PASTEL TOP DE LINHA
Por Olsen Jr.*
Por Olsen Jr.*
Recomenda o pragmatismo que você ao se deparar com novos costumes, hábitos diferentes, enfim, uma nova cultura, tente compreendê-los ou assimila-los ou ainda que se torne um mero observador sem, no entanto, menoscabá-los. O que não impede, por outro lado, de achar graça em alguns casos, não constituindo nenhum pecado, afinal, fazer piada com a nossa própria desgraça é algo incorporado em nosso modus vivendi.
Alguma coisa já absorvi, por exemplo, aqui na Ilha, por ser uma região de muitos funcionários públicos, ninguém tem salário, mas sim, ordenado; o sujeito não vai para o trabalho, mas para a repartição, é diferente, convenhamos.
Mas tem uma birosca aqui perto, gente simpática, quando é frio servem uma dobradinha deliciosa e dependendo da boa vontade da Dna. Carlota, até um mocotó, mas não é sempre.
Os transeuntes, moradores ou não, passam às centenas por ali todos os dias. Uma espécie de bate-pronto antes se seguir o caminho, seja para casa ou mesmo a passeio nos barcos de atracagem rápida para esta finalidade.
Um aperitivo, uma cerveja, um martelinho, um pão com musse e a vida segue.
Dia destes, batendo o cartão ali, conversando com a Dna. Carlota sugeri que ela poderia fazer uns pasteizinhos de dar água na boca, bastava comprar aquelas massinhas já prontas (tem de diversos tamanhos) e fazer um recheiozinho de presunto picado com queijo cortado miudinho, com tomates da mesma forma, adicionar cheiro verde, pode-se sofisticar com oliva e uma pitada de pimenta, também orégano ou manjericão e até ovos cozidos bem cortadinhos e fritados ali na hora, seria de matar a pau.
Enquanto falava, descrevendo tudo com o maior carinho como se eu mesmo estivesse preparando os quitutes, procurando motivá-la e mostrando que a iniciativa valeria a pena, percebo que ela me ouve com atenção como se estivesse repassando mentalmente tudo o que ouvia para não perder nada. Não só isso, dava a impressão que ela estava cortando os temperos junto comigo, num gesto que repetia muitas vezes no seu dia-a-dia.
Termino de falar e ela continua me fitando demoradamente, sem tirar a mão de cima de um pano cuidadosamente dobrado em cima do balcão que nunca largava para a sua limpeza que também parecia não ter fim, finalmente afirma:
- “Eu faço esses pastéis, mas – apontou os clientes ali fora – eles comem tudo!”
- É uma pena - brinco com ela - que não se tenha mais consideração nem com os pastéis, mas a ideia continua sendo boa.
Alguma coisa já absorvi, por exemplo, aqui na Ilha, por ser uma região de muitos funcionários públicos, ninguém tem salário, mas sim, ordenado; o sujeito não vai para o trabalho, mas para a repartição, é diferente, convenhamos.
Mas tem uma birosca aqui perto, gente simpática, quando é frio servem uma dobradinha deliciosa e dependendo da boa vontade da Dna. Carlota, até um mocotó, mas não é sempre.
Os transeuntes, moradores ou não, passam às centenas por ali todos os dias. Uma espécie de bate-pronto antes se seguir o caminho, seja para casa ou mesmo a passeio nos barcos de atracagem rápida para esta finalidade.
Um aperitivo, uma cerveja, um martelinho, um pão com musse e a vida segue.
Dia destes, batendo o cartão ali, conversando com a Dna. Carlota sugeri que ela poderia fazer uns pasteizinhos de dar água na boca, bastava comprar aquelas massinhas já prontas (tem de diversos tamanhos) e fazer um recheiozinho de presunto picado com queijo cortado miudinho, com tomates da mesma forma, adicionar cheiro verde, pode-se sofisticar com oliva e uma pitada de pimenta, também orégano ou manjericão e até ovos cozidos bem cortadinhos e fritados ali na hora, seria de matar a pau.
Enquanto falava, descrevendo tudo com o maior carinho como se eu mesmo estivesse preparando os quitutes, procurando motivá-la e mostrando que a iniciativa valeria a pena, percebo que ela me ouve com atenção como se estivesse repassando mentalmente tudo o que ouvia para não perder nada. Não só isso, dava a impressão que ela estava cortando os temperos junto comigo, num gesto que repetia muitas vezes no seu dia-a-dia.
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- “Eu faço esses pastéis, mas – apontou os clientes ali fora – eles comem tudo!”
- É uma pena - brinco com ela - que não se tenha mais consideração nem com os pastéis, mas a ideia continua sendo boa.
* Olsen Jr. publica suas crônicas toda segunda-feira no jornal Notícias do Dia (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.
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