8.8.09

DE MALABARES
E OUTRAS ARTES


Por Olsen Jr.

Olá, camaradas, salve!
A comunicação chega atrasada no tempo mas não no carinho...
A motivação?
Well, a ausência de um projeto para a cidade e a falta do que fazer de alguns políticos...
A música "Being for the benefit of Mr. Kite!" ...Dos Beatles...
No dia 31 de janeiro de 1967, John Lennon comprou num antiquário um cartaz vitoriano, anunciando uma apresentação do Circus Royal de Pablo Fanques para o dia 14 de fevereiro de 1843. Praticamente toda a letra foi copiada do cartaz. A principal atração do circo é o senhor "Kite", que quer dizer "pipa", "pandorga"...
John pediu que George Martin montasse a trilha de parques de diversões. Ele pegou várias gravações, cortou as fitas em partes iguais, jogou tudo para o alto e depois emendou aleatoriamente. A canção está no LP Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band...
E a crônica não poderia ser outra, com o carinho de sempre do viking!



O pensador espanhol Ortega y Gasset afirmou que “o homem é ele e suas circunstâncias”... Por dedução, cabe a nós formar estas circunstâncias humanamente. Lembrei disso agora a propósito de recente medida da prefeitura em se retirar das ruas os chamados malabaristas: aqueles que detêm certas habilidades manuais, e mediante dedicação e treinamento as transformam em arte, com isso arrecadam algumas moedas em cruzamentos e vias de grande fluxo de pedestres e automóveis.

O exercício de uma arte (qualquer que seja ela) em lugares públicos é tão antigo quanto a existência dos seres humanos organizados em sociedade. Óbvio, portanto, que o cultuador de algo que transcenda a ocupação dita natural de seus semelhantes, possa revelar seu próprio talento (quando existe um) em locais onde esse conhecimento e aptidão possam ser apreciados. Quanto mais gente puder admirar tal ato, maior o reconhecimento para o artista, e se puder ser remunerado, melhor. Trata-se de uma ocupação honesta como qualquer outra, com a diferença adicional de que dispensa ensino regular universitário, uma vez que não se criou ainda uma universidade capaz de criar virtuoses de qualquer espécie.

O gênio é quase sempre um inconformado com o que é convencional limitado por regras e métodos. Os pais de Albert Einstein foram recomendados a tirá-lo da escola porque ele não mostrava aptidão para assimilar o conhecimento básico oferecido pelo currículo.

O que move o administrador público de uma urbe a se preocupar com tal ocupação nas ruas? Sim, porque os argumentos, evocados para retirar os malabaristas dos entroncamentos, de que atrapalham o trânsito e ainda expõe em risco a própria vida, não vale para os vendedores de jornais, balas, santinhos, para os difusores de lojas com panfletos publicitários e também os divulgadores com portfólios de empreendimentos imobiliários.

O ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, aquele mesmo que se notabilizou por combater a máfia e posar de “presidente” após os atentados de 11 de novembro de 2001, fez o mesmo na cidade que administrava, mandou retirar toda e qualquer espécie de demonstração artística das ruas com o argumento de que os seus “artífices/artistas” não pagavam impostos. A indignação foi geral. Tem determinadas demonstrações do individualismo humano que uma metrópole assimila e absorve como parte de sua alma, de uma vida que pulsa no seu interior sem a qual ela, a cidade, não é o que é.

Foi andando em uma das ruas da Big Apple que um empresário descobriu o gênio da guitarra, Stanley Jordan que, aliás, já se exibiu em Florianópolis com enorme sucesso.

Soube pela imprensa que se “usou” a mesma argumentação na capital catarinense: proibiram-se os malabaristas e suas exibições porque não pagavam impostos. Well, então, se o artista resolvesse registrar uma “empresa” e pagar os impostos do seu ganho nos semáforos e sinaleiras da vida, então sua arte seria liberada para exibição?

Será que o dinheiro e sua arrecadação em forma de impostos é o que move a “genialidade” de nossos homens públicos? É, porque no presente caso, as outras condições para a proibição deles nas ruas, permanecem: “atrapalhando o trânsito... Pondo em risco a vida” e outros senões de igual inconformismo obtuso.

Mas o pior de tudo não é nada disso, é a total ausência de um projeto de gestão pública onde uma manifestação artística pudesse ser incorporada como um fenômeno humano natural e não como uma excrescência.

Aliás, excrescência é o que se tornaram alguns homens que ocupam cargos públicos.

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