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A Ponte,
claro, precisa
ser demolida
A Ponte,
claro, precisa
ser demolida
Por Amílcar Neves*
É evidente que, ao falar em Ponte com inicial maiúscula, todo mundo sabe do que se trata. Ponte com maiúscula só existe uma: a Hercílio Luz, nome cedido pelo governador que iniciou sua construção em 1922, o mesmo homem que decretou a mudança do nome da cidade, em 1894, de Nossa Senhora do Desterro (a fuga da sagrada família para o Egito, lembram?) para Florianópolis (o ditador da época, Marechal Floriano Peixoto, sacam?), quando também governava o Estado.
Há incontáveis razões para demolir a Ponte. Tantas que, se enumeradas numa lista sem os detalhes e fundamentos de cada razão, este espaço já será amplamente insuficiente.
Lógico que, se for o caso de o Redentor sofrer gravíssimo estiramento na coxa com ruptura de estruturas musculares ou violenta torção que rompa os ligamentos do joelho, a solução sempre será o uso de muletas, andadores e muito repouso até que o Cristo do Corcovado recupere plenamente sua forma física para retomar a rotina incansável das suas tarefas, que são da mais elevada importância para a cidade do Rio de Janeiro e, por que não dizer? (sempre quis usar essa expressão tão do gosto dos nossos letrados políticos), para todo o Brasil.
A demolição da Ponte permitirá a construção de outra, mais moderna e funcional, rente ao mar e com oito pistas de rolamento, duas para sair da Ilha e seis para nela entrar, num convite explícito a turistas e seus carros. E também a forasteiros de toda espécie, intenção e bandeira. A novíssima ponte aproveitará com escassas adaptações boa parte das fundações da velha Ponte. Antes de fechado o derradeiro vão da nova travessia, e porque a ponte será muito baixa por pragmatismo e economia, serão convocados todos os barcos, iates, escunas e veleiros para que decidam de que lado, afinal, desejam viver o resto de suas vidas, se na Baía Norte ou na Baía Sul.
Óbvio que o ideal seria um vigoroso aterro que suprimisse aquela estreita língua de mar que insiste em separar a Ilha do resto do mundo, mas isso é bastante difícil de construir com a tecnologia hoje disponível devido à profundidade insana do canal e às violentas e traiçoeiras correntes marinhas que por ali teimam em circular.
Às favas, pois, em nome do bom senso, o argumento romântico, pueril e saudosista de poetas, prosadores, artistas e encrenqueiros de todos os naipes que afirma ser a Ponte a ligação simbólica e literal entre todos os catarinenses. Isso já não encontra espaço saudável nos dias de hoje!
Demolida e substituída a Ponte para o bem geral, o próximo passo será transformar Avaí e Figueirense em franquias de times de futebol do Rio, São Paulo ou Rio Grande do Sul. Em seguida, antes da ocupação plena dos espaços correspondentes, será contratada a ONG www.oldcatcult.org (A Velha Cultura Catarinense) para a elaboração de esculturas de grupos de pescadores artesanais e rendeiras de bilro, a serem espalhadas por diversos pontos do litoral do Estado em homenagem às extintas atividades artesanais que existiram onde então estarão aterros, avenidas e arranha-céus; para a criação de estátuas de araucárias, em tamanho natural, a serem plantadas nos locais de onde subsidiárias ou sucessoras da grande Lumber Co. terão erradicado os derradeiros pinheiros, símbolos privativos do Paraná, que se tornará o habitat único da espécie; e para escrever, cantar e pintar o gato como símbolo do Estado, que terá suas cores e bandeira escolhidas em plebiscito exclusivo para turistas e forasteiros.
Há incontáveis razões para demolir a Ponte. Tantas que, se enumeradas numa lista sem os detalhes e fundamentos de cada razão, este espaço já será amplamente insuficiente.
Lógico que, se for o caso de o Redentor sofrer gravíssimo estiramento na coxa com ruptura de estruturas musculares ou violenta torção que rompa os ligamentos do joelho, a solução sempre será o uso de muletas, andadores e muito repouso até que o Cristo do Corcovado recupere plenamente sua forma física para retomar a rotina incansável das suas tarefas, que são da mais elevada importância para a cidade do Rio de Janeiro e, por que não dizer? (sempre quis usar essa expressão tão do gosto dos nossos letrados políticos), para todo o Brasil.
A demolição da Ponte permitirá a construção de outra, mais moderna e funcional, rente ao mar e com oito pistas de rolamento, duas para sair da Ilha e seis para nela entrar, num convite explícito a turistas e seus carros. E também a forasteiros de toda espécie, intenção e bandeira. A novíssima ponte aproveitará com escassas adaptações boa parte das fundações da velha Ponte. Antes de fechado o derradeiro vão da nova travessia, e porque a ponte será muito baixa por pragmatismo e economia, serão convocados todos os barcos, iates, escunas e veleiros para que decidam de que lado, afinal, desejam viver o resto de suas vidas, se na Baía Norte ou na Baía Sul.
Óbvio que o ideal seria um vigoroso aterro que suprimisse aquela estreita língua de mar que insiste em separar a Ilha do resto do mundo, mas isso é bastante difícil de construir com a tecnologia hoje disponível devido à profundidade insana do canal e às violentas e traiçoeiras correntes marinhas que por ali teimam em circular.
Às favas, pois, em nome do bom senso, o argumento romântico, pueril e saudosista de poetas, prosadores, artistas e encrenqueiros de todos os naipes que afirma ser a Ponte a ligação simbólica e literal entre todos os catarinenses. Isso já não encontra espaço saudável nos dias de hoje!
Demolida e substituída a Ponte para o bem geral, o próximo passo será transformar Avaí e Figueirense em franquias de times de futebol do Rio, São Paulo ou Rio Grande do Sul. Em seguida, antes da ocupação plena dos espaços correspondentes, será contratada a ONG www.oldcatcult.org (A Velha Cultura Catarinense) para a elaboração de esculturas de grupos de pescadores artesanais e rendeiras de bilro, a serem espalhadas por diversos pontos do litoral do Estado em homenagem às extintas atividades artesanais que existiram onde então estarão aterros, avenidas e arranha-céus; para a criação de estátuas de araucárias, em tamanho natural, a serem plantadas nos locais de onde subsidiárias ou sucessoras da grande Lumber Co. terão erradicado os derradeiros pinheiros, símbolos privativos do Paraná, que se tornará o habitat único da espécie; e para escrever, cantar e pintar o gato como símbolo do Estado, que terá suas cores e bandeira escolhidas em plebiscito exclusivo para turistas e forasteiros.
*Amilcar Neves é escritor com oito livros de ficção publicados. Crônica publicada na edição de hoje (4.5.2011) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelon autor.
Nota
O livro Se Te Castigo É Só Porque Eu Te Amo (teatro) foi lançado dia 29 de abril na Barca dos Livros, em frente aos trapiches da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, com leitura dramática da obra por alunos do CEART/UDESC e Encontro com o Autor. A noite e o local estavam maravilhosos e acolhedores.
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REENCONTRO O ESTADO
REENCONTRO O ESTADO
Encerramos a primeira fase das confirmações de presenças para o Reencontro de 28 de maio com 106 colegas na lista. Confiram: Adalgisa Frantz, Ademar Vargas, Ana Lemos, Ângelo Medeiros, Angelita Corrêa, Áureo Moraes, Bárbara Lino, Berenger Ferreira, Beth Karam, Bonifácio Thiesen, Carlinhos (Paginação), Carlos Alberto Ferreira, Carlos Damião, Carlos Locatelli, Carlos Paniz, Cau Cancellier, Celso Martins, Celso Vicenzi, Cesar Valente, Chico Faganello, Clodoaldo Volpato, Clóvis Geyer, Clóvis Medeiros, Dauro Veras, Déborah Almada, Denise Christians, Denise Lacerda, Edio Orleans – Pecos, Édio Junkes, Edson Rosa, Eduardo Paredes, Elaine Borges, Elmar Meurer, Enio Novaes (Papel), Evandro Baron, Evory Pedro Schmitt, Fabiola Souza, Fernando Crocomo, Fifo Lima, Frank Maia, Gabriel Collaço, Gilberto Gonçalves, Gilvan de França, Heloísa Dalanhol, Hermínio Nunes, Heron Domingues, Ivan Giacomelli, Ivani Borges, Ivonei Fazzioni, J. Muller, Jane Miklasevicius, Janine Koneski de Abreu, Jarson Frank, João Carlos Mendonça (Cachorrão), João dos Passos, Jorge Massarolo, José Antonio de Souza, Jucélia Fernandes, Julieta La Rosa, Júlio Cancellier, Laudelino Sardá, Lena Obst, Lenir Gomes, Lorraine Ramos da Silva, Lu Coelho, Lu Zuê, Lúcia Helena Vieira, Lúcia Py Luchmann, Ludmila Souza, Luiz Assis, Luiza Argolo, Márcia Camarano, Márcia Quartiero, Márcio de Souza, Marcos Quint, Marinho Jesus, Mário Lúcio Coimbra, Mário Medaglia, Mário Pereira, Monique Vandresen, Mylene Margarida, Nilson Nascimento, Osmar Schlindwein, Patrícia Francalacci, Paulo Clóvis Schmitz (PC), Paulo Dutra, Paulo Marques, Paulo Scarduelli, Raquel Wandelli, Ricardo Garcia, Rogério Junkes, Rosane Porto, Roseline Vilela, Rossana Spezin, Saint-Clair Monteiro, Sérgio Rubim (Canga), Silvana Coelho, Suely de Aguiar, Tatiana Kinoshita, Tayana Oliveira, Valdir Cachoeira, Valmor Eger, Valmor Fritsche, Vitor Hugo Louzado, Vitor Hugo Schwab, Zeni Rates. (L. O.)
Um comentário:
belo texto, a ponte que "se cuide"
postei no twitter, mas acho qeu nao viu, pode me passar as fotos do aquecimento do jogo do raulino contra o santa cruz? Abraço, tomás mattos, preparador fisico do fernando raulino
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