de um ciclo de expansão econômica, mas o tempestuoso início de uma era de luta de classes.

Um leitor observou que levando em conta o papel da Grécia na cultura ocidental, seria decente que a Europa quantificasse o que já foi usurpado dos gregos em obras de arte: frisos inteiros do Partenon estão no Museu Britânico, a Vênus de Milo e a Vitória de Samotrácia, no Louvre, e tantas outras preciosidades, na Alemanha.
“O que a Europa inteira deve à Grécia será inferior a 130 bilhões de euros?
O que é uma moeda ocasional se levarmos em conta a eternidade da filosofia grega?”
Além do sofrimento constante de um povo?
(Talvez premonitório, há poucos anos escrevi um poema intitulado “Adeus, Grécia”.

(Brasília, fevereiro de 2012)

Ilustração
Mundo da Lua, por Maurício Nacimento. Fonte: Domínio Público.
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Sinal de alerta
MANIFESTANTES
NO RIO EXPULSAM
EQUIPE DA GLOBO



13.2.12

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UMA CIDADE DO INTERIOR

Por Olsen Jr.

Freqüentemente quando ouvimos alguém vindo de uma metrópole falar maravilhas das comidas servidas em restaurantes, do baixo custo dos táxis, das opções de lazer e não deixamos de lembrar que estas mesmas pessoas se referem aos pequenos povoados como “o fim do mundo”, ignora que nestas pequenas ilhas de mansidão também existe vida inteligente, lugares pitorescos e uma felicidade implícita que está longe de ser explicada e até atitudes coletivas recheadas de bom humor o que talvez explique a longevidade de seus habitantes.
Rio Negrinho, Norte do estado, o hotel fica numa colina, quem observa de longe, parece ver vários chalés geminados incrustados no mato, mas trata-se de uma construção única. A ilusão criada pelos telhados foi um artifício arquitetônico de grande efeito estético. O café da manhã traz a comida típica alemã, doces variados com salgados e embutidos feitos com o requinte da tecnologia austríaca, sem similar em qualquer outro lugar no Brasil que não ali.
Curioso, todos acordam cedo, a cidade ganha vida, embora alguns lugares, como a livraria que procuro só abrirem às nove horas. Não me apresso porque se pode estacionar o carro quase na frente de onde você precise ir. Não há a praga dos “flanelinhas” e nem o condicionamento das áreas azuis.
Vou até a barbearia, nunca esquecendo a máxima de George Burns “É uma pena que todas as pessoas que sabem como governar o país esteja ocupada dirigindo táxis ou cortando cabelos”. Parabenizo o proprietário pelos inúmeros troféus que ele ganhou expondo os seus pássaros em competições de canto; alguém com a revista Playboy comenta que a tal “mulher melancia” não está com nada, segundo o observador ela não tem o menor charme; fico sabendo que a polícia prendeu um fazendeiro que possuía várias armas sem registro, segundo se apurou, eram armas de coleção herdadas do seu pai, algumas do avô. Pergunto pelo filho, o coiffeur afirma que ele está em Curitiba trabalhando e fazendo cursos. Depois entra um sujeito de óculos escuro, barba bem feita e chama o cara de “meu amor”, observo pelo espelho e ele me dá uma piscadela, penso “era só o que me faltava”. Faço um sinal com a cabeça e o cidadão que está cortando o meu cabelo afirma “ele acha que tem um namorado”... Tudo bem, concordo, contando que não seja eu. Rimos. Quando saí, ainda não eram nove horas. Caminho pela calçada. Comparo os preços do que vejo com os mesmos produtos na minha cidade. É assustadora a diferença. Como somos esnobes, penso. Passa por mim alguém usando uma jaqueta esportiva da Ferrari. Mais adiante observo uma criança e uma mulher, ambas trajando o mesmo modelo de jaqueta, era o automobilismo unindo as pessoas.
Almoço num bistrô, poucas mesas, comida executiva e está tocando jazz. O proprietário parece um clone do cantor Willie Nelson.
De volta ao hotel, encontro mais três pessoas vestindo as tais jaquetas. Imagino que a escuderia italiana tenha virado mania. Estava frio e o recepcionista avisa que já irão acender a lareira. Anexo, um bar em estilo inglês com banquetas altas de couro e um salão com mesas de madeira maciça e cadeiras medievais lembrando àquelas antigas adegas de castelos, bem ao gosto de um viking desgarrado.
Comento o caso das “jaquetas da Ferrari” para o copeiro, ele sorri e pensa que estou brincando. Somente quando me despedi, quatro horas depois, me explica que se tratava de uma liquidação numa loja do centro que só vendia aquilo à R$49,00 cada uma. Rimos e afirmei que não precisava ter se incomodado com a informação. Ele retrucou “devem ser made in Paraguai”... Saio imaginando: e quem é que está preocupado com isso?



*

A MÚSICA





A música poderia ser esta, uma pequena animação, acho...
“The Good, The Bad, The Ugly”, de Sergio Leone com música composta por Ennio Morricone, compositor, arranjador e maestro italiano responsável por mais de 500 trilhas sonoras de filmes...
Em 2007 Morricone recebeu (das mãos do ator Clint Eastwood) um Oscar honorário “pelas suas magníficas e multifacetadas contribuições musicais ao cinema”...
Entre tantos, destaque para os westerns da “trilogia dos dólares”: “Fistfull of Dollars” (1964), “For a Few Dollars More” (1965) e “The Good, the Bad, the Ugly” (1966)… (Olsen Jr.)

*

Fotos: Celso Martins

11.2.12

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Portal de Notícias
DAQUI NA REDE
voltou a operar.


*

A FLOR AZUL E A
GARÇA ADELAIDE




Adelaide, velha conhecida dos pescadores da praia do Fogo (Sambaqui)

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Portal de Notícias
DAQUI NA REDE
voltou a operar.

10.2.12

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Casario de Santo Antônio de Lisboa.
Tela de Manoel Cândido da Luz (Marreco)


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DESCOBERTAS TARDIAS

Por Olsen Jr.

É domingo. Há uma luminosidade que difere dos outros dias. O frio deu o ar de sua graça nesse ano. Guerrilheiro de mim mesmo, assim é que me sinto: com todas as causas, ou nenhuma ou só a minha. A sobrevivência já é uma boa questão. Parece que está todo o mundo nessa, mas ninguém diz nada. Percebo pela aflição ao redor.
Pego o prato, os talheres, um guardanapo, vou ao bufet e me sirvo: dois morangos, meia fatia de abacaxi, três pedaços de abacate, quatro folhas de rúcula, dois cubos de polenta frita, um bolinho de arroz e dois nacos de tender assado... Não devia, mas pedi um chá verde “Feel-good” com laranja e gengibre.
Sento no meio da turba para me confundir com ela. Mesa para quatro lugares e estou sozinho. Faço daquele momento um ritual, que mais não seja, é o único contato que tenho com o mundo externo. Há tempos, sem dar por mim, fui transformando-me numa espécie de ermitão moderno. De repente descobri que tudo o que preciso está na minha casa, livros, discos, umas caixas cheias de papel, recortes de jornal, fragmentos de um passado que levo sempre junto comigo para ter a certeza de que já existi em outros tempos e que a vida nem sempre foi assim. Ah! Se foi melhor? Não quero pensar nisso. O importante é o “agora” é este “estar aqui” e a consciência de tudo isso.
Então ta, ficamos assim, penso enquanto vou mastigando ritualisticamente aquela ninharia que como todos os dias, o sujeito passa a vida inteira emprestando a sua força de trabalho para os outros, tentando convencer patifes incompetentes de que um pouco de idealismo ainda vale muito, não tem arreglo (alô revisão, é arreglo e não “arrego”) também, no meu caso, não faço, nunca fiz e nunca farei concessões, não peço favores e não os devo, sou uma espécie de talento desperdiçado, mais ou menos o que disse Ernest Hemingway a respeito de Scott Fitzgerald “Seu talento era tão espontâneo como o desenho que o pó faz nas asas de uma borboleta. Houve uma época em que ele tinha tanta consciência disso quanto a borboleta, não ligando para o fato de que seu talento podia apagar-se ou desaparecer de todo. Mais tarde começou a preocupar-se com as asas feridas e sua estrutura; aprendeu a refletir, mas já não conseguia voar porque o amor ao vôo o abandonara. Restava-lhe apenas a lembrança dos dias em que voar fora um ato natural”.
De tanto recitar para mim aquele texto acabei decorando-o. Não é que esteja ressentido comigo mesmo, ou talvez seja isso e me recuse em acreditar? A verdade é que estamos sozinhos. Tenho a sensação de não fazer parte de nada. E não me falem em esperança. Basta uma olhada ao redor para entender. Falando nisso, se o cretino ali na frente gritando ao celular tivesse consciência, desligava o aparelho, alto daquele jeito e falava diretamente, economizava bateria. Tenho de rir. Se pudesse receber de volta os valores gastos, pediria demissão da humanidade (sei, alguém já deve ter dito isso antes).
Gostaria de ficar mais um pouco bebendo o meu chá, mas os olhares concupiscentes para o lugar que estou ocupando me dissuadem. Saio devagar. Detenho-me diante de uma vitrine, mas evito olhar para a imagem refletida no vidro, penso em Dylan Thomas “alguém está me matando de tédio. Acho que sou eu”. Não escondo o cinismo.
Na rua, meu olhar paira na faixa de pedestres, observo um cachorro atravessando-a com desenvoltura, o animal fez o que a maioria dos mortais não faz, pensando bem, reflito depois que o vi chegar são e salvo do outro lado, pode haver esperança, mas teríamos que começar novamente, de baixo, como aquele cão que, pavlovianamente, pelo menos já aprendeu a atravessar uma rua com segurança!

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I Need You

A música é esta (I Need You), do grupo inglês (melhor seria dizer anglo-americano) America...




Uma banda criada no início dos anos 1970, com um folk-Rock “som acústico, quieto que causou grande fascínio” segundo os críticos...
Foi criadora de grandes sucessos, entre eles, “A Horse With no Name”, “Sister Golden Hair” e “I Need You”, entre outros...
Na gravadora Warner Brothers Records, apesar de James Taylor e Rod Stwart, quem mais vendeu discos na década de 1970 foi o America...
Composta pelos norte-americanos Gerry Beckley, Don Peek e Dewey Bunnel... Jovens descobertos em Londres por Jerry Lordan no início de 1970...
Lembram a lendária banda “Crosby, Stills, Nasch & Young”...
Ganharam o Grammy de banda revelação em 1972 com os seus sucessos “A Horse with no Name” e “I Need You” do disco America...
Gosto muito do America, aliás, tenho todos os 13 discos (LPs) deles... Para quem não se lembra, os Beatles também gravaram 13 LPs... Só uma curiosidade... (Olsen Jr.)

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LEILÃO DAS VAQUINHAS

9.2.12

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Desativação do
Daqui na Rede


O Portal de Notícias Daqui na Rede foi desativado sem aviso prévio pelo provedor (UOL). Nossos técnicos tentaram contato e tiveram dificuldades de se informar sobre o acontecido. A suspensão do Daqui na Rede e de outros sites hospedados pela UOL ocorreram por problemas internos de “segurança” do provedor. Maiores esclarecimentos não deram.

Estamos trabalhando para que o Daqui na Rede volte a operar dentro de máximo 48 horas, dando início ao projeto de cobertura especial do Carnaval de 2012 do distrito de Santo Antônio de Lisboa.

Visando esta cobertura reunimos uma equipe de profissionais de peso: os repórteres Jerônimo Rubim, Caru Dionísio (também historiadora), Miriam Santini de Abreu e Anita Martins, mais os fotógrafos e repórteres fotográficos Marco Nascimento, Milton Ostetto, Ben Kraijnbrink e Marco Cezar.

Os desfiles de sexta-feira em Santo Antônio (bloco Baiacu e outros), de domingo em Sambaqui (bloco Engenho de Dentro) e a estréia do Trio Elétrico do Gazu na terça-feira (também em Santo Antônio), vão receber coberturas especiais, com a presença de acadêmicos, escritores, jornalistas e artistas comentando e escrevendo sobre estes momentos.


Solicito a todos e a todas que encaminhem estas informações a suas listas de e-mails e se possível publiquem em seus veículos.

Atenciosamente
Celso Martins
Jornalista, historiador
Editor do Daqui na Rede
f (48) 9982 4575

8.2.12

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BATENDO OS TAMBORES



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AVISO

O Portal de Notícias DAQUI NA REDE está "fora do ar" por motivos técnicos. Os problemas estão sendo identificados para que possamos restabelecer as postagens. Agradecemos a compreensão. Grato, Celso Martins.

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7.2.12

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"Mãos de Cimento". Monumento do Contestado. Irani-SC. Foto: Celso Martins

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OLSEN, O RETORNO

Olá, camaradas, salve!

Somente neste sábado consegui instalar a internet em minha nova residência em Rio Negrinho, cidade situada ao Norte do Estado de Santa Catarina... Mais tarde falarei dela...

O texto da crônica (uma carta na verdade) é algo diferente em minha vida (de pessoa tímida, discreta, mas que tem um “Projeto de Vida” e procura executá-lo à risca)...

Longe da Ilha, tive um amigo chamado Fausto Wolff... Tivemos uma amizade sólida com várias referências, além da literatura, do jornalismo, uma espécie de aversão a qualquer tipo de canalhice... Já fui personagem de dois livros dele... Também ele prefaciou o meu romance “Estranhos no Paraíso” (1989) e dez anos depois publicou o seu “A Mão Esquerda” (usando a mesma técnica narrativa do livro que havia prefaciado, mostrando que havia muito material (técnico/literário) que era trocado em nossa convivência e que um “veterano” também poderia aprender com um escritor iniciante... Já se passaram mais de 30 anos, enfim, o texto aí embaixo foi o último que mandei para ele, pouco antes de sua morte, e era um repto (fiz de propósito) respondendo a uma ironia dele ao indagar; “Olsen, como a vida tem te tratado?”...

Vai então, sem outro propósito senão o literário, talvez explique alguma “coisa” além do texto, enfim...
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NÓS, OS SOLITÁRIOS

Por Olsen Jr.

Você me pergunta: “como a vida está te tratando?”. Well! Exclamo (como alguém do interior de New Orleans, habituado com a boa música, the good old jazz, mas descrente de que tal prática possa sepultar a discriminação racial mesmo entre aqueles que admiram a grande arte) sem muita convicção, continuo esgrimindo contra mil fantasmas, a maioria deles, existentes só na minha imaginação. Não me importo, afinal de contas, é dela somente que preciso para fazer o que acredito, ainda posso fazer. Se fosse o Sartre, diria: “para emprestar uma justificativa para a existência injustificável dos meus semelhantes”... No fundo, nós os poetas, escritores, queremos ser aceitos... Sofisticando um pouco, ou pedindo muito, pretendemos ser amados, é isso. Lembrei agora da atriz Ava Gardner, num momento de introspecção, disse: “no fundo, sou bastante superficial”, não consigo deixar de rir, embora nada conspire para a existência deste riso, mas é o que restou, quando perdemos o senso de humor não temos mais nada para perder.
Um homem sozinho não tem chance, profetizou o velho Hemingway no livro “To Have and Have Not” e que originou aquele belo filme, segundo a lenda, produto de um desafio de um diretor que teria instigado “Papa” a lhe dar o que considerava o “seu pior livro” e “ele” faria um bom filme. Acertou, com Humphrey Bogart e Lauren Bacall e que foi traduzido como “Uma Aventura na Martinica”... Pois é, hoje estou pensando naqueles ensinamentos, frases soltas ditas aqui e ali, minha avó era pródiga nisso, afirmava que as pessoas estão neste mundo para alguma coisa, uma espécie de “missão” a cumprir, depois disso, partem... O que significava não poder questionar o destino de ninguém, quando partiam era porque a hora tinha chegado. Agora, sem ninguém para me ouvir, penso, se todas as pessoas estão aqui para alguma coisa, no meu caso deve ter havido um engano. Não me sinto imbuído de “missão” nenhuma. Claro, se estou aqui, então preciso fazer alguma coisa. Digo que sou escritor, me atocho de heroísmo, me dou ao luxo de ser um solitário, uma atitude tipicamente burguesa, sou independente dos outros, se não fosse pelo fato de vê-los como personagens, não teriam importância nenhuma. É duro, mas é o que penso. Isso tem um preço, e é alto. Pago a minha cota, e é muito para compartilharmos a “nossa” indiferença mútua. Estou identificado no poema de Sidônio Muralha, em seus últimos versos “... E que ninguém me dê amparo nem pergunte se padeço. Não sou nem serei avaro – se caráter custa caro, pago o preço!”...
Tudo isso para tentar responder a tua pergunta, amigo Fausto Wolff, porque ser “durão” significa sacrificar aqueles a quem amamos para realizar a nossa arte, afinal, de quem iríamos escrever? Ser amado, constatou Paulo Francis, falando de T.S. Elliot, é um sentimento que supera qualquer depressão, desespero ou impotência, concordo. Não foi a indiferença quem me prostrou, foi o temor em ser aceito naquela sociedade, só!.

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A música bem que poderia ser esta:




de John Barry, maestro e compositor britânico que ganhou notoriedade fazendo trilhas sonoras do cinema...

Esta foi do filme “Midnight Cowboy”... Marcou... Mas tem outras, destaque para a trilha sonora dos filmes: “King Kong”, “Em Algum Lugar do Passado”, “Entre Dois Amores”, “Dança Com Lobos”, “Chaplin” e pelo menos 11 filmes da “série James Bond”...

Ganhou cinco Oscar por suas trilhas sonoras...

John Barry morreu em janeiro de 2011. (Olsen Jr.)

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AVISO


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CARNAVAL 2012
PROGRAMA-SE

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6.2.12

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DOG
“DOG DAYS ARE OVER”

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA


Para Célia
Em memória de meus pais
Em memória de Ivan Moreira da Silva,
de Márcio Palis Horta e de Ronaldo Paixão Ribeiro


Os dias de cão acabaram?
Os demônios continuam perambulando por aí?
(Entre pássaros, o sol, pessoas indo e vindo?)
Mais sutis.
Não há mais medo – dessacralizado mundo.

Vulnerável presente,
o futuro é a velhice –
esse outro outono –
outro, mais outro,
o passado irrevogável –fragmentado,
e o que é o tempo?

“Deus não tem pressa nenhuma, para Ele tudo é ontem, hoje, amanhã, só quem vive
dentro do tempo somos nós”.
(João Ubaldo Ribeiro)

A juventude a mim renunciou.
Não importa.
Ninguém é profeta em sua terra.

Quando morrer, quero uma lápide e um rosa vermelha, mas sem donos.
E alguém cantando Cartola, e um gramofone tocando “Romaria”, na voz de Elis
(mas apressem, o coveiro precisa bater o ponto – ah, burocracia, para nascer, para viver, para chegar na outra margem do rio)..
Que todos tenham uma rosa (e uma casa, um pão quente partilhado).

Não, não importa o reconhecimento.
Mas cumpre a tua jornada (lápis afiado, papel em branco) de sol a sol.
Algo de nós (do nosso trabalho?) permanecerá.

Queria ver o mundo como se fosse a primeira vez,
(como quando alguém enxerga o mar (sim, pela primeira vez – menino).
Casualidades governam a vida.

“Não restará na noite uma estrela./Não restará a noite./Morrerei, e comigo a soma/
Do intolerável universo./Apagarei as pirâmides, as medalhas, os continentes e os rostos./Apagarei a acumulação do passado./Transformarei em pó a história, em pó o
pó./Estou mirando o último poente. Ouço o último pássaro./Deixo o nada a ninguém”.
(Jorge Luis Borges)

(BRASÍLIA, FEVEREIRO DE 2012)


A velha ponte continua lá, resistindo. Fotos: Celso Martins

2.2.12

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M E D I T A N D O2

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

A maioria das pessoas lê pouco
(quando lê)
desinteressadamente
desengajadamente
apressadamente
(Sem emoção, como estivessem consultando um catálogo telefônico)
“Pulam páginas”, pois estão desabituadas do prazer de ler no “livro” –
Apenas passam os olhos na internet.
Passam os olhos em tudo.
Saudosismo? Pessimismo?
Retêm pouco do que “leram”
(telegraficamente, superficialmente).

E o “navio não afunda”.
Não?
(com seus BBs, com seus programas de auditório, com todos os dejetos internalizados na cabeça – o império da droga, o mal tão banalizado).
Falar mal do capitalismo?
É coisa de “dinossauro”.
Querem nos dizer que o mundo dos financistas é o melhor dos universos.
(Eu sei, não é um poema.)
“Escreva coisas boas” – me pedem.
Cristo foi meditar no deserto – sabia o que estava fazendo.
(Longe do insensato mundo.)
E deslumbradas, desfilam as modelos tão passageiras,
as celebridades vãs – e os sorridentes corruptos com ternos bem cortados e celulares da
última geração (e todas as engenhocas eletrônicas).

Alguém chamou nossa era de “naufrágio metafísico” ou “deserto permanente.”
A idiotia e a futilidade como modelos de vida.
(“Ele está amargo, pessimista”– querem que sejamos “otimistas” – como se tal anseio fosse critério literário.)
Morte soberana, alegria passageira.
Castro Alves me contempla na praça que leva o seu nome – o mar ao fundo.
Ah, meu pai!
Ah, minha mãe!
Hás há morangos na cesta, pássaro cantando, cheiro de grama molhada – a vida.

(Brasília, fevereiro de 2012)

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Fotos: Celso Martins (2.2.2012)

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Foto: Celso Martins

SOBRE A CORUJA

Por João Felipe O. W. Martins

Trata-se de uma coruja buraqueira (ver), muito comum em campos de futebol... daí vem a expressão onde a coruja dorme, pois ela repousa geralmente sobre a trave.

Geralmente é um animal tranquilo, porém se você chegar muito perto do ninho, pode ser atacado. Elas ficam muito agressivas. Colega de time passou ao lado do ninho e levou na cabeça um apertão com umas unhas bem afiadas.

Trata-se de uma exímia caçadora. Come de tudo, principalmente camundongos, ratos e insetos. Também pode comer pequenos pássaros e répteis.

A espécie sofre muito com a passagem de carros e motos sobre seus ninhos, que destroem a entrada e acabam sufocando filhotes e adultos sob a areia/terra. Por isso é importante conscientizar as pessoas a não passearem com bugs, carros e motos em região de praia, restinga e ao lado dos campos.

*João Felipe O. W. Martins ébiólogo e colabora
com o Sambaqui na Rede e o Portal Daqui na Rede.