31.1.12

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ADOTOU
O CAMPO
DO TRIUNFO

(Sambaqui, Florianópolis-SC)


Confira outras fotos no Daqui na Rede.
(Foto: Celso Martins)
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MURAL DE AVISOS


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30.1.12

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P A N F L E T Á R I O

Por Emanuel Medeiros Vieira

Para Bailon Taveira Vila Nova

O país natal
O país moral –
declínio,
tudo à venda.

Sangrem, Demitam, Esfolem,
Mas deixem os bancos em pé
(e em paz)

(Soou panfletário – eu sei.)
E dizer que um dia a gente acreditou que tudo seria diferente.
Ficaram em algum sótão (ilha,, mar?), os sonhos juvenis?
E passam os dias, os meses, os anos – e então seremos pó – pó.


Sangrem, Demitam, Esfolem
Mas deixem os bancos em pé
(e em paz).

Internalizada é a dor dos que mais nada têm,, quieta – ninguém se importa.
(Não, não falarei em financismo, reino do capital – seria retórica piegas.)

“O que restará de toda essa nossa miséria? Afinal, só uma velha puta passeando com uma gabardina irrisória, num dique solitário, debaixo da chuva”.
(Samuel Beckett, A última gravação de Krapp
(Agradeço as “pilhagens” de “Dublinesca” – Enrique Vila-matas)

(Brasília, janeiro de 2012)









Imagens ao alcance do olhar. Fotos: Celso Martins

26.1.12

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OS CÃES BRIGAM
NO ENTARDECER


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Três cães atacam o quarto cão que se defende e sai ileso da briga.

Fotos: Celso Martins

25.1.12

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B R A S Í L I A
REVISITADA

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Por Emanuel Medeiros Vieira


PARA CLARICE E LUCAS, MEUS FILHOS- QUE AQUI NASCERAM


Não, não quero falar da cidade estigmatizada, dos poderes – podres ou não.
Não a urbe oficial, dos altos tecnocratas, dos políticos que só conhecem o aeroporto, carros oficiais, palácios, ministérios, o Congresso, restaurantes chiques, e boates de “moças de luxo”- caras, da mais antiga profissão..
A cidade que amo é outra,
Das chuvas de janeiro (que agora pararam) de tantas mangas, dos verdes belos, das goiabas crescendo, da Clarice, do Lucas, dos piqueniques improvisados, do Parque da Cidade, e de tanta gente honrada que aqui labuta e corre atrás dos seus sonhos.
Mudar essa imagem eu sei que não vou.
Mas creio que o meu papel é o de “evangelizador laico”.
Se mudar uma só visão, um só olhar estereotipado, ficaria compensado.

EIS-ME DE VOLTA, PROVISORIAMENTE, DA PRIMEIRA PARA A ÚLTIMA CAPITAL.
Não, os poderes já não me interessam.
CADA MOMENTO É UM LUGAR ONDE NUNCA ESTIVEMOS.
E tento redescobrir cada momento.
O que é o tempo,?, me pergunto sempre – desde que iniciei no ofício de tecer palavras.
Virgílio captou magistralmente: “Sede fugit interea , fugit irreparabile tempus” (“mas ele foge: irreparavelmente o tempo).
E Clarice Lispector pergunta: “Oh Deus que faço desta/felicidade ao meu redor/que é eterna, eterna,eterna/e que passará daqui a um instante/porque só nos ensina/a ser mortal?”
Mas o que queria dizer?
Que há uma cidade escondida, além do olhar apressado.
Há uma cidade mais funda – das linhas retas.
Algo que ficará, além das celebridades vãs, da vida de gente que se atribui muita importância – ministros e deputados que logo serão esquecidos.
Quem se lembra de Médici? Quem se esquecerá do Dr. Oscar e de Lúcio Costa?
É por essa razão que dedico o curto texto ao Lucas e a Clarice.
Não são “candangos”, pioneiros.
Ele vai fazer 9 anos, ela 26.
Mas há algo de novo nos seus olhares.
E enquanto escuto um pássaro cantando, o sol batendo na mesa em que escrevo, não consigo evitar o lugar-comum: vale a vida. Algo do nosso trabalho ficará – ficará. E sei que toda a glória é finita, que é sempre assim (apenas passamos). E o tempo foge.

(BRASÍLIA, JANEIRO DE 2012)

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DO QUINTAL


Fotos: Celso Martins (25.1.2012)

24.1.12

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O PUDIM,
A RACHADURA,
E A COVARDIA





Fotos: Celso Martins

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C O V A R D I A




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20.1.12

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Carreteiro dos
Dinossauros
na Casa
do “Amarelo”

Os antigos funcionários do extinto jornal O Estado voltam a ser encontrar no primeiro “requenta” de 2012. Será no próximo dia 28 (sábado), às 19 horas, na residência do jornalista Osmar Schlindwein (Amarelo) e de Julieta La Rosa, na praia da Daniela. Mais informações com Lena Obst (lenaobst@textofinal.com.br).

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A ponte Hercílio Luz continua no lugar...

...e o morro do Cambirela também. Fotos: Celso Martins

19.1.12

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O zangão e
o entardecer






Fotos: Celso Martins

18.1.12

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Desencontros
(Última crônica do Viking?)
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Instalação pós-contemporânea
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M o s q u i t a d a
(Emanuel Medeiros Vieira)

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Foto: Celso Martins

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D E S E N C O N T R O S

Por Olsen Jr.*

Foi na arrumação de uma caixa que percebi o envelope, era uma carta entre duas mulheres contendo um perfil de alguém que uma delas parecia interessada, não fosse... Afirmava: “... Se você pretende ser uma pessoa nom grata na casa dele, basta fazer estas coisas, não necessariamente nesta ordem: depois de comer, limpar a boca ou as mãos no pano de enxugar pratos; utilizar o garfo com que está comendo para esgravatar uma salada ou qualquer outro à mesa; terminada a refeição, indagar se na casa não existe palitos; servir-se de uma fatia de pão e sair espalhando migalhas pela casa; esquecer o cigarro aceso no balcão do bar (o seu canto favorito depois da biblioteca) de maneira que a xepa queime e atinja a madeira”...

Fui lendo distraidamente o texto e achando curioso que alguém se desse aquele trabalho, continuo... “Mexer nas peças de barro que representam o nosso boi-de-mamão e perguntar se pode levar esta ou aquela figura de recordação; pedir um livro emprestado de sua biblioteca; no banheiro, fazer xixi e não acionar a descarga ou lavar as mãos e respingar a água num raio de 10 cm ao redor da pia; tentar beliscar a carne na churrasqueira antes que ela esteja assada; pedir se não dá pra gelar um pouco o vinho tinto”...

Comecei a prestar mais atenção naquele comportamento sistematizado, até porque estava constatando certa familiaridade com o que eu próprio fazia, sigo... “Fazer a seguinte observação, sem ofender, mas não dá pra por um pouco de açúcar no chimarrão; cortar o queijo com a mesma faca com que você usou para passar geléia no pão; adoçar o café com a colher do açucareiro; perguntar se “ele” já consertou o desgraçado do telhado”...

Já estava identificado com muita coisa ali, ou então era uma grande coincidência, avanço... “Indagar quando irá por uma maldita lareira naquela casa; questionar se é bom morar sozinho naquele paraíso; especular se “ele” não gosta de outro grupo musical além dos Beatles; descobrir se “ele” não tem um interesse honesto por outra coisa que não sejam os livros e a literatura; ousar conhecer os segredos do “feiticeiro”, ou seja, saber se “escrever é fácil”; confirmar o que disse o poetinha Vinicius de Moraes, se o cachorro é o melhor amigo do homem ou se o uísque é o cachorro que vem engarrafado; finalmente, você sabe que “está na hora de ir embora” quando, imitando o mais nobre sotaque ilhéu, “ele” pergunta: -- “Já vais? (pronunciando como um manezinho: --- “Já vásss?”.

Se este cara aí não for minha “alma gêmea” então sou eu mesmo. Não contenho o riso. A carta estava datada de 1995 com a recomendação de me ser entregue depois que sua autora estivesse viajado para os Estados Unidos... Nunca dei importância, talvez a encarregada da incumbência não me inspirasse confiança e tivesse pensado que a tal carta fosse dela... Cá entre nós, não mudaria nada, afinal a cretina tinha feito uma radiografia acurada, claro, passado tanto tempo poderia ser acrescentado outros detalhes, aliás, o detalhe é a sofisticação do método, mas ela concluiu bem na carta para a amiga “... Meu anarquismo plebeu não combina com as esquisitices de um intelectual”...

E se fosse o contrário, penso, com esta sensibilidade, a escritora poderia ser ela!





Essa música “You’ve Got to Hide Your Love Away”, dos Beatles integra o álbum “Help” (1965) e também faz parte da trilha sonora do filme de igual nome...
Sempre tive um carinho especial por ela, pela sonoridade, eles eram muito musicais...
Foi a segunda música em que convidaram alguém de fora (o flautista John Scott) para participar de uma gravação...
A primeira vez foi com “Love me Do”...
A letra diz que “você deve esconder o seu amor”...
Well, não é fácil... Nem esconder “o seu” amor e tampouco partir... Ir embora...
Dói...
Dói mesmo!
Até breve in another place... (Olsen Jr.)

*

PS

* Antes de seguir para Rio Negrinho, onde desenvolve trabalhos com a família, Olsen antecipou as crônicas dos meses de dezembro (parte) e janeiro, algumas inéditas, outras não. Elas vieram acompanhadas de mensagens e, na última, o que parecia ser uma despedida. Por isso escrevi ao nosso Viking solicitando esclarecimentos nos seguintes termos:
"Caro Olsen
Primeiramente desejo sucesso no novo domicílio, grande desafio profissional, novos ares e perfumes, gostos e paladares, teores diferenciados. É o mesmo que desejar um Feliz 2012. Pelas tuas palavras ficaremos privados das crônicas. É isso mesmo? A pergunta tem o respaldo dos milhares de leitores teus no Daqui na Rede e no Sambaqui na Rede.
Abraços
Celso".
A resposta veio em seguida:
"Olá Celso, salve!
Que bom ouvir isso que você acaba de me dizer...
Apenas adiantei os textos (aliás que já foram publicados em 2007 e 2008)... Para os blogs, você e o “Daqui”, o Arthur lá em Brasíla com o ABC, e outros... Assim enquanto me instalo em Rio Negrinho, o mês de janeiro está coberto com quatro textos (o texto 05, 06, 07 e 08) já enviados...
Depois, este mês de janeiro ainda, retomo a comunicação de lá...
Espero que você consiga manter este teu empreendimento forte, útil e necessário e claro, com sucesso...
Em breve o amigo poderá contar com anunciantes e tudo melhora... Mantenha a seriedade e o “Norte” assim se adquire confiança e credibilidade o que faltou em alguns de “nossos” amigos...
Hei! Continuarem acompanhando tudo de lá... Uma vez por mês (na última segunda-feira de cada mês) tenho de vir para a reunião da Academia Catarinense de Letras... Aí, marcamos, conversamos, projetamos, fazemos, como sempre fizemos na década de 1970...
Um abração fraterno do poeta para todos os teus leitores e teus familiares, a Anita e a Margaret Grando...
Até mais!"

*

Serviço de segunda
serve de inspiração
para uma instalação
pós-contemporânea


Refúgio e lar da arte plástica, o distrito de Santo Antônio de Lisboa acaba de ganhar uma obra fugaz, efêmera e por isso provisória, porém de grande valor estético e abastança pictórica com materiais do dia-a-dia. A instalação com ares de pós-contemporaneidade tenta dar existência a uma mal-acabada obra pública.
Anonimamente o autor deixou à visitação dos passeantes a sua obra. Usa uma folha de bananeira, seca, simbolizando, quem sabe, a usura para com o usuário e a benesse destinada ao usurário. Mas isso é apenas uma interpretação, o artista pode ter almejado proclamar outra mensagem.

Compondo um ângulo ligeiramente inclinado em relação ao tampo da caixa de inspeção de esgoto da Casan, o restolho de tapume se ergue ao alto e, como nas torres medievais, ali vemos a alegoria do poder, o prestígio do construtor, o esmero e capricho no uso do cum-quibus público.
A régua e o sarrafo surrado também se alinham com os ferros expostos do serviço de segunda, assegurando a ele um padrão de beleza singular, improviso que assegura ao espaço a sua individualidade perene, fruto sim da criatividade gaiata sempre a espreitar a destemperança oficial.
O conjunto chama atenção não apenas pelo inusitado do visual, impondo o belo ao meio da rua, entre os blocos de cimento nus, mas, sobretudo, provoca filas de admiradores em trânsito a pé ou em seus veículos. (CM)

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M O S Q U I T A D A S

Por Emanuel Medeiros Vieira

Para os amigos dos “sonhos de antigamente”.

O funeral está em marcha.
“Nunca se sabe quem vai manusear você quando morto” (“Ulysses, de James Joyce)
Analfabetos das emoções e do tempo: sempre seremos.
Panfleto?
Não: não mais um.
Lembrar das lutas passadas, inquietação, voluntarismo – não farei isso.
E os urubus esperando a hora, os desafetos, os processos, os oficiais de justiça (justiça?) advogados, a falta de dinheiro, a velha depressão que te toma numa noite que não quer passar. – o dia não amanhece, a dor no peito, o Avaí na segunda divisão, e a tristeza que não quer ir embora.,
Sim, lembro dos anos jovens.
Sábia seria a pessoa que monotiza a existência?
“Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo”
(Fernando Pessoa, em seu heterônimo Ricardo Reis)
Sim, o funeral está em marcha.
Não, não apenas de um amigo inquieto, ansioso, arisco (às vezes) – mas sempre amigo.
É um funeral maior: de uma geração, da tua e da que a antecedeu (a minha), e de tantos sonhos.
Um réquiem coletivo.

Em silêncio, eu sei, muitos se rejubilam com a tua morte.
Eram inimigos fortíssimos, de vários matizes – fortes não pelo humanismo (são carecedores dele), mas pelo poder mesquinho e pela pecúnia.
Esquecem o provérbio ilhéu: há a maré e a ressaca.
E por mais máscaras que coloquem, essa gente carregará a infâmia para sempre, em seus passos, em reuniões palacianas, nos pesadelos que virão – sim, virão!
Pois colocaram sem compaixão mais uma prego na tua cruz – te ajudaram a morrer.
São os algozes que dizem estar com as mãos limpas.
Não, não estão.
O funeral está em marcha.
Mosquito: não conseguiste conviver com a traição.
Outros – pelo vil metal, pelo poder que deslumbra –, que venderam, vendem e venderão a alma como se ela estivesse exposta numa banca do Mercado Público, não se importam.
Atribuem-se importância, mas logo serão esquecidos,e irão para a lata de lixo da História, e morrerão sem a solidariedade de si mesmos.
E para todos – todos – chegará a hora da Revelação.
(Uma Energia Maior está em vigília.)
E contam com o nosso esquecimento.
Mas o oblívio não chegará a nós.
(No natal, senti muitas saudades daqueles papos de 1982, da TV do Povo, da generosidade perdida, dos diálogos mais recentes, tentando furar a blindagem dos hipócritas e dos vendilhões.)
Não, não é nostalgia.
Tem morrido muita gente do nosso time.
Uma teia de aranha mental nos invade – a todos.
Chove em Brasília.
No mar da Lagoinha, Mosquito, conseguias rir.
Mas, no final, a vida estava pesada demais.
Mais do que os processos, a falta de dinheiro, era insuportável enxergar quase todos fechados em si mesmos, a mídia imbecilizante, o egoísmo velhaco, o mundo dirigido pelos financistas, o país dos nossos sonhos jogado na lata de lixo.
Agora serei retórico: é preciso continuar, amigo – estás fazendo muita falta.
É preciso
É preciso não esquecer, é preciso celebrar os nossos mortos (tão vivos) amados, dar um jeito de tirar a tristeza da alma e dizer: ainda estamos aqui. Ainda.
(Mosquito: talvez riste deste tom que utilizei).
Se o funeral está em marcha, a vida também é celebrada, nesta manhã, neste pássaro que agora escuto, no pão quente, no morango na cesta do piquenique que improviso com o meu filho Lucas, no mar imenso que sempre amaste, num arco-íris no céu.
(BRASÍLIA, JANEIRO DE 2012)

17.1.12

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PARAÍSO PROFANADO


Laguna-SC
Prainha do Farol de
Santa Marta está
imprópria para o
banho, diz a Fatma


A Prainha do Farol de Santa Marta, em Laguna-SC, é a única praia do município imprópria para o banho segundo o último relatório de balneabilidade da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fatma). Até a praia da Lagoa de Cabeçudas, imprópria para o banho quase todo o ano, está agora apropriada para o banho.



No município de Laguna dos sete pontos examinados pela Fatma seis se encontram próprios e um impróprio para banho, exatamente a Prainha do Farol. Na última coleta do órgão ambiental, no dia 11, foram detectadas 5000 bactérias Escherichia coli em 100 mililitros (ml) coletados.
Segundo a Fatma, uma praia é considerada imprópria “quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas cinco semanas anteriores, no mesmo local, for superior a 800 Escherichia coli por 100 mililitros ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000
Escherichia coli por 100 mililitros”. Na Prainha tem 5000.

Essa bactéria Escherichia coli (E.c.) está presente nas fezes de animais de sangue quente, servindo de indicador para a análise das condições de balneabilidade das praias de Santa Catarina. Confira mais detalhes no site da Fatma.


As fotos são dos dias 29 e 30 de dezembro de 2011.
Farol de Santa Marta, Laguna-SC. Por Celso Martins

13.1.12

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PATRIMÔNIO AMEAÇADO


Se você passar pelas imediações da ponte Hercílio Luz tire uma foto dela. Quem está na região deve dar um pulo até a Ilha e registrar o monumento. Aquele que está em casa precisa apanhar a máquina e correr enquanto é tempo...

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