7.2.12

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"Mãos de Cimento". Monumento do Contestado. Irani-SC. Foto: Celso Martins

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OLSEN, O RETORNO

Olá, camaradas, salve!

Somente neste sábado consegui instalar a internet em minha nova residência em Rio Negrinho, cidade situada ao Norte do Estado de Santa Catarina... Mais tarde falarei dela...

O texto da crônica (uma carta na verdade) é algo diferente em minha vida (de pessoa tímida, discreta, mas que tem um “Projeto de Vida” e procura executá-lo à risca)...

Longe da Ilha, tive um amigo chamado Fausto Wolff... Tivemos uma amizade sólida com várias referências, além da literatura, do jornalismo, uma espécie de aversão a qualquer tipo de canalhice... Já fui personagem de dois livros dele... Também ele prefaciou o meu romance “Estranhos no Paraíso” (1989) e dez anos depois publicou o seu “A Mão Esquerda” (usando a mesma técnica narrativa do livro que havia prefaciado, mostrando que havia muito material (técnico/literário) que era trocado em nossa convivência e que um “veterano” também poderia aprender com um escritor iniciante... Já se passaram mais de 30 anos, enfim, o texto aí embaixo foi o último que mandei para ele, pouco antes de sua morte, e era um repto (fiz de propósito) respondendo a uma ironia dele ao indagar; “Olsen, como a vida tem te tratado?”...

Vai então, sem outro propósito senão o literário, talvez explique alguma “coisa” além do texto, enfim...
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NÓS, OS SOLITÁRIOS

Por Olsen Jr.

Você me pergunta: “como a vida está te tratando?”. Well! Exclamo (como alguém do interior de New Orleans, habituado com a boa música, the good old jazz, mas descrente de que tal prática possa sepultar a discriminação racial mesmo entre aqueles que admiram a grande arte) sem muita convicção, continuo esgrimindo contra mil fantasmas, a maioria deles, existentes só na minha imaginação. Não me importo, afinal de contas, é dela somente que preciso para fazer o que acredito, ainda posso fazer. Se fosse o Sartre, diria: “para emprestar uma justificativa para a existência injustificável dos meus semelhantes”... No fundo, nós os poetas, escritores, queremos ser aceitos... Sofisticando um pouco, ou pedindo muito, pretendemos ser amados, é isso. Lembrei agora da atriz Ava Gardner, num momento de introspecção, disse: “no fundo, sou bastante superficial”, não consigo deixar de rir, embora nada conspire para a existência deste riso, mas é o que restou, quando perdemos o senso de humor não temos mais nada para perder.
Um homem sozinho não tem chance, profetizou o velho Hemingway no livro “To Have and Have Not” e que originou aquele belo filme, segundo a lenda, produto de um desafio de um diretor que teria instigado “Papa” a lhe dar o que considerava o “seu pior livro” e “ele” faria um bom filme. Acertou, com Humphrey Bogart e Lauren Bacall e que foi traduzido como “Uma Aventura na Martinica”... Pois é, hoje estou pensando naqueles ensinamentos, frases soltas ditas aqui e ali, minha avó era pródiga nisso, afirmava que as pessoas estão neste mundo para alguma coisa, uma espécie de “missão” a cumprir, depois disso, partem... O que significava não poder questionar o destino de ninguém, quando partiam era porque a hora tinha chegado. Agora, sem ninguém para me ouvir, penso, se todas as pessoas estão aqui para alguma coisa, no meu caso deve ter havido um engano. Não me sinto imbuído de “missão” nenhuma. Claro, se estou aqui, então preciso fazer alguma coisa. Digo que sou escritor, me atocho de heroísmo, me dou ao luxo de ser um solitário, uma atitude tipicamente burguesa, sou independente dos outros, se não fosse pelo fato de vê-los como personagens, não teriam importância nenhuma. É duro, mas é o que penso. Isso tem um preço, e é alto. Pago a minha cota, e é muito para compartilharmos a “nossa” indiferença mútua. Estou identificado no poema de Sidônio Muralha, em seus últimos versos “... E que ninguém me dê amparo nem pergunte se padeço. Não sou nem serei avaro – se caráter custa caro, pago o preço!”...
Tudo isso para tentar responder a tua pergunta, amigo Fausto Wolff, porque ser “durão” significa sacrificar aqueles a quem amamos para realizar a nossa arte, afinal, de quem iríamos escrever? Ser amado, constatou Paulo Francis, falando de T.S. Elliot, é um sentimento que supera qualquer depressão, desespero ou impotência, concordo. Não foi a indiferença quem me prostrou, foi o temor em ser aceito naquela sociedade, só!.

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A música bem que poderia ser esta:




de John Barry, maestro e compositor britânico que ganhou notoriedade fazendo trilhas sonoras do cinema...

Esta foi do filme “Midnight Cowboy”... Marcou... Mas tem outras, destaque para a trilha sonora dos filmes: “King Kong”, “Em Algum Lugar do Passado”, “Entre Dois Amores”, “Dança Com Lobos”, “Chaplin” e pelo menos 11 filmes da “série James Bond”...

Ganhou cinco Oscar por suas trilhas sonoras...

John Barry morreu em janeiro de 2011. (Olsen Jr.)

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Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pela foto das mãos de cimento e o entardecer em Irani-SC. Henrique Neto - Fpolis