8.9.10

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O voto de Amílcar Neves
e os estóicos de Emanuel


Mais: Ufeco debate moradia e
regularização fundiária na Capital


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Declaração de voto

Por Amílcar Neves*

As pessoas se encontram e se perguntam, angustiadas pela indecisão, pela incerteza sobre a melhor escolha a fazer, pela escassez do tempo que escoa rápido em direção ao dia das eleições:

- Em quem você vai votar? Para quem vais dar o teu voto no mês que vem?

- Dar, não! Vou vender! No mínimo, alugar.

Outros enfrentam a questão ao invés de esconder suas preferências atrás de uma brincadeira. E tentam ponderar:

- Depende do que a gente pensa, acha e quer. Depende da visão de mundo e de país de cada um de nós. Não existe o voto único, exclusivo, não existe o candidato universal, unânime. Se existisse, não tinha graça. E seria de desconfiar uma tal certeza generalizada. Talvez se deva analisar um pouco o que vem acontecendo: estando-se satisfeito, vota-se no candidato oficial; descontente, na oposição. Não sendo uma coisa nem outra, discordando-se dos caminhos trilhados e das alternativas propostas, fica-se com a terceira opção.

Então as pessoas argumentam, na tentativa de situar-se melhor frente à sua percepção da realidade:

- Bom, não se pode negar que muita gente melhorou de vida, muito pobre passou a ter melhores condições de vida, um dinheirinho a mais para casa, comida, carro, televisão. Mas os grandes empresários, as multinacionais e os bancos nunca se fartaram tanto de ganhar dinheiro alto, o tamanho dos juros só perdendo para a ganância dos impostos. Para nós, classe média, é que a coisa só piorou, perdemos tudo o que conseguimos alcançar em tempos melhores; aliás, nem somos mais classe média, a classe média desapareceu do Brasil: deixamos parte do nosso suor com os juros e os preços abusivos, o restante com os impostos e as taxas diretos e indiretos cada vez mais escandalosos.

- Avaliar informações, prestar atenção na imprensa cuidando das fontes e dos interesses que podem estar por trás de cada comentário, pensar no bem do país como um todo...

- Aí é que está o problema: para complicar, o horário eleitoral gratuito só confunde as coisas, com promessas descabidas que jamais serão cumpridas partindo de todos os lados. E situação e oposição dizem exatamente a mesma coisa: que a grande imprensa, vendida e comprometida, está controlada pelo lado contrário, manipulando informações e noticiando só o que interessa ao seu grupo. Alguém poderia me dizer, afinal, em quem eu devo votar, para quem eu posso dar o meu voto?

*Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Crônica publicada na edição de hoje (8.9) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.

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POR QUE FILOSOFAR?
(RELENDO OS ESTÓICOS)


Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

Por que filosofar?

Por que a filosofia - além do conhecimento -, pode nos ajudar a viver.

Vejam os filósofos estóicos. Eles nos ensinam a lidar com as perdas e as vicissitudes da vida.

E a passagem do tempo.

Insisto: filosofar é fundamental.

Na reforma de ensino, retiraram a filosofia da grade curricular;

Tiraram uma oportunidade rara para o brasileiro pensar.

Quem tem menos de 60 anos, em nosso país, nunca estudou a matéria.

Não estou pedindo para que viremos especialistas, mas que aproveitemos melhor nossa passagem na terra.

Nos últimos 200 anos, a despeito de todo o sofrimento, o mundo ocidental viveu sob o domínio de uma crença no progresso, baseada em realizações cientificas e empresariais extraordinárias.

Tivemos guerras sem fim, o holocausto, sofrimentos, golpes de Estado, exploração e desrespeito constante ao homem cometido pelo próprio homem.

No Ocidente, as lições sobre o pessimismo derivam basicamente de duas fontes: os filósofos estóicos romanos e o cristianismo.

“Talvez seja a hora de revisitar esses ensinamentos para aliviar nossos pesares”, ensina Alain de Botton.

Hoje, vamos meditar sobre a obra de um pensador estóico.

Sêneca (I a.C. – 65 d.C) seria um filósofo perfeito para o nosso momento histórico.

Vivendo numa época de tremenda inquietação política (Nero ocupava o trono imperial), Sêneca interpretava a filosofia como uma disciplina que servia para nos manter calmos diante de um panorama de constante perigo.

Sêneca lembrava no 62 que desastres naturais ou de causa humana serão sempre parte de nossas vidas, por mais sofisticados e seguros que acreditemos nos termos tornado.

O filósofo escreve que “não existe nada que a fortuna não ouse”, mas lembra que devemos ter em mente o tempo todo a possibilidade dos mais devastadores eventos.

Recordemos só alguns episódios: tivemos duas guerras mundiais.

Basta lembrar o sofrimento que elas causaram.

Sêneca diz mais: “Nada nos devia ser inesperado. O que é o homem? Um vaso que ao menor

impacto, pode quebrar.”

Reli há pouco – deste filósofo – o belíssimo “Sobre a Brevidade da Vida”.

A obra é (também) uma meditação serena sobre a nossa fugacidade e a bobagem (uma das pobrezas mentais mais evidentes não é a de nos consideramos “importantes”?) que é a nossa ilusão de onipotência, a nossa vaidade e o nosso apego intenso aos bens materiais.

Em 62 d.C., Sêneca pede permissão para retirar-se da vida pública. Nero recusa.

O filósofo vive então numa semi-reclusão e escreve suas melhores obras.

Em 65 d.C., é acusado de estar implicado numa conspiração contra o imperador.

Nero ordena que se suicide.

“Assim termina a carreira daquele que, por quase dez anos, governou de fato o Império Romano”, avalia um estudioso.

Com ele, como observa William Li, pela primeira vez a filosofia teve experiência do poder.

Não deu certo?

Está bem: não deu.

Então, sem pensar muito, peço que o leitor cite alguns momentos na História em que o humanismo foi vitorioso no exercício do poder.

Mas diante disso, lembro-me de Thomas Merton: “O tempo corre veloz e a vida escapa das nossas mãos. Mas pode escapar como areia ou como semente.”

(SALVADOR, SETEMBRO DE 2010)

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UFECO CONVIDA

Prezados e Prezadas

A União FLorianopolitana de Entidades Comunitárias,em nome de sua diretoria faz questão de sua presença na reunião chamada para debater: Moradia e Regularização Fundiária em Florianópolis e os instrumentos de Controle Social.

Data: 08 de Setembro de 2010
Horário: das 19:00 às 22 Horas
Local:Edificio Sudameris - Rua Jerônimo Coelho , nº 280 no ÁTICO (último andar).


Pauta Proposta

- Análise sobre os intrumentos de fiscalizaçção e controle social - Conselho de Direito referente à Moradia e o Fundo Municipal de habitação;

- Fortalecer o contato entre os atores que debatem moradia na cidade e fortalecer a mobilização referente à moradia na sua comunidade, projetos, movimentos locais, estaduais e nacionais que tem atuação no Municipio;

- Diagnóstico da organização dos moradores nas áreas de ocupação; (Associações de Moradores , de movimentos referentes à moradia e regualrização fundiária) - a partir do relatos dos participantes;

- Constituir um espaço de debate permanente sobre moradia e regularização fundiária em Florianópolis e grande Florianópolis;

- Informar sobre projetos já em andamento e em vias de execução no Municipio de Florianópolis;


Objetivo do Encontro

Fortalecer os espaços de Fiscalização e Controle Social como o Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social e o Fundo Municipal de Habitação de Interesse social(ambos existentes e desativados) e constituir um espaço permanente de discussão e encaminhamentos sobre Moradia de interesse Social e Regularização Fundiária.

Atenciosamente,
Angelça Maria Liuti
P/ Diretoria da UFECO

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