20.7.11

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TRISTE UNE


Por Emanuel Medeiros Vieira

Triste UNE!

Participei do CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE (União Nacional dos Estudantes), logo após o golpe militar.

Sinceramente, nosso projeto era algo idealista, “desaparelhado”, sem busca de pecúnia e, muito pelo contrário, nunca encostado nas tetas do Executivo.

Éramos perseguidos!

Mesmo nos governos de Juscelino e Jango, antes do golpe, com altivez ela questionava os seus projetos.

Hoje?

Degradada UNE!

Aparelhada, subalterna, subserviente, covarde, nas mãos dos PCdoB, recebe polpudas verbas do governo e fecha os olhos para as suas tramóias.

Os professores do Rio de Janeiro estão em greve –-, terra do governador Sérgio Cabral, amigo dos empreiteiros –, e a UNE não dá um pio.

Pobre UNE (pobre de ideais – entendam bem).

Subserviente UNE!

Ela não se manifesta sobre o mensalão , aloprados, escândalos, balcão de negócios na Casa Civil, corrupção no ministério de Transportes e em outros órgãos. Nada.

E uma poeta que também trabalha com atriz, afirmou que, com o PT, seus “amigos estavam no poder”.

Só se forem os amigos dela.

E a UNE? Bico calado para continuar recebendo pelo seu indecoroso silêncio.

A UNE que lutou contra o nazi-fascismo, de tantas lutas heróicas, agora só quer privilégios, mamatas, “bocas”.

No seu último congresso, terminado no final de semana em Goiânia, a aviltada entidade chamou o Lula (tão complacente com a corrupção) para falar, para dizer suas platitudes – o mesmo homem que disseque “ler dá azia”, e hoje só gosta de viajar de jatinhos.
Não gostou que chamassem a UNE de chapa-branca.

É que Lula e sua camarilha detestam a verdade.

E ele ainda foi aplaudido!

E quem financiou o “convescote”?

Petrobrás, Eletrobrás, Caixa Econômica Federal, ministérios do Turismo, Saúde, Esportes.

Sem esquecer o apoio da Prefeitura de Goiânia, do Governo de Goiás e da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

Dinheiro de quem?

Teu – caro leitor -, meu, nosso.

Comíamos pratos-feitos, viajávamos de ônibus de Porto Alegre para Salvador, sem dinheiro no bolso, parando em pensões pulguentas.

Queixas? Nenhuma. Havia um sonho.

Sim, havia.

Não é o elogio do sofrimento. Tomávamos nossas caipirinhas, também festejávamos e, como diria Manuel Bandeira, havia morenas bonitas para a gente namorar.

Mas não nos vendíamos.

O verbo é esse: VENDER.

A alma, não!

Queixa? Nenhuma. Havia um sonho.

Agora? Hotéis cinco estrelas, boates luxuosas: é isso o que quer essa estudantada aparelhada (ou “pelegada”?)!

UNE chapa-branca: teus fantasmas te assombrarão!

Foi vendida na bacia das almas, uma entidade que, um dia, mereceu o respeito do povo brasileiro.

Ela tem dinheiro! Mas também merecerá sempre o nosso desprezo e a nossa repulsa.

A outra UNE, não. Está no nosso coração. Mas, hoje, é apenas um retrato na parede.

(Salvador, julho de 2011)

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