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Gente inteligente sabe
o que diz. Ou não?
Por Amílcar Neves*
Gente inteligente sabe
o que diz. Ou não?
Por Amílcar Neves*
Ao comentário, na verdade uma pergunta do jornalista ("O senhor foi criticado ao ingressar no PSB por ser um grande empresário, líder da classe, em um partido com o termo socialista no nome."), o entrevistado deu uma aula de sociologia política. Ensinou:
- A população hoje não tem essa preocupação tão grande com o aspecto ideológico. As pessoas querem governantes honestos, competentes, que realizem. As pessoas querem um bom serviço de saúde, escolas boas para seus filhos, querem se sentir seguras, ter um bom transporte público. Nesse sentido, nós somos todos democratas. As questões ideológicas hoje são confusas mesmo, você encontra de tudo em todos os partidos. Não podemos ser hipócritas e ficarmos com uma discussão ideológica como se ela fosse verdadeira. Partidos e ideologia não andam muito juntos hoje.
O insigne pensador que respondia neste final de semana ao Estadão talvez tenha esquecido que existem diferentes maneiras de alcançar aquilo que as pessoas querem, a democracia da qual, "nesse sentido, nós somos todos" defensores. Serviço público e universal de saúde, por exemplo, ou saúde apenas para quem pode pagar o médico ou o plano de saúde, como nos Estados Unidos? Desenvolvimento nas escolas de cidadãos com consciência crítica ou formação de mão de obra para suprir as necessidade de momento do mercado? Nivelação cultural por cima ou por baixo? Atuação direta do Estado ou terceirização das suas obrigações básicas? Estado forte para conter abusos trabalhistas e econômicos ou Estado mínimo que arrecade impostos fundamentalmente para apoiar a iniciativa privada, que "gera e mantém empregos", concedendo benefícios, financiamentos a fundo perdido, isenções, facilidades, terrenos e perdões para as empresas que lucram fortunas a cada trimestre?
O caminho a tomar nesses casos e em todas as decisões que afetam a vida e o dinheiro das pessoas passa necessariamente por uma visão ideológica, ou filosófica, do mundo e da sociedade. Ao afirmar que "você encontra de tudo em todos os partidos", o sujeito está alimentando a confusão, por interesse próprio, e admitindo que partidos políticos não passam mesmo de rótulos e plataformas (sem ideias específicas) para alcançar não propriamente o poder, mas a chave do Tesouro. O resto é consequência, e a ilustre população que se exploda. Até antes da próxima eleição, óbvio.
Cabe, assim, inquirir quem seja tão intrigante personagem.
Pois se trata, ele, de Paulo Antônio Skaf, presidente da poderosíssima Federação das Indústrias do Estado de São Paulo desde 2004, reeleito em abril agora, aos 55 anos, a novo mandato de quatro anos. Sua trajetória política é coerente com suas ideias: filiado ao Partido Socialista Brasileiro em 2009 para ser candidato (derrotadíssimo) ao governo de São Paulo em 2010, mudou-se semana passada para o PMDB a fim de repetir a candidatura ao mesmo cargo em 2014 - por este ou por outro partido político qualquer, pouco importando a legenda. Aliás, na década de 1970, quando os jovens brasileiros lutavam contra a ditadura, que andava no auge da sua crueldade, o jovem Paulo sonhava com a carreira militar.
Curioso é que a Skaf Indústria Têxtil Ltda., única indústria de propriedade do presidente da FIESP, além de desconhecida na Internet, está falida e fechada pelo menos desde o ano 2000. E com uma milionária dívida previdenciária em aberto.
É essa fulgurante inteligência que nos vem dar aulas de política, democracia e ideologia.
- A população hoje não tem essa preocupação tão grande com o aspecto ideológico. As pessoas querem governantes honestos, competentes, que realizem. As pessoas querem um bom serviço de saúde, escolas boas para seus filhos, querem se sentir seguras, ter um bom transporte público. Nesse sentido, nós somos todos democratas. As questões ideológicas hoje são confusas mesmo, você encontra de tudo em todos os partidos. Não podemos ser hipócritas e ficarmos com uma discussão ideológica como se ela fosse verdadeira. Partidos e ideologia não andam muito juntos hoje.
O insigne pensador que respondia neste final de semana ao Estadão talvez tenha esquecido que existem diferentes maneiras de alcançar aquilo que as pessoas querem, a democracia da qual, "nesse sentido, nós somos todos" defensores. Serviço público e universal de saúde, por exemplo, ou saúde apenas para quem pode pagar o médico ou o plano de saúde, como nos Estados Unidos? Desenvolvimento nas escolas de cidadãos com consciência crítica ou formação de mão de obra para suprir as necessidade de momento do mercado? Nivelação cultural por cima ou por baixo? Atuação direta do Estado ou terceirização das suas obrigações básicas? Estado forte para conter abusos trabalhistas e econômicos ou Estado mínimo que arrecade impostos fundamentalmente para apoiar a iniciativa privada, que "gera e mantém empregos", concedendo benefícios, financiamentos a fundo perdido, isenções, facilidades, terrenos e perdões para as empresas que lucram fortunas a cada trimestre?
O caminho a tomar nesses casos e em todas as decisões que afetam a vida e o dinheiro das pessoas passa necessariamente por uma visão ideológica, ou filosófica, do mundo e da sociedade. Ao afirmar que "você encontra de tudo em todos os partidos", o sujeito está alimentando a confusão, por interesse próprio, e admitindo que partidos políticos não passam mesmo de rótulos e plataformas (sem ideias específicas) para alcançar não propriamente o poder, mas a chave do Tesouro. O resto é consequência, e a ilustre população que se exploda. Até antes da próxima eleição, óbvio.
Cabe, assim, inquirir quem seja tão intrigante personagem.
Pois se trata, ele, de Paulo Antônio Skaf, presidente da poderosíssima Federação das Indústrias do Estado de São Paulo desde 2004, reeleito em abril agora, aos 55 anos, a novo mandato de quatro anos. Sua trajetória política é coerente com suas ideias: filiado ao Partido Socialista Brasileiro em 2009 para ser candidato (derrotadíssimo) ao governo de São Paulo em 2010, mudou-se semana passada para o PMDB a fim de repetir a candidatura ao mesmo cargo em 2014 - por este ou por outro partido político qualquer, pouco importando a legenda. Aliás, na década de 1970, quando os jovens brasileiros lutavam contra a ditadura, que andava no auge da sua crueldade, o jovem Paulo sonhava com a carreira militar.
Curioso é que a Skaf Indústria Têxtil Ltda., única indústria de propriedade do presidente da FIESP, além de desconhecida na Internet, está falida e fechada pelo menos desde o ano 2000. E com uma milionária dívida previdenciária em aberto.
É essa fulgurante inteligência que nos vem dar aulas de política, democracia e ideologia.
*Amilcar Neves é escritor com oito livros de ficção publicados.
O 8º livro, Se Te Castigo É Só Porque Eu Te Amo (teatro),
foi lançado dia 29 de abril na Barca dos Livros.
Crônica publicada na edição de hoje (18.5) do jornal
Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.
O 8º livro, Se Te Castigo É Só Porque Eu Te Amo (teatro),
foi lançado dia 29 de abril na Barca dos Livros.
Crônica publicada na edição de hoje (18.5) do jornal
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