15.2.12

.


FINANCISMO
Vitória do Financismo:

Réquiem do Humanismo

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

Meu texto não pretende ser um lamento, mas uma constatação.
Não direi nada de novo.
Os bancos triunfaram em todo o universo.
A obscena concentração de riqueza e de renda nunca deixou de nos alarmar.
Ela só aumentou,
A Grécia é o exemplo mais dramático e atual.
A desligitimação do sistema capitalista se dissipará naturalmente quando “tudo voltar ao normal” – creem alguns.
Não acredito – sendo realista.
Tal desligitimação ocorreria, é claro, “se os beneficiários de remuneração obscena aceitarem entrar no jogo de sacrificar um ou outro anel a fim de salvar os dedos”, como observou alguém..
A desigualdade não é nova.
A pobreza já atinge 115 milhões de pessoas nos 27 países da União Européia.
“O capitalismo é o reino do desejo infinito atolado no paradoxo de se impor num planeta finito, com recursos naturais limitados e capacidade populacional restrita”.
Nada de novo: a consequencia é a acumulação ou posse da riqueza em mãos de uns poucos e se processa graças à desposessão e exclusão de muitos, como observa outro outro articulista.
Quem diz isso não são só marxistas.
Vejam uma manchete do “Los Angeles Times: “os seis herdeiros do Wal-Mart são mais ricos que a soma dos 30% dos americanos com renda mais baixa”.

E que grandes riquezas podem– e no geralmente são – ser fruto de corrupção, discriminação ou monopólio.
Basta olhar o nosso amado Brasil....
Milhares de milionários chegaram ao topo graças ao estado e não ao mercado...

A maioria dos analistas sobre a crise grega, culpa apenas os gregos pela sua tragédia, como detectou Clovis Rossi.
“O bancos só cedem os anéis para poderem manter os dedos gordos, ainda mais engordados pelos juros obscenos que cobraram para rolar parte da dívida grega que não será reestruturada”, complementou.
Enquanto isso pó povo grego está sendo esfolado e espoliado.
O “império” está na “Troyka: A Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI.

Para Ruy Braga, a rebelião do setor da classe trabalhadora formado por jovens à procura de emprego (o desemprego entre jovens de 20 a 24 anos, na Espanha, chega a mais de 50%), imigrantes e trabalhadores temporários, “representa não apenas o fim de um ciclo de expansão econômica, mas o tempestuoso início de uma era de luta de classes.

Um leitor observou que levando em conta o papel da Grécia na cultura ocidental, seria decente que a Europa quantificasse o que já foi usurpado dos gregos em obras de arte: frisos inteiros do Partenon estão no Museu Britânico, a Vênus de Milo e a Vitória de Samotrácia, no Louvre, e tantas outras preciosidades, na Alemanha.
“O que a Europa inteira deve à Grécia será inferior a 130 bilhões de euros?
O que é uma moeda ocasional se levarmos em conta a eternidade da filosofia grega?”
Além do sofrimento constante de um povo?
(Talvez premonitório, há poucos anos escrevi um poema intitulado “Adeus, Grécia”.

(Brasília, fevereiro de 2012)

Ilustração
Mundo da Lua, por Maurício Nacimento. Fonte: Domínio Público.

Nenhum comentário: