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E a Cultura,
Governador?
E a Cultura,
Governador?
Por Amílcar Neves*
Queiramos ou não, gostemos ou não, o senador Raimundo Colombo é o futuro governador de todos os catarinenses, legalmente escolhido em eleições livres e democráticas pelo povo de Santa Catarina.
O senhor Colombo, do DEM, ex-PFL, tem dois padrinhos contraditórios. Um deles é o ex-governador e ex-senador Jorge Konder Bornhausen, cacique nacional do seu partido, eminência parda de uma das agremiações políticas que brotou da ARENA, o suporte civil da ditadura militar brasileira da segunda metade do século XX. Esse é um partido que vive mudando de nome para esconder o que ele sempre foi.
O outro padrinho é o ex-governador e senador eleito Luiz Henrique da Silveira, do PMDB, um predador do próprio partido em nome de uma aliança que atendesse ao seu projeto político pessoal. Sua agremiação, da qual já foi presidente nacional, sucedeu ao velho MDB, a única oposição política consentida e possível à mesma ditadura. Esse é um partido que mantém o nome para esconder o que ele hoje é.
Se JKB fosse um leitor de Maquiavel ("Engana-se quem acreditar que, nas grandes personagens, os novos benefícios fazem esquecer as antigas injúrias."), LHS já deveria pôr as barbas de molho. O difícil, porém, é imaginar JKB, LHS e os políticos em geral lendo um livro - por ocupadíssimos que são. Da briga, sobraria um formidável dilema para Colombo.
Mas há outras contradições entre os padrinhos do novo governador. Enquanto Jorge entregou o Centro Integrado de Cultura construído, Luiz o entrega revolvido e desativado por uma reforma que dura mais do que a construção; enquanto Jorge criou o Prêmio Literário Anual Cruz e Sousa, Luiz, assim como os governos anteriores, lança-o uma vez a cada quatro anos, se tanto.
Descobrir o que Colombo pensa sobre Cultura é tarefa ingrata. A matéria é árdua para políticos, seu Programa de Governo não é facilmente encontrável na Internet. Mas isso talvez não faça grande diferença, pois o item pode ter sido sabiamente deixado de lado para evitar confrontos entre os padrinhos. Como se sabe, por pouco LHS não dissolveu a sesquicentenária Biblioteca Pública do Estado.
Porém, como lembra acertadamente o escritor Fábio Brüggemann, é melhor não haver planos do que havê-los megalomaníacos e desastrosos como no atual governo, pois um vazio assim abre a possibilidade de a categoria propor a política pública para a Cultura.
O senhor Colombo, do DEM, ex-PFL, tem dois padrinhos contraditórios. Um deles é o ex-governador e ex-senador Jorge Konder Bornhausen, cacique nacional do seu partido, eminência parda de uma das agremiações políticas que brotou da ARENA, o suporte civil da ditadura militar brasileira da segunda metade do século XX. Esse é um partido que vive mudando de nome para esconder o que ele sempre foi.
O outro padrinho é o ex-governador e senador eleito Luiz Henrique da Silveira, do PMDB, um predador do próprio partido em nome de uma aliança que atendesse ao seu projeto político pessoal. Sua agremiação, da qual já foi presidente nacional, sucedeu ao velho MDB, a única oposição política consentida e possível à mesma ditadura. Esse é um partido que mantém o nome para esconder o que ele hoje é.
Se JKB fosse um leitor de Maquiavel ("Engana-se quem acreditar que, nas grandes personagens, os novos benefícios fazem esquecer as antigas injúrias."), LHS já deveria pôr as barbas de molho. O difícil, porém, é imaginar JKB, LHS e os políticos em geral lendo um livro - por ocupadíssimos que são. Da briga, sobraria um formidável dilema para Colombo.
Mas há outras contradições entre os padrinhos do novo governador. Enquanto Jorge entregou o Centro Integrado de Cultura construído, Luiz o entrega revolvido e desativado por uma reforma que dura mais do que a construção; enquanto Jorge criou o Prêmio Literário Anual Cruz e Sousa, Luiz, assim como os governos anteriores, lança-o uma vez a cada quatro anos, se tanto.
Descobrir o que Colombo pensa sobre Cultura é tarefa ingrata. A matéria é árdua para políticos, seu Programa de Governo não é facilmente encontrável na Internet. Mas isso talvez não faça grande diferença, pois o item pode ter sido sabiamente deixado de lado para evitar confrontos entre os padrinhos. Como se sabe, por pouco LHS não dissolveu a sesquicentenária Biblioteca Pública do Estado.
Porém, como lembra acertadamente o escritor Fábio Brüggemann, é melhor não haver planos do que havê-los megalomaníacos e desastrosos como no atual governo, pois um vazio assim abre a possibilidade de a categoria propor a política pública para a Cultura.
"Convém que nos situemos no tempo. As três conferências de [Antonio] Callado para auditórios no exterior foram feitas no apagar das velas da escuridão do governo do general-presidente Emílio Garrastazu Médici - de 30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974 -, que rolou entre a demencial e crescente violência da tortura, no apogeu dos Doi-Codis, dos sumiços de presos e dos cadáveres, com o silêncio garantido pela censura, estúpida e torva, estimulada pela impunidade e a cobertura fardada." Villas-Bôas Corrêa na apresentação de "Censura e Outros Problemas dos Escritores Latino-Americanos", de Antonio Callado.
*Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Crônica publicada na edição de hoje (6.10) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.
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