31.8.09

O ponto crítico
da civilização



Por Lester Brown*


Tem aumentado a preocupação com os pontos críticos da natureza. Cientistas já questionam, por exemplo, a capacidade de recuperação das espécies em risco de extinção. Biólogos marinhos, por sua vez, estão preocupados com o fato de que a pesca excessiva dará início ao colapso dessa indústria.

Sabemos que existiram pontos críticos em civilizações antigas, pontos em que a população foi dominada pelas forças naturais que as ameaçavam. Por exemplo, em algum ponto, o acúmulo de sal relacionado à irrigação do solo esgotou a capacidade agrária dos Sumérios. Com os Maias, os efeitos danosos do desmatamento associados à perda da fertilidade do solo tornaram-se irreversíveis.

Porém, os pontos críticos que levam ao declínio e ao colapso de uma sociedade nem sempre são facilmente previstos. De forma geral, os países desenvolvidos podem lidar com novas ameaças de forma mais efetiva do que os países em desenvolvimento. Por exemplo, enquanto os governos de países industriais têm sido capazes de manter os índices de infecção do HIV entre adultos abaixo de 1%, muitos governos de países em desenvolvimento têm falhado nesse controle e agora estão lutando com altos índices de infecção. Isto é mais evidente em alguns países sul-africanos, onde 20% ou mais adultos estão infectados.

Uma situação semelhante existe com o crescimento populacional. Enquanto a taxa se mantém estável em quase todos os países industrializados, exceto os Estados Unidos, observa-se o contrário em quase todos os países da África, Oriente Médio e do subcontinente indiano - onde a taxa populacional é crescente. Esses 80 milhões de pessoas a mais no mundo por ano nascem, exatamente, em países onde os sistemas naturais já estão se deteriorando, em face da excessiva pressão populacional. Nestes países, o risco de falência do Estado também está crescendo.

No entanto, alguns assuntos parecem superar até mesmo as habilidades de governança das nações mais avançadas. Quando alguns poucos países detectaram a redução nos níveis de água dos lençóis subterrâneos, era lógico esperar que seus governos rapidamente elevassem a eficiência racional do recurso e estabilizassem o crescimento da população, para estabilizar os aqüíferos. Infelizmente, nenhum país - desenvolvido ou em desenvolvimento - o fez. Dois Estados em falência, onde o resultado da extração excessiva da água soma-se à falta de uma política de segurança hídrica, são o Paquistão e o Iêmen.

Embora a necessidade de cortar as emissões de carbono seja evidente já há algum tempo, nenhum país conseguiu se tornar uma nação “carbono-neutra”. Até mesmo as sociedades tecnologicamente mais avançadas enfrentam muita dificuldade política para isso. Poderiam, assim, os crescentes níveis de dióxido de carbono na atmosfera, provarem-se tão incontroláveis para a nossa civilização quanto os níveis de sal no solo foram para os Sumérios no ano 4.000 A.C.?

Outro ponto de pressão sobre os governos é a redução da oferta de combustível fóssil. Embora a extração mundial de petróleo tenha excedido, em 20 anos, a descobertas de novas reservas, somente a Suécia e a Islândia possuem algo que remotamente assemelhe-se a um plano para lidar efetivamente com uma retração da oferta.

Este não é um inventário exaustivo de problemas não resolvidos, mas apresenta uma noção da quantidade deles. Analiticamente, o desafio é avaliar os efeitos de pressionar cada vez mais o sistema natural global. O resultado desse estresse ficou evidente na atual questão da segurança alimentar, o ponto fraco de muitas civilizações antigas que entraram em colapso.

Além da dificuldade de adaptação ao crescimento constante da demanda por alimentos, várias tendências convergentes estão tornando as coisas ainda mais difíceis para agricultores ao redor do mundo. Os pontos críticos delas são a queda dos níveis dos lençóis freáticos, o uso indevido de terras cultiváveis e ocorrências climáticas extremas, incluindo ondas de calor, secas e enchentes. Como os problemas não resolvidos se acumularam, os governos mais fracos estão começando a sucumbir.

Para agravar a situação, os Estados Unidos, maiores produtores mundiais de trigo, aumentaram dramaticamente sua participação na safra de grãos utilizando o etanol como combustível - saltando de 15%, em 2005, para mais de 25% em 2008. Esse esforço mal orientado para reduzir a dependência do petróleo ajudou a conduzir os preços mundiais de grãos a elevações constantes até meados de 2008, criando uma insegurança alimentar mundial sem precedentes.

Os riscos desses problemas acumulados (e suas conseqüências) dominarão cada vez mais os governos, levando à falência generalizada do Estado e, finalmente, ao fim da civilização. Os países que estão no topo da lista de Estados em falência não são particularmente uma surpresa. Incluem, por exemplo, Iraque, Sudão, Somália, Chade, Afeganistão, República Democrática do Congo e o Haiti. E a lista cresce cada vez mais a cada ano, levantando questões perturbadoras: quantos Estados em falência serão submetidos a isso antes do fim completo da civilização? Ninguém sabe a resposta, mas é uma pergunta que precisamos fazer.

Estamos numa corrida entre os pontos críticos da natureza e nossos sistemas políticos. Podemos desativar poderosas usinas de carvão antes que o derretimento da calota de gelo da Groelândia se torne irreversível? Podemos reunir vontade política pelo fim do desmatamento na Amazônia antes que as crescentes queimadas cheguem a um ponto sem retorno? Podemos ajudar os países a estabilizarem a população antes que se tornem Estados em falência?

Temos tecnologias para restaurar os sistemas naturais de suporte da Terra, para erradicar a pobreza, para estabilizar a população, para reestruturar a economia energética mundial e o clima. O desafio agora é construir vontade política para fazê-lo. Salvar a civilização não é um esporte para espectadores. Cada um de nós possui um papel de liderança a representar.

*Adaptado do Capítulo 1, “Entering a New World”, Lester R. Brown, Plano B 3.0: Mobilizing to Save Civilization (Nova Iorque: W.W. Norton & Company, 2008), disponível para download gratuito e para compra no site do Earth Police Institute.
Lester R. Brown é considerado um dos mais influentes pensadores mundiais. Formado em ciências agrícolas, dedica-se à pesquisa e ao debate dos grandes temas ambientais e econômicos desde os anos 70, quando fundou o World Watch Institute. É também fundador do Earth Policy Institute.


Tradução: Leticia Freire, do Mercado Ético (Envolverde/Mercado Ético)

© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

*
NÃO SAI DA RETINA,
A IMAGEM DO
CASEIRO FRANCENILDO
SAINDO DO STF


Por Emanuel Medeiros Vieira

Alguns qualificaram de demagógica e populista, a crítica à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) - do último dia 27 de agosto -, que absolveu o deputado Antonio Palocci pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.
Não é.
O sigilo bancário é um direito fundamental e só pode ser quebrado com ordem judicial.

Foi uma absolvição indevida.
Meus tempos de faculdade de Direito na UFRGS (1965-1969) ensinaram que os ministros discutiram o mérito da denúncia ao apontar a ausência de provas no envolvimento da quebra do sigilo bancário.
O tribunal só deveria apreciar a existência de indícios.
Como avaliou um jurista, a certeza sobre o caso seria discutida durante o processo.
Alguém observou que é "triste" ver o Supremo antecipar a produção de provas e discutir a abertura de uma ação como se fosse um julgamento.
"No recebimento de uma denúncia, exige-se que a autoria e a materialidade do crime estejam, presentes. Depois, no curso do processo, discute-se se há provas suficientes."
O STF discutiu se o então ministro sabia ou não da quebra do sigilo.
Tanto Palocci sabia que, na época, ele perdeu o cargo de ministro...
FOI UMA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA E INDEVIDA.

Eu sei, as notícias evaporam. O ontem já ficou velho.
Mas, nas minhas retinas tão fatigadas - parodiando um poema de Drummond -, ainda vejo o ar de desamparo do caseiro saindo do suntuoso prédio do Supremo.
Como um leitor de jornal observou, no final ele estava "triste, desiludido, ferido. Exatamente como todo o Brasil deveria estar."

Outro interpretou: "Essa votação no Supremo mostrou que neste nosso país existem dois Brasis. Um, o desses senhores feudais: o outro, dos miseráveis, que é o nosso."

Antes, ministro, Palocci já havia sido "absolvido" pela imprensa neoliberal, devido à adesão simbólica do governo Lula à política do governo FHC (o nosso "Patriarca da Dependência"), como percebeu Jânio de Freitas.
Afirma o jornalista que "há uma particularidade especialmente abjeta na difamação difundida contra Francenildo Costa. É que Antonio Palocci tinha plena consciência de ser verdadeira a afirmação do caseiro de que o vira na caverna brasiliense da república de Ribeirão Preto."
(Casa frequentada por lobistas, empreiteiros, jogadores e prostitutas de luxo.)
O deputado também sabia que os dois depósitos na conta do caseiro provinham de remessas feitas por seu pai.
"No primeiro caso, mentiu deslavadamente. No segundo, não emitiu uma só palavra em favor da verdade."

A falta de afeto, a agressividade deste cotidiano, e a renúncia à verdade, só desvalorizam a vida - tão degradada nestes trópicos, de concentração de renda abjeta, onde a perfumaria e os botoxs da futilidade inundam a TV para que esqueçamos o que acontece ao nosso redor.

*

Crônica
OLSEN JR.


Olá, camaradas, salve!
Um pouco atrasado hoje para o envio da crônica...
A "remessa" pode ser tardia, mas o carinho é o mesmo...
A música anexa deveria ter a interpretação de Louis Armstrong e Oscar Peterson (para se aquilatar, de fato, o que senti na oportunidade) mas como ainda não sei lidar com essa maquininha aqui...
Vai a versão do bom e velho Frank Sinatra... Quem ganha? Quem perde? Ninguém, acredito, a menos que o sujeito não aprecie boa música... Não se pode ser bom em tudo...
Vai a de hoje, com tudo o que está explicada e as razões pelas quais cada vez estou saindo menos de casa...
Até!
*

DUAS CARAS DA
MESMA MOEDA



Por Olsen Jr.

A música é uma de nossas manifestações artísticas mais acabadas. Quase a sublimação de uma arte que nos põe muito a frente de outros animais da mesma espécie. Os sons harmoniosos de uma canção podem nos levar ao nirvana, se é que isso é possível, com tudo o que se sabe do êxtase e do paraíso.

Tergiverso para dissimular a minha frustração, dia desses, quando entro num restaurante e está tocando música sertaneja. Não gosto, mas não desdenho. Fico no meu canto. Você não vai acabar com um domingo ensolarado onde está tudo certo exceto a música do local. A casa está vazia. Lá fora, em outro ambiente, apenas duas mesas ocupadas e cujos usuários, a meu ver, pouco estão se importando com o som que sai daquelas tímidas caixas.

Um dos garçons, meu conhecido, se aproxima e afirma: “sei que o senhor gosta de jazz, quem sabe a gente muda de canal, jazz clássico ou contemporâneo?” Olho para o “Piá” (esse é o seu apelido carinhoso) e digo: meu caro, a essas alturas do campeonato tudo está no lucro... Rimos.

Dou uma pausa em minha caminhada para bebericar uma cerveja, o cidadão me põe um jazz clássico, o dia está espetacular e você acredita que vou reclamar?

Mas tem indivíduos que não suportam o bem estar dos outros. Estou ali curtindo a cerveja e ouvindo o jazz e agradecendo aos céus por aquele privilégio. O devaneio é interrompido depois de menos de 15 minutos pela irritação da proprietária que sai lá detrás do caixa onde estava, passa por mim furiosa, pega uma cadeira põe em baixo do aparelho de tv que estava fixo na parede em um ponto mais elevado, sobe nela e clica o botão de desligar... Tudo fica em silêncio, ela retorna e indago, ainda sem entender o que estava acontecendo, o que houve? Ela responde arfante “essa música é muito chata”... Olho para os lados, nem os garçons estão entendendo nada, estava tocando Louis Armstrong e Oscar Peterson “I Get a Kick Out of You”, de Cole Porter ( o compositor favorito de Frank Sinatra e que também influenciou o Tom Jobim) para começar...

Ela poderia ter usado o controle remoto, mas aí o efeito plástico do seu desdém não surtiria o mesmo resultado. Pago a conta e deixo a cerveja pela metade, tão cedo não ponho os meus pés lá, também os meus ouvidos.

Li algum tempo atrás, no “Blog do Damião”, do amigo Damião, jornalista, poeta, sensível, essa história que é a contrapartida da outra. Ele estava em Itajaí, no shopping e ficou surpreso porque tocava Vivaldi no recinto. Logo se sentiu no primeiro mundo, um domingo pela manhã, ouvindo música clássica, até o cafezinho tem outro gosto. Depois soube pela proprietária do estabelecimento que aquela música erudita tinha sido a alternativa da administração para afugentar os “emos” (termo moderno para designar uma gurizada entre 13 e 21 anos que não lê nada, não vê cinema e nem teatro. Acreditam que a família é um mal necessário e andam em bandos, com outros com as mesmas aptidões, isso é nenhuma, buscando justificativas para suportar o que chamam “o tédio da existência”. Vestem-se de preto para deixar claro esse “desconforto” de viver e mostram que estão vivos com atitudes e comportamento desprezíveis como abrir pacotinhos de açúcar e espalhar pelo tampo de vidro das mesas, por exemplo... Uma boa ocupação para quem tem mingau na cabeça).

Na Alemanha, estudos científicos revelaram que o gado, gênero vacum, quando confinado em ambientes onde se ouvia música clássica, produzia mais leite que outros da mesma espécie em situação idêntica, mas sem a música.

A música esvazia qualquer angústia. Lembro do Paulo Francis comentando alguma coisa do gênero. Afirmava: “é melhor que Prozac. Misantropia não tem cura, porque é conclusão e não doença. Mas toda alma precisa de feriados”.

É isso, mas também, e principalmente, o que saber fazer com eles e elas: os feriados e a música.

Ilustrações: Uelinton Silva.

30.8.09

SAMBAQUI MAGAZINE (2)
Luiz Costa
Emanuel Medeiros Vieira
Murilo Silva



Criado o Fórum de Cultura

Por Murilo Silva

Como alguns já sabem, hoje, nesta tarde ensolarada de sábado (29/08), o Teatro da Ubro ficou lotado de artistas, produtores e militantes culturais, das mais diversas linguagens. Assinaram a lista de presença cento e duas pessoas. Mais de 30 entidades, instituições e movimentos participaram, como: UFSC, APUFSC, UDESC, Cinemateca, Funcine, Sinergia, Baiacu de Alguém, Alquimídia, Gesto, Áprika, Associação Nipo Catarinense, Rádio Campeche, Grupo Armação, Grupo Africatarina, Teatro em Trâmite, Exato Segundo Prod. Art., Obrer Cultural, Associações de Bairro, UFECO, etc.

Compareceram, prestigiando com suas falas, representantes da Câmara Municipal de Vereadores, da Fundação Franklin Cascaes e da Frente Parlamentar Catarinense em Defesa da Cultura.
Após longas três horas e meia de discussão, a atenta, criativa e crítica Assembleia fundou o FÓRUM CULTURAL DE FLORIANÓPOLIS, aprovou o seu regimento interno, elegeu uma executiva e tirou dois encaminhamentos imediatos:

1 – A executiva do FCF se reunirá com a Câmara Municipal de Vereadores e com o Superintendente da Fundação Franklin Cascaes, para tratar da imediata aprovação do Conselho Municipal de Política Cultural.

2 – O FCF aprovou por unanimidade o repúdio à PORTARIA/SMDU nº.06/2009, que proíbe, multa e prende artistas de rua que trabalham nos semáforos da cidade.

Obs. Pontos importantes, que ainda precisavam ser encaminhados, ficaram para as próximas oportunidades, tendo em vista o tempo dedicado à minucuosa aprovação do regimento e ao acalorado debate sobre o projeto do Conselho Municipal.
Entre outras questões, destacamos:

- A Executiva eleita, é composta por um colegiado de 5 membros titulares, que ocuparão a Presidência, a Vice-presidência, a Primeira-secretaria, a Segunda-secretaria e a Relatoria, e mais cinco suplências, com mandato de 30 meses. Os titulares ocuparão a presidência durante 6 mêses, cada um, sendo Murilo Silva eleito presidente para o primeiro período. Os nomes para os demais cargos serão definidos na próxima reunião da executiva eleita.

- Os nomes da executiva são: Fátima Costa de Lima (professora, arte-educadora e cenógrafa); Felipe Obrer (animador cultural); Murilo Silva (filósofo e animar cultural); Pedro MC (Cineasta); e Sheila Sabag (Atriz e Produtora).

- Os suplentes: Osmar Policarpo (Produtor Cultural e Líder Comunitário); Christiane Ramirez (Produtora Cultural); Telma Pitta (Arquiteta e Urbanista); Fernando Boppré (Historiador e Produtor Cultural); e Marcelo Pereira Seixas (Artista Plástico)

- O FCF é um espaço de discussão e de articulação permanente, composto de pessoas físicas e jurídicas envolvidas com a questão cultural. Não tem personalidade jurídica e atua encaminhando e fazendo valer as decisões deliberadas em Assembléia Geral, como consenso representativo da comunidade cultural do município de Florianópolis.

- Pode ser membro do FCF qualquer cidadão (pessoa física) na condição de trabalhador, empregador, autônomo, militante e diletante de atividades culturais; e representantes (pessoa jurídica) de áreas e atividades afins da cultura, como entidades não-governamentais, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), empresas, movimentos populares, entidades privadas que representam os profissionais das respectivas áreas que atuam na defesa de direitos difusos e coletivos.

- Os principais objetivos do FCF: A) contribuir para o cumprimento, pelo Governo Municipal e Sociedade, do dever constitucional de assegurar o desenvolvimento pleno da cultura e da cidadania a partir da realização das políticas públicas e de fomento em âmbitos municipal, estadual e nacional; B) auxiliar para o cumprimento, pelo poder público e pela Sociedade, do dever constitucional de assegurar o acesso de todos às manifestações culturais; C) Promover o debate em favor da definição e implementação do Conselho Municipal de Política Cultural de Florianópolis, objetivando a formulação, execução e avaliação das políticas públicas de fomento às manifestações e execuções culturais em Florianópolis; D) Realizar conferências, encontros, seminários e eventos de cultura, buscando atender as especificidades de cada área da cultura.

- O ato de solicitação para integrar o quadro de membros do FCF, exceto os associados fundadores, deverá ser formalizado por carta, constando as seguintes informações e documentos anexos: a)para pessoa jurídica, é necessário elencar seus objetivos institucionais e suas ações desenvolvidas, o nome de seu representante e de dois suplentes, acompanhado da cópia dos estatutos sociais ou contrato social; das atas da assembléia de eleição e posse da diretoria vigente, com os respectivos registros em cartório; e do cartão do CNPJ; b) para pessoa física, além de seu objetivo precípuo, cópia da carteira de identidade e do comprovante de residência.
Esperamos que este Fórum provoque a criação de muitos outros em toda Santa Catarina.

*
A META DO RIO

Por Luiz Costa

Se diz que o rio
nasce na montanha
um fato
e morre no mar
outro fato.

Contudo
o seu curso
é uma metáfora
para ensinar
o segredo da vida
da Meta da existência.

O rio nasce nas alturas
num céu de vapor
uma essencia d'água pura
pra seguir seu destino.

No caminho
ele lava
suja
machuca
e sofre
nas corredeiras.

Rega, e alegra
nas margens e planícies
e nos lagos que forma.

No seu curso
constrói
alimenta e destroi
e
de quando em vez
se distrai e se refresca
em travessuras nas cascatas
em mergulhos nas cataratas
e cachoeiras do caminho.

Há momentos de corrida
momentos de caminhada.
A medida qu'envelhece
se alimenta dos tributos.
Enquanto engorda
se transforma
se ocupa e transporta.

Quando chega ao mar
à lagoa onde seja
como dizem
ele morre.

Mas ai
não e o fim.
A Meta não é essa.
A essencia
tá na frente
n'oceano
onde espera.

Enquanto espera
recebe a luz
do sol brilhante
e ascende às alturas
novamente
aos céus de agua pura
em vapor que o criou.

Cumpre assim
a sua Meta
de existir para servir
à toda a criacão.

(Em memória de Teresa Costa Pinto)

*
(3) Textos
Emanuel Medeiros Vieira

(1)
JUSTIÇA! QUE JUSTIÇA?

Não é para surpreender.

O clima de degradação moral em todas as instâncias de Poder no Brasil não espanta mais ninguém.

O efeito devastador é DISSEMINAR o sentimento de impotência e a percepção (real) de que a impunidade sempre vai vigorar para os poderosos, para os "grandões" da vida.

Peguemos o exemplo do deputado Palocci, absolvido pelo STF;
Sim, "supremo" tribunal federal...
Faltou - para completar o serviço - prender o caseiro Francenildo.

Qual a função das faculdades de direito?

Se a mais ala corte de Justiça do país age assim, o que ocorre em outras instâncias?
A gente sabe.

É a cultura do patrimonialismo, da complacência com os donos do poder, do vale-tudo moral , e dessa impunidade que nos envergonha.

Stankey Kubrich dizia que as grandes nações se comportam como gângsters e as pequenas como prostitutas.

Como afirma Eduardo Galeano, hoje em dia não fica bem dizer certas coisas perante a opinião pública: o capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado; o imperialismo se chama globalização; oportunismo se chama pragmatismo; a traição se chama realismo.

Brasília, 29 de agosto de 2009

*
(2)
BOLCHEVISMO SEM UTOPIA

“Sobre a Brevidade da Vida”, de Sêneca (IaC-65dC): era a respeito desse (precioso) livro que iria escrever.

Relia-o aqui no Planalto Central: pretendia meditar sobre as lições do estoicismo, pensar sobre a nossa finitude, refletir sobre a necessidade da filosofia no cotidiano, não como algo abstrato, mas como lição de vida e necessário aprendizado existencial.

Sempre internalizando a percepção de que o homem é um ser para morte, mas que nesse breve trânsito pode construir uma obra, porque sendo o único animal que sabe que vai morrer, deixará algo que ultrapassará a poeira do tempo.

O ato da criação é aquele através do qual o homem arranca algo à morte, “transformando em consciência uma experiência” (personagem Garcia, em “A Esperança”, de André Malraux).

Mas a percepção do nosso cotidiano falou mais forte: um horror feito de pasmo e resignação.
Lembrei-me de uma expressão: “Bolchevismo sem utopia”.

Quer dizer, os vitoriosos líderes da Revolução Russa tinham uma utopia.

No Brasil: a noção subleninista do aparelhamento do Estado (lógico, muitos não se deram conta, pois tiveram má formação intelectual, leram pouco) está grudada no governo Lula e tomou conta do PT.

Eu sei, hoje o partido é apenas uma sublegenda ou apêndice subalterno do presidente.

No chamado pragmatismo dos dirigentes do PT, percebe-se essa fome insaciável por cargos e desejo compulsivo do aparelhamento total.

E uma visão paranóica: todos os que criticam são de “direita” ou fazem o seu jogo.

Alguns sim. Nem todos.

E calam-se vozes – através do dinheiro e de cargos públicos - que já foram da esperança e da inquietude (CUT, UNE, MST), através da pecúnia, de cargos, de prebendas e de Ongs manipuladas e cheias de verbas.

Não adianta afirmar que nossa crítica é humanista: a paranóia facilitaria diz que é “conspiração tucana”, do PSDB, esquecendo-se até do passado honrado e de resistência dos seus críticos.
E carecem de visão internacionalista, ficam com uma percepção meramente paroquial. Falta uma visão de mundo, falta a noção de que o planeta precisa ser preservado.

Enfim, carecem de humanismo, de uma noção da “vida plena”, não calcada no consumismo ou em cargos.

O que vemos?

Uma política de terra arrasada, a ausência completa de princípios éticos, a devastadora “pedagogia” que é passada às novas gerações (“se eles roubam, também vou ser corrupto”).

Não agüento mais a lembrança dos governos passados do PSDB.

Insisto à redundância: a velhacaria dos outros não pode ser a medida dos nossos valores.

Em 64 anos de vida, poucas vezes vi um quadro tão carente de perspectivas (sim, pelo menos não nos prendem, torturam ou nos mandam para o exílio....)

O PSOL é apenas um grupelho, muitas vezes delirante, e contaminado por infantilismo ideológico.

A aliança PSDB-DEM não é sinal de dias melhores.

Não alegra o coração saber que a candidata Marina Silva é da Assembléia de Deus.

(As escolas vão adotar o criacionismo, negar Darwin, e as mulheres não poderão mais se pintar ou cortar o cabelo?)

E, então? Não sei. Realmente não sei.

Mas lembro-me de Eduardo Galeano: “Ela está no horizonte... Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Por mais que caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia?

Serve para isso. Serve para caminhar.”
(Brasília, agosto de 20009)

*
(3)
Senador Mercadante

Fui da AP, amigo próxmo de Luiz Travassos, com quem estive no exílio em Berlim.
Militante estudantil, lutei intensamente pela democracia no país, tendo passado de 9 de dezembro de 1970 a 18 de fevereiro de 1971 na OBAN e no DOPS paulista.

Optei pela ofício de escritor.

Cobri a CPI do Orçamento e a do Collor.
Lembro de sua combativa participação.

Sem sectarismo, o que me dói é o efeito devastador para as novas gerações (e para os que acreditavam no PT), o que está acontecendo no Senado.

Céticos, desencantados, os jovens estão convictos de que tudo é igual (e todos os políticos) - o pacto por cima, o apoio às oligarquias mais venais, às práticas danosas, consagrando nosso velho patrimonialismo, tão bem descrito pior Raymundo Faoro em "Os Donos do Poder".

Sinceramente, não espero resposta.

Mas ficaria compensado com a sua reflexão.

Cordialmente, Emanuel Medeiros Vieira

29.8.09

COMEÇOU
A FESTA
DO DIVINO

Santo Antônio de Lisboa
Florianópolis,SC - Brasil

Casal festeiro 2009
Josilene Marques de Andrade e Agenor Domingos de Andrade

Colheita

A mandioca foi colhida na propriedade de Martiniano
Caetano (sr Altino), 89 anos de idade, residente em Ratones.





Cevando




Prensa





Forneando








Músicos da cantoria


Ritual










28.8.09

V A I C O M E Ç A R

Santo Antônio de Lisboa
Florianópolis-SC, Brasil


29 de agosto de 2009, sábado

19h
12ª Divina Farinhada. Engenho de farinha em funcionamento produzindo farinha de mandioca, biju, mané-pança, cacuanga e outros.

19h30
Abertura da exposição fotográfica Açores. Jói Cletson (Núcleo de Estudos Açorianos-NEA-UFSC).

20h
Novena do Divino Espírito Santo com Ladainha em latim e Folia do Divino.

20h30
Musical Seu Lili da Rabeça e Conjunto.

22h
Show do grupo Gente da Terra. Participação de Valdir Agostinho.

Local: Casarão Engenho dos Andrade.
Praia Comprida/Caminho dos Açores, nº 1.180.
Telefone: (48) 3235 2572.


*

30 de agosto de 2009, domingo

12h30
Almoço no Engenho

13h30
Concurso melhor forneiro de farinha de mandioca. O vencedor receberá um troféu às 17 horas.

Local: Casarão Engenho dos Andrade.
Praia Comprida/Caminho dos Açores, nº 1.180.
Telefone: (48) 3235 2572.

*

Memória do Divino Espírito Santo

Irmandade do Divino Espírito Santo (1998).

Missa de Coroação da Nossa Senhora das Necessidades (1996).

Cerimônia de Coroação da Nossa Senhora das Necessidades e Corte Imperial.
Casal Imperial Gabriel Vaz Pires e Maria Bernadete de Campos Pires (1998).


Imagens do livro Caminhos do Divino - Um olhar sobre a Festa do Divino Espírito Santo em Santa Catarina. Lélia Pereira da Silva Núnes. Florianópolis: Editora Insular, 2007.

Óleo sobre tela de Nerí Andrade.

Detalhes do óleo sobre tela de Cipriano usado no convite da Festa.
Zeneide, não são pinturas.
Apenas fragmentos do real!
A neblina está de volta.

Ponta do Sambaqui (Florianópolis,SC/Brasil).