15.9.10


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Família Andrade comemora
os 150 anos do Casarão

com Troféu Açorianidade


Mais: Impasse, o documentário,
Tempo
(Emanuel Medeiros Vieira)
e
Míngua (Amilcar Neves)



Fotos: Celso Martins

Cláudio Andrade, presidente da Associação de Moradores de Santo Antônio de Lisboa (Florianópolis-SC) e incentivador da cultura local, vai receber o Troféu Açorianidade concedido pelo Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O anúncio foi feito na noite da última terça-feira (14.9), durante as atividades de comemoração dos 150 do Casarão dos Andrade, localizado na Praia Comprida/Caminho dos Açores, pelo historiador Joi Cletison, dirigente do NEA.

Instituido em 1996, o Troféu Açorianidade visa reconhecer e valorizar o trabalho de instituições, pessoas e empresas, em prol da cultura de base açoriana em Santa Catarina. A homenagem acontece no dia 21 de outubro em Governador Celso Ramos, durante o lançamento da 17ª Festa Açoriana. O reconhecimento se estende aos demais integrantes da família Andrade, muito atuante em diferentes iniciativas no distrito.

O evento que marcou os 150 anos da edificação tombada como patrimônio histórico por iniciativa da família Andrade, contou com exposição de telas de Neri Andrade, dança, farinhada e gastronomia tííca, além de um bolo. A arquiteta Vanessa Pereira, responsável pela restauração do Casarão, apresentou um projeto de urbanização e equipamentos no terreno do imóvel. (C. M.)












Nereu do Vale Pereira









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I M P A S S E


Latão e protesto são
temas de documentário


Será lançado amanhã (16.9), às 19h30min, no auditório da Reitoria da UFSC, o documentário Impasse, sobre as manifestações dos estudantes contra o aumento da tarifa do transporte coletivo em Florianópolis.

Além de cenas que não foram exibidas em nenhuma tevê, incluindo flagrantes de violência durante os atos públicos ocorridos em maio e junho deste ano, o documentário revela o que pensam usuários, trabalhadores, especialistas e empresários do transporte. Expõe as contradições e as diferenças de posição dos estudantes e dos representantes dos governos municipal e estadual.

Impasse discute ainda questões que se entrelaçam e se completam: Por que a cidade se tornou um símbolo na luta pelo transporte público? O que aconteceu durante a ação da Polícia Militar na Universidade do Estado de Santa Catarina, no dia 31 de maio de 2010? Quais são os limites e os direitos dos movimentos sociais na democracia? Quais são os prós e os contras do atual modelo de transporte? Por que a mobilidade urbana é um dos grandes temas do século XXI? Existe, afinal de contas, saída para este impasse?

Mais de 30 pessoas foram entrevistadas para responder essas questões. E é exatamente a partir dessas declarações que o documentário se torna polêmico e impactante – desde as afirmações dos usuários, passando por estudantes, empresários e policiais, até as afirmações do Promotor do Ministério Público e do Secretário de Segurança Pública e Defesa do Cidadão. Muitas opiniões, impopulares e polêmicas, quase nunca são ditas publicamente.

O documentário, de 80 minutos, realizado pela produtora Doc Dois, é dirigido por Juliana Kroeger e Fernando Evangelista, jornalistas catarinenses com experiências em coberturas de conflitos no Oriente Médio, na África e na Europa. Participaram da equipe de produção estudantes da UFSC, UDESC, Unisul e da Faculdade Estácio de Sá. “É uma produção grande, feita em tempo recorde, graças a uma equipe aguerrida e competente. Sem essa equipe, não teríamos conseguido terminar o documentário e não teríamos tido o resultado que tivemos”, analisa a diretora Juliana Kroeger.

Impasse foi produzido sem leis de incentivo à cultura, com recursos da própria Doc Dois, e recebeu apoio de quinze entidades para a pós-produção e finalização. Com isso, DVDs do documentário serão distribuídos gratuitamente para 100 escolas da Grande Florianópolis e 60 Universidades de todo o Brasil.

As entidades parceiras são a Secretaria de Cultura e Arte da UFSC (Secarte), Associação dos Docentes da Faculdade de Educação da UDESC, Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da UFSC (Prae), Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC (CFH), Sindicato dos Bancários de Florianópolis e Região, Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis e Região (Sinergia), Sindicato dos Professores das Universidades Federais de SC (Apufsc-Sindical), Centros Acadêmicos de História e de Letras da UFSC, DCE da UFSC, empresa Humanum Design e Comunicação, Semana do Jornalismo da UFSC, Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário de SC, Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Público Federal em SC e TV Floripa.

(Fonte: Doc-Dois)




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T E M P O


Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA


O mal não está em que a vida promete largo e dá
estreito: o mal é que ela sempre dá e depois tira
.”

(Juan Carlos Onetti)

Me colocaram no tempo, me puseram
uma alma viva e um corpo desconjuntado.
Estou
limitado ao norte pelos sentidos, ao sul
pelo medo,
a leste pelo Apostolo São Paulo, a oeste pela linha educação.” (...)
(Murilo Mendes)


O Tempo não roerá o verso da minha boca, reivindica a poeta.
Crônica? Não sei. Mas é sobre essa “brevidade infinita” que chamamos de tempo, que eu gostaria de meditar.
Os mais radicais dizem que o tempo não existe.
Mas ele está aqui, nos meus calcanhares, no domingo à tarde –, outro que se esvai, assim, sempre. Ou o tempo é uma ilusão?
Não, não é a busca da notoriedade efêmera, o que queremos com a literatura.
(Refiro-me àqueles que sabem que seu ofício é mais que marketing.)
Nem aspiramos prebendas.
A pergunta de sempre: por que escrevemos?
Ou melhor: por que continuamos?
Poucos parecem se interessar pela palavra.
A imagem prevaleceu.
E a internet acelera a comunicação. Não a aprofunda.
Mas é preciso persistir e continuar acreditando na permanência da literatura.
Sabemos – com Freud – que podemos reconhecer apenas um pequeno fragmento dos nossos ímpetos, e um fragmento ainda menor dos ímpetos de outras pessoas.
Desistiremos por essa razão?
Da subjetividade que nos exila e da objetividade que nos esmaga?
Ainda mais num mundo em que todo parece se “derreter”, em que tudo é descartável, em que nada parece perdurar.
Como observou Milan Kundera, a ideia do eterno retorno designa uma perspectiva na qual as coisas não parecem ser como nós as conhecemos: elas nos aparecem sem a circunstância atenuante de sua fugacidade.
E tudo é fugaz.
Alguém disse que a morte sempre vence, porque tem mais tempo.
E escrever, é também uma busca de transfiguração.
Transfigurar para eternizar.
É isso o que importa.
Não a doentia busca de notoriedade ou fama que, no mundo em que vivemos, todos parecem querer conquistar a qualquer custo.
Mesmo que se venda a própria alma.
O fundamental é manter-se fiel a si mesmo.
Não é fácil.
Mas só assim preservamos a nossa essência e os nossos valores.
“Se cada segundo de nossa vida deve se repetir um número infinito de vezes, estamos pregados na eternidade como Cristo na cruz”, observa Kundera.
Por isso, Nietzsche afirmava que a ideia do eterno retorno é o mais pesado dos fardos.
Como criadores, em nossas narrativas, buscamos criar uma teia de sentido, num mundo que parece ter se desencontrado do núcleo do humano.
Perdemos o eixo na chamada pós-modernidade?
Na hegemonia do fragmento, é preciso buscar um caminho que reconcilie
SER E DESTINO.

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M í n g u a


Por Amilcar Neves*

No dia em que esta crônica sai publicada, quarta-feira 15 de setembro, completa-se um mês que o Avaí não ganha uma partida de futebol profissional. Em 15 de agosto o time azul e branco da Ressacada batia em casa o Corinthians de São Paulo por 3 a 2. Foram oito jogos desde então: uma derrota pela Copa Sul-Americana e, pelo Brasileiro da Série A, cinco derrotas e dois empates.

Este "aniversário" tem, evidentemente, dois lados positivos. Primeiro, o fato objetivo e incontestável de que o time está cada vez mais perto de ganhar um jogo: pode ser ainda esta semana, pode ser daqui a mais um mês - no entanto, a cada rodada ele fica mais próximo da vitória. Isto é animador para os seus torcedores.

O segundo aspecto positivo circunscreve-se ao reino das especulações: se a praga lançada contra o Avaí era ficar um mês inteiro sem ganhar, e justo um mês, isto vai até esta quarta-feira, inclusive, dia em que, para a felicidade azurra, todo mundo joga pela 22a rodada do Brasileirão - menos o time da Ilha e outros três. Assim, o Vasco, amanhã, no Rio, que se aprecate.

Situação verdadeiramente preocupante, em verdade, é a do Figueirense: líder da Série B, seu risco certo é o de perder posições, já que não pode mais subir na tabela. E, enquanto o Avaí disputa 1 dentre 16 vagas para chegar à Série A de 2011, o time da área continental da Capital briga com 19 concorrentes famintos por 1 posição de apenas 4.

Depois, convenhamos: há uma maré de falta de sorte lá pelos lados da Ressacada. No domingo, por exemplo, o segundo gol do Cruzeiro saiu de uma bola que explodiu na trave do Renan, voltou, bateu nas costas do goleiro convocado para a Seleção, ainda caído, e morreu nas redes. Na derradeira jogada de ataque, o mesmo Renan subiu para a área adversária e escorou de cabeça um escanteio; com o goleiro mineiro já batido, o tiro forte e impiedoso foi desviado para fora ao atingir um jogador avaiano que se encontrava na linha da bola, frustrando o que seria o merecido empate do time de casa.

Lógico que não dá para sentar e esperar que os astros revertam essa fase minguante: há muito trabalho para fazer, é preciso recobrar imediatamente as jogadas fulminantes, os passes eficientes, os chutes certeiros a gol. Enfim, para quem era terceiro colocado há exatamente um mês, não é espanto nem favor algum retornar àquela posição - ou a outra ainda bem melhor.

*Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Crônica publicada na edição de hoje (15.9) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Principled fazendo meus primeiros enviar a sambaquinarede2.blogspot.com , o que parece ser um fórum maravilhoso!