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DOG
“DOG DAYS ARE OVER”
Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
Os dias de cão acabaram?
Os demônios continuam perambulando por aí?
(Entre pássaros, o sol, pessoas indo e vindo?)
Mais sutis.
Não há mais medo – dessacralizado mundo.
Vulnerável presente,
o futuro é a velhice –
esse outro outono –
outro, mais outro,
o passado irrevogável –fragmentado,
e o que é o tempo?
“Deus não tem pressa nenhuma, para Ele tudo é ontem, hoje, amanhã, só quem vive
dentro do tempo somos nós”.
(João Ubaldo Ribeiro)
A juventude a mim renunciou.
Não importa.
Ninguém é profeta em sua terra.
Quando morrer, quero uma lápide e um rosa vermelha, mas sem donos.
E alguém cantando Cartola, e um gramofone tocando “Romaria”, na voz de Elis
(mas apressem, o coveiro precisa bater o ponto – ah, burocracia, para nascer, para viver, para chegar na outra margem do rio)..
Que todos tenham uma rosa (e uma casa, um pão quente partilhado).
Não, não importa o reconhecimento.
Mas cumpre a tua jornada (lápis afiado, papel em branco) de sol a sol.
Algo de nós (do nosso trabalho?) permanecerá.
Queria ver o mundo como se fosse a primeira vez,
(como quando alguém enxerga o mar (sim, pela primeira vez – menino).
Casualidades governam a vida.
“DOG DAYS ARE OVER”
Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
Para Célia
Em memória de meus pais
Em memória de Ivan Moreira da Silva,
de Márcio Palis Horta e de Ronaldo Paixão Ribeiro
Em memória de meus pais
Em memória de Ivan Moreira da Silva,
de Márcio Palis Horta e de Ronaldo Paixão Ribeiro
Os dias de cão acabaram?
Os demônios continuam perambulando por aí?
(Entre pássaros, o sol, pessoas indo e vindo?)
Mais sutis.
Não há mais medo – dessacralizado mundo.
Vulnerável presente,
o futuro é a velhice –
esse outro outono –
outro, mais outro,
o passado irrevogável –fragmentado,
e o que é o tempo?
“Deus não tem pressa nenhuma, para Ele tudo é ontem, hoje, amanhã, só quem vive
dentro do tempo somos nós”.
(João Ubaldo Ribeiro)
A juventude a mim renunciou.
Não importa.
Ninguém é profeta em sua terra.
Quando morrer, quero uma lápide e um rosa vermelha, mas sem donos.
E alguém cantando Cartola, e um gramofone tocando “Romaria”, na voz de Elis
(mas apressem, o coveiro precisa bater o ponto – ah, burocracia, para nascer, para viver, para chegar na outra margem do rio)..
Que todos tenham uma rosa (e uma casa, um pão quente partilhado).
Não, não importa o reconhecimento.
Mas cumpre a tua jornada (lápis afiado, papel em branco) de sol a sol.
Algo de nós (do nosso trabalho?) permanecerá.
Queria ver o mundo como se fosse a primeira vez,
(como quando alguém enxerga o mar (sim, pela primeira vez – menino).
Casualidades governam a vida.
“Não restará na noite uma estrela./Não restará a noite./Morrerei, e comigo a soma/
Do intolerável universo./Apagarei as pirâmides, as medalhas, os continentes e os rostos./Apagarei a acumulação do passado./Transformarei em pó a história, em pó o
pó./Estou mirando o último poente. Ouço o último pássaro./Deixo o nada a ninguém”.
(Jorge Luis Borges)
Do intolerável universo./Apagarei as pirâmides, as medalhas, os continentes e os rostos./Apagarei a acumulação do passado./Transformarei em pó a história, em pó o
pó./Estou mirando o último poente. Ouço o último pássaro./Deixo o nada a ninguém”.
(Jorge Luis Borges)
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