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Sessão Viking
OLSEN Jr. EM
DOSE DUPLA
Sessão Viking
OLSEN Jr. EM
DOSE DUPLA
Olá, camaradas, salve!
Estou "curtindo" um ócio "merecido"... Lendo, bebendo, vadiando...
Por isso as crônicas são extraídas do meu próximo livro a sair em junho (se o Patrão lá da última envernada - como diria o meu pai - permitir)...
Assim, vamos pondo em dia o texto com a semana...
Um abração e o carinho de sempre do poeta!
Estou "curtindo" um ócio "merecido"... Lendo, bebendo, vadiando...
Por isso as crônicas são extraídas do meu próximo livro a sair em junho (se o Patrão lá da última envernada - como diria o meu pai - permitir)...
Assim, vamos pondo em dia o texto com a semana...
Um abração e o carinho de sempre do poeta!
*
Então ela me disse: "Estou com 50 anos"... permaneci esperando pela conclusão, ela continuou "no começo fiquei deprimida"... veja o lado positivo, afirmei, para acrescentar um pouco de humor na história, com esta idade o poeta Álvares de Azevedo já estava morto há 29 anos, Casimiro de Abreu há 27, Castro Alves há 26, Jules Laforgue há 23, Garcia Lorca há 23... rimos um pouco daquele consolo cronológico e começamos a lembrar de outros que haviam morrido na casa dos 30 anos: Cesário Verde 31, Arthur Rimbaud 37, Fagundes Varela 34, Alexandre Pushkin 38, Dylan Thomas 39, Cruz e Sousa 35, Antônio Nobre 33, Augusto dos Anjos 30, Maiakovski 36... gostamos da brincadeira e continuamos com aquele exercício, até para não pensar em nossas respectivas idades e com o que estávamos fazendo com ela.
A casa dos 40 tinha sido a pior, eu pretendia sair inteiro dela, lembrei: Gonçalves Dias morreu com 41 anos, Gerard Nerval 47, Alex Felix Arvers 44, Charles Baudelaire 46, Albert Camus 47, Scott Fitzgerald 44, Franz Kafka 41, D.W. Lawrence 45, Antônio Maria 43, Edgar Allan Poe 40, Robert Louis Stevenson 44, Oscar Wilde 46, Anton Tchecov 44, Gogol 43, Glenn Müller 40, Alfred de Musset 47... cansamos.
Na verdade, "puxar pela memória" como diria minha avó, além de exaustivo, era também um aproximar-se de um encontro que procurávamos adiar, isto é, encarar de frente a nossa própria vida, o que tínhamos feito com ela, um comparativo com tudo o que havíamos planejado quando decidimos "ser" escritores e com o que, de fato, tínhamos conseguido com aquele planejamento. Não deixa de ser frustrante. Real, mas frustrante. Ou talvez, frustrante porque era real, enfim, estávamos ali, olhando um para o outro sem saber o que fazer com os 50 anos dela e os 48 meus.
De qualquer maneira, ela afirma "já não me incomodo mais, assumo o que sou e o que tenho"... é um bom começo, fiquei imaginando, porque nunca tinha parado para pensar naquilo. Aí, ela lembrou "não serve muito de consolo saber que com a minha idade, Jack London já estava morto há dez anos, até porque não fui eu quem escreveu "A Paixão de Martin Eden"... e nem eu, acrescento, ter a consciência de que com a minha idade John Lennon já estava morto há oito anos, porque nunca vou ser um beatle... fizemos pouco de nossa espirituosidade e, acredito, a conversa nos fez bem, porque ela estava rindo quando foi embora.
A expressão aí em cima (denotando indignação) foi do político mineiro Francelino Pereira, posteriormente, foi título de um livro de humor do Millôr Fernandes, e em seguida, título de um livro de poemas de Afonso Romana de Sant'Anna, também , música do Legião Urbana. Do discurso político passando pelo humor, pela poesia e pela música, estava faltando a crônica, êi-la então.
Ouço no rádio do Hägar (é um poderoso "gol mil" que me leva a todos os bares, quero dizer, lugares) fiel escudeiro, uma conclamação para o "Chevrolet test drive show". Se não conhecesse o alcance do aparelho, poderia supor que estivesse no Estados Unidos ouvindo um programa em edição bilíngüe. Mais tarde, leio no "Estado de S. Paulo" que o SP Fashion Week foi um tremendo sucesso. Na semana anterior, o governador do Estado de Santa Catarina, LHS, na praia da Vila, em Imbituba, para quem quisesse ouvir, havia garantido mais uma etapa do WCT-World Championship Tour de surfe, nem vou comentar o campeonato irmão Hang Loose Pro Contest.
Tem um restaurante aqui perto de casa que serve uma comida mal feita e insossa a qual dá o nome pretensioso de fast food, também, se você preferir comê-la em casa, o serviço de entrega do boçal chama- se delivery. Para quem pretende trabalhar no local, o proprietário exige que faça um test drive porque, segundo se soube, cansou de ser autuado por motoristas inabilitados. Nos finais de semana, oferece uma oportunidade para os clientes virtuosos da música, numa reunião a qual se deu o nome singelo de jam session. Está claro que tudo é planejado, adrede, num prazo limite conhecido na intimidade como dead line, e por tudo isso, os garçons têm o maior orgulho do que fazem, são legítimos work class hero.
A universidade tem dado a sua contribuição na área, porque lá não se escrevem artigos, mas sim, papers... Mas é outra história. O que é bom lembrar, ou não é demais fazê-lo, é que um idioma como o nosso, que consegue arrolar mais de cem sinônimos para a palavra dinheiro, mais de 200 para a palavra imbecil e mais de 300 para prostituta, não deveria submeter-se assim a uma língua estrangeira que resolve tudo com apenas 50 mil vocábulos. Somente uma ignorância apropriada pelo imaginário coletivo permite que se gaste tanto, em tamanha permissividade, para se obter tão pouco, it's not true?.
Amanhã seremos um deles (*)
Por Olsen Jr.
Por Olsen Jr.
Então ela me disse: "Estou com 50 anos"... permaneci esperando pela conclusão, ela continuou "no começo fiquei deprimida"... veja o lado positivo, afirmei, para acrescentar um pouco de humor na história, com esta idade o poeta Álvares de Azevedo já estava morto há 29 anos, Casimiro de Abreu há 27, Castro Alves há 26, Jules Laforgue há 23, Garcia Lorca há 23... rimos um pouco daquele consolo cronológico e começamos a lembrar de outros que haviam morrido na casa dos 30 anos: Cesário Verde 31, Arthur Rimbaud 37, Fagundes Varela 34, Alexandre Pushkin 38, Dylan Thomas 39, Cruz e Sousa 35, Antônio Nobre 33, Augusto dos Anjos 30, Maiakovski 36... gostamos da brincadeira e continuamos com aquele exercício, até para não pensar em nossas respectivas idades e com o que estávamos fazendo com ela.
A casa dos 40 tinha sido a pior, eu pretendia sair inteiro dela, lembrei: Gonçalves Dias morreu com 41 anos, Gerard Nerval 47, Alex Felix Arvers 44, Charles Baudelaire 46, Albert Camus 47, Scott Fitzgerald 44, Franz Kafka 41, D.W. Lawrence 45, Antônio Maria 43, Edgar Allan Poe 40, Robert Louis Stevenson 44, Oscar Wilde 46, Anton Tchecov 44, Gogol 43, Glenn Müller 40, Alfred de Musset 47... cansamos.
Na verdade, "puxar pela memória" como diria minha avó, além de exaustivo, era também um aproximar-se de um encontro que procurávamos adiar, isto é, encarar de frente a nossa própria vida, o que tínhamos feito com ela, um comparativo com tudo o que havíamos planejado quando decidimos "ser" escritores e com o que, de fato, tínhamos conseguido com aquele planejamento. Não deixa de ser frustrante. Real, mas frustrante. Ou talvez, frustrante porque era real, enfim, estávamos ali, olhando um para o outro sem saber o que fazer com os 50 anos dela e os 48 meus.
De qualquer maneira, ela afirma "já não me incomodo mais, assumo o que sou e o que tenho"... é um bom começo, fiquei imaginando, porque nunca tinha parado para pensar naquilo. Aí, ela lembrou "não serve muito de consolo saber que com a minha idade, Jack London já estava morto há dez anos, até porque não fui eu quem escreveu "A Paixão de Martin Eden"... e nem eu, acrescento, ter a consciência de que com a minha idade John Lennon já estava morto há oito anos, porque nunca vou ser um beatle... fizemos pouco de nossa espirituosidade e, acredito, a conversa nos fez bem, porque ela estava rindo quando foi embora.
(*) Uma palhinha do livro “Tu Viverás Também”, a sair em junho.
*
"Que país é este?" (*)
Por Olsen Jr.
"Que país é este?" (*)
Por Olsen Jr.
A expressão aí em cima (denotando indignação) foi do político mineiro Francelino Pereira, posteriormente, foi título de um livro de humor do Millôr Fernandes, e em seguida, título de um livro de poemas de Afonso Romana de Sant'Anna, também , música do Legião Urbana. Do discurso político passando pelo humor, pela poesia e pela música, estava faltando a crônica, êi-la então.
Ouço no rádio do Hägar (é um poderoso "gol mil" que me leva a todos os bares, quero dizer, lugares) fiel escudeiro, uma conclamação para o "Chevrolet test drive show". Se não conhecesse o alcance do aparelho, poderia supor que estivesse no Estados Unidos ouvindo um programa em edição bilíngüe. Mais tarde, leio no "Estado de S. Paulo" que o SP Fashion Week foi um tremendo sucesso. Na semana anterior, o governador do Estado de Santa Catarina, LHS, na praia da Vila, em Imbituba, para quem quisesse ouvir, havia garantido mais uma etapa do WCT-World Championship Tour de surfe, nem vou comentar o campeonato irmão Hang Loose Pro Contest.
Tem um restaurante aqui perto de casa que serve uma comida mal feita e insossa a qual dá o nome pretensioso de fast food, também, se você preferir comê-la em casa, o serviço de entrega do boçal chama- se delivery. Para quem pretende trabalhar no local, o proprietário exige que faça um test drive porque, segundo se soube, cansou de ser autuado por motoristas inabilitados. Nos finais de semana, oferece uma oportunidade para os clientes virtuosos da música, numa reunião a qual se deu o nome singelo de jam session. Está claro que tudo é planejado, adrede, num prazo limite conhecido na intimidade como dead line, e por tudo isso, os garçons têm o maior orgulho do que fazem, são legítimos work class hero.
A universidade tem dado a sua contribuição na área, porque lá não se escrevem artigos, mas sim, papers... Mas é outra história. O que é bom lembrar, ou não é demais fazê-lo, é que um idioma como o nosso, que consegue arrolar mais de cem sinônimos para a palavra dinheiro, mais de 200 para a palavra imbecil e mais de 300 para prostituta, não deveria submeter-se assim a uma língua estrangeira que resolve tudo com apenas 50 mil vocábulos. Somente uma ignorância apropriada pelo imaginário coletivo permite que se gaste tanto, em tamanha permissividade, para se obter tão pouco, it's not true?.
(*) – Outra “palhinha” do livro de crônicas “Tu Viverás Também”
com edição prevista para o mês de junho.
com edição prevista para o mês de junho.
Um comentário:
Celso, meu caro, salve!
Você está - de quando em vez, digamos assim - me pregando surpresas... Agradáveis, acrescente-se, como esta de hoje...
Grato, como sempre, solidário, igualmente, o abração do poeta, que nós entendemos...
Até!
Olsen Jr.
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