30.10.10

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JARDIM BOTÂNICO


Por Milton Ostetto (texto e fotos)

Encantado com a exuberância da natureza do lugar, aí D. João instalou o Jardim, que em 11 de outubro do mesmo ano, passou a Real Horto. Por um erro histórico acreditava-se que as primeiras plantas tinham sido trazidas do Jardim Gabrielle, de onde vieram muitas plantas, principalmente durante as guerras napoleônicas. Porém o Jardim Gabrielle era nas Guianas e as primeiras plantas que chegaram aqui vieram, na verdade, das ilhas Maurício, do Jardim La Pamplemousse, por Luiz de Abreu Vieira e Silva, que as ofereceu a D. João1

Aclimatar as especiarias vindas das Índias Orientais: foi com este objetivo que, em 13 de junho de 1808, foi criado o Jardim de Aclimação por D. João, Príncipe Regente na época, e mais tarde d. João VI.




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BARQUEATA TRANSFERIDA

A Barqueata prevista para hoje (30.10) em protesto contra o Estaleiro OSX, foi transferida para o próximo sábado (6.11), devido as condições climáticas adversas.

29.10.10

O dia do Saci Pererê

Por Elaine Tavares - jornalista

Em luta neste dia 30, no Trapiche da Beira-Mar, às 10h, em Florianópolis, contra o estaleiro

Não há nada mais servil do que se deixar dominar culturalmente. Quando a força das armas vem, pode-se até entender. Mas quando o domínio se dá de forma sub-reptícia, via cultura, parece mais letal. O Brasil vive isso de forma visceral. A música estadunidense invade as rádios e a juventude canta sem entender a mensagem. No comércio abundam os nomes de lojas em inglês e até as marcas de roupa ou sapato são na língua anglo-saxônica, “porque vende mais” dizem as atendentes. Nas vitrines, cartazes de “sale”, ou “50% off” embandeiram a escravidão cultural. E tudo acontece automaticamente, como se fosse natural. Não é!

Outra prática que vem invadindo as escolas e até os jardins de infância é a comemoração do Halloween, o dia das bruxas dos estadunidenses. Lá, no país de Obama, esta data, o 31 de outubro, é um lindo dia de festividades com as crianças, no qual elas saem fazendo estripulias, exigindo guloseimas. Tudo muito legal dentro da cultura daquele povo, que incorporou esta milenar festa irlandesa lá pelo início do 1800. Nesta festa misturam-se velhas lendas de almas penadas, de gente que enganou o diabo e outras tantas comemorações pagãs. Além disso, hoje, ela nada mais é do que mais uma boa desculpa para frenéticas compras, bem ao estilo do capitalismo selvagem, predador.

Aqui no Brasil esta festa não tem qualquer razão de ser, exceto por conta das mentes colonizadas, que também associam o Halloween ao consumo. Não temos raízes celtas, nem irlandesas ou inglesas. Nossas raízes são outras, Guarani, Caraíba, Tupinambá, Pataxó... Nossos mitos – e são tantos – guardam relação com a floresta, com a vida livre, com a beleza. O mais conhecido deles é ainda mais bonito, fala de alegria e liberdade. É o Saci Pererê. Uma figurinha buliçosa que tem sua origem nas lendas dos povos originários, como guardião das generosas florestas que garantiam a vida plena das gentes. Com a chegada dos povos das mais variadas regiões da África, o menino guardião foi agregando novos contornos. Ficou negro, perdeu uma perna e ganhou um barrete vermelho na cabeça, símbolo da liberdade. Leva na boca um cachimbo (o petyngua), muito usado pelos mais velhos nas comunidades indígenas. Sua missão no mundo é brincar, idéia muito próxima do mito fundador de quase todas as etnias de que o mundo é um grande jardim.

Pois é para reviver a cada ano as lendas e mitos do povo brasileiro que vários movimentos culturais e sociais usam o 31 de outubro para comemorar o Dia do Saci. Com atividades nas ruas, as gentes discutem a necessidade da libertação - coisa própria do Saci - das práticas culturais colonizadas. Ao trazer para o conhecimento público figuras como o Saci, o Caipora, o Boitatá, o Curupira, a Mula Sem Cabeça, todos personagens do imaginário popular, busca-se, na brincadeira que é próprias destes personagens mitológicos, incutir um sentimento nacional, de brasilidade, de reverência pela cultura autóctone. Não como sectária diferença, mas como afirmação das nossas raízes.

Em Florianópolis, quem iniciou esta idéia foi o Sindicato dos Trabalhadores da UFSC, que decidiu instituir o 31 de outubro como o Dia do Saci e seus amigos. Assim, neste dia, durante vários anos, os mitos da nossa gente invadiam as ruas, não para pedir guloseimas, mas para celebrar a vida. Tendo como personagem principal o Saci, o sindicato discutia a necessidade de valorizarmos aquilo que é nosso, que tem raiz encravada nas origens do nosso povo. Mas, agora, sob outra direção, que não conspira com estas idéias de nacionalismo cultural, o Saci não vai sair com a pompa usual.

Mas, não tem problema, porque neste 30, prenunciando seu dia, por toda a cidade, se ouvirão os loucos estalos nos pés de bambu. É porque dali saem, às carreiras, todos os Sacis que estavam dormindo, esperando a hora de brincar com as gentes. Redemoinhos, ventanias, correrias e muito riso. Isso é o Saci, moleque danado, guardião da floresta, protetor da natureza. Ele vem, com seus amigos, encantar o povo, fazer com que percebam que é preciso cuidar da nossa grande casa. Não virá pela mão do Sintufsc, mas pelo coração dos homens, mulheres e crianças que estarão no trapiche da Beira-Mar, às 10h, em Florianópolis, em luta contra o estaleiro que Eike Batista quer construir na nossa região. O Saci é protetor da natureza e vai se unir a barqueata que singrará os mares no encontro das gentes em rebelião. Ah Saci, eu vou te esperar... Que venhas com o vento sul...

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Aviso importante:

A equipe da revista Pobres & Nojentas recebeu agora a informação de que o Saci virá para o ato contra a instalação do Estaleiro OSX, que será neste sábado, dia 30, no Trapiche da Beira-Mar, a partir das 9 horas, em Florianópolis.

O Saci comemora seu dia em 31 de outubro, mas decidiu comemorar um dia antes, em Florianópolis, porque está preocupado com as cousas que andam acontecendo em Desterro.

Venha prestigiar o visitante!

Míriam

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"Plantação de interesses"

No ClicRBS: "Parecer do ICMBio sobre a instalação do estaleiro OSX em Biguaçu deve sair no dia 16 de novembro. A data foi comentada pela diretoria financeira [da empresa] em reunião na quinta-feira". CONFIRA
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Cenas e luzes
de primavera


Por Milton Ostetto

Mais:
Entidades comunitárias lançam
manifesto contra o Estaleiro OSX







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MANIFESTO COMUNITÁRIO
CONTRA O ESTALEIRO OSX


Confira o documento intitulado "UM PEDACINHO DE TERRA PERDIDO NO MEIO DISTO TUDO - Campanha de Amor à Ilha", assinado pelo Conselho Comunitário do Pontal de Jurerê (CCPontal/Daniela), Associação de Moradores e Proprietários de Jurerê Internacional (AJIN) e Associação de Bairro de Sabaqui (ABS). Clique aqui.


27.10.10

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Estaleiro OSX
PROTESTO NO MAR

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Câmara da Capital
discute Estaleiro OSX

dia 24 de novembro


Data depende de homologação
da comissão de Meio Ambiente que

se reúne na próxima quarta-feira


A audiência pública da Câmara de Vereadores que discutirá a implantação do Estaleiro OSX em Biguaçu/Baía Norte de Florianópolis deve ser realizada no dia 24 de novembro próximo. A possibilidade foi levantada pelo vereador João Aurélio Valente Júnior hoje (27.10) à tarde, durante reunião com representantes do Movimento em Defesa das Baías de Florianópolis e da Federação Catarinense das Entidades Ecologistas. Os detalhes da audiência vão ser definidos na próxima quarta-feira (3.11), às 14 horas, durante reunião da comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal.

O pedido de audiência foi encaminhado pelo vereador Ricardo Camargo Vieira (PC do B) na última segunda-feira (25.10) e aprovado por unanimidade - os 16 vereadores estavam presentes. Na terça-feira (26.10) à noite deveria ter sido realizada uma reunião da comissão de Meio Ambiente do Legislativo, quando a audiência ganharia contornos, mas ela acabou cancelada, o que gerou tensões entre o Movimento em Defesa das Baías e o vereador João Aurélio.

"O requerimento aprovado por unamidade não chegou às mãos da comissão a tempo e como não havia mais nada na pauta, a reunião foi cancelada", justifica o vereador. Os representantes do Movimento tentaram conversar com Valente Júnior mas não obtiveram êxito. Segundo um dos presentes, João Aurélio usou as seguintes expressões: "não existia assunto na pauta que justificasse audiência"; "não tem nada de importante para se tratar, para convocar os integrante da comissão"; "Não podia fazer audiência por falta de quórum". O vereador explica que passou o dia indisposto, com dores de estômago, cabeça e sentindo o fígado, dificultando o diálogo.

A conversa com o Movimento acabou acontecendo nesta quarta-feira no gabinete do vereador, bastante amistosa, embora João Aurélio tenha reclamado das pressões através de telefonemas, e-mails e postagens na Internet. (Por C.M.)

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Estamos na
Rede Popular

Catarinense de

Comunicação

RPCC


O Sambaqui na Rede está se integrando à Rede Popular Catarinense de Comunicação (RPCC), que reúne veículos de comunicação catarinenses que atuam com base nos princípios e nas práticas da Soberania Comunicacional.

"A Rede é o resultado de dois Seminários de Comunicação e Cultura Popular organizados pela Agência Contestado de Notícias Populares (Agecon), uma das integrantes da RPCC. A Rede compartilha textos jornalísticos de todos os gêneros (reportagens, notícias, artigos), áudios, imagens, fotografias, dentro da lógica da soberania comunicacional, que pressupõe o controle dos meios e o controle da produção de conteúdos, buscando a quebra do controle da comunicação exercido pelos grandes meios de comunicação do Estado."

Integram a RPCC os seguintes veículos: Agência de Notícias do Contestado, Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular, Associação Vital Fraiburgo de Karatê-Dô, Independente Esporte Clube, O Taquaruçu, Portal Desacato, Revista Pobres & Nojentas, Rádio Campeche, Rádio Comunitária Fortaleza, Rádio Comunitária Maria Rosa FM, Rádio Comunitária Tangaraense e Sambaqui na Rede.


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M I S T I F I C A Ç Õ E S

Obras do artista colombiano Pedro Alcantara*

Por Amílcar Neves**

Era para ser apenas uma eleição presidencial. Muitos querem que seja uma guerra civil.

Uma eleição simples, tranquila, num segundo turno que contrasta dois candidatos com posições bem claras, pelo passado dos seus partidos e coligações, e fundamentalmente distintas. No entanto, quando se tiram as campanhas eleitorais das mãos de políticos hábeis (que ainda os há) e as entregam aos malabarismos criativos de publicitários, a tendência é que elas se assemelhem a embalagens de iogurte: vistosas, coloridas, parecidíssimas entre si - embora de marcas concorrentes - e com informações decisivas impressas em letras miúdas. E, todavia, as informações nutricionais são o que verdadeiramente importam para uma decisão ponderada e consciente.

Tem-se então o despropósito de vir alguém se declarar mais católico do que o outro, e de carregar a santa na procissão há muito mais tempo do que o outro, como se isso tivesse alguma importância para a escolha do(a) próximo(a) governante; como se um budista, no Brasil, estivesse eliminado a priori da disputa pela presidência exatamente por ser budista, como se um ateu, um judeu, um espírita ou um muçulmano não pudesse ser presidente.

Ou então traz-se à baila uma falsa discussão do aborto, como se a possibilidade de aborto, já prevista em lei, fosse uma imposição a todas as grávidas para abortar, algo como se a aprovação do casamento homossexual me obrigasse a separar-me da minha mulher para casar com o meu motorista e a ela, separada, juntar os panos com sua manicure.

O que se tem em disputa, mais do que Dilma contra Serra ou as sombras de Lula contra as de FHC, são concepções distintas e antagônicas de Estado: ou um governo presente, de cunho humanista, que apoie preferencialmente os seus cidadãos, dando-lhes condições de vida mais dignas (dito de esquerda), ou um governo mínimo (dito de direita) que entregue especialmente às grandes empresas a decisão sobre o que fazer - e como fazer - com as pessoas, acreditando que o mercado, como juiz eficaz, premiará os capazes e, aos outros... bem, os outros que se virem, certamente estão aí assim porque não aproveitaram as oportunidades que tiveram. Fora isso, o resto é perfumaria em embalagem cara, sofisticada e vazia.

Com o espírito maniqueísta que impera, não é de estranhar que uns se digam serem do bem - o que implica em dizer que os outros são do mal.

*O Sambaqui na Rede está autorizado a publicar os trabalhos de Pedro Alcantara.

**Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Crônica publicada na edição de hoje (26.10) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.

26.10.10

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I N V E N T Á R I O

Por Emanuel Medeiros Vieira

Em memória do professor Lauro Junkes, caro
amigo e incansável estudioso da literatura catarinense


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Estaleiro OSX

Ministro não permitirá que
maricultura seja comprometida


Por Vera Gasparetto/PortoGente

O ministro da Pesca, Altemir Gregolin, esteve no sábado (23) na 12ª Festa Nacional da Ostra e da Cultura Açoriana (Fenaostra), que consolida a imagem de Florianópolis como maior produtora de ostras do Brasil. Em entrevista ao PortoGente, o ministro fala sobre a importância da maricultura para a economia catarinense, os investimentos do Ministério e a importância estratégica do setor que não pode ser comprometido por impactos ambientais.

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AGENDA

II Simpósio Internacional de
Direito Ambiental do IJA:

sustentabilidade, zonas
costeiras e proteção da vida


O Instituto Justiça Ambiental (IJA) estará realizando o II Simpósio Internacional de Direito Ambiental do IJA: sustentabilidade, zonas costeiras e proteção da vida dias 4 e 5 de novembro de 2010 no Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina (CESUSC), em Florianópolis.

25.10.10

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Câmara aprova
audiência para

discutir estaleiro


Data será definida nesta terça

A Câmara Municipal de Vereadores aprovou hoje (25.10), por unanimidade, um requerimento do vereador Ricardo Camargo Vieira (PC do B), propondo a realização de uma audiência pública para discutir a instalação do Estaleiro OSX (Biguaçu/Baía Norte de Florianópolis). O debate ocorrerá no âmbito da comissão de Meio Ambiente do Legislativo. Estavam presentes os 16 vereadores.

A data da audiência será definida nesta terça-feira (26.10) durante reunião da referida Comissão, à partir das 18 horas, presidida pelo vereador João Aurélio Valente Júnior e tendo como membros os vereadores Renato Geske, Norberto Stroisch Filho, Edinon Manoel da Rosa (Dinho) e Jaime Tonello.


Pedido

Íntegra do pedido: "REQUERIMENTO DE AUTORIA DO VEREADOR RICARDO CAMARGO VIEIRA – requer a realização em caráter de urgência de audiência pública no âmbito da Comissão de Meio Ambiente, a fim de debater a construção do estaleiro da empresa OSX, na cidade de Biguaçu, cujo empreendimento afetará diretamente a região norte da Ilha, além do impacto imediato na Grande Florianópolis".

24.10.10

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(2/2)
O Estaleiro OSX e a quebra
do modelo sócio-econômico

Em busca da galinha
dos ovos de ouro


Mais: UFSC debate a ditadura



Por Celso Martins

Antônio Lara Ribas foi autor do primeiro plano turístico de Florianópolis, elaborado a pedido do governador Celso Ramos para ser incluído no Plano de Metas do Governo (Plameg).

Escreveu: "Uma observação, mesmo superficial, nos convencerá de que não só a sua situação geográfica é privilegiada, mas a excelência do seu clima, a enorme variedade de acidentes topográficos e o seu majestoso conjunto hidrográfico representam argumentos irretorquíveis, que nos animam a oferecer esta modesta contribuição ao povo florianopolitano, para que possa ele ter no turismo segura e promissora fonte de recursos".

Lara Ribas destacava que para o bom êxito do empreendimento turístico era de "suma importância que a população local ofereça condições de receptividade, sobretudo aos visitantes estrangeiros, de forma que eles se sintam à vontade e confiantes na hospitalidade que se lhes oferece".


Valores paisagísticos

Paulo Fernando Lago analisa a gênese na atividade turística na cidade em seu clássico Santa Catarina - A transformação dos espaços geográficos. A década de 1970, escreveu, foi "decisiva para a definição do modelo do crescimento de Florianópolis, com o afloramento de novas forças ordenadoras da forma e intensidade do uso do solo". A "visão antecipadora da valorização de ambientes costeiros é perfeitamente demonstrada pela estratégia de pessoas e empresários locais, que foram adquirindo grandes glebas para posteriores loteamentos direcionados, inicialmente, para as planícies setentrionais da Ilha". Foi o tempo da "caça de ilhas e promontórios".

Nos órgãos públicos, por esse tempo, "desenvolviam-se idéias sobre as estratégias de aceleração de uma tendência perfeitamente avaliável, quando se examinava o avanço da 'frente de ocupação turística', das praias riograndenses em direção Norte". Surgem os primeiros loteamentos no Norte da Ilha (Jurerê, Daniela). Nos anos 1970 a tendência se consolida. "A crença no turismo redentor foi, inicialmente, um pacto social, um consensoi, a proclamação da necessidade do desfrute de valores paisagísticos que não tinham significado de mercado". Ou seja, "a proposta de turismo ganhou credibilidade, sensibilizando ainda mais a esfera política na condução de investimentos públicos em campos infra-estruturais, atraindo setores empresariais, internos e externos, representativos do grande capital e, também, cativando os pequenos investimentos".


Matéria-prima

Segundo Lago, "a sinfonia do turismo redentor foi orquestrada pelo Poder Público e tocada por muitos instrumentistas, agarrados às partituras que permitiam melódica evocação das belezas naturais", resume. Em redor da orquestra, "a sociedade formava um coro monumental, e de todas as gargantas, dos pedreiros, carpinteiros, professores universitários, mecânicos, hoteleiros, médicos, comerciantes, juizes e proprietários fundiários, os acordes se ajustavam na alquimia e, ao mesmo tempo, aplaudiam a mais decidida interferência do poder público, na direção das infra-estruturas".

No final de 1981 surgiu o Plano de Desenvolvimento Turístico do Aglomerado Urbano de Florianópolis, elaborado pelo Instituto de Planejamento de Florianópolis. (IPUF) Visava "orientar as entidades públicas e particulares atuantes" na região da Capital.

No item 10, Estratégia de Marketing, lemos que o plano de marketing terá efeito a longo prazo, "porém isto só terá sentido se a matéria-prima do turismo for preservada". A combinação das "belezas naturais situadas nas proximidades da cidade possui um valor turístico especial, concedendo à Ilha de Santa Catarina uma vantagem na concorrência com os demais lugares de paisagens e praias bonitas do Brasil".


“Ilha dos Sonhos”

"A vocação natural da cidade de Florianópolis é, sem dúvida nenhuma, o turismo", afirma o editorial da revista Florianópolis - Um Pólo Turístico (1989/1990), assinada pelo empresário Fernando Marcondes de Mattos. A publicação foi editada pela Fundação Pró-Turismo de Florianópolis (Protur), visando "divulgar o turismo do município", entidade presidida pelo próprio Marcondes de Mattos, tendo como vice o empresário Alaor Tissot.

"Florianópolis, a capital do estado, é o centro do turismo de verão", onde o "espírito açoriano, herdado dos imigrantes que povoaram a região há 250 anos, personaliza a Ilha". Ou seja, "os barcos de pesca, as rendeiras, o folclore, a culinária, a arquitetura colonial e fortalezas históricas qualificam o turismo e atraem recursos que compensam a falta de indústria de porte". As afirmações estão em um folheto de meados dos anos 90 do século passado, editado pela Santur e pelo Governo do Estado. Com o título Florianópolis, Ilha dos sonhos, anuncia a existência de "vilarejos envoltos em tradição e história", como Santo Antônio de Lisboa e Ribeirão da Ilha, e praias de "águas calmas e boa infra-estrutura", como Jurerê, Canasvieiras e Ingleses", as mais procuradas pelos argentinos.


Vai um x-salada?

Os esforços para consolidar esse perfil são muitos e vamos citar alguns.

Documento da Diretoria de Desenvolvimento Econômico/Governo do Estado, de julho de 1997, intitulado Por que Santa Catarina e voltado a investidores externos, assegura: "A pesca, sobretudo a artesanal, tem presença marcante na formação da economia regional [litoral catarinense], tendo o turismo se consolidado como a atividade mais importante".

Nos dias 27 e 28 de janeiro de 1999, a Protur e o Convention Bureau de Florianópolis organizam o Seminário estratégico da área de eventos de Florianópolis, visando "aumentar o nível de sinergia entre as entidades ligadas à área de eventos" na Capital. São alguns dos esforços visando a quebra da sazonalidade do turismo com a ampliação do setor de eventos. Por outro lado, os organizadores do seminário "O planejamento e a imagem das cidades turísticas: grandes transformações urbanas", realizado no mesmo ano, buscavam criar instrumentos para habilitar o setor turístico local de olho na "concorrência global".

O setor empresarial de Florianópolis que apóia a implantação do Estaleiro OSX, fazendo vista grossa aos danos ambientais irreversíveis, se interessa pela viabilização de um porto turístico. O projeto havia sido abandonado devido aos altos custos com a dragagem de um canal para o acesso das embarcações. Como parte do canal poderá ser dragada pela OSX, o empreendimento se tornaria viável. O projeto cria uma contradição profunda, pois querem misturar navios de cruzeiros com plataformas de petróleo e petroleiros num mesmo espaço.

Resta indagar sobre o que esses turistas vão apreciar na cidade, já que não poderão andarde escuna pelas fortalezas e a Baía dos Golfinhos ou percorrer os trechos restantes de nossas praias, que estarão cobertos de piche. E mais: o que vamos oferecer no jantar? Camarão branco, filé de pescada, ostras e mariscos das nossas baías, ou congeladas postas de salmão e merlusa importadas? Bem, restará a alternativa de levar todos para uma visita às dependências do Estaleiro OSX, onde poderão partilhar um x-salada com seus gerentes e diretores.

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Seminário na UFSC
reúne especialistas
para discutir ditadura


Começa nesta segunda-feira (25.10) o Seminário Direito e Ditadura – PET Direito, prosseguindo até o dia 29 (sexta-feira) no auditório do Fórum do Norte da Ilha localizado no campus UFSC (bairro da Trindade), junto ao Centro de Ciências Jurídicas. Os trabalhos começam às 17 horas com o credenciamento dos participanres, seguido de abertura oficial. O primeiro palestrante será o historiador Carlos Fico, abordando o tema 1964 e ditadura militar: versões e controvérsias, à partir das 18h30, tendo como debatedor o historiador Alexandre Busko Valim (UFSC).

Ás 20h começa a intervenção do jurista João Luiz Duboc Pinaud, sobre o tema Geração Mutilada, tendo como debatedora a senhora Gertrud Mayr. mãe do desaparecido político catarinense Frederico Eduardo Mayr.

Mais informações aqui.

23.10.10

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(1/2)
O Estaleiro OSX e a quebra
do modelo sócio-econômico
Usufruindo os ovos
de ouro da galinha



Por Celso Martins

Dirijo-me em especial aos vereadores e ex-vereadores de Florianópolis, começando por um pequeno histórico do Legislativo.

A Câmara Municipal de Vereadores é a instituição mais antiga de Florianópolis, criada oficialmente em 23 de março de 1726, coincidindo com a transformação do povoado em Vila e o aniversário oficial da cidade. A Câmara é anterior ao Governo do Estado (surgido em 1739) e bem mais antiga que a Assembléia Legislativa (criada em 1834). Por tudo isso, o peso da responsabilidade de cada um dos vereadores é redobrado.

O Legislativo Municipal jamais faltou a seus compromissos, marcando presença nos momentos decisivos da nossa história. Oscilando entre momentos de intensa atividade com períodos mais tranqüilos, a Câmara nunca se ausentou nem se omitiu quando a cidadania reclamou sua presença. Confiando nessa tradição e, sobretudo, no perfil ético e altruísta da Edilidade, deixo aqui uma contribuição sobre os esforços dos antepassados que legaram a cidade que usufruímos hoje.

Nesta primeira parte vamos falar brevemente da Florianópolis de hoje, para que tenhamos uma idéia do que nos legou a galinha dos ovos de ouro - as belezas naturais e humanas, que atraem tantos turistas - e que estamos para perder com o impacto do Estaleiro OSX.

O site do Florianópolis e Região Convention & Visitors Bureau diz o seguinte a respeito de nossa cidade: “Quem conhece as belezas da Ilha de Santa Catarina não quer passar apenas uma temporada. Por isso, cada vez mais as pessoas estão escolhendo a capital com a melhor qualidade de vida do país para morar, e quem gosta de praia e vida tranqüila sem abrir mão das facilidades das grandes capitais, encontrou o local perfeito. Florianópolis reúne o que uma cidade grande oferece, sem perder o charme de cidade pequena”.

Entardecer na Baía Norte de Florianópolis. Foto: C. M.

A imagem da cidade atraiu e atrai milhares de novos moradores, turistas, visitantes em geral.

Continua o mesmo site: “A Ilha possui uma grande interação ente a ocupação humana e a sua preservação ambiental. A harmonia e a conservação da biodiversidade nas proximidades de um centro urbano são privilégios da região, uma capital situada em uma ilha e que mantém seus ecossistemas preservados. Atualmente existem mais de 20 unidades de preservação ecológica no município e nove parques, abrangendo 42% seu território”.

A titulo de esclarecimento, o Florianópolis e Região Convention & Visitors Bureau é o instrumento mais eficaz da promoção do turismo na sua área de abrangência.

Para ilustrar, o trecho final do referido texto: “Com o tempo, a cidade ficou mais moderna, criou uma infra-estrutura capaz de receber a todos, a economia cresceu e novas oportunidades de negócios surgiram, colocando Florianópolis no circuito dos principais eventos do Brasil e do mundo”.

Segundo a Santur, a receita gerada pelo turismo em janeiro e fevereiro de 2008 chegou a R$ 614 milhões. Em 2009 recebemos quase 800 mil turistas somente nos primeiros dois meses do ano.

Vejamos o que diz o mesmo Convention&Bureau local, em outra página de seu site, a respeito da nossa economia: “A economia de Florianópolis está concentrada no setor público, comércio e serviços, além do turismo. A cidade não possui grandes indústrias pela sua característica ambiental, que impede a instalação de empresas poluidoras. O destaque no setor industrial é o parque tecnológico, formado por cerca de 300 empresas de ponta, muitas delas fornecedoras para o mercado internacional. Juntas, geram 3 mil empregos diretos e outros 14 mil indiretos, com faturamento de R$ 500 milhões por ano. O sucesso do parque tecnológico está ligado à presença de incubadoras, que garantem apoio ao surgimento das empresas”.

Continua: “Outra importante atividade econômica, que garante emprego e renda para dezenas de famílias é a Maricultura. O cultivo de moluscos – ostras e mexilhões - iniciou na década de 90 como alternativa à pesca, que já não garantia o sustento das comunidades. Hoje, Florianópolis é o maior produtor de ostras do país, com 70% do mercado (2,5 milhões de dúzias por ano). A atividade gera 600 empregos diretos, 2,6 mil indiretos e resulta num faturamento anual de R$ 7 milhões”.

Esta é a Florianópolis que construímos no último meio século, substituindo a antiga ordem sócio-econômica, configurada pelo tradicional cultivo e processamento da farinha de mandioca e o forte comércio atacadista abastecido pelo porto fechado em 1964.


Confira amanhã a segunda parte:
Em busca da galinha dos ovos de ouro.




22.10.10

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O L H A R E S

Por Milton Ostetto



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20.10.10

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Músicos australianos
vêm a Florianópolis

Carl Cleves e Parissa Bouas vão mostrar

suas canções folk em inglês e português


Confira também a crônica de Amílcar Neves


Por Anita Martins (texto e fotos)

Os premiados músicos australianos Carl Cleves e Parissa Bouas chegam em Florianópolis no próximo dia 15 de janeiro e trazem na bagagem violões e instrumentos de percussão para apresentar sua música folk à cidade. Com composições próprias em inglês e português, a dupla, chamada “The Hottentots”, é sucesso na Austrália e na Europa. A vinda à capital catarinense faz parte de uma turnê brasileira que começará em novembro e passará também por São Paulo e Minas Gerais.

Entre suas canções mais famosas estão “Trem Mineiro”, “You and I”, “Graceful”, “Mother’s song” e “Party at my house”, que podem ser ouvidas nos sites http://www.myspace.com/carlcleves/music e http://www.myspace.com/thehottentots/music. A excelência da música do casal é extensamente reconhecida na Austrália, onde receberam prêmios de melhor música, melhor letra e até melhor álbum.


“The Hottentots” no Brasil

Essa não é a primeira vez que Carl e Parissa vêm ao Brasil. Em 2001, os dois se apresentaram em Belo Horizonte, onde, durante sete anos na década de 80, Carl morou e tocou na noite com músicos como Affonsinho e Alexandre Araújo. Nascido na Bélgica, ele ainda viveu em Porto Seguro, quando o local era uma pequena vila de pescadores.

O casal possui uma história de amor com o Brasil. Em 1981, Carl veio para ficar apenas três ou quatro meses. "Me apaixonei pelo povo e pela cultura brasileira e acabei ficando”, conta o belga, que é um viajante de carteirinha e já passou por mais de 50 países de África, Europa, Oriente Médio e Ásia. Carl fez mestrado em musicologia na África do Sul, ajudou sem-terra na Índia, caçou antílopes em Uganda, foi pescador nas ilhas Fiji, vendeu enciclopédias na Tailândia e trabalhou como fazendeiro na Austrália. Apesar de tantas aventuras, relatadas no livro “Tarab – Travels with my guitar”, Carl diz que “o Brasil é o país onde mais me sinto em casa”. Ele só saiu daqui porque precisou de um tratamento médico específico na Bélgica.

Quando se conheceram, na Austrália, Carl e Parissa descobriram o gosto em comum pela música brasileira. “Naquela época, pouca gente conhecia João Bosco. Mas nós dois adorávamos”, conta Parissa. Descendente de gregos, ela já tinha viajado pela América Central e sonhava vir ao Brasil, o que aconteceu em 2001. Entre as músicas brasileiras que já interpretou estão “Expresso 222”, de Gilberto Gil, e “Cravo e Canela”, de Milton Nascimento. Além disso, Parissa compôs um samba em inglês, intitulado “Hey, Maria”.

Atualmente, o casal mora em Byron Bay, na Austrália, mas viaja o país para fazer shows e participar de festivais. Desde julho, os dois estão na Europa. Na Alemanha, têm marcada uma turnê para lançar o mais recente CD, “Out of Australia”, gravado lá no ano passado pelo selo Stockfisch Records. Na Holanda, Parissa e Carl vão produzir um novo álbum. E na Bélgica ainda irão fazer algumas apresentações.





Discografia

“Out of Australia”- 2010
“Tarab, travels with my guitar” - 2008
“All alone”- 2007
“Turn back the tide” - 2004
“Graceful” - 2001
“The voice of your heart” - 1997
“A small world” - 1994
“Love is a phantom”- 1987
“African Lion”- 1984


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A jornalista Anita Martins (esq) foi hóspede de Parissa e Carl em Byron Bay no ano de 2009, quando fez um curso de inglês na Austrália. Foto: Camila Stähelin.

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Lício caiu

Por Amílcar Neves*

É muito estranho ver no caixão alguém que participou da tua vida nos últimos 45 anos. Marcelo falou que o principal legado deixado pelo pai foi a importância da lealdade aos amigos. E o Lício sempre foi assim, leal ao absurdo, desde os tempos da Escola de Engenharia Industrial; não foi um truque da sua posterior carreira política. Aliás, ele abraçou a política exatamente por acreditar no ser humano, em especial nas pessoas mais humildes e necessitadas, que ajudava desde a época de faculdade. Julgava que, com um cargo eletivo, poderia fazer mais por elas. Lício foi um humanista radical.

Pessoalmente nunca entendi sua filiação partidária: com filosofia e visão de esquerda, aderiu a um partido de direita - e isto ainda durante a ditadura. Bem verdade que, se tivesse acabado no PMDB, estaria hoje de braços dados com o DEM... O fato é que nunca chegamos a discutir sua opção política, conversa que ficaria, decerto, para uma tarde qualquer depois que ele abandonasse a vida pública.

Em 11 de dezembro passado, durante um jantar na Lindacap, comemorativo aos 40 anos de formatura dos engenheiros mecânicos e eletricistas da UFSC, o Lício foi incisivo: precisamos contar em livro a história dessa turma, ele disse, com depoimentos e revelações de todos os 28 formandos - mas contando suas trajetórias sobre um fundo da História do Brasil, denunciando como o golpe de 1964 e a ditadura militar afetaram nossas vidas e nossas escolhas. Afinal, foi uma turma que integrou a primeira geração a entrar na universidade depois do golpe (em 1965) e a primeira a sair após um ano completo sob o AI-5 (em 1969). Ele pediu um orçamento detalhado, considerando viagens, entrevistas, pesquisas e redação, pois não via problema de conseguir os recursos para a produção do livro.

O plano geral da obra e o projeto de trabalho, esboçados em seguida, nunca chegaram a ser discutidos com ele por desencontros de agendas, agravados com a aproximação da campanha eleitoral de 2010.

No dia 15, sexta-feira, menos de duas semanas depois de eleito para o quinto mandato consecutivo de deputado estadual, o coração do Lício Mauro deixou-o na mão - e a nós no desamparo de um amigo leal, o primeiro dos 28 a cair. Agora, quem sabe, a Carla Anette, o Marcelo, a Andréa ou seus assessores encontrem algum depoimento dele, escrito ou gravado, que possa ressuscitar a esperança do livro.


"Convém que nos situemos no tempo. As três conferências de [Antonio] Callado para auditórios no exterior foram feitas no apagar das velas da escuridão do governo do general-presidente Emílio Garrastazu Médici - de 30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974 -, que rolou entre a demencial e crescente violência da tortura, no apogeu dos Doi-Codis, dos sumiços de presos e dos cadáveres, com o silêncio garantido pela censura, estúpida e torva, estimulada pela impunidade e a cobertura fardada." Villas-Bôas Corrêa na apresentação de "Censura e Outros Problemas dos Escritores Latino-Americanos", de Antonio Callado.

*Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Crônica publicada na edição de hoje (20.10) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.

18.10.10

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E X Í L I O

Por Emanuel Medeiros Vieira


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Fotos do Oriente Médio, por

Fernando Evangelista e Juliana Kroeger



Exílio

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA*

Um Atlântico nesta separação:
batido coração segue as ondas de maio.
Desterros além da anistia,
para lá dos poderes.
Velas ao vento,
não bastam os selos,
a escrita crispada.
Queria os sinais da tua pele,
vacinas, umidades, penugens,
pêlos perdidos no mapa do corpo,
o olhar suplicante, soluços.

Jornadas:
missas de sétimo-dia,
retratos arcaicos.
Outro exílio:
sem batidas na boca da noite, armas, fardas, medos,
clandestinidades.

Sol neste retorno:
casa, guarda-chuva no porão, caneca de barro,
álbuns, abraço agregador,
cheiro de pão, gosto de café,
o amanhã junta os o dois nós da memória,
um menino e o seu outro: estou melhor feito vinho velho.

*Poema premiado no Concurso Nacional de Poesias, cujo tema foi “O Mundo do Trabalho”, promovido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná.

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Chegando do
Oriente Médio



Amigos,

Ju e eu* chegamos ontem (sábado), depois de 25 dias na estrada.

Estivemos em Israel e nos Territórios Palestinos.

Foi muito interessante rever a “Terra Santa” - tinha estado lá em 2002, durante a Operação Militar Escudo Defensivo.

Dessa vez, ainda bem, não testemunhamos nenhum assassinato, não fomos perseguidos por tanques de guerra e não vimos enterros coletivos.

Mesmo assim, as injustiças e humilhações cotidianas persistem e os colonos fanáticos continuam ditando as regras.

Um exemplo de um fato que aconteceu durante a nossa estadia: três crianças palestinas arremessam pedras contra o carro de um colono judeu israelense, líder de um grupo que constrói casas ilegais no leste de Jerusalém, parte da cidade teoricamente destinada aos árabes. O colono joga o carro contra as crianças e atinge uma delas, de oito anos, que se machuca, mas sem gravidade. As imagens foram transmitidas pela TV e publicadas nos jornais locais.

Horas depois, de madrugada, soldados israelenses disfarçados prendem os três meninos. O pai da criança de oito anos é impedido de acompanhar o filho. Os três palestinos passam horas sendo interrogados e depois são soltos. O colono não foi punido, nem mesmo interrogado.

E por que seria?

Mudar o carro de direção e atropelar propositalmente uma criança foi “legítima defesa”. Elas o agrediram primeiro, certo? Ele é uma vítima, ora bolas. E não importa que ele, como colono, desrespeite as leis internacionais, que ignore todas as resoluções da ONU sobre o assunto, porque ele está na terra prometida por Deus. E com Deus não se discute.

Produziremos um material sobre nossa vivência. Por enquanto, mando vinte fotinhos (turísticas e reduzidas) feitas pela Ju.

Um grande abraço pra vocês,

*Fernando Evangelista e Juliana Kroeger





















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I SEMANA DA CULTURA
ÁRABE E DO ISLAMISMO NO

MUNDO CONTEMPORÂNEO


18 a 21 de outubro 2010


Hoje (segunda-feira, 18.10.2010)

Abertura: 19h – Auditório (FAED-UDESC)

A Comunidade árabe e o Islã em Florianópolis

Amin El-Karam (Sheik da Mesquita de Florianópolis) e os professores Emerson César de Campos e Glaucia Oliveira Assis (FAED-Udesc)


20h - Auditório FAED (UDESC)

Cultura e Costumes árabes

Mohamed Adawy (Membro da comunidade árabe de Florianópolis)


Terça-feira (19.10.2010)

15h – Sala 26 (FAED-UDESC). Exibição do filme Lemon Tree. Debatedor: Professor Luis Felipe Falcão (FAED-Udesc)

19h – Auditório FAED (UDESC)

O Mundo Árabe: tensões e conflitos no Tempo Presente

Khader Othman e Silvinha Grando (Comitê de Solidariedade à Causa Palestina)


Quarta-feira (20/10/2010)

19h – Sala 50 (FAED-UDESC)

O islamismo no tempo presente

Luigi Faraci (Professor de Teologia)


Quinta-feira (21/10/2010)

15h – sala 27 (FAED-UDESC). Exibição do filme The Bubble. Debatedor: Professor Fábio Francisco Feltrin de Souza

19h – Encerramento. Auditório FAED (UDESC)

Estrangeiros numa Ilha: territórios e populações estrangeiras em Florianópolis-SC (1990- 2008).

Apresentação de pesquisa pelas acadêmicas Carolina F. de Figueiredo e Thamirys M. Lunardi.

19h30 – Auditório FAED (UDESC). Um árabe na literatura brasileira. Salim Miguel (Escritor)


ENTRADA FRANCA


Local: Prédio de Ciências Humanas - FAED/Udesc - av. Madre Benvenuta (bairro Itacorubi). Florianópolis-SC.

Organização:
Projeto de pesquisa Imigração Árabe em Florianópolis, sob coordenação do professor Emerson César de Campos (Udesc)

Informações: Bruno Bortoli (brunobortoli@ymail.com)