Panetone/Pizza
Por Emanuel Medeiros Vieira
DESABAFO: “Enquanto não correr sangue esta merda não muda. Temos que criar um grupo de brasileiros patriotas armados e começar a executar esses bandidos, como na China, tiro na nuca, em praça pública, bala cobrada da família. Uma corrupção nesse nível impede a construção de hospitais, escola, casas populares e etc. Esse país ainda vai ser uma nação.”
(De uma mensagem a recebida de Eduardo Barcelos, advogado e ambientalista em Cataguases, Minas Gerais, motivada pelo meu último texto a respeito da podridão e da desenfreada corrupção nos poderes de Brasília, de José Roberto Arruda e sua gangue na Câmara Legislativa, que contaminou todos os poderes.)
SUBESTIMAR A NOSSA INTELIGÊNCIA: Há setores do PT afirmando que o partido não teve mensalão. Foi caixa dois... mensalão é só o dos outros.
Como podem intelectuais, alguns escritores ditos humanistas, defenderem essa posição? “Babam” no Lula como ele fosse um pensador. Ou que tivesse algum escrúpulo (um homem que beijou a mão de Jader Barbalho, defendeu os madeireiros que acabam com a Amazônia, e não quis receber a Comissão de Desaparecidos Políticos, entre outras ignomínias) merece a nossa estima e o nosso respeito?
Ninguém mais lembra de quanto custou o apoio do (extinto) PL – agora o partido dos “bispos” (o PR), o apoio a Lula quando ele se elegeu a primeira vez? Foi R$6 milhões. Lula testemunhou o “acordo” num apartamento da Asa Sul, em Brasília.
São essas pessoas que defendem uma aliança com o PMDB, organicamente fisiológica.
O que se pode esperar do PMDB, nacional e regionalmente? Porque há ditos formadores de opinião, professores, pessoas “informadas” que só sabem elogiar um presidente que odeia a leitura, despreza os intelectuais e debocha dos socialistas? É vocação masoquista?
Essa gente deve padecer da chamada “Síndrome de Estocolmo”, quando, por exemplo, o sequestrado se apaixona pelo sequestrador.
Como é difícil entender a nossa perseverante impunidade, é penoso tentar compreender esse mosoquismo intelectual, essa volúpia pelo sofrimento.
Pensem! Só peço isso! Leiam, por favor, leiam!
E ficam bravos com a gente, enviam mensagens grosseiras e anônimas. Aqui em Brasília, prepondera a hostilidade surda ou a cara feia.
Quando encontro essas pessoas, olho esses poltrões no olhos, não aguentam, baixam os olhos, e eu sigo o meu caminho. Não me preocupa a hostilidade. Mas é duro perceber que pessoas que disseram que combateram ditadura estão se vendendo numa espécie de mercado, por cargos, prebendas , benesses e “bocas”.
Deixo claro que tenho o mais fundo desprezo por tais tipos humanos. Humanos?
Já escrevi nesse espaço: morrerão sem a solidariedade de si mesmas.
O apoio ou a estima dessas pessoas em relação ao que escrevo, seria uma lástima para a minha biografia e para a minha honra pessoal.
Elas mandaram todo o escrúpulo às favas.
“Talvez nem seja o caso de perder tempo com esses panetones retóricos. que nada devem à fabula de Arruda.. A diferença é que a farsa do PT vem recheada com as frutas cristalizadas do stalinismo. Mais relevante é saber porque a esquerda – e qual esquerda – precisa desses ‘bolchebusiness” para ser feliz.” (Fernando de Barros e Silva).
LEMBRANDO: Quando vejo a falta de escrúpulo de deputados distritais e de outras máfias envolvidas com o Arruda em suas falcatruas, lembro-me do que disse Giordano Bruno (1548-1600), antes de ser morto pela Inquisição.
“Que ilusão a minha querer mudar o poder dentro do poder!”.
Nada mais disse porque foi queimado.
(O verbo queimar está sendo usado aqui no sentido literal.)
Não confundam, por favor, a Brasília oficial com a Brasília real.
Essa ignorância ou velhacaria mental tem ocorrido muito!
É ignorância ou má-fé.
Há atos diários (houve uma carreata com quase 500 veículos) contra o Arruda, pedindo o seu afastamento e o de Paulo Octávio (o vice-governador) nos mais diversos locais, como em feiras, nos shoppings, no presépio natalino colocado na Esplanada dos Ministérios, e também apitaços, buzinaços e comícios em frente à casa dos deputados gatunos, que colocaram dinheiro nas meias, na bolsa e fizeram a oração da propina.
O MEGALOMANÍACO: “Copenhague só vai ser o que vai ser porque o nosso querido país teve a coragem de, há um mês, apresentar as metas que apresentamos”.
(Palavras de Lula, num comício em Recife).
VICTOR JARA: Em 4 de dezembro fez 36 anos do assassinato de Victor Jara, pela ditadura chilena de Pinochet e de outros carrascos. O crime foi cometido nos dias que se seguiram ao golpe contra Allende, em setembro de 1973.
Quem se lembra, fora do Chile, deste grande artista e ser humano? Muitos até conhecem o sabonete ou o perfume que Maddona usa ou sabem se a Xuxa anda namorando ou não, mas nada ouviram falar sobre Jara. É uma pena.
No dia 4 de dezembro de 2009, 12 mil pessoas ”enterraram” Victor Jará novamente. A viúva do cantor, diretor e versátil artista, em setembro de 1973, lhe deu sepultura semi-clandestina no Cemitério Geral, acompanhada de 2 pessoas.
Jara foi um dos mais populares personagens do meio artístico chileno no início da década de 70, e também uma das 3 mil vítimas da ditadura de Pinochet.
Mais tarde, o Estádio do Chile, onde tantos foram assassinados, seria renomeado Estádio Victor Jara.
Ao finalizar a cerimônia, a viúva, a britânica Joan Turner, e as filhas Manuela e Amanda, decidiram oferecer um funeral e uma vigília de dois dias, como merecia o autor de “Te Recordo”, “Amanda”, “O Cigarrinho” e “Manifesto”, que são canções antológicas.
Um diretor de um centro cultural que viajou 500 km para assistir ao funeral disse: “Nos devíamos este ato ao Victor. Tínhamos o dever moral de fazê-lo. Creio que ele está por aqui, conosco. Victor Jara continua a viver a lutar conosco por um mundo melhor.”
PÉROLAS DO ENEM 2009:
“Precisamos de oxigênio para a nossa vida eterna.”
Amém!
POEMA: “Faz de conta/que você tem/dinheiro suficiente/ou a miséria absoluta/para ouvir essa chuva/alegrando as árvores/e dando, de certo modo,/alguma dignidade ao crepúsculo;/faz de conta que está chovendo apenas para você.”
(Alberto da Cunha Melo).
NATAL: Um iluminado e energizado natal para todos os leitores. Com a esperança de que em 2010, pelo menos, os ladrões do dinheiro público, os corruptos da turma do Arruda e os “gestores” de certas árvores de natal da amada cidade em que nasci, sejam punidos.
(Estou pedindo muito? Eu sei: estou...)
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