4.12.09

POETA DE AVISO PRÉVIO
(Crônica do Olsen)

*

Sul da Ilha repudia
lançamento de esgoto
nas baías de Florianópolis





Olá, camaradas, salve!

Quem não apreciar ou se sentir ofendido com a palavra "camarada", substitua-a por outra, porque eu gosto muito de tudo o que ela implica, é isso, com a sua carga histórica também...

Comunico aos leitores que me acompanharam até aqui (foram 12 anos e um pouco mais) que estou cumprindo o chamado "aviso prévio", o que significa não escrever e nem publicar a boa e velha crônica de guerra todas às sextas-feiras no velho e já não mais tão bom A Notícia dos novos tempos...

O jornal está cumprindo o seu destino, se apequenando no regionalismo...

Sempre fiz um esforço (na máxima do Tolstoi, que não vou repetir) da universalidade, ainda que dentro da "comuna"... Aqui no sentido de comunidade, ou do burgo, se preferirem, gosto desse jargão ... Só para chatear a ortodoxia acomodada e cúmplice...

A vida continua e faremos tudo de outra maneira...

A música que embala o texto era o prefixo do "Canal 100", um telejornalismo criado na década de 1950 pelo Carlos Niemeyer (é parente do "home", do Oscar)... E fazia enorme sucesso, pelas inovações e as várias câmeras que dispunha nos estádios para captar as imagens e sons do campo... Quase tudo o que se tem de imagens dos tempos românticos do futebol brasileiro são do arquivo do "Canal 100"... Era apresentado sempre, antes das sessões de cinema...

Deixou saudades...





E o texto aí, com o carinho de sempre do poeta...

Até mais... Quero dizer, até sexta vindoura, se o patrão lá da última invernada permitir!

*

FINAL DE CAMPEONATO

Por Olsen Jr.

Inevitável.

Well, essa é a palavra (e não tem outra) para a abordagem desse assunto. Em todos os lugares em que vou, o café, o posto de gasolina, o restaurante, na rua inclusive, o assunto é o mesmo: a última (38ª) rodada do campeonato brasileiro de futebol.

Pela primeira vez, na era dos pontos corridos, chegam entre os quatro finalistas, três equipes (Internacional, Palmeiras e São Paulo) com o mesmo número de pontos (62) para decidirem no limiar do torneio. Ah! E uma delas (Flamengo) com dois pontos a mais, sugerindo que nada está decidido.

O que está pegando, como se diz, é que o destino caprichoso permitiu que fossem possíveis duas equipes rivais em seu Estado de origem, no caso o Internacional e o Grêmio e que esta última pudesse “favorecer” a outra caso ganhe ou empate o jogo. Então a pergunta que se faz, será que “eles” vão se empenhar (mesmo não disputando mais colocação nenhuma uma vez que não podem auferir ganhos além da posição onde estão) como em uma disputa normal ou irão fazer “corpo mole” para com isso desclassificar o tradicional adversário?

Tudo é possível pela razão muito simples, não se discute estratégia de combate com o adversário.

Acontece que nós, os brasileiros, temos o péssimo hábito de buscar um “culpado”, um responsável, um bode expiatório para tudo, mesmo que não haja uma punição – caso se encontre – o tal. É uma espécie de “herança jesuítica”, se encontramos o “verdadeiro” causador de nossa aflição, então nos eximimos da culpa, em decorrência, não temos remorsos. É isso que nos perturba: o remorso.

Sejamos francos, durante quase um ano inteiro o teu clube entrou em campo, uma vez por semana. Os jogadores foram lá, deram tudo de si, é o que se supõe, se empenharam por um resultado, ganhando, perdendo ou empatando. Agora, à luz de um distanciamento histórico (olha a redundância) você que é torcedor fica analisando e diz, mas bah! Se naquele jogo com o Barueri, “eles” não tivessem ficado no 1 à 1, e o teu clube fizesse logo o 1 à 0, então, os dois pontinhos não estariam fazendo falta, e o resultado na última rodada dependeria somente das próprias forças, não é mesmo?

Concluindo, mas esse tal “se” (sempre ele) não entra em campo e, portanto, não joga nada. “Se” para cá e “se” para lá, agora, de pouca utilidade prática.

Quando era guri, havia na coleção “Tesouro da Juventude” uma sessão chamada “O mundo dos esportes”, acho que era isso, e me interessava pelos campeões em todas as áreas, lembrei do boxe porque li recentemente uma nota que me deixou chateado. Claro, em cada modalidade tem uma espécie de “Pelé”, um cara diferenciado, inigualável. No boxe, além do Rock Marciano (que nunca perdeu uma luta e morreu num desastre de automóvel) havia o Cassius Marcelus Clay (depois Mohammad Ali, adotando a religião mulçumana para escapar do serviço militar), que depois de ser campeão olímpico e em sua primeira luta como profissional ganhou do então campeão Sonny Liston, mas que a luta teria sido “arranjada”. A mulher de Sonny, Geraldine afirmou que ele, seu marido lhe havia dito que ganharia muito dinheiro caso perdesse a luta no primeiro assalto...

O punho cerrado de Sonny Liston media 35cm. Receber um soco dele, se dizia, era como receber um golpe de pá no rosto. Depois disso, ficaram as dúvidas.

Num País de escândalos como o Brasil onde a justiça está longe de punir os responsáveis desaconselhando mesmo a honestidade, o esporte, no caso específico do futebol, ainda parece ser um reduto inexpugnável de lealdade e decência. É no que precisamos acreditar, portanto, não me passa pela cabeça que um atleta entre em campo (beneficiando quem quer que seja) para perder um jogo, ninguém quer tal estigma em sua carreira.

Ah! E se o título não vier, cada equipe, das quatro em condições de arrebatá-lo, saberá encontrar em sua própria trajetória uma boa explicação para o fracasso, sem precisar recorrer a um adversário para puni-lo com um desdém que por natureza lhe é inerente.

*
FAZENDA DO RIO TAVARES
Audiência Pública da Câmara Municipal



SUL DA ILHA CONDENA
ESGOTO NAS BAÍAS


Por Ci Ribeiro*

Todos estamos de parabens pela qualidade dos debates, o numero, representatividade e qualidade dos parcipantes - inclusive com representantes do continente, do centro e do extremo norte da ilha/ingleses, apesar de infelizmente não ter havido qualquer divulgação institucional.

Grave mesmo foi a ausência de quase 100% dos conselheiros do Conselho Municipal de Saneamento, assim como da Fatma, do secretário de Saneamento e do Prefeito. Porém foi muito boa a Audiência Pública com mais de três horas de debates e propostas de encaminhamento, apesar da insensibilidade dos representantes da Casan e de seu jogo de empurra-empurra das responsabilidades pelas propostas de tratamento, projetos e execuções em andamento, como se tudo fosse propostas produzidas pelo Conselho Municipal de Saneamento, ou pelos técnicos da SNSA/Ministério das Cidades que de fato deram aval a esta proposta equivocada.

Assim sendo pedimos à todos que façam a divulgação dos resultados unanimes, para que possamos sensibilizar os gestores municipais, estadual e federal para promover o debate exigido pelo tema, sem atropelos que possam ter carater meramente eleitoral e não de busca de soluções consensuadas voltadas ao cumprimento das diretrizes, principios e prioridades da Lei Nacional do Saneamento e do Estatuto das Cidades, na gestão das politicas públicas. Segue abaixo um resumo das resoluções:

1. A Audiência Pública (AP) do Rio Tavares/Sul da Ilha, exigiu de forma unanime a anulação da proposta do Conselho Municipal de Saneamento (Prefeitura, Casan e Ministério das Cidades) de lançar efluentes de esgoto no leito do Rio Tavares, e se posicionou pela abertura imediata de canais de participação realmente democratica, de debates e estudos dos projetos apresentados e dos alternativos existentes;

2. A AP na defesa da sustentabilidade economica, socio ambiental, com participação, gestão e controle social, se manisfestou de forma unanime CONTRA o atual modelo CENTRALIZADO de Tratamento de Esgoto e de construção de Emissários Submarinos, apresentado pela Casan, Prefeitura e de técnicos do Ministério das Cidades, que causa impactos economico socio ambientais e desresponsabiliza os individuos na gestão e controle dos seus esgotos produzidos. A AP como solução aponta, contrapondo a este modelo as alternativas DESCENTRALIZADAS por regiões e/ou micro bacias, que não lancem efluentes diretos nas águas (rio, córrego, mangues, baia e mar) e que responsabilizam os individuos e suas regiões na gestão e controle dos esgotos produzidos;

3. A AP exige que se abra urgentemente o debate a planta das redes coletoras, visando apontar as prioridades ligadas a saúde pública, as áreas de fragilidades ambientais e das populações empobrecidas, na promoção da diretriz de universalização a ser atendida pelas atuais redes em implantação;

4. Solicitou que a Camara de Vereadores exija que a Prefeitura e Casan coloquem à disposição copias dos projetos dos sistemas de tratamento das ETEs e das redes coletoras a disposição para consultas e analises das comunidades e entidades da sociedade civil, conforme determina a Lei Nacional do Saneamento e do Estatuto das Cidades, mas que esta sendo desrespeitada pela Prefeitura e Casan;

5. O mesmo apelo de abertura de debate com participação popular, foi feito para o processo de construção do Plano Municipal de Saneamento Básico, para o qual a Prefeitura contratou uma empresa e até agora não fez qualquer repasse de informações sobre o processo de participação da sociedade na sua elaboração e aprovação;

6. A AP não aceita a precariedade da licença ambiental existente, feita para atender outra demanda de saneamento e em outro contexto politico, e assim exigiu que seja feito urgentemente EIA/RIMA da atual proposta de ETE (projeto, sistema de tratamento e localização) e da destinação final dos resíduos, e também para as demais alternativas em debate pelas comunidades e movimentos sociais.

Estas foram as principais resoluções da Audiência Pública de ontem (3.12), coordenada pela Camara de Vereadores de Florianópolis, na Fazenda do Rio Tavares.


Avisos

Não se esqueçam: CONSULTA TÉCNICA DO SANEAMENTO, que esta sendo promovida pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, comissões de Pesca e Aquicultura e a do Meio Ambiente da ALESC. Terça das 14h as 18h (8.12) no Plenarinho da Assembleia Lesgislativa. Vamos aprofundar o debate técnico e político sobre as propostas de saneamento em Florianópolis. Divulguem e compareçam, esta pode ser a atividade mais importante de articulação política para sensibilizar os gestores federais.

Domingo a partir das 10h na praia do Campeche, ao final da avenida Pequeno Principe, manifestação popular e cultural pela DESCONTRUÇÃO DA PROPOSTA DE EMISSÁRIO SUBMARINO E DOS MODELOS CENTRALIZADORES. Compareçam, é hora de somarmos todas as forças em defesa da sustentabilidade economica, social e ambiental nos projetos de saneamento básico.

* Loureci Ribeiro (Arquiteto), p/Movimento Municipal de Saneamento Básico e Ambiental.

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