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Mosquito recebe homenagem na Câmara do
vereador Dr. Ricardo. Foto: Gabinete Dr. Ricardo
vereador Dr. Ricardo. Foto: Gabinete Dr. Ricardo
Mosquito: velório e
enterro no Itacorubi
enterro no Itacorubi
O corpo do blogueiro Amilton Alexandre (Mosquito) será velado à partir das 10 horas desta quarta-feira (14.12) no Cemitério São Francisco de Assis, no bairro do Itacorubi. O enterro será às 15 horas no mesmo local. Às 11 horas o padre Vilson Groh estará no cemitério para fazer uma homenagem a Mosquito.
Segundo a professora Telma Piacentini, Mosquito foi um “irreverente, corajoso e inteligente jornalista”. E Mais: “Foi também um dos primeiros a levar o cinema para a periferia de Fpolis, trabalhando nos sábados e domingos, em programas culturais da Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal, nos anos 80. Calou-se uma voz, de forma violenta, que dificilmente será substituída”.
Confira o comovente depoimento do jornalista Sérgio Rubim (Canga) sobre como ficou sabendo da morte de Mosquito. O arquiteto Ci Ribeiro encaminhou um texto também publicado abaixo na íntegra. (C. M.)
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A ÚLTIMA TIJOLADA
Por Sérgio Rubim (Canga)
A ÚLTIMA TIJOLADA
Por Sérgio Rubim (Canga)
A notícia da morte do blogueiro Amilton Alexandre, o Mosquito, causou comoção entre os frequentadores da Kibelândia no final da tarde de ontem (13). A notícia se explalhou rapidamente pela internete e em poucos minutos a morte do blogueiro era o assunto mais citado no twitter do Brasil.
Soube da morte no momento em que entrava na Kibelândia, por volta das 18:30hs. Um telefonema do meu amigo Izidoro Azevedo dos Santos trazia a trágica notícia:
- Canga, o Mosquito se matou!
Pôrra, isso é uma coisa brutal!
Liguei imediatamente para um vizinho do Muska, Gonzaga, e perguntei de onde ele tinha tirado a notícia. Se ele me confirmava a morte. Respondeu que era verdade. Estava em frente ao Mosquito, morto. Aguardavam apenas o IML.
A partir desse momento o telefone não parou mais de tocar. Eram pessoas me passando infiormações e outras tantas querendo informações. minha mesa na Kibelândia virou um centro de notícias onde operava o cangablog, o twitter, o FaceBook, o telefone, o menssenger e os canais de voz do FB e do gmail.
Começaram a chegar pessoas na Kibelândia com a notícia e vários grupos se foirmaram na rua e dentro do bar. Teorias da conspiração e outras teorias se misturavam a comentários de látimas e sentimentos de perda. Várias pessoas choravam e lamentavam a morte do Mosquito.
Tentando manter o foco e sair daquele turbilhão de pensamentos e stress que me invadiu ainda conseguia observar o comportamento da massa. Uma coisa me chamou a atenção. Nenhuma daquelas pessoas eram íntimas ou mesmo amigas do Mosquito. Ele era solitário. O seu circulo de amizades era extremamente virtual. Era na internete, através das várias mídias que manipulava, que conseguia praticar parcerias e amizades que não tinha na vida real.
Mas mesmo assim todos estavam comovidos, demonstravam isso publicamente. Por que?
Porque embora até evitassem sentar na mesa do Mosquito quando ele estava na Kibelândia se sentiam parte integrante do blogueiro. Ele falava e escrevia o que todo o mundo queria falar e não tinha coragem para tal.
O Mosquito foi um fenômeno incrível em termos de mobilização de opiniões, se transformou em porta-voz da grande maioria das pessoas revoltadas com os crime cometidos por políticos, desembargadores, agentes do Ministério Público, juízes e conselheiros do Tribunal de Contas que eram incessantemente denunciados e escrachados no Tijoladas do Mosquito.
Essas pessoas que ali estavam não lamentavam a perda de um amigo, lamentavam a perda das suas vozes, lamentavam o fim de um canal de manifestação que pela primeira vez desnudou de fato toda e qualquer autoridade metida em crimes e falcatruas.
Se enganam os que, com a morte do Mosquito pensam que sairam vitoriosos do embate. Já estavam feridos de morte. O Mosquito na sua sanha vingativa contra a corrupção já tinha manchado as suas "ilibadas" histórias. Já estavam derrotados desde o primeiro dia que frequentaram as páginas do Tijoladas do Mosquito.
Ainda há poucos dias colocou no twitter: - Eu tenho um amigo! O Canga!
Gostava de mim e me ouvia. Nunca tivemos uma amizade próxima. Pelo contrário, brigamos uma vez e eu sempre o evitava. Mais tarde com o surgimento do Cangablog voltamos a nos falar. Ele mandava comentárias diariamente, muitos eu não publicava por escatológicos. Com tanta reclamação da parte dele propus que criasse um blog. Surge, então, o Tijoladas do Mosquito. Ensinei-o a blogar e depois ele disparou.
Conseguiu a fantástica façanha de, num só dia, atingir a marca de mais de 70 mil acessos. Foi quando denunciou o caso do estrupo que envolvia menores filhos de famílias ricas de Florianópolis.
Atuávamos em conjunto. Trocávamos informações e denunciávamos casos de corrupção em conjunto. Mosquito tinha uma quantidade de fontes de informações incrível. Conhecia muita gente. Fazia matéria de denúncia, investigativas. Fazia jornalismo.
Ainda ontem li no twitter um jornalista dizendo que tudo que ele não fazia era jornalismo.
Despeito!
Talvez para esse jornalista, praticar jornalismo é fazer assessoria de imprensa e colunas elogiativas de autoridades. Está enganado. Mesmo com diploma de Administração, o Mosquito fazia jornalismo. Morreu em plena atividade da profissão.
obre a sua morte, ele já vinha há dias mandando sinais de que pretendia dar cabo da vida. sozinho, semdinheiro, com o seu blog fechado pela justiça, estava deprimido e parecia não encontrar saida para o fosso em que se meteu.
Tinhamos uma linha recuada de defesa. Um hacker, do bem, que mora em Laguna nos dava suporte constantemente. Com ele Mosquito falava bastante pelo twitter. Semana passada escreveu:
- O circulo está se fechando. Não vejo mais saída. Acho que vou me matar!
Com um grande arsenal de tijolos para atirar nos corruptos que enlouqueceu neste tempo em que atuou, resolver guardar o último para si.
Uma pena!
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MATARAM
O MOSQUITO...
quem e como?!?
Por Ci Ribeiro
O MOSQUITO...
quem e como?!?
Por Ci Ribeiro
MATARAM DIRETA E INDIRETAMENTE;
MATARAM A PLURALIDADE DE OPNIÃO
E O DIREITO AO CONTROLE SOCIAL
DA COISA PÚBLICA, PILARES DA DEMOCRACIA
MATARAM A PLURALIDADE DE OPNIÃO
E O DIREITO AO CONTROLE SOCIAL
DA COISA PÚBLICA, PILARES DA DEMOCRACIA
É repugnante ver a cobertura da imprensa local, como se esse fosse mais um fato isolado e de desajuste psico-social. Pouco ou nada se fala do cenário político e social que envolve esta morte. É sabido que a imprensa majoritária estadual e regional não tem qualquer compromisso orgânico e histórico com a democratização da noticia e dos fatos jornalísticos. Não tem qualquer função social em defesa do bem comum, e é movida apenas pelos interesses privados de seus lucros e dos seus anunciantes. Por origem e base social das famílias de seus proprietários, a mídia oficial tem incapacidade de gestar processo plural e democrático, por isso é alma gêmea das novas e velhas oligarquias políticas e econômicas regionais, e para tanto se faz monopolista, perfeita coveira do debate democrático, do jornalismo investigativo e da pluralidade de opinião!
Porem o mais preocupante nos parece são os partidos políticos: o quê estes tem a dizer neste momento de luto e de luta? O silêncio da classe política diante da morte de uma personagem política tão destemida é reveladora da podridão e dos constrangimentos que a ideologia do terror impõe, aos sem rabo preso, aos do contra, e aos políticos em geral. Precisamos saber como se portarão partidos e políticos eleitos neste momento para a apuração dos fatos, e na véspera de alianças eleitorais e financiamentos de campanha?
AVISO:
Esta mensagem não trata-se de uma homenagem ao Hamilton Alexandre, popular blogueiro do Tijoladas do Mosquito, integrante da Novembrada de 1979, um legítimo companheiro dos contras. Todos sabemos que Mosquito não queria homenagens, mas sim manifestações contra, por isso suas tijoladas eram contra: Contra à Corrupção; Contra a Privatização e Destruição do Patrimônio Público; Contra a Destruição da Natureza; Contra a Falta de Ética na Política; Contra o Pensamento Único! Por isso esta mensagem é uma simples...
Tijolada, Manifesto e Denúncia Pública das perseguições e da morte anunciada pela própria vitima!
Vejam o que Hamilton Alexandre/Mosquito escreveu a menos de duas semanas atrás:
“O blog Tijoladas acabou para eu continuar vivo. Não é uma capitulação. Não mudei meu modo de pensar. Não mudei minhas convicções.” Informação postada no seu Blog, no dia 30 de novembro de 2011; “Estou com medo da justiça de Santa Catarina.” e “Promotor pede minha prisão em flagrante em audiência na 3ª vara criminal da Capital e juiza decreta a mesma.” Postadas no dia 28 de novembro de 2011
Todos na região sabíamos das denuncias envolvendo LHS, Marcondes de Matos, a família Sirotski, Berger e Pavan, os recentes escândalos da ALESC, da AFLOV, os episódios da Hantei/Ponta do Coral, das Eleições da UFSC... Todos sabíamos das perseguições e da morte acima anunciada: sabiam os pauteiros dos jornalecos e jornalões; sabiam os blogueiros, ancoras e os bocas-pagas de plantão; sabiam os empreiteiros, vereadores, prefeitos, governador e deputados da região; sabia o padre, o pastor, o pai de santo, o delegado, o promotor e seu patrão; sabiam também as prostitutas e seus clientes de contramão; sabia até a justiça que cega nossa razão; mas antes sabiam e assim queriam muitas “vitimas de suas tijoladas sem compaixão”, pois este mosquito abnegado ainda picaria mais de um milhão, por isso era sabido que os coveiros lhe espreitavam nos fóruns, nas galerias e multidão, mas covardemente montaram e criaram as condições para a cena sórdida da solidão, sem testemunho aos seus últimos suspiros de resistência e indignação, para assim confundir a opinião do povo e esconder o verdadeiro motivo da linchação pública que vinha sofrendo, onde este homicídio monstruoso suicídio-enganação, é parte ativa da covardia de quem criminaliza e rotula de radical o desejo pleno de querer ser cidadão. Por estes fatos, agora sobre estas cabeças recaem nosso desejo de justiça na apuração exemplar deste caso concreto, neste cenário de terror psico-social e ódio que estão submetidos os movimentos sociais e apoiadores na região. Nem uma família poderá dormir sossegada sem que se exponham todas as versões e fatos desta morte anunciada! Mataram o Mosquito, mas saibam que seu legado segue vivo nos demais militantes sociais, homens e mulheres livres, jovens e idosos esperançosos de justiça, fraternidade e união dos excluídos.
EM DEFESA DA VIDA DIGNA E DA CIDANANIA PLENA!!
NÃO À IDEOLOGIA DO TERROR E AO TERROR COMO IDEOLOGIA!!
- A quem interessa a criminalização dos movimentos e de lideranças populares e sindicais?
- A quem interessa o monopólio da mídia e da crítica jornalistica?
- A quem interessa os profetas do pensamento único, redatores, colunistas e jornalistas maniqueístas que propagandeiam e rotulam que tudo que não é do desejo de seu patrão e anunciante, é contra aos interesses públicos?
Até onde essa prática ante democrática destes senhores não criaram e contribuíram para o cenário desta violência e morte do Hamilton Alexandre/Mosquito?
ATÉ QUANDO VAMOS ESPERAR QUE AS COISAS MUDEM?
Basta, queremos justiça! Apuração profunda e cautelosa, por isso se exige que nada poderá ser precipitado neste processo de investigação, das causas e circunstancias políticas e sociais, que culminaram com a morte de Hamilton Alexandre, destemido militante social e homem público, personagem da política regional e promotor de sérias denuncias de corrupção ativa e passivas de agentes públicos e privados!!
Chega de Criminalização dos Movimentos!
Florianópolis, 13 de Dezembro de 2011
Saudações democráticas aos homens e mulheres livres e defensores do direito à vida plena para todos e todas!
*Ci Ribeiro é arquiteto e militante da reforma urbana membro da Camara Setorial de Meio Ambiente e Saneamento do FORUM DA CIDADE
DESPERTAR É PRECISO
Vladimir Maiakóvski
“Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.”
Vladimir Maiakóvski
“Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.”
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