29.10.09

Prefeitura não
cumpre acordo II


Após quase uma semana desde que aconteceu a reunião e que o Eng. Luis Américo assumiu o compromisso perante a comunidade do Distrito, apenas ontem no final da tarde o Eng. Carlos ligou-me, certamente após pressão exercida por ti, Regina, Vereador Dinho e quem mais seja.

Resumindo a conversa, disse que não aceitaria a participação de alguém não pertencente aos quadros da PMF no processo de acompanhamento da obra, não se submetendo à fiscalização técnica de outra pessoa.

Ora, a condição que apresentei ao senhor Luís Américo, foi a prerrogativa de recusar trecho da obra que não atendesse aos requisitos, que seria "escarificado e refeito". Essa ingerência o Eng. Carlos não aceita, e sem essa condição, quem não aceita sou eu, senão meu papel na obra seria de mero avalista de qualquer coisa que alí fosse feita, pondo em jogo meu acervo técnico, sobretudo perante a comunidade, sem efetivamente participar do processo.

Quero dizer a respeito desse episódio duas coisas:

Primeira. A figura do supervisor técnico independente em obras de pavimentação é corriqueira no DENIT e outros órgãos do ramo - inclusive o era do Deinfra de Santa Catarina, no tempo em que se chamava DER-SC, pois para eles realizei a supervisão da BR 470, quando se chamava SC 23.

Segunda. Alguém está assumindo decisões que não lhe cabem em nome da Secretaria de Obras da PMF. Ou o Eng. Luís Américo aceitou a ingerência de um representante comunitário sobre a obra, quando não tinha autoridade para fazê-lo, ou o Eng. Carlos não se submete à determinação de seu superior hierárquico e recusa-se a admitir a supervisão de um agente comunitário na obra de sua propriedade.

Em qualquer dos casos a consequência é desastrosa.

Saudações sambaquienses, Cezar Gouvêa.

*
Documentário sobre a
Operação Barriga-Verde
passa hoje na TV Brasil

"Audácia", o documentário vencedor do prêmio DOCTV IV em Santa Catarina, começa a ser exibido hoje (29.10) em rede nacional, às 23 horas, na TV Brasil. Amanhã (sexta-feira, 30.10), 22h40, passa na TV Cultura -SP (canal 2).

Dirigido por Chico Pereira (foto), o trabalho aborda a memória dos presos políticos da Operação Barriga Verde, ocorrida em 1975, em Santa Catarina, com a prisão de 42 pessoas acusadas de pertencer ao PCB.

Chico Pereira, diretor de "Audácia".


*

Amigo Celso
Bom dia.
(Pouco antes das 5:30 - matina).
Anexo (não mandei para ninguém ainda ) uma nova resenha sobre "Cerrado Desterro", de autoria de Silvério da Costa.
O autor é um humanista português, sensível e culto, residente em Chapecó.
Não o conheco pessoalmente.
Nos correspondemos pelo correio.
Nome do anexo: "DesterroCerradoresenha".
Muito grato pela habitual atenção, Emanuel*

*Tenho lido sempre o sambaquinarede.
Uma permanente defesa da comunidade, da dignidade irrevogável da natureza.
Enfim, uma defesa da vida.
É o que nos move.
Perseverante a tua posição (o que nos legitima), e com belas fotos.

Emanuel Medeiros Vieira.

Desterro Cerrado
Resenha
Emanuel Medeiros Vieira, o sempre vivo!

Por Silvério da Costa*

Depois de algum tempo no limbo (mais de um ano), mas sem que por detrás disso haja qualquer má intenção ou o propósito de protelar a leitura, li “Cerrado Desterro” (Thesaurus Editora, Brasília, 2008), o primeiro de uma trilogia de Emanuel Medeiros Vieira catarinense da cepa, mas vivendo em Brasília há muitos anos.

Emanuel, grande amigo, apesar de não nos conhecermos pessoalmente, é, para mim, sem demagogia, um dos maiores escritores deste país, principalmente na área do conto e da poesia. Mas esse livro nada tem a ver com tais gêneros. O que tenho em mãos é um livro de memórias (autobiográfico), um painel dramático de parte de sua atribulada vida. São quase 400 páginas para ler e refletir, até porque na página 215, ele faz um PEDIDO, que me parece desnecessário, mas que é justíssimo: pede àqueles que dispuserem a lê-lo, para que o façam por inteiro.

Eu penso, sinceramente, que seria uma falta de respeito não ler o livro de cabo a rabo. Posso assegurar que só tem a perder quem não ler Emanuel Medeiros Vieira.

“Cerrado Desterro” é um livro visceral, que fala das dores físicas e psicológicas carregadas por Emanuel, ao longo dos seus, hoje, 64 anos. É uma viagem que ele faz no tempo, registrando as passagens mais significativas de sua existência.

No fundo, o livro não deixa de ser uma grande ode à vida, ou, se preferirem, uma grande epopéia, porque canta, epicamente, os bons e os maus bocados que lhe couberam como herança do destino.

Esse advogado de formação, mas escritor por opção, mergulha no seu próprio íntimo, para falar da morte, dos que se foram; da traição e do embuste de certos falsos amigos; do terror da perseguição e da prisão, durante a ditadura militar; e do pavor que a “indesejada das gentes” lhe impôs, no leito de um hospital, mostrando-lhe as garras assassinas, que quase o levaram, em decorrência de uma operação na coluna, seguida de uma infecção (e tudo teria ido por água abaixo, se ele não tivesse sabido responder à morte com a vontade de viver). Enfim são depoimentos e reflexões que mexem com a emoção do leitor.

O seu relato tocou-me profundamente, escrito com o silício da mortificação que dignifica os homens de fibra! Os destemidos!

Emanuel Medeiros Vieira, o emparedado entre a vida e a morte, resolveu passar a sua vida a limpo, fazendo uma espécie de acerto de contas com o seu público leitor, e o fez como poucos , em tais circunstâncias o fariam/farão.

Eu sei que o desalento nunca foi a sua praia. Por isso, segue, altivamente, dando o seu recado. Além do mais, continua sendo o grande humanista que sempre foi, e que a posteridade ainda lhe reserve, ainda, muitos anos de vida, para que ela seja testemunha das muitas e inolvidáveis alegrias e exemplos de sabedoria que, certamente, nos proporcionará!

Embora rodeada de abismos, a alma de Emanuel é imensurável, porque portadora da vida vivificada. Parabéns!

*Silvério da Costa é escritor.

Nenhum comentário: