15.8.11

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A escolha do nome

(Olsen Jr.)
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Alento aos desolados com a Igreja
(L. Boff)
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Agendão:
Geografia, Yara canta Poweel,
Damião no Círculo, Dinos na Kibelândia


Santo Antônio de Lisboa em julho de 2011. Foto: Celso Martins

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A ESCOLHA DO NOME


Por Olsen Jr.

Escolher um nome para um lugar público sempre enseja dificuldades. Depois de pronto parece simples, mas até se chegar lá, muito “campo precisa ser queimado” como dizem no Sul. Claro está que se precisa de arte, de conhecimentos extraídos do marketing, da sociologia e isso envolve a intuição e o comportamento e por trás de tudo, naturalmente, a credibilidade de quem se propõe em tentar o empreendimento.

Tem situações que se tornam hilariantes, talvez pela falta de propósito ou então, como sugerem os nativos aqui na Lagoa da Conceição, “era só pra inticar mesmo”. Lembro de um bar que abriu na região e começou mal. O proprietário deu o nome do estabelecimento de “Bar McMané” e como se não bastasse ainda, copiou o logotipo da poderosa cadeia de lanchonetes “McDonald’s”... Teve de fechar em menos de um mês...

Um caso singular, entretanto, aconteceu com um cidadão que saiu de Chapecó para tentar a vida nos Estados Unidos. Ele era alfaiate, e dos bons. Acreditou que podia triunfar na terra do “Tio Sam” e depois de muito relutar, finalmente pôs os pés na estrada. O que assistimos foi comunicado através de cartas (na época – década de 1960 – não havia internet) e foi uma questão de adaptação à nova cultura, mas não deixou de ser motivo de muita graça entre os amigos que acompanharam tudo de longe.

Denominar o seu estabelecimento de “Tailor’s Shop” (alfaiataria) parecia demasiadamente comum, ele optou por combinar algo de origem francesa com o seu nome de batismo. Todos o conheciam pelo nome de “Piva” e mandou fazer a placa “Pivas’s Atelier”...

Logo percebeu que nos EUA tudo parecia ser diferente. Os primeiros clientes começaram a chamá-lo de “Mr. Paiva”... “Mr. Paiva pra cá e Mr. Paiva pra lá...” Acreditando que aquela nova nomenclatura poderia ser um sinal de futuro êxito, não teve dúvidas, mandou alterar a placa para “Paiva’s Atelier”...

Para sua surpresa, a par de novos clientes, começou a cansar de ouvir “Mr. Peiva” e tudo se repetiu com “Mr. Peiva pra cá e Mr. Peiva pra lá”... Pensou que era um novo indicativo de mudança para melhor e não hesitou, pediu para se confeccionar outra placa, deixando como “Peiva’s Atelier”...

E não demorou em ouvir o que sempre pretendeu, pelo menos quando chegou o seu nome de batismo claramente pronunciado, desta vez com indelével sotaque ianque, “Mr. Piva”... Supondo que era tudo uma questão de adaptação mesmo, instalou nova placa “Pivas’s Atelier” e tudo recomeçou... Paiva, Peiva, Piva... Cansado daquela busca, decidiu tirar o seu nome da placa e deixou simplesmente “Tailor’s Atelier” (atelier do alfaiate)...

Não fosse a mulher, teria desistido do negócio nos “Steits” quando o primeiro cliente (depois da instalação da nova placa) o chamou de “Mr. Tailor”...

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Alento aos
desolados
com a Igreja


Por Leonardo Boff*

Atualmente há muita desolação com referência à Igreja Católica institucional. Verifica-se uma dupla emigração: uma exterior, pessoas que abandonam concretamente a Igreja e outra interior, as que permanecem nela mas não a sentem mais como um lar espiritual. Continuam a crer apesar da Igreja.

E não é para menos. O atual Papa tomou algumas iniciativas radicais que dividiram o corpo eclesial. Assumiu uma rota de confronto com dois importantes episcopados, o alemão e francês, ao introduzir a missa em latim; elaborou uma esdrúxula reconciliação com a Igreja cismática dos seguidores de Lefebvre; esvaziou as principais intuições renovadoras do Concílio Vaticano II, especialmente o ecumenismo, negando, ofensivamente, o título de “Igreja” às demais Igrejas que não sejam a Católica e a Ortodoxa; ainda como Cardeal mostrou-se gravemente leniente com os pedófilos; sua relação para com a AIDs beira os limites da desumanidade. A atual Igreja Católica mergulhou num inverno rigoroso. A base social de apoio ao modelo velhista do atual Papa é constituída por grupos conservadores, mais interessados nas performances mediáticas, na lógica do mercado, do que propor uma mensagem adequada aos graves problemas atuais. Oferecem um “cristianismo-prozac”, apto para anestesiar consciências angustiadas, mas alienado face à humanidade sofredora.

Urge animar estes cristãos em vias de emigração com aquilo que é essencial ao Cristianismo. Seguramente não é a Igreja que não foi objeto da pregação de Jesus. Ele anunciou um sonho, o Reino de Deus, em contraposição com o Reino de César, Reino de Deus que representa uma revolução absoluta das relações desde as individuais até as divinas e cósmicas.

O Cristiansimo compareceu primeiramente na história como movimento e como o caminho de Cristo. Ele é anterior a sua sedimentação nos quatro evangelhos e nas doutrinas. O caráter de caminho espiritual é um tipo de cristianismo que possui seu próprio curso. Geralmente vive à margem e, às vezes, em distância crítica da instituição oficial. Mas nasce e se alimenta do permanente fascínio pela figura e pela mensagem libertária e espiritual de Jesus de Nazaré. Inicialmente tido como “heresia dos Nazarenos” (At 24,5) ou simplesmente “heresia” (At 28,22) no sentido de “grupelho”, o Cristianismo foi lentamente ganhando autonomia até seus seguidores, nos Atos dos Apóstolos (11,36), serem chamados de “cristãos.”

O movimento de Jesus certamente é a força mais vigorosa do Cristianismo, mais que as Igrejas, por não estar enquadrado nas instituições ou aprisionado em doutrinas e dogmas. É composto por todo tipo de gente, das mais variadas culturas e tradições, até por agnósticos e ateus que se deixam tocar pela figura corajosa de Jesus, pelo sonho que anunciou, um Reino de amor e de liberdade, por sua ética de amor incondicional, especialmente aos pobres e aos oprimidos e pela forma como assumiu o drama humano, no meio de humilhações, torturas e da execução na cruz. Apresentou uma imagem de Deus tão íntima e amiga da vida, que é difícil furtar-se a ela até por quem não crê em Deus. Muitos chegam a dizer: “se existe um Deus, este deve ser aquele que traz os traços do Deus de Jesus”.

Esse cristianismo como caminho espiritual é o que realmente conta. No entanto, de movimento, ele muito cedo ganhou a forma de instituição religiosa com vários modos de organização. Em seu seio se elaboraram as várias interpretações da figura de Jesus que se transformaram em doutrinas e foram recolhidas pelos atuais evangelhos. As igrejas, ao assumirem caráter institucional, estabeleceram critérios de pertença e de exclusão, doutrinas como referência identitária e ritos próprios de celebrar. Quem explica tal fenômeno é a sociologia e não a teologia. A instituição sempre vive em tensão com o caminho espiritual. Ótimo quando caminham juntas, mas é raro. O decisivo é, no entanto, o caminho espiritual. Este tem a força de alimentar uma visão espiritual da vida e de animar o sentido da caminhada humana.

O problemátio na Igreja romano-católica é sua pretensão de ser a única verdadeira. O correto é todas as igrejas se reconhecerem mutuamente, pois todas revelam dimensões diferentes e complementares do Nazareno. O importante é que o cristianismo mantenha seu caráter de caminho espiritual. É ele que pode sustentar a tantos cristãos e cristãs face à mediocridade e à irrelevância em que caiu a Igreja atual.

*Leonardo Boff é teólogo e filósofo. Texto encaminhado pela escritora Urda Alice Klueger.

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A G E N D Ã O


Geografia completa

A Editora Insular e o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina convidam para o lançamento do livro Bibliografia Geográfica de Santa Catarina 1500-1960, escrito pela professora Marly Mira. Será nesta quarta-feira (1.8), às 17 horas, na Casa José Boiteux (av Hercílio Luz, 523, ao lado do Clube 12). O livro tem 464 páginas e custa R$ 56,00.
Trata-se da mais completa bibliografia geográfica já publicada sobre Santa Catarina no perído indicado, com uma precisa e concisa sistematização através de índices que orientam a busca de estudantes, professores, pesquisadores e demais interessados.
A autora - Marly Anna Fortes Bustamante Mira - foi professora da UFSC e é sócia emérita do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.
Contatos: Editora Insular (Rodovia João Paulo, 226). Florianópolis SC, CEP 88030-300. Fone: (48) 3232-9591. E-mail: editora@insular.com.br. Site. Twitter.

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Iara&Powell

"Iara Germer canta Baden Powell" na próxima sexta-feira (19.8), as 21 horas, no café Coisas de Maria João (no novo endereço à rua Conego Serpa em Santo Antônio de Lisboa, em frente ao clube Avante).

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Damião no Círculo

"Queridos Colegas
Por favor, coloquem nas suas agendas. No proximo dia 25, quinta-feira, teremos mais um encontro de Círculo de Leitura, do qual vocês têm sido importantes colaboradores. Teremos como convidado especial o poeta e jornalista Carlos Damião. O encontro iniciará às 18 horas, na Sala
Harry Laus da Biblioteca Universitária. Abraços, Alcides Buss, Coordenador".

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Dinos na Kibelândia

"O encontro dos dinossauros do ex-jornal O Estado no mês de agosto será na Kibelândia, reduto dos jornalistas há muitos anos e que agora abre suas portas para receber nosso grupo.

DATA: Dia 25 de agosto de 2011 (quinta-feira)
HORÁRIO: a partir das 19 horas
ENDEREÇO: Rua Victor Meirelles, nº 98 – Centro de Floripa

ATRAÇÃO ESPECIAL: Bolo dos aniversariantes do mês de agosto - Julieta La Rosa, Denise Christians, Moacir Pereira, Angelita Corrêa, Luciane Grillo, Lena Obst, Heron Domingues, Frank, Adalgisa Frantz, Giovana Kindlein, Ademar Vargas e Eduardo Paredes (Ling-Ling), entre muitos outros dinos que a gente não sabe a data de aniversário, mas que também comemoram no chamado 'mês do cachorro louco'. Você não vai faltar, né?"

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