Olsen? Presente!
Olá, camaradas, salve!
Um pouco mais triste hoje, com a morte de um companheiro de viagem...
Gostava da terra, amava sua cultura e não tinha vergonha de expor a sua paixão...
É assim, penso, quando se quer bem... Well, ele se foi... Vamos sentir a sua falta, principalmente quando começarmos a nos desapegar das "coisas" da terra, estou falando de Francisco Amante...
Meu respeito, aonde estiver, caro "Chico"...
Meu consolo é que talvez ele esteja lá, com o Horácio Braun, o Miro, o Aldírio Simões, o Beto Stodieck, o Senador Alcides Ferreira...
Em uma agência de propaganda, num programa de televisão, numa batucada de samba, em uma coluna de jornal ou num carteado... Disso vocês não escapam...
Meu respeito... Saravá... Como diria o poeta Vinícius de Moraes...
Saravá! Meus friends...
... And the life goes on... I believe...
Vai a de hoje, como sempre, com mil carinhos...
A música é adequada, afinal é o que se pensa do mar e da musa, quando se está junto... Acho...
Até!
A PAIXÃO QUE NÃO ACABA
Era preciso que se dissesse logo: um dia de manhã clara com céu azul, num domingo de inverno às margens da Lagoa. Para não se perder nada, deixar-se ficar enquanto se bebe um café com leite observando os raios de sol beijar pontos esparsos permitidos pelo fícus gigante que abraça toda a rua em frente.
Só então, com esse quadro na memória, abrir o jornal do dia e viajar no desvario da insolência humana tentando agarrar-nos em cada página para nos afogar na insipidez da desesperança. Antes que a percepção desse outro mundo te engula, você ergue a cabeça e constata que a natureza continua ali compondo um rico cenário no qual somos atores secundários, só então retoma a leitura...
Foi quando as percebi no caderno de cultura. Noto que uma é mais idosa, embora ambas fossem velhas. Fico imaginando que poderia ser um casal. Mas também poderia ser dois amigos ou duas amigas. É irrelevante, o que importa é que estavam juntas, duas gerações. Como se já tivessem cumprido o seu papel nesse mundo, se deixavam captar pelas lentes de algum fotógrafo perspicaz, o instantâneo estava feito e aquilo já era história que a eternidade julgaria.
Aquela fotografia descolorida no centro de uma página de um jornal standard tratando de um tema contemporâneo, destoava. Talvez o articulista pretendesse sugerir uma ideia de distanciamento.
Fico imaginando como nós, ditos cidadãos do século 21, tratamos a passagem do tempo. Pra começo de conversa vivemos em uma “civilização” onde o descartável pontifica: usamos e jogamos fora. O pior é que essa relação do “facilmente substituível” está contaminando o próprio comportamento humano. Discute-se pouco, lembro que discutir aqui é trocar ideias. Há um conformismo com essa modernidade, vamos aceitando tudo e incorporando na mesma velocidade sem um debate prévio. Aliás, em alguns setores, sequer acompanhamos a evolução tecnológica tal é a sua velocidade e ímpeto.
Ninguém pode brecar a tecnologia, mas e as relações humanas?
Outro dia me despedi de um amigo e mandei recomendações a dna. Márcia (era a mulher dele) ele se apressou em dizer que já estava casado com outra e pôs o dedo na boca para eu não falar alto e essa outra que estava nas proximidades ouvir... Poderia comentar algo, mas não sirvo para conselheiro matrimonial... Já presenciei gente afirmando que estava no oitavo casamento com a maior sem cerimônia, como se pretendesse entrar para o Guinness Book.
Estranho pensar tudo isso agora, volto para a página do jornal e vejo os escritores William Faulkner e Orson Welles, ambos dedilhando suas máquinas de escrever, eles usavam uma Underwood; mais à direita, o dramaturgo Nelson Rodrigues com a sua Remington e em cima, à esquerda, Ernest Hemingway com a sua Smith-Corona (ele tinha uma Royal como reserva) e penso na minha Olivetti Lettera 32 que ganhei do meu pai (que escrevia numa Remington onde aprendi a datilografar com os dez dedos) e no quanto tive de procurar até encontrar num antiquário uma Royal, igual a do old “Papa” Hemingway, só para entrar no mesmo clima... A literatura sim, uma paixão a ser cultivada. Um bom livro é uma companhia que não decepciona.
Volto para a foto grande que me chamou a atenção no início: duas máquinas de escrever Remington antigas, a menor é a mais velha, destroçadas junto com um liquidificador num ferro velho que ilustra a matéria... Lembrei do amigo, artista plástico Telomar Florêncio e a frase que escreveu ao lado de sua prancheta “Amanhã seremos apenas uma fotografia na parede de alguém, depois, nem isso”.
Desisto da leitura e fico curtindo aquela manhã de inverno onde a natureza já fez tudo e o homem continua sendo um ator secundário.
Só então, com esse quadro na memória, abrir o jornal do dia e viajar no desvario da insolência humana tentando agarrar-nos em cada página para nos afogar na insipidez da desesperança. Antes que a percepção desse outro mundo te engula, você ergue a cabeça e constata que a natureza continua ali compondo um rico cenário no qual somos atores secundários, só então retoma a leitura...
Foi quando as percebi no caderno de cultura. Noto que uma é mais idosa, embora ambas fossem velhas. Fico imaginando que poderia ser um casal. Mas também poderia ser dois amigos ou duas amigas. É irrelevante, o que importa é que estavam juntas, duas gerações. Como se já tivessem cumprido o seu papel nesse mundo, se deixavam captar pelas lentes de algum fotógrafo perspicaz, o instantâneo estava feito e aquilo já era história que a eternidade julgaria.
Aquela fotografia descolorida no centro de uma página de um jornal standard tratando de um tema contemporâneo, destoava. Talvez o articulista pretendesse sugerir uma ideia de distanciamento.
Fico imaginando como nós, ditos cidadãos do século 21, tratamos a passagem do tempo. Pra começo de conversa vivemos em uma “civilização” onde o descartável pontifica: usamos e jogamos fora. O pior é que essa relação do “facilmente substituível” está contaminando o próprio comportamento humano. Discute-se pouco, lembro que discutir aqui é trocar ideias. Há um conformismo com essa modernidade, vamos aceitando tudo e incorporando na mesma velocidade sem um debate prévio. Aliás, em alguns setores, sequer acompanhamos a evolução tecnológica tal é a sua velocidade e ímpeto.
Ninguém pode brecar a tecnologia, mas e as relações humanas?
Outro dia me despedi de um amigo e mandei recomendações a dna. Márcia (era a mulher dele) ele se apressou em dizer que já estava casado com outra e pôs o dedo na boca para eu não falar alto e essa outra que estava nas proximidades ouvir... Poderia comentar algo, mas não sirvo para conselheiro matrimonial... Já presenciei gente afirmando que estava no oitavo casamento com a maior sem cerimônia, como se pretendesse entrar para o Guinness Book.
Estranho pensar tudo isso agora, volto para a página do jornal e vejo os escritores William Faulkner e Orson Welles, ambos dedilhando suas máquinas de escrever, eles usavam uma Underwood; mais à direita, o dramaturgo Nelson Rodrigues com a sua Remington e em cima, à esquerda, Ernest Hemingway com a sua Smith-Corona (ele tinha uma Royal como reserva) e penso na minha Olivetti Lettera 32 que ganhei do meu pai (que escrevia numa Remington onde aprendi a datilografar com os dez dedos) e no quanto tive de procurar até encontrar num antiquário uma Royal, igual a do old “Papa” Hemingway, só para entrar no mesmo clima... A literatura sim, uma paixão a ser cultivada. Um bom livro é uma companhia que não decepciona.
Volto para a foto grande que me chamou a atenção no início: duas máquinas de escrever Remington antigas, a menor é a mais velha, destroçadas junto com um liquidificador num ferro velho que ilustra a matéria... Lembrei do amigo, artista plástico Telomar Florêncio e a frase que escreveu ao lado de sua prancheta “Amanhã seremos apenas uma fotografia na parede de alguém, depois, nem isso”.
Desisto da leitura e fico curtindo aquela manhã de inverno onde a natureza já fez tudo e o homem continua sendo um ator secundário.
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