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CRÔNICA
Três tipos de pessoas
Mais:
A Baía Norte nas fotos de Bruno Bortoli e Celso Martins
Ilustração: Uelinton Silva
CRÔNICA
Três tipos de pessoas
Mais:
A Baía Norte nas fotos de Bruno Bortoli e Celso Martins
Ilustração: Uelinton Silva
Por Amílcar Neves*
Um dos tipos que existe é a pessoa física, aquela que abraçamos, beijamos ou esmurramos, dependendo dos nossos sentimentos com relação a ela e das nossas motivações, ditadas pela história comum imediatamente anterior. A pessoa física habitualmente, mas nem sempre, tem CPF, ou seja, um número único de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda do Brasil.
Integram o grupo seleto das pessoas físicas os assim ditos seres humanos, mesmo que primem pelo fato de serem cruéis, sádicos e desalmados, ou seja, mesmo quando se mostram cabalmente desumanos ainda são chamados de seres humanos. Não há muito a fazer com relação a isto.
Existe também a robusta categoria das pessoas jurídicas, fortíssima, poderosíssima, apesar de serem em quantidade bem inferior às físicas. Estas são dominadas, controladas e manipuladas por aquelas, as quais costumam unir-se em alianças múltiplas complementares, visando mais eficazmente perseguirem seus objetivos de extrair das pessoas (físicas) o melhor dos seus esforços e o máximo do seu dinheiro. Lógico que tais hierarquias também se consolidam no âmbito puro das relações interpessoais físicas, digamos assim. Por exemplo, entre chefe e subordinado, mulher e marido, pai e filho. Verdade que estas tiranias nada são se comparadas à dependência inerme das físicas às jurídicas.
Pessoas jurídicas costumam contar com o CNPJ, o Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas, número que, sintomaticamente, pode se propagar à casa dos milhares pelo artifício, vedado às físicas, de usar sufixos de quatro dígitos. Isto amplia a algo que tende ao infinito seu poder de multiplicação, disseminação e pressão (no bom sentido, evidentemente).
O terceiro e derradeiro tipo é constituído por pessoas virtuais, identificadas univocamente por um endereço eletrônico, caracterizado pelo sinal gráfico arroba, na rede mundial de computadores. Estas pessoas podem assumir, no mundo real, a identidade, o comportamento e as idiossincrasias tanto de pessoas físicas quanto de jurídicas.
A particularidade mais marcante das pessoas virtuais talvez seja a de passarem ignoradas e desapercebidas quando, fora dos domínios eletrônicos, esbarram com outras pessoas virtuais com as quais costumam manter uma intimidade que beira, às vezes, a promiscuidade. Virtual, claro.
Integram o grupo seleto das pessoas físicas os assim ditos seres humanos, mesmo que primem pelo fato de serem cruéis, sádicos e desalmados, ou seja, mesmo quando se mostram cabalmente desumanos ainda são chamados de seres humanos. Não há muito a fazer com relação a isto.
Existe também a robusta categoria das pessoas jurídicas, fortíssima, poderosíssima, apesar de serem em quantidade bem inferior às físicas. Estas são dominadas, controladas e manipuladas por aquelas, as quais costumam unir-se em alianças múltiplas complementares, visando mais eficazmente perseguirem seus objetivos de extrair das pessoas (físicas) o melhor dos seus esforços e o máximo do seu dinheiro. Lógico que tais hierarquias também se consolidam no âmbito puro das relações interpessoais físicas, digamos assim. Por exemplo, entre chefe e subordinado, mulher e marido, pai e filho. Verdade que estas tiranias nada são se comparadas à dependência inerme das físicas às jurídicas.
Pessoas jurídicas costumam contar com o CNPJ, o Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas, número que, sintomaticamente, pode se propagar à casa dos milhares pelo artifício, vedado às físicas, de usar sufixos de quatro dígitos. Isto amplia a algo que tende ao infinito seu poder de multiplicação, disseminação e pressão (no bom sentido, evidentemente).
O terceiro e derradeiro tipo é constituído por pessoas virtuais, identificadas univocamente por um endereço eletrônico, caracterizado pelo sinal gráfico arroba, na rede mundial de computadores. Estas pessoas podem assumir, no mundo real, a identidade, o comportamento e as idiossincrasias tanto de pessoas físicas quanto de jurídicas.
A particularidade mais marcante das pessoas virtuais talvez seja a de passarem ignoradas e desapercebidas quando, fora dos domínios eletrônicos, esbarram com outras pessoas virtuais com as quais costumam manter uma intimidade que beira, às vezes, a promiscuidade. Virtual, claro.
*Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Crônica publicada na edição de hoje (3.11) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.
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As águas da Baía Norte
Ponta do Sambaqui (Sambaqui)
Fotos: Celso Martins
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Reda farta na
praia da Daniela
Baía Norte de Florianópolis
Fotos: Bruno Bortoli
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Fotos: Bruno Bortoli
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