28.6.11

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SÃO JOÃO NÃO
É MAIS AQUELE


(E RELAÇÕES COMPLICADAS
DO GOVERNADOR DO RIO)


Por Emanuel Medeiros Vieira

Forrozeiros tradicionais – o chamado “pé de serra” – têm cada vez menos espaço nos festejos de São João, tão enraizados no Nordeste.

Eles estão perdendo espaço para a invasão de todos os ritmos, do axé ao pagode, como lembra o jornalista Levi Vasconcelos;

A cidade de São Francisco do Conde, na Bahia, faz uma milionária festa dizendo homenagear Luiz Gonzaga, mas leva como estrelas principais Chiclete com Banana e Exaltasamba.

Um grupo de forro autêntico, cujo cachê era de R$ 30 mil, foi “deletado” de uma grade de shows para ceder espaço a Bruno e Marrone, contratados por mais de R$ 200 mil

E o grupo excluído, como observa o jornalista, precisa ficar calado porque senão sofre perseguições.

“A roça é só alegoria. Cada dia está mais chic.”

No dia 17 de junho, caiu em Trancoso, na região de Porto Seguro, no Sul da Bahia, um helicóptero, matando sete pessoas.

É claro que se lamenta a tragédia.

Mas o governador do Rio, Sérgio Cabral parece ser forte com os fracos (lembram-se das reivindicações dos bombeiros?) e fraco com os fortes.

Ele viajou para o Sul da Bahia num jatinho do empresário Eike Batista em companhia de Fernando Cavendish, dono da Delta Construções.

A empresa é uma das maiores prestadoras de serviços do Estado do Rio de Janeiro e recebeu, desde 2007, contratos que chegam a R$ 1 bilhão.

A Delta Engenharia abocanha mais de 70% das obras do PAC, no Rio e também vai fazer a reforma do Maracanã (junto com a Odebrechet e a Andrade Gutierrez), e seu orçamento saltou de R$ 459 milhões para R$ 1 bilhão antes da obra começar.

A utilização de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar o corpo das vítimas do acidente com helicóptero, será alvo de investigação pelo Ministério Público Federal da Bahia (MPF-BA).

O procedimento administrativo foi instaurado no dia 22 de junho.

Parece crueldade?

Um leitor do “Correio da Bahia” lembrou que no Sul do Estado do Espírito Santo, um barco com seis pescadores está desaparecido no mar há mais de 15 dias e ninguém toca mais no assunto, “tendo a Marinha encerrado as buscas, se é que ocorreram”.

E sublinha: “Qual a diferença entre esses casos? La haviam empresários e amigos de políticos. Aqui eram todos trabalhadores e pobres”.

Dizem que Cabral 1 descobriu a filial.

E que Cabral 2 tentou e se deu mal.

(Salvador, junho de 2011)

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