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QUANDO
O GARÇOM
É POETA
Por Olsen Jr.
Surpresas! Ninguém está livre delas. Não naquele sentido emprestado pelo Barão de Itararé (Apparício Torelli) quando afirmou, “de onde você menos espera, daí mesmo é que não sai nada”. Mas, de repente, o sujeito com quem você conversa esconde, em uma ocupação mundana, um grande talento para uma área totalmente diversa. Um garçom, por exemplo, que é escritor.
Quando cheguei, o restaurante estava quase lotado, seis garçons se revezavam no atendimento. Ele me vê no balcão, apressa-se em dizer, “consegui baixar na internet, a Divina Comédia”... Retorna pouco depois da mesa que está servindo, as mãos ocupadas com pratos, copos e garrafas... Indago, mostrando interesse no assunto, que livros? Ouço, ou pareço ouvir, enquanto ele passa apressado em direção da copa, “a terra, o céu e o inferno”... Imagino aquele cidadão com mais tempo para se dedicar àquilo que, de fato gosta, livros e leituras. Também, da música, da qual já tinha notícias, após comprar um cd que ele próprio gravara, depois de um ano de “economias”, muitas “horas extras” na alta temporada em Florianópolis no ano passado... Na volta, já com a bandeja cheia, continua a conversa, “tive sorte, consegui o livro em versos, melhor que a prosa lançada, tempos atrás, aqui no Brasil, a poesia é superior”... Não deu tempo de corroborar com a descoberta dele, logo vislumbro seu corpo arqueando-se sobre uma das mesas para servir as bebidas. Sujeito dedicado estava ali. Aceitava com desenvoltura os seus desígnios presentes, uma espécie de preparação para, quem sabe, vôos futuros. Tento me concentrar neste roteiro não escolhido, para pegar o mesmo vôo que aquele homem condenado a servir os seus iguais...
Logo que passou o “sufoco”, ouço a voz dele, às minhas costas, no balcão, “descobri um sebo, numa galeria aqui na cidade, alguns autores que estava a muito procurando, Rimbaud, Bukovski, Kerouac... Conheces?”... Respondo, huumm! Alguma coisinha, estes caras da “beat generation” como ficaram conhecidos, li quando tinha 17 anos, faz algum tempo, Allen Ginsberg, Thimoty Leary, Gregory Corso, Lawrence Ferlinghetti, William Burroughs, Gary Snyder, Neal Cassady, Peter Orlovsky, Ken Kesey, este, escreveu “Um Estranho no Ninho”... “Bah!” Ouço a exclamação, enquanto ele ri, “esqueci que você é um escritor”... E se afasta para atender um novo chamado na mesa em frente da janela, no outro lado do salão... Aquele sujeito não tinha interlocutores ali... Depois que voltou, com a comanda nas mãos, antes de fazer o pedido para o copeiro, sugeri para ele, rapidamente, precisamos conversar qualquer hora, faço um churrasco, convido alguns jornalistas e escritores, que tal? “Topo”, afirmou ele, se afastando novamente.
Enquanto pagava a minha conta, comentei no balcão, para o caixa, feliz do restaurante que tem poetas como garçons... O proprietário me olhou, surpreso, mas não se fez de rogado, “do jeito que bebem, preferimos os poetas como fregueses”... Estava rindo ainda, quando me deu o troco.
Quando cheguei, o restaurante estava quase lotado, seis garçons se revezavam no atendimento. Ele me vê no balcão, apressa-se em dizer, “consegui baixar na internet, a Divina Comédia”... Retorna pouco depois da mesa que está servindo, as mãos ocupadas com pratos, copos e garrafas... Indago, mostrando interesse no assunto, que livros? Ouço, ou pareço ouvir, enquanto ele passa apressado em direção da copa, “a terra, o céu e o inferno”... Imagino aquele cidadão com mais tempo para se dedicar àquilo que, de fato gosta, livros e leituras. Também, da música, da qual já tinha notícias, após comprar um cd que ele próprio gravara, depois de um ano de “economias”, muitas “horas extras” na alta temporada em Florianópolis no ano passado... Na volta, já com a bandeja cheia, continua a conversa, “tive sorte, consegui o livro em versos, melhor que a prosa lançada, tempos atrás, aqui no Brasil, a poesia é superior”... Não deu tempo de corroborar com a descoberta dele, logo vislumbro seu corpo arqueando-se sobre uma das mesas para servir as bebidas. Sujeito dedicado estava ali. Aceitava com desenvoltura os seus desígnios presentes, uma espécie de preparação para, quem sabe, vôos futuros. Tento me concentrar neste roteiro não escolhido, para pegar o mesmo vôo que aquele homem condenado a servir os seus iguais...
Logo que passou o “sufoco”, ouço a voz dele, às minhas costas, no balcão, “descobri um sebo, numa galeria aqui na cidade, alguns autores que estava a muito procurando, Rimbaud, Bukovski, Kerouac... Conheces?”... Respondo, huumm! Alguma coisinha, estes caras da “beat generation” como ficaram conhecidos, li quando tinha 17 anos, faz algum tempo, Allen Ginsberg, Thimoty Leary, Gregory Corso, Lawrence Ferlinghetti, William Burroughs, Gary Snyder, Neal Cassady, Peter Orlovsky, Ken Kesey, este, escreveu “Um Estranho no Ninho”... “Bah!” Ouço a exclamação, enquanto ele ri, “esqueci que você é um escritor”... E se afasta para atender um novo chamado na mesa em frente da janela, no outro lado do salão... Aquele sujeito não tinha interlocutores ali... Depois que voltou, com a comanda nas mãos, antes de fazer o pedido para o copeiro, sugeri para ele, rapidamente, precisamos conversar qualquer hora, faço um churrasco, convido alguns jornalistas e escritores, que tal? “Topo”, afirmou ele, se afastando novamente.
Enquanto pagava a minha conta, comentei no balcão, para o caixa, feliz do restaurante que tem poetas como garçons... O proprietário me olhou, surpreso, mas não se fez de rogado, “do jeito que bebem, preferimos os poetas como fregueses”... Estava rindo ainda, quando me deu o troco.
*
“You are Always on my Mind”
Olá, camaradas, salve!
O que posso dizer para vocês é que não está sendo fácil...
Não, não vou falar de mim, mas de alguém que conheci atendendo mesas de bares...
Surpresa, claro...
Um homem talentoso condenado a servir os seus “iguais”...
... E a vida continua...
Amigo e cultuador do “Folk”, assina como Johnny Folk o seu primeiro CD...
Pequeno preciosismo para um grande talento...
Para homenageá-lo, um de seus ídolos, Willie Nelson interpretando “You are Always on my Mind”...
Canção de Johnny Christopher Depp, Mark James e Wayne Carson…
Para quem não associou ainda, Johnny Christopher é o pai do ator Johnny Depp... (o que não quer dizer nada, nesse caso)...
A canção que já foi gravada originalmente por Brenda Lee... Depois, Elvis Presley, Shakira, Jon Bom Jovi...
Uma versão mais intimista, também gosto muito... Vai... (Olsen Jr.)
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2 comentários:
maravilhosos o texto do Olsen.. e a história idem...
maravilhoso o texto do Olsen e a história idem....Viva os poetas...
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