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Casario de Santo Antônio de Lisboa.
Tela de Manoel Cândido da Luz (Marreco)
Tela de Manoel Cândido da Luz (Marreco)
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DESCOBERTAS TARDIAS
Por Olsen Jr.
Por Olsen Jr.
É domingo. Há uma luminosidade que difere dos outros dias. O frio deu o ar de sua graça nesse ano. Guerrilheiro de mim mesmo, assim é que me sinto: com todas as causas, ou nenhuma ou só a minha. A sobrevivência já é uma boa questão. Parece que está todo o mundo nessa, mas ninguém diz nada. Percebo pela aflição ao redor.
Pego o prato, os talheres, um guardanapo, vou ao bufet e me sirvo: dois morangos, meia fatia de abacaxi, três pedaços de abacate, quatro folhas de rúcula, dois cubos de polenta frita, um bolinho de arroz e dois nacos de tender assado... Não devia, mas pedi um chá verde “Feel-good” com laranja e gengibre.
Sento no meio da turba para me confundir com ela. Mesa para quatro lugares e estou sozinho. Faço daquele momento um ritual, que mais não seja, é o único contato que tenho com o mundo externo. Há tempos, sem dar por mim, fui transformando-me numa espécie de ermitão moderno. De repente descobri que tudo o que preciso está na minha casa, livros, discos, umas caixas cheias de papel, recortes de jornal, fragmentos de um passado que levo sempre junto comigo para ter a certeza de que já existi em outros tempos e que a vida nem sempre foi assim. Ah! Se foi melhor? Não quero pensar nisso. O importante é o “agora” é este “estar aqui” e a consciência de tudo isso.
Então ta, ficamos assim, penso enquanto vou mastigando ritualisticamente aquela ninharia que como todos os dias, o sujeito passa a vida inteira emprestando a sua força de trabalho para os outros, tentando convencer patifes incompetentes de que um pouco de idealismo ainda vale muito, não tem arreglo (alô revisão, é arreglo e não “arrego”) também, no meu caso, não faço, nunca fiz e nunca farei concessões, não peço favores e não os devo, sou uma espécie de talento desperdiçado, mais ou menos o que disse Ernest Hemingway a respeito de Scott Fitzgerald “Seu talento era tão espontâneo como o desenho que o pó faz nas asas de uma borboleta. Houve uma época em que ele tinha tanta consciência disso quanto a borboleta, não ligando para o fato de que seu talento podia apagar-se ou desaparecer de todo. Mais tarde começou a preocupar-se com as asas feridas e sua estrutura; aprendeu a refletir, mas já não conseguia voar porque o amor ao vôo o abandonara. Restava-lhe apenas a lembrança dos dias em que voar fora um ato natural”.
De tanto recitar para mim aquele texto acabei decorando-o. Não é que esteja ressentido comigo mesmo, ou talvez seja isso e me recuse em acreditar? A verdade é que estamos sozinhos. Tenho a sensação de não fazer parte de nada. E não me falem em esperança. Basta uma olhada ao redor para entender. Falando nisso, se o cretino ali na frente gritando ao celular tivesse consciência, desligava o aparelho, alto daquele jeito e falava diretamente, economizava bateria. Tenho de rir. Se pudesse receber de volta os valores gastos, pediria demissão da humanidade (sei, alguém já deve ter dito isso antes).
Gostaria de ficar mais um pouco bebendo o meu chá, mas os olhares concupiscentes para o lugar que estou ocupando me dissuadem. Saio devagar. Detenho-me diante de uma vitrine, mas evito olhar para a imagem refletida no vidro, penso em Dylan Thomas “alguém está me matando de tédio. Acho que sou eu”. Não escondo o cinismo.
Na rua, meu olhar paira na faixa de pedestres, observo um cachorro atravessando-a com desenvoltura, o animal fez o que a maioria dos mortais não faz, pensando bem, reflito depois que o vi chegar são e salvo do outro lado, pode haver esperança, mas teríamos que começar novamente, de baixo, como aquele cão que, pavlovianamente, pelo menos já aprendeu a atravessar uma rua com segurança!
Pego o prato, os talheres, um guardanapo, vou ao bufet e me sirvo: dois morangos, meia fatia de abacaxi, três pedaços de abacate, quatro folhas de rúcula, dois cubos de polenta frita, um bolinho de arroz e dois nacos de tender assado... Não devia, mas pedi um chá verde “Feel-good” com laranja e gengibre.
Sento no meio da turba para me confundir com ela. Mesa para quatro lugares e estou sozinho. Faço daquele momento um ritual, que mais não seja, é o único contato que tenho com o mundo externo. Há tempos, sem dar por mim, fui transformando-me numa espécie de ermitão moderno. De repente descobri que tudo o que preciso está na minha casa, livros, discos, umas caixas cheias de papel, recortes de jornal, fragmentos de um passado que levo sempre junto comigo para ter a certeza de que já existi em outros tempos e que a vida nem sempre foi assim. Ah! Se foi melhor? Não quero pensar nisso. O importante é o “agora” é este “estar aqui” e a consciência de tudo isso.
Então ta, ficamos assim, penso enquanto vou mastigando ritualisticamente aquela ninharia que como todos os dias, o sujeito passa a vida inteira emprestando a sua força de trabalho para os outros, tentando convencer patifes incompetentes de que um pouco de idealismo ainda vale muito, não tem arreglo (alô revisão, é arreglo e não “arrego”) também, no meu caso, não faço, nunca fiz e nunca farei concessões, não peço favores e não os devo, sou uma espécie de talento desperdiçado, mais ou menos o que disse Ernest Hemingway a respeito de Scott Fitzgerald “Seu talento era tão espontâneo como o desenho que o pó faz nas asas de uma borboleta. Houve uma época em que ele tinha tanta consciência disso quanto a borboleta, não ligando para o fato de que seu talento podia apagar-se ou desaparecer de todo. Mais tarde começou a preocupar-se com as asas feridas e sua estrutura; aprendeu a refletir, mas já não conseguia voar porque o amor ao vôo o abandonara. Restava-lhe apenas a lembrança dos dias em que voar fora um ato natural”.
De tanto recitar para mim aquele texto acabei decorando-o. Não é que esteja ressentido comigo mesmo, ou talvez seja isso e me recuse em acreditar? A verdade é que estamos sozinhos. Tenho a sensação de não fazer parte de nada. E não me falem em esperança. Basta uma olhada ao redor para entender. Falando nisso, se o cretino ali na frente gritando ao celular tivesse consciência, desligava o aparelho, alto daquele jeito e falava diretamente, economizava bateria. Tenho de rir. Se pudesse receber de volta os valores gastos, pediria demissão da humanidade (sei, alguém já deve ter dito isso antes).
Gostaria de ficar mais um pouco bebendo o meu chá, mas os olhares concupiscentes para o lugar que estou ocupando me dissuadem. Saio devagar. Detenho-me diante de uma vitrine, mas evito olhar para a imagem refletida no vidro, penso em Dylan Thomas “alguém está me matando de tédio. Acho que sou eu”. Não escondo o cinismo.
Na rua, meu olhar paira na faixa de pedestres, observo um cachorro atravessando-a com desenvoltura, o animal fez o que a maioria dos mortais não faz, pensando bem, reflito depois que o vi chegar são e salvo do outro lado, pode haver esperança, mas teríamos que começar novamente, de baixo, como aquele cão que, pavlovianamente, pelo menos já aprendeu a atravessar uma rua com segurança!
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I Need You
A música é esta (I Need You), do grupo inglês (melhor seria dizer anglo-americano) America...
Uma banda criada no início dos anos 1970, com um folk-Rock “som acústico, quieto que causou grande fascínio” segundo os críticos...
Foi criadora de grandes sucessos, entre eles, “A Horse With no Name”, “Sister Golden Hair” e “I Need You”, entre outros...
Na gravadora Warner Brothers Records, apesar de James Taylor e Rod Stwart, quem mais vendeu discos na década de 1970 foi o America...
Composta pelos norte-americanos Gerry Beckley, Don Peek e Dewey Bunnel... Jovens descobertos em Londres por Jerry Lordan no início de 1970...
Lembram a lendária banda “Crosby, Stills, Nasch & Young”...
Ganharam o Grammy de banda revelação em 1972 com os seus sucessos “A Horse with no Name” e “I Need You” do disco America...
Gosto muito do America, aliás, tenho todos os 13 discos (LPs) deles... Para quem não se lembra, os Beatles também gravaram 13 LPs... Só uma curiosidade... (Olsen Jr.)
Foi criadora de grandes sucessos, entre eles, “A Horse With no Name”, “Sister Golden Hair” e “I Need You”, entre outros...
Na gravadora Warner Brothers Records, apesar de James Taylor e Rod Stwart, quem mais vendeu discos na década de 1970 foi o America...
Composta pelos norte-americanos Gerry Beckley, Don Peek e Dewey Bunnel... Jovens descobertos em Londres por Jerry Lordan no início de 1970...
Lembram a lendária banda “Crosby, Stills, Nasch & Young”...
Ganharam o Grammy de banda revelação em 1972 com os seus sucessos “A Horse with no Name” e “I Need You” do disco America...
Gosto muito do America, aliás, tenho todos os 13 discos (LPs) deles... Para quem não se lembra, os Beatles também gravaram 13 LPs... Só uma curiosidade... (Olsen Jr.)
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LEILÃO DAS VAQUINHAS
LEILÃO DAS VAQUINHAS
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