19.12.11

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Filhote de bem-te-vi. Fotos: Celso Martins

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M O S Q U I T O

Missa de sétimo dia


A família de Amilton Alexandre convida para a missa de sétimo por seu falecimento, a se realizar nesta segunda-feira (19.12), às 19 horas, na igreja de Nossa Senhora de Fátima, junto à praça de mesmo nome, no bairro do Estreito (Florianópolis-SC).

Confira abaixo um texto de Emanuel Medeiros Vieira sobre o falecido.

As fotos que acompanham a presente postagem foram feitas na tarde deste domingo (18.12) na praça Getúlio Vargas (Santo Antônio de Lisboa). O filhote de bem-te-vi caiu do ninho e permaneceu no chão, acossado por outros pássaros, gritando desesperadamente pelos pais. Mais foi recolocado próximo ao ninho, onde poderia receber a atenção dos pais.



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DEPRESSÃO, SOLIDÃO
E OUTROS TEMAS
NÃO NATALINOS.
(NÃO?)



Por Emanuel Medeiros Vieira


EM MEMÓRIA DO MEU QUERIDO AMIGO AMILTON ALEXANDRE (“MOSQUITO”)

“A solidão não é viver só, a solidão é não sermos capazes de fazer
companhia a alguém ou a alguma coisa que está dentro de nós”.
(José Saramago)



A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a depressão como de caráter pandêmico, acreditando que existam hoje 240 milhões de pessoas que são portadoras deste transtorno no mundo todo.

Muitos consideram que alguns eventos da vida, como a solidão, o medo e a ansiedade, o excesso de informações, a carência de tempo, sejam algumas das causas para o elevado número de deprimidos e dos portadores da síndrome do pânico.

Em outros textos, tenho me referido à absolutização dos valores mercantis, à alienação, ao individualismo, à crença na juventude eterna, a falta de valores consistentes além do verbo comprar, como elementos da vida em sociedade nos dias de hoje, no qual valemos apenas pelo número do nosso cartão de crédito.

Quero ir um pouco mais além.

Andrew Solomon – em sua densa obra “O Demônio do Meio-Dia – Uma Anatomia Da Depressão” – lembra que há duas modalidades importantes de tratamento da depressão: as terapias da fala, que lidam com palavras, e terapias de intervenção física, que incluem os cuidados farmacológicos e os eletrochoques ou terapia eletroconvulsiva (TEC).

Quero me deter na terapia da fala.

As terapias da fala saem da psicanálise, “que por sua tem origem no ritual de expor os pensamentos perigosos oralmente”, formalizado inicialmente pela doutrina confessional da Igreja”.
Segundo o autor, a psicanálise é uma forma de tratamento, na qual técnicas específicas são usadas para desenterrar um trauma que desencadeou uma neurose.

Parece moda, falar mal de Freud, mas, descobrindo o inconsciente (o “saber que não se sabe”), ele abriu um caminho ou uma fonte no qual a maioria foi beber, e precisa beber.

O modelo freudiano – nas palavras de T.M. Luhrmann, “uma visão da complexidade humana, da profundidade, uma forte exigência de luta contras as recusas próprias de cada um, e um respeito pelas dificuldades da vida humana.”

Podemos reconhecer – lembra Solomon – APENAS UM PEQUENO FRAGMENTO DOS NOSSSOS ÍMPETOS E UM FRAGMENTO AINDA MENOR DOS ÍMPETOS DE OUTRAS PESSOAS.

Por muitos anos, falar sobre a depressão era a melhor cura. Ainda é uma cura.

“Tome nota” – escreveu Virginia Woolf em “Os Anos” – e “a dor vai embora”.

O que se busca é uma luz para a existência de cada um se tornar melhor – além das ancestralidades dolorosas, da hereditariedade, e de um modelo imposto que vampiriza os nossos mais generosos projetos, amesquinhando quase tudo ao nosso redor.

E que, cada um à sua maneira, vá aprendendo – no luto e na dor – a lidar com perdas.

Pois para todos – cultos, fúteis, deslumbrados, egoístas ou generosos – chegará o momento da Revelação. Ninguém escapa.


PS: Desejo aos pacientes leitores, um presente ótimo, um futuro melhor ainda, e que possamos sempre sorrir do Tempo – Senhor dos nossos dias.
Apesar de tudo, a vida é o valor maior: um luminoso 2012!
Se Deus Quiser, estarei de volta em fevereiro.


(Salvador, dezembro de 2011)

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