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Mosquito em ação com seu laptop na Beira-Mar. Foto: Celso Martins
Morte de Amilton Alexandre é
investigada em inquérito policial
investigada em inquérito policial
A morte do blogueiro Amilton Alexandre, o Mosquito, começa a repercutir, com o envolvimento direto do secretário da Segurança Pública, Cesar Grubba, que vai acompanhar de perto o inquérito policial. Confira os depoimentos do jornalista Celso Martins e do advogado João Manoel do Nascimento.
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Muska, o paladino malcriado
Por Celso Martins
Por Celso Martins
Conheci Amilton Alexandre quando ele ganhou o apelido de Mosquito no final do anos 1970, na UFSC, fazendo o curso de Administração e metido no movimento estudantil, presente em todas as festas, luaus e carnavais. De Joinville, no início da década seguinte, acompanhei de longe o bar Havana na rua Saldanha Marinho (Centro). Fui reencontrá-lo efetivamente nas jornadas de protestos dos estudantes contra os aumentos dos coletivos em 2005-2006, alçando-se a líder num primeiro momento e mero participante depois.
Mosquito também esteve ao lado do candidato Francisco de Assis na sucessão de Angela Amin, contra o então ex-prefeito de São José Dário Berger. Na eleição seguinte se alinhou com Esperidião Amin, também contra Berger. Mais tarde integrou o Movimento em Defesa das Baías de Florianópolis, contra a implantação do estaleiro da OSX.
Por esse tempo, quando abriu o blog Tijoladas, veio falar comigo. Disse a ele que a linha de denúncia pretendida precisava ser sustentável, baseada em provas, depoimentos, elementos materiais comprobatórios de qualquer acusação. Como o jornalista Sérgio Rubim faz hoje com muita propriedade e competência. Na ocasião ele esteve aqui em Sambaqui, almoçou, depois caminhou pela Ponta e foi embora. Dias depois o Tijoladas se tornou conhecido por ser o Tijoladas: linguagem violenta e agressiva, usada por um aguerrido paladino da moralidade, atirando para todos os lados, sobretudo na direção de petistas, ex-comunistas e ex-pemedebistas, como Vilson Rosalino, Márcio de Souza e Édison Andrino, além do próprio Berger, jornalistas renomados e a família de um empresário da comunicação.
Tudo isso provocou milhares de acessos e travou provedores, tornando o mais tarde jornalista Amilton Alexandre, com registro no Ministério do Trabalho, mais conhecido que tainha e vento sul. Famoso e acumulando processos, mais de três dezenas, por todos quantos se sentiram de alguma forma ofendidos pelas investidas do oleiro das palavras. Assumi sua defesa em algumas ocasiões, baseado naquele princípio de que não concordava com a forma como ele fazia a coisa, mas achava que tinha o direito de se manifestar.
É irresistível a tentação em descrer que ele tenha se auto-passado. Somos levados por um impulso inominado a crer na mão dolosa de outrem a arriar a corda no pescoço do Mosquito. Se porventura o sinistro laço foi por ele obrado e ajeitado, isso tem relação direta com a forte pressão a que vivia submetido por conta de denúncias formuladas, com ou sem fundamento.
Há também um componente nisso tudo: acolitado pelo judiciário, se esgueirando dos oficiais de Justiça, procurando evitar certos ambientes e personagens, mal ganhando para o gasto diário, se viu em certo momento abandonado por aqueles que, lá embaixo, costumam gritar “pula! pula!” ao aspirante a se atirar do alto de um prédio. Os mesmos que incensam, instigam, sempre “inticando”, mandando o outro fazer primeiro, mas sempre mantendo a mão (e o nome) longe da cumbuca. O Mosquito foi envolvido por uma corriola do gênero, encarregada de fornecer meias denúncias, informações pela metade, armadilhas sutis. “Bota que eu garanto!”, e ele punha, escancarada e malcriadamente.
Novo no ramo, mas querendo ser jornalista, e de fato tinha um faro (raro) de repórter, um raciocínio rápido, conhecimento técnico em Administração e certa erudição, lhe faltou a experiência para saber que o tapinha nas costas de hoje é a senha do tabefe na face mais tarde. E foi dessa forma que nosso fraternal Mosquito se viu apoiado por meia dúzia de sinceros e evitado pelas dezenas de integrantes das maltas da maledicência. Os mesmos que nesses momentos podem estar brindando com taça nos ambientes de “vítimas” ou “alvos” do Mosquito.
Que Deus o tenha. Que São João Maria proteja sua alma. Que os anjos o recebam com trombetas no lugar dos puros de coração.
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Mosquito em ato contra o estaleiro da OSX,
novembro de 2010, avenida Beira-Mar Norte,
Florianópolis-SC. Foto: Celso Martins.
novembro de 2010, avenida Beira-Mar Norte,
Florianópolis-SC. Foto: Celso Martins.
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O “MOSQUITO”
NÃO PODE MORRER!
Por João Manoel do Nascimento*
O “MOSQUITO”
NÃO PODE MORRER!
Por João Manoel do Nascimento*
Estou meio desnorteado com a notícia da morte do blogueiro Amilton Alexandre no dia de hoje, 13/12/2011. Suicídio? Eu não acredito! O Mosquito sabia muito podre de muita gente. Ele foi o responsável por tornar pública muita sujeira de muitos poderosos.
Certamente ele não era um herói.
Nunca fui um fã de seu método meio “wikileaks” de denunciar escancaradamente e sem limites tudo que tomava conhecimento, mas seria extremamente injusto se eu não reconhecesse o quanto ele foi corajoso em sempre publicar na internet a podridão na qual vivemos atualmente.
É verdade que ele era polêmico, muitas vezes ofensivo, mal educado e até irresponsável, porém, sem dúvida, ele prestava um relevante serviço à sociedade catarinense, pois não permitia que verdades incômodas fossem ocultadas, não hesitava diante de indícios e tornou impossível que alguns episódios não fossem ao menos investigados.
Se a sensação de impunidade nos ilícitos e nos atos de improbidade por ele revelados ainda remanesce, a culpa é do “sistema” (que existe para nos enganar, os otários e honestos). No seu modus operandi, o que importava era que os fatos criminosos eram trazidos ao conhecimento público.
É triste ver um aguerrido defensor de Florianópolis deixar esta vida de maneira tão abrupta. Todos aqueles que nada têm a esconder estão de luto e todos aqueles que o temiam estão em festa.
Que o “Mosquito original” faleceu, eu posso até me acostumar (depois de uma investigação policial profunda), o que eu não admito é que o “Mosquito” que existe em todos nós que lutamos por um mundo melhor também morra.
Viva a verdade!
Adeus Mosquito.
*João Manoel do Nascimento é advogado e líder comunitário em Florianópolis.
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Um comentário:
Celso, é o Zé que escreve...
sempre acompanhei o blog do tijoladas e hj posso afimar...
a censura venceu...
venceu em chapecó
venceu contra o amilton
e muitos outros casos por esse pais a fora...
agora, cade os "caras pintadas"? cade a turma das "diretas"?
os bons estão se calando?
abraços
zé
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