26.10.11

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T E M P O

(E os 15 minutos de fama)


Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

Arte: Uelinton Silva. Base: Imagem de Karl Dolenc/iStockphoto



Um homem sensato acreditará que é mais importante o que o
destino lhe concedeu do que o ele lhe negou.” (Baltasar Gracian)



Vivemos num tempo de enorme velocidade e de escassa concentração.

Tudo parece descartável, como as engenhocas eletrônicas que tantos amam.

Pois se você não tem uma vida interior profunda, vai buscar no “exterior” o que não consegue dentro de si.

Tem medo de sua própria interioridade.

Buscará o que não tem de si, “saindo de si mesmo”, em festas e baladas contínuas, em drogas de todas as espécies.

Não digo nada de novo? Eu sei. Parece platitude sentimental? Paciência.

É o chamado mecanismo de alienação (no conceito usado por Marx).

“Transfiro” para a vida dos outros (celebridades, cantores famosos) a minha própria vida. Renuncio a ela.

Cristo se recolheu no deserto para pensar.

Buda também.

E apesar de todo o maquinário, poucas vezes as pessoas pareceram tão solitárias e tão pouco solidárias.

É preciso começar lá de baixo.

É necessário educar nossos filhos desde cedo.

Não há milagre. É trabalho lento, paciente, difícil. Que não cessa.

Mas as pessoas preferem os tais 15 minutos de fama.

E depois? O que resta?

As meninas querem serem modelos, garotas do “Fantástico”, e os garotos jogadores de futebol.

É importante que nos fixemos em outro tipo de “tempo” (que fica internalizado através da memória).

Um tempo que deixe para os jovens o que Italo Calvino deixou escrito sobre essa “rapidez” deste milênio:

O tempo que importa é esse: “O tempo que flui sem outro intento que o de deixar as ideias e sentimentos se sedimentarem, amadurecerem, libertarem-se de toda a impaciência e de toda contingência efêmera.”

(Salvador, outubro de 2011)

Arte: Uelinton Silva

Um comentário:

Fernando Evangelista disse...

Texto muito bonito, simples e tocante.