15.4.11

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Planeta Terra


HÁ SALVAÇÃO?

(Meditações sobre o Planeta, o Programa
Nuclear brasileiro e a Campanha da Fraternidade)


Por Emanuel Medeiros Vieira

Pense na Terra, como um organismo vivo que está sendo atacado por milhões de bactérias cujo número dobra a cada 40 anos. Ou morre o hospedeiro, ou morre o invasor, ou morrem os dois.” (Gore Vidal)


A batalha não é fácil.

Os que lutam pela vida e pelo planeta estão acostumado às ironias, aos achincalhes, muitos deles veiculados em grandes jornais e revistas nacionais.

Não importa. Não nascemos para passear.

“No mundo, tereis aflições”: é bíblico.

Mosaccio já dizia que “a Natureza é o guia supremo de todos os mestres. Quem não se guia por ela labuta em vão.”

O que fazer?

O que aconteceu no Japão não pode nos deixar indiferentes.

“O acidente de Fukushima deixa claro: quando se trata de energia nuclear, não há segurança nem transparência suficiente”, argumenta Rebeca Lere.
“É preciso pressionar o governo brasileiro a seguir o exemplo da Alemanha e da China, que estabeleceram moratória aos projetos nucleares em seus países por conta do desastre no Japão “, insiste a ativista, fazendo coro às nossas vozes.

É preciso lembrar que o Programa Nuclear Brasileiro, criado durante a ditadura militar, é caro, inseguro e protegido por leis de sigilo.

Como observa André Amaral, a forma como o programa é gerenciado demonstra extrema falta de respeito e de responsabilidade com a população. Quanto mais dinheiro público for investido nessa tecnologia, maiores serão os ricos para todos os brasileiros.

As lembranças da catástrofe de Tchernobil (outras pessoas grafam a palavra de outra forma; está é a adotada por José Goldemberg, físico da USP), na Ucrânia, em 1986, haviam sido esquecidas, e a indústria nuclear passou a imagem de que reatores eram imunes a acidentes.

Como esclareceu José Goldemberb, o desastre de Fukushima sepultou estas ilusões: “reatores são perigosos, e os ricos decorrentes são imediatos.” (...)

O Brasil, como lembrou o professor, tem várias opções melhores que energia nuclear, como a eólica.

“Expandir a construção de reatores nucleares não é solução, mas fonte de problema”, arrematou Goldemberg.

CAMPANHADA FRATERNIDADE

Desde 1964, os cristãos brasileiros celebram a Campanha da Fraternidade no período da Quaresma. É tempo de oração, de olhar e agir para o próximo.

Este ano, a campanha tem por tema a “fraternidade e a vida no planeta” (tema muito adequado às nossas preocupações e à essência deste texto).

Como ressalta Dom Orani, Arcebispo do Rio de Janeiro, a campanha “questiona a nossa vida e nossas opções”.

“A criação geme em dores de parto” (Romanos, 8,22).

A primeira vez que a Campanha da Fraternidade se dedicou ao tema da ecologia foi em 1979, com o lema “Preserve o que é de todos”.

Em 202, a ela alertou sobre a Amazônia; dois anos depois, tratou da questão da água; e a campanha de 2007 discutiu o tema “Fraternidade e os povos Indígenas”

É a primeira vez na história que enfrentamos o risco do mundo inteiro entrar em colapso.

“O argumento de que as mudanças climáticas que estamos presenciando hoje sejam apenas naturais é simplesmente ridículo.

As evidências deque tais mudanças se devem a causas humanas são irrefutáveis. Os anos mais quentes registrados em centenas de anos se concentram nos últimos cinco que passaram

Continuaremos travando o bom combate.

Difícil? Sim. Ele é, pecuniariamente, desproporcional aos poderosíssimos interesses econômicos e aos podres poderes. Mas dificuldades nunca foram motivo de desistência para os homens de bem e de boa vontade, e que saem dos seus casulos em prol da humanidade.

Como diz o poeta, “só o sonho é inteiro;/indivisível e único/nos tornando vários.”

EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
(SALVADOR, MARÇO DE 2011)

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