8.5.11

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A TODAS AS MÃES QUE
NOS ACOMPANHAM

Foto: Celso Martins (8.5.2011)

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ESPECIAL
Emanuel Medeiros Vieira
Para refletir na semana que entra

'Notícias da Bahia',
'Exílio' e 'Comandante'


Emanuel em Sambaqui. 2009. Foto: Celso Martins

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COMANDANTE

CORONEL QUE INVADIU CAMPUS
UNIVERSITÁRIO É NOMEADO COMANDANTE
DAPM PELO GOVERNADOR DO PT

(ACABOU A UTOPIA?)

Por Emanuel Medeiros Vieira

O novo comandante militar da Bahia, nomeado pelo governador Jacques Wagner (do PT –abreviatura de Partido ”dos Trabalhadores”!), é o mesmo que comandou a Tropa de Choque que ocupou o campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA) EM MAIO DE 2001 E BAIXOU O SARRAFO NOS ESTUDANTES.

Memória?

Segundo um jornalista, “muitos dos que apanharam não estavam nem aí.
Ou melhor, estavam ao lado do coronel, alegres e sorridentes” (no dia da posse, 6 de maio).”

O que fez na Bahia o governador Jacques Wagner?

De maneira astuta – conhecendo a cobiça da maioria dos seres humanos pelo Poder –,

agregou aos seu governo, remanescentes da “turma” de ACM (como o vice-governador), trouxe também outras figuras que o PT (de antes! ) qualificava de”direitistas” e – Meu Deus! – cooptou gente dos chamados movimentos sociais (como dos negros e das mulheres),criando há pouco quatro novas secretarias e oferecendo muitos cargos.

Calou a boca dos ex-socialistas!

Eles se aquietaram!

Seria o governador um novo Maquiavel, reencarnado na Bahia?

Outros chamam o governador de ”ACM sem tacape”.

Estaria fazendo aquilo que um escritor qualificou de “ditadura perfeita” (falando sobre o PRI mexicano, que ficou décadas no Poder).

Só uma lembrança: essa gente foi eleita para mudar – combatendo ACM.

Onde estão os deputados ditos de “esquerda”, eleitos pelos movimentos sociais?

Estão calados!

Será que dormem em paz?

Pedirão de novo votos – como se nada acontecesse – para aposentados, funcionários públicos, médicos e professores?

Sim, são capazes!

Virão com álibis compensatórios –como diria Freud –, ou truques mentais ou jogos verbais, para justificarem seus atos.

Falarão em “povo” e “unidade”.

Em ética.

ESQUECEM QUE ÉTICA NÃO TEM PRAZO DE VALIDADE E QUE O DECORO É ATEMPORAL.

Este governo baiano do PT está embriagado pelo Poder!

Meu pai dizia: dê uma “mesa grande” (como metáfora do poder) para alguém e conhecerás o seu caráter”.

São, como disse alguém, uns ”bolcheviques sem utopia”.

(Por favor, não venham com platitudes ou idiotices de dizer que quem critica o PT “faz o jogo da direita”.

Chega!

Não subestimem a nossa inteligência!

Quem assina esse texto foi militante da AP, amigo de Luiz Travassos e de Chico Pinto (corajoso e honrado baiano), e esteve preso na OBAN (não é preciso dizer que lá foi a sua estação no inferno) e, durante meses, no DOPS, sofrendo um longo processo.

Quem assina (com sincera indignação) estava na luta, quando muitos democratas de hoje, apoiavam a ditadura*

*Emanuel Medeiros Vieira foi membro do Conselho Editorial do jornal “Movimento” e correspondente em Santa Catarina do semanário “Opinião”.

Também foi dirigente do IEPES, embrião da futura Fundação Pedroso Horta.

(Salvador, maio de 2011)

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EXÍLIO*


Por Emanuel Medeiros Vieira


Um Atlântico nesta separação:
batido coração segue as ondas de maio.

Desterros além da anistia,
para lá dos poderes.

Velas ao vento,
não bastam os selos,
a escrita crispada.

Queria os sinais da tua pele,
vacinas, umidades, penugens,
pêlos perdidos no mapa do corpo,
o olhar suplicante, soluços.

Jornadas:
missas de sétimo-dia,
retratos arcaicos.

Outro exílio:
sem batidas na boca da noite, armas, fardas, medos,
clandestinidades.

Sol neste retorno:
casa, guarda-chuva no porão, caneca de barro,
álbuns, abraço agregador,
cheiro de pão, gosto de café,
o amanhã junta os o dois nós da memória,
um menino e o seu outro: estou melhor feito vinho velho.

*Poema premiado no Concurso Nacional de Poesias, cujo tema foi “O Mundo do Trabalho”, promovido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná.

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Desigualdade

NOTÍCIAS DA BAHIA

Por Emanuel Medeiros Vieira

“Não se apaixone pelo Poder!” Michel Foucault

A Embasa é a estatal de água da Bahia.
A empresa penalizou a população com um aumento de 13,64%, muito acima da inflação.
Um deputado pediu que o TCE faça uma auditoria na empresa.
A Embasa aumenta abusivamente o preço da água e, ao mesmo tempo, patrocina clubes de futebol e micaretas, como as de Feira de Santana e Camaçari, além de pagar alto o cachê de Daniela Mercury para cantar na festa dos seus 40 anos.
Lembre-se que o governador Jacques Wagner é do PT.
O secretário estadual da Saúde vai para a TV e desanca os profissionais da saúde que estão em greve no Estado.
Os deputados que eram de oposição e que sempre combateram ACM, ficam calados. Desapareceram.
Ou quem sempre apoiou as greves, agora é contra!
Estão no poder!
É sempre assim: com aposentados, professores e outras categorias que deram seus votos a esses deputados.
Os dignos representantes do povo, fogem à sorrelfa (ao dicionário!).
Chega a ser surrealista: o presidente do Sindicato dos Médicos é ligado ao PCdoB,
Aliado do governo. Está à frente da greve.
Ontem, no jornal da TV Bandeirantes, quem apareceu na tela agradecendo aos médicos que não aderiram ao movimento, foi o superintendente de Atenção Básica da Secretaria da Saúde, também do PCdoB.
Como disse o jornalista Levi Vasconcelos, agora temos o PCdoB do G (do governo) e o PCdoB do C (do contra).
Não, não é só carnaval, festa ou acarajé.
A Bahia aparece com a maior concentração de pessoas em situação de extrema pobreza (2,4 milhões) – conforme o Ministério Social de Combate à Fome.
A concentração de renda é um problema histórico em território baiano.
“Há três séculos que é assim: poucos têm muito e muitos têm muito pouco”, destaca o professor Elias Sampaio.
Ele acredita que um dos aspectos levantados pelo estudo da Fundação Getúlio Vargas (que aponta 43% de crescimento na renda da população negra,contra 21% dos brancos, entre 2000 e 2009), pode estar equivocada.
“O aumento de 43% pode significar a passagem de pessoas do nível de miséria para o de pobreza. É preciso conhecer os valores de renda em questão”, avalia.
É claro que a maior estabilidade na economia brasileira, vivida nos últimos 16 anos, não é o bastante para sanar os problemas decorrentes de três séculos de escravidão.

(SALVADOR, MAIO DE 2011)

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