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Músicos australianos
vêm a Florianópolis
Carl Cleves e Parissa Bouas vão mostrar
suas canções folk em inglês e português
Músicos australianos
vêm a Florianópolis
Carl Cleves e Parissa Bouas vão mostrar
suas canções folk em inglês e português
Confira também a crônica de Amílcar Neves
Por Anita Martins (texto e fotos)
Os premiados músicos australianos Carl Cleves e Parissa Bouas chegam em Florianópolis no próximo dia 15 de janeiro e trazem na bagagem violões e instrumentos de percussão para apresentar sua música folk à cidade. Com composições próprias em inglês e português, a dupla, chamada “The Hottentots”, é sucesso na Austrália e na Europa. A vinda à capital catarinense faz parte de uma turnê brasileira que começará em novembro e passará também por São Paulo e Minas Gerais.
Entre suas canções mais famosas estão “Trem Mineiro”, “You and I”, “Graceful”, “Mother’s song” e “Party at my house”, que podem ser ouvidas nos sites http://www.myspace.com/carlcleves/music e http://www.myspace.com/thehottentots/music. A excelência da música do casal é extensamente reconhecida na Austrália, onde receberam prêmios de melhor música, melhor letra e até melhor álbum.
“The Hottentots” no Brasil
Essa não é a primeira vez que Carl e Parissa vêm ao Brasil. Em 2001, os dois se apresentaram em Belo Horizonte, onde, durante sete anos na década de 80, Carl morou e tocou na noite com músicos como Affonsinho e Alexandre Araújo. Nascido na Bélgica, ele ainda viveu em Porto Seguro, quando o local era uma pequena vila de pescadores.
O casal possui uma história de amor com o Brasil. Em 1981, Carl veio para ficar apenas três ou quatro meses. "Me apaixonei pelo povo e pela cultura brasileira e acabei ficando”, conta o belga, que é um viajante de carteirinha e já passou por mais de 50 países de África, Europa, Oriente Médio e Ásia. Carl fez mestrado em musicologia na África do Sul, ajudou sem-terra na Índia, caçou antílopes em Uganda, foi pescador nas ilhas Fiji, vendeu enciclopédias na Tailândia e trabalhou como fazendeiro na Austrália. Apesar de tantas aventuras, relatadas no livro “Tarab – Travels with my guitar”, Carl diz que “o Brasil é o país onde mais me sinto em casa”. Ele só saiu daqui porque precisou de um tratamento médico específico na Bélgica.
Quando se conheceram, na Austrália, Carl e Parissa descobriram o gosto em comum pela música brasileira. “Naquela época, pouca gente conhecia João Bosco. Mas nós dois adorávamos”, conta Parissa. Descendente de gregos, ela já tinha viajado pela América Central e sonhava vir ao Brasil, o que aconteceu em 2001. Entre as músicas brasileiras que já interpretou estão “Expresso 222”, de Gilberto Gil, e “Cravo e Canela”, de Milton Nascimento. Além disso, Parissa compôs um samba em inglês, intitulado “Hey, Maria”.
Atualmente, o casal mora em Byron Bay, na Austrália, mas viaja o país para fazer shows e participar de festivais. Desde julho, os dois estão na Europa. Na Alemanha, têm marcada uma turnê para lançar o mais recente CD, “Out of Australia”, gravado lá no ano passado pelo selo Stockfisch Records. Na Holanda, Parissa e Carl vão produzir um novo álbum. E na Bélgica ainda irão fazer algumas apresentações.
Discografia
“Out of Australia”- 2010
“Tarab, travels with my guitar” - 2008
“All alone”- 2007
“Turn back the tide” - 2004
“Graceful” - 2001
“The voice of your heart” - 1997
“A small world” - 1994
“Love is a phantom”- 1987
“African Lion”- 1984
“Out of Australia”- 2010
“Tarab, travels with my guitar” - 2008
“All alone”- 2007
“Turn back the tide” - 2004
“Graceful” - 2001
“The voice of your heart” - 1997
“A small world” - 1994
“Love is a phantom”- 1987
“African Lion”- 1984
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A jornalista Anita Martins (esq) foi hóspede de Parissa e Carl em Byron Bay no ano de 2009, quando fez um curso de inglês na Austrália. Foto: Camila Stähelin.
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Lício caiu
Por Amílcar Neves*
Lício caiu
Por Amílcar Neves*
É muito estranho ver no caixão alguém que participou da tua vida nos últimos 45 anos. Marcelo falou que o principal legado deixado pelo pai foi a importância da lealdade aos amigos. E o Lício sempre foi assim, leal ao absurdo, desde os tempos da Escola de Engenharia Industrial; não foi um truque da sua posterior carreira política. Aliás, ele abraçou a política exatamente por acreditar no ser humano, em especial nas pessoas mais humildes e necessitadas, que ajudava desde a época de faculdade. Julgava que, com um cargo eletivo, poderia fazer mais por elas. Lício foi um humanista radical.
Pessoalmente nunca entendi sua filiação partidária: com filosofia e visão de esquerda, aderiu a um partido de direita - e isto ainda durante a ditadura. Bem verdade que, se tivesse acabado no PMDB, estaria hoje de braços dados com o DEM... O fato é que nunca chegamos a discutir sua opção política, conversa que ficaria, decerto, para uma tarde qualquer depois que ele abandonasse a vida pública.
Em 11 de dezembro passado, durante um jantar na Lindacap, comemorativo aos 40 anos de formatura dos engenheiros mecânicos e eletricistas da UFSC, o Lício foi incisivo: precisamos contar em livro a história dessa turma, ele disse, com depoimentos e revelações de todos os 28 formandos - mas contando suas trajetórias sobre um fundo da História do Brasil, denunciando como o golpe de 1964 e a ditadura militar afetaram nossas vidas e nossas escolhas. Afinal, foi uma turma que integrou a primeira geração a entrar na universidade depois do golpe (em 1965) e a primeira a sair após um ano completo sob o AI-5 (em 1969). Ele pediu um orçamento detalhado, considerando viagens, entrevistas, pesquisas e redação, pois não via problema de conseguir os recursos para a produção do livro.
O plano geral da obra e o projeto de trabalho, esboçados em seguida, nunca chegaram a ser discutidos com ele por desencontros de agendas, agravados com a aproximação da campanha eleitoral de 2010.
No dia 15, sexta-feira, menos de duas semanas depois de eleito para o quinto mandato consecutivo de deputado estadual, o coração do Lício Mauro deixou-o na mão - e a nós no desamparo de um amigo leal, o primeiro dos 28 a cair. Agora, quem sabe, a Carla Anette, o Marcelo, a Andréa ou seus assessores encontrem algum depoimento dele, escrito ou gravado, que possa ressuscitar a esperança do livro.
Pessoalmente nunca entendi sua filiação partidária: com filosofia e visão de esquerda, aderiu a um partido de direita - e isto ainda durante a ditadura. Bem verdade que, se tivesse acabado no PMDB, estaria hoje de braços dados com o DEM... O fato é que nunca chegamos a discutir sua opção política, conversa que ficaria, decerto, para uma tarde qualquer depois que ele abandonasse a vida pública.
Em 11 de dezembro passado, durante um jantar na Lindacap, comemorativo aos 40 anos de formatura dos engenheiros mecânicos e eletricistas da UFSC, o Lício foi incisivo: precisamos contar em livro a história dessa turma, ele disse, com depoimentos e revelações de todos os 28 formandos - mas contando suas trajetórias sobre um fundo da História do Brasil, denunciando como o golpe de 1964 e a ditadura militar afetaram nossas vidas e nossas escolhas. Afinal, foi uma turma que integrou a primeira geração a entrar na universidade depois do golpe (em 1965) e a primeira a sair após um ano completo sob o AI-5 (em 1969). Ele pediu um orçamento detalhado, considerando viagens, entrevistas, pesquisas e redação, pois não via problema de conseguir os recursos para a produção do livro.
O plano geral da obra e o projeto de trabalho, esboçados em seguida, nunca chegaram a ser discutidos com ele por desencontros de agendas, agravados com a aproximação da campanha eleitoral de 2010.
No dia 15, sexta-feira, menos de duas semanas depois de eleito para o quinto mandato consecutivo de deputado estadual, o coração do Lício Mauro deixou-o na mão - e a nós no desamparo de um amigo leal, o primeiro dos 28 a cair. Agora, quem sabe, a Carla Anette, o Marcelo, a Andréa ou seus assessores encontrem algum depoimento dele, escrito ou gravado, que possa ressuscitar a esperança do livro.
"Convém que nos situemos no tempo. As três conferências de [Antonio] Callado para auditórios no exterior foram feitas no apagar das velas da escuridão do governo do general-presidente Emílio Garrastazu Médici - de 30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974 -, que rolou entre a demencial e crescente violência da tortura, no apogeu dos Doi-Codis, dos sumiços de presos e dos cadáveres, com o silêncio garantido pela censura, estúpida e torva, estimulada pela impunidade e a cobertura fardada." Villas-Bôas Corrêa na apresentação de "Censura e Outros Problemas dos Escritores Latino-Americanos", de Antonio Callado.
*Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Crônica publicada na edição de hoje (20.10) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.
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