9.1.12


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Baía de Santo Antônio de Lisboa. Florianópolis-SC, 8.1.2012

UM DIA DE O. HENRY

(para Júlio de Queiroz)

Por Olsen Jr.

O escritor norte-americano William Sidney Porter, conhecido como O. Henry foi o criador de tipos e de uma técnica narrativa que durante muito tempo cativou leitores em todo o mundo. Até hoje uma das láureas mais cobiçadas nos EUA para quem escreve ficção é o Prêmio O. Henry. Bom observador, imaginação fértil, conseguiu, com fluência, captar o romantismo, a mesquinhez e o que move a gente simples, da ambição ao altruísmo, enfim, o que faz a grandeza e a pequenez dos seres humanos. Daí a empatia com os leitores fascinados, invariavelmente, com os desfechos inesperados e engenhosos de suas histórias.

No conto “O Guarda e o Hino”, por exemplo, o personagem, um mendigo diante do inverno rigoroso que se avizinha em Nova York, decide cometer algum delito para ser enviado a uma prisão (que ele chama de “A Ilha”) por três meses. Preso, teria um lugar para ficar: teto, cama, banho e comida. Enfim, tudo sem precisar humilhar-se com as instituições de caridade. Decisão tomada começa apedrejando uma vitrine e esperando ser preso. O guarda não acredita que ele tenha feito aquilo e persegue outra pessoa que está correndo nas proximidades para pegar um ônibus; depois ele decide jantar em um restaurante e sair sem pagar a conta, os seguranças do lugar limitam-se a jogá-lo na calçada; tenta assediar uma mulher que finge contemplar algo exposto em uma loja, a mulher topa o convite e o policial não pode fazer nada; mais tarde, furta um guarda-chuvas (de alguém que já o tinha encontrado em outro local) e acredita que ele seja o legítimo dono, e nada acontece... Depois de tentar outros expedientes do gênero, passando por uma igreja, ouve um hino que lembra sua infância. Emociona-se com os acordes, percebe que teve uma família, amigos e ainda tem tempo de mudar a vida que leva. Empolga-se e decide recomeçar... Quando sente os braços de um policial que indaga sobre o que ele está fazendo? – Afirma “nada”, então é preso por vadiagem e enviado a tal “Ilha” (prisão) que tanto ambicionara antes...

Ironias à parte leio que o cidadão Marcelino Alves, 21 anos, pouco mais que um adolescente, simula um furto para ser preso e comer um cachorro quente, a primeira refeição decente depois de 15 dias, descontando o que comia catando no lixo... Aconteceu em Florianópolis, mais de 100 anos depois da narrativa escrita por O. Henry.

Que País é este que um cidadão deve sonhar com um presídio para dispor de um teto, uma cama, um prato de comida e um banho no final de um dia duro a procura de um trabalho que lhe subsidie este pesadelo?

O sujeito toma alguns goles de cana pra criar coragem, mas na “hora H” a moral fala mais forte e ele pensa “podia”, mas não vou “roubar nada”, gostaria que me prendessem para ter o que preciso: cama, comida e banho... Claro, enfatiza, gostaria de trabalhar...

Muitas pessoas me perguntam se “escrever é difícil?”, pô! Diante desta realidade toda a ficção é supérflua. Este País (basta ficar uma semana fora para saber) me traz idéias de esperança e sentimentos de desprezo, quando a arte recria a vida, eu sonho... Mas quando a vida imita a arte naquilo que denuncia, dá vontade de sair por aí, arregimentando homens de boa vontade para começar logo a revolução, tão prometida, tão esperada e que nunca acontece!





A MÚSICA

A música poderia ser esta, depende de cada um...
“He Ain’t Heavy, He’s My Brother”, do “The Hollies”…
A banda britânica formada no início dos anos de 1960. O nome foi uma homenagem ao compositor e cantor americano Buddy Holly...
Composta pelos amigos de infância Allan Clarke (vocalista), Grahan Nash (posteriormente membro do grupo “Crosby, Stills and Nash” que também já foi “Crosby, Stills, Nash and Young”), Don Rothbene (bateria), Eric Haydock (baixo), Vic Steele (guitarra solo) que foi logo substituído por Tony Hicks...
Contratados pela Palophone em 1963 foram coletas dos Beatles na mesma gravadora e durante muito tempo o grupo de maior sucesso depois dos Beatles na Grão-Bretanha...
Tinham um impecável trabalho vocal (duplos e triplos)... Emplacaram vários sucessos, entre eles: “Bus Stop”, “Sorry Suzanne”, “Stop in the Name of Love” e naturalmente, a indefectível “He Ain’t Heavy, He’s My Brother”...
Em 2010 entraram para o Hall da Fama do Rock and Roll... (Olsen Jr.)

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Porto Gente
Famílias estão sendo despejadas por
causa do Porto do Açu, denuncia CPT


Por Vera Gasparetto
de Florianópolis/SC

Portogente conversou com Viviane Ramiro da Silva, que integra a Coordenação Regional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da região do Espírito Santo e Rio de Janeiro, sobre a polêmica envolvendo pequenos agricultores do município de São João da Barra, o Porto do Açu do empresário Eike Batista e o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Ela conta que do total de famílias na área, 1,5 mil estão resistindo à remoção para a área imposta pelo Grupo EBX. Confira.



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Fotos: Celso Martins

Um comentário:

Anônimo disse...

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