31.10.09

CASAN amplia rede de água até
o final da Rafael da Rocha Pires


Uma antiga reinvindicação dos moradores do final da rodovia Rafael da Rocha Píres (estrada geral de Sambaqui) está sendo atendida pela CASAN: a extensão da rede de água tratada para cerca de 60 famílias que residem da região. Os trabalhos começaram pelo final da via. Os interessados devem solicitar fomalmente as ligações junto à empresa.


Como solicitar a ligação

Procurar a CASAN (rua Emílio Blum Nº 83, Centro). Se possível levar uma fatura de água do imóvel mais próximo.

Importante

Ao fazer a solicitação o consumidor receberá as informações técnicas (folder e gabarito) para construção do abrigo de proteção do cavalete e alimentador predial.


Documentos

CPF/CNPJ e RG do solicitante

Comprovante do vínculo de propriedade do solicitante com o imóvel

Comprovante de regularização do imóvel junto a Prefeitura Municipal*

* Quando de aprovação e vigência de lei municipal.


PADRÃO TÉCNICO DE
LIGAÇÃO DE ÁGUA 1/2" e 3/4"


ABRIGO DE PROTEÇÃO DO CAVALETE

Compete ao solicitante construir o abrigo de proteção do cavalete e alimentador predial com registro dentro do padrão técnico exigido pela companhia.


Fonte: CASAN.

*
Acompanhando o
cumprimento de
promessas da PMF

Meia-sola na Padre Rohr ficou pela metade

As melhorias nas condições de trânsito pela rodovia Padre Rohr - alternativa de acesso a Sambaqui e Barra do Sambaqui - ficaram pela metade. Caminhões da Prefeitura despejaram montes de asfalto triturado da SC-401 ao longo da via, mas o material só foi espalhado até uma certa altura. No restante os montes continuam invictos e intactos, esperando a vez. As fotos foram feita hoje (sábado, 31.10) por volta do meio-dia.

Mesmo assim, por estranha ironia, a rodovia Padre Rohr está em melhores condições que a estrada geral de Sambaqui. A vista do mar é substituída por uma paisagem de campos e florestas, com algum remanecescente rural. Das partes mais altas de avista a Daniela e o imenso estuário do rio Ratones com seu manguezal. O único inconveniente é a poeira, mas que também está presente no acesso principal a Sambaqui.





IMAGENS DE SAMBAQUI
Sexta-feira, 30.10.2009













30.10.09

São cinco os meliantes
que atuam em Sambaqui


A casa onde residiam os cinco (casal e três menores irmãos da moça) está com as aberturas fechadas. Pregaram pedaços de tábuas para impedir ou dificultar a entrada. "Casa" é força de expressão - na verdade se trata de uma minúscula construção "enterrada" no barranco, aparentemente inabitável. Foi construída nas barbas das autoridades.

O Conselho Tutelar apreendeu os três menores na última terça-feira (27.10), pela manhã, e os conduziu ao Fórum, logo no início do expediente, às 12 horas, para apresentá-los ao Juiz da Infância e encaminhá-los ao São Lucas. A Polícia Militar negou-se a conduzí-los, então uma Conselheira Tutelar os acompanhou com a mãe (E. da S.) no carro do Conselho. Outra Conselheira Tutelar seguiu na viatura policial. Ao estacionar na frente do Fórum, os três fugiram com o incentivo da mãe.

O processo envolvendo os três menores está na mesa da Promotora da Infância e Adolescência.


FONE DO CONSELHO TUTELAR
0800 643 1407

*
Atletas pedem apoio

Os atletas Pedro Estrella, de Florianópolis (Barra do Sambaqui) e Angélica Gaulke, de Blumenau, são os dois catarinenses mais jovens a serem convocados para Campeonato Mundial de Karatê, que será realizado na cidade de Rabat, Marrocos, entre os dias nove e 16 de novembro próximo. Eles venceram as seletivas de Aracajú, Cuiabá e São Paulo e agora só dependem de um patrocínio para ir em busca do título maior. Ele com 15 anos, ela com 17, estão treinando forte e diariamente, mas, sobretudo, rezando para que Fundação Municipal de Esportes assuma a parceria e garanta os recursos para transporte e estadia. (Valdir Alves)

*
O Projeto de Revitalização da Orla de Santo Antonio de Lisboa está disponível na Intendência do Distrito, localizada no prédio entre o TISAN e o CESUSC.

*

Estrada geral
Ensaios de compactação

Notícia de última hora.

O pessoal da obra foi visto essa manhã fazendo ensaio de 'Grau de Compactação' (GC), na pista em execução, ensaio de campo que define a condição que o material de base atingiu em termos da densidade máxima de laboratório, o que define se essa base apresenta, no pavimento, a melhor condição de suporte para as cargas que o tráfego transmite. Esse ensaio não tinha sido feito até agora, o que quer dizer que anteriormente a liberação dos trechos e colocação do revestimento era empírica.

Assim, em parte, a intervenção da comunidade já resultou em melhoria da qualidade do trabalho executado.

Saber se o ensaio deu resultados satisfatórios para a compactação feita com aquele rolinho vibratório, já é outra história, e é isso que a supervisão oferecida e aceita na reunião, garantiria.

Abraço, Cezar Gouvêa

*

Boi de Mamão de Sambaqui

Apresentações durante encontro de grupos de Boi de Mamão de Florianópolis em novembro no Largo da Alfandega Dakir Polidoro (Centro).

O Boi de Mamão de Sambaqui se apresenta na abertura do evento (dia 10.11, às 18 horas) e no encerramento (dia 14.11, às 10 horas), pelas ruas centrais, com a Maricota, Berbunça e Vaqueiro.

*
APRESENTA

“BRINCANDO NOS CAMPOS DO SENHOR” (1991) de Hector Babenco
(186 min).

Uma aeronave usada para pequenos combates aterrissa em Mãe de Deus, nome irônico dado a um vilarejo localizado no mais remoto afluente remanso da floresta Amazônica. O funcionário do governo no local, recusa o pedido de gasolina feito pelos aventureiros do avião, confiscando seus passaportes, com a prerrogativa de devolvê-los mediante à realização de um pequeno serviço: bombardeio à aldeia indígena dos niarunas, cujas terras são cobiçadas por razões econômicas. Enquanto isso, um casal de evangélicos e seu filho pequeno embrenham-se na selva amazônica brasileira para catequisar os índios ainda arredios à noção de Deus.

31 de outubro (sábado) – 15:00 h

*

HOMENAGEM À VILLA-LOBOS


Ponteio deriva do termo punteado, referindo-se a uma técnica de dedilhado do violão flamenco oposta ao rasgueado, mas também a uma técnica proveniente da guitarra barroca, instrumento que no Brasil desenvolveu-se na nossa conhecida viola caipira. O ponteio é, em suma, o ato de dedilhar a viola, designando também uma forma musical tipicamente brasileira que serve como um prelúdio. “Ponteio – Violão na Udesc” é um programa de extensão que visa promover o desenvolvimento da arte do violão na universidade, através de projetos que contemplam a performance do violão solo e em grupo, oficinas de ensino de instrumento, cursos de atualização e pesquisas acadêmicas relacionadas ao violão e ao seu repertório. Intimamente ligado à produção dos professores e alunos do curso de Bacharelado em Violão da Udesc, o programa procura estabelecer parcerias de cooperação com instituições locais, regionais, nacionais e internacionais, oferecendo à comunidade acadêmica e ao público de Florianópolis um panorama do que há de melhor da produção violonística contemporânea.

Músicos:

Andrei Uller
Igor Issicaba
João Penegalli


31 de outubro (sábado) – 18:30 h

*

"CHEIRO DE PEQUI" (2006)
Takumã e Maricá Kuikuro (36 min)

É tempo de festa e alegria no Alto Xingu. A estação seca está chegando ao fim. O cheiro de chão molhado mistura-se ao doce perfume de pequi. Mas nem sempre foi assim: se não fosse por uma morte, o pequi talvez jamais existisse. Ligando o passado ao presente, os realizadores kuikuro contam uma história de perigos e prazeres, de sexo e traição, onde homens e mulheres, beija-flores e jacarés constroem um mundo comum.

e

“O DIA EM QUE A LUA MENSTRUOU” (2004)
de Takumã e Maricá Kuikuro (28 min)

De repente, um eclipse. Os animais se transformam. O sangue pinga do céu como chuva. O som das flautas sagradas atravessa a escuridão. Não há mais tempo a perder. É preciso cantar e dançar. É preciso acordar o mundo novamente. Os realizadores kuikuro contam o que aconteceu nesse dia, o dia em que a lua menstruou.

31 de outubro (sábado) – 19:00 h

Local
Museu da Escola Catarinense (antiga FAED)
r. Saldanha Marinho, 196, Centro.

Entrada Franca

Debatedor:
Mutua Mehinaku (Associação kuikuro)



*

RISCO DE EXTINÇÃO
(Clique para ampliar)
A CRÔNICA DO OLSEN

Olá, senhores e senhoras, salve!

Acontece de alguém fazer uma música e outros gravarem antes...

Well, já ocorreu com os Beatles...

E também com essa, "Mr. Tamborine Man", que é do Bob Dylan...

Essa gravação é ótima, The Biyds...



A crônica, claro, como sempre, um instantâneo por aí, como um máquina fotográfica, captura parte do real, o "gancho"... Mas pode-se estender o assunto detalhando cada um dos personagens, se houver interesse, faremos...

Um abraço e o carinho de sempre!


O DIA DE ESTRELA
DE UM MALDITO


Por Olsen Jr.

O poeta galês, Dylan Thomas, se estivesse vivo celebraria 95 anos este mês. Lembrei porque me perguntaram sobre ele, cinco dias atrás.

Essa crônica trata dos malditos.

Convencionou-se chamar de “maldito” aquele escritor de talento que, longe do seu “fazer”, despreza as convenções sociais, o maneirismo peculiar da sociedade que, por dever de nascimento, deveria absorver.

Não obedece às regras porque, afinal, quem segue está sempre atrás. A minha razão é essa, mas cada um pode fazer a própria lista.

A grande arte é intuitiva.

Depois de um lauto almoço elaborado por Márcia Philippe, mulher do João Vianney, ex-sócio na Editora Paralelo 27 (junto com Carlos Damião) e, coisa rara, de sócios que continuam se dando bem após o término da sociedade, acompanhados da Julie e da Jade, também o Victor Hugo, a quem acabara de conhecer, ligado a informática, bom papo, seguimos para um bolicho à beira da estrada para assistir ao Gre-Nal... Claro está que nessa empreitada só foram os homens.

Casa cheia, reduto gremista, mas o proprietário administrava a tasca com pulso firme, poderíamos ficar tranquilos, segundo a informação do Vianney, uma vez que tanto eu quanto o Victor éramos torcedores do colorado.

Permanecemos ali fora, a conversa estava boa e, com todo o respeito, não vimos o jogo. Soubemos do gol logo no início pelo óbvio da exaltação dos vermelhos.

Quando terminou o embate tive de entrar na birosca para buscar duas cervejas, porque estava na minha vez. Nas costas da camisa vermelha que usava, estava o meu nome e alguém me chamou. Logo dou de cara com três gremistas pilchados e um deles, pergunta: “o que o senhor acha do Dylan Thomas e da Beat Generation?”. Sem refletir muito, afirmo que o Bob Dylan (cujo nome verdadeiro é Robert Allen Zimmermann) adotou o Dylan em uma homenagem ao poeta...

Eles me ouviram e um deles afirmou “gostei do papo, quem sabe o senhor não fica aí para a gente conversar mais?”... Disse que estava com amigos ali fora, mais tarde poderia ser.

Quando saí, me lembrei que foi o Pasquim, na década de 1970, através dos textos do escritor Luis Carlos Maciel que nos tinha revelado o Jack Kerouac, Allen Ginsberg, William Burroughs, Charles Bukovsky, Neal Cassady, Gregory Corso, Timothy Leary, Peter Orlovsky, Carl Solomon, Lawrence Ferlinghetti...

Mais tarde, um dos gremistas que era também professor, se aproximou e me pediu um autógrafo... No princípio acreditei que ele estivesse tirando um sarro, mas não, se confessou um admirador e falou de uma crônica “Os Novos Beatniks” publicada nesse mesmo espaço na véspera de natal do ano passado, daí o seu interesse pelo tema.

O papo ia animado e logo os outros dois gremistas entraram na roda. Quem nos visse de longe acharia inusitado, um torcedor colorado com outros três gremistas discutindo literatura. Um deles disse que ainda curtia a velha máquina de escrever e o Victor Hugo ficou de rever sua concepção sobre o uso da tecnologia entre os mais jovens.

Afirmei que outros autores, pouco lembrados, tinham influenciado aquela geração e poucos se davam conta, citei o J. D. Salinger e “O Apanhador do Campo de Centeio” em que alguns (depois de um porre) incorporavam o personagem do livro, Holden Caulfield (rimos) e também, talvez o melhor deles, Ken Kasey que escreveu “Voando Sobre um Ninho de Cucos” e inspirado nele que o Milos Forman fez o filme “Um Estranho no Ninho”... Mais recente, “Quando Eu Era o Tal”, de Sam Kashner sobre a vida na Jack Kerouac School...

Próximo das 22hs quando o teor alcoólico da moçada já estava entrando no campo das confidências, lembrei do Dylan Thomas “Um alcoólatra é alguém de quem você não gosta e que bebe tanto quanto você”... Despedimo-nos e prometemos continuar o papo no próximo jogo, independente do Grêmio ou Internacional.

29.10.09

Prefeitura não
cumpre acordo II


Após quase uma semana desde que aconteceu a reunião e que o Eng. Luis Américo assumiu o compromisso perante a comunidade do Distrito, apenas ontem no final da tarde o Eng. Carlos ligou-me, certamente após pressão exercida por ti, Regina, Vereador Dinho e quem mais seja.

Resumindo a conversa, disse que não aceitaria a participação de alguém não pertencente aos quadros da PMF no processo de acompanhamento da obra, não se submetendo à fiscalização técnica de outra pessoa.

Ora, a condição que apresentei ao senhor Luís Américo, foi a prerrogativa de recusar trecho da obra que não atendesse aos requisitos, que seria "escarificado e refeito". Essa ingerência o Eng. Carlos não aceita, e sem essa condição, quem não aceita sou eu, senão meu papel na obra seria de mero avalista de qualquer coisa que alí fosse feita, pondo em jogo meu acervo técnico, sobretudo perante a comunidade, sem efetivamente participar do processo.

Quero dizer a respeito desse episódio duas coisas:

Primeira. A figura do supervisor técnico independente em obras de pavimentação é corriqueira no DENIT e outros órgãos do ramo - inclusive o era do Deinfra de Santa Catarina, no tempo em que se chamava DER-SC, pois para eles realizei a supervisão da BR 470, quando se chamava SC 23.

Segunda. Alguém está assumindo decisões que não lhe cabem em nome da Secretaria de Obras da PMF. Ou o Eng. Luís Américo aceitou a ingerência de um representante comunitário sobre a obra, quando não tinha autoridade para fazê-lo, ou o Eng. Carlos não se submete à determinação de seu superior hierárquico e recusa-se a admitir a supervisão de um agente comunitário na obra de sua propriedade.

Em qualquer dos casos a consequência é desastrosa.

Saudações sambaquienses, Cezar Gouvêa.

*
Documentário sobre a
Operação Barriga-Verde
passa hoje na TV Brasil

"Audácia", o documentário vencedor do prêmio DOCTV IV em Santa Catarina, começa a ser exibido hoje (29.10) em rede nacional, às 23 horas, na TV Brasil. Amanhã (sexta-feira, 30.10), 22h40, passa na TV Cultura -SP (canal 2).

Dirigido por Chico Pereira (foto), o trabalho aborda a memória dos presos políticos da Operação Barriga Verde, ocorrida em 1975, em Santa Catarina, com a prisão de 42 pessoas acusadas de pertencer ao PCB.

Chico Pereira, diretor de "Audácia".


*

Amigo Celso
Bom dia.
(Pouco antes das 5:30 - matina).
Anexo (não mandei para ninguém ainda ) uma nova resenha sobre "Cerrado Desterro", de autoria de Silvério da Costa.
O autor é um humanista português, sensível e culto, residente em Chapecó.
Não o conheco pessoalmente.
Nos correspondemos pelo correio.
Nome do anexo: "DesterroCerradoresenha".
Muito grato pela habitual atenção, Emanuel*

*Tenho lido sempre o sambaquinarede.
Uma permanente defesa da comunidade, da dignidade irrevogável da natureza.
Enfim, uma defesa da vida.
É o que nos move.
Perseverante a tua posição (o que nos legitima), e com belas fotos.

Emanuel Medeiros Vieira.

Desterro Cerrado
Resenha
Emanuel Medeiros Vieira, o sempre vivo!

Por Silvério da Costa*

Depois de algum tempo no limbo (mais de um ano), mas sem que por detrás disso haja qualquer má intenção ou o propósito de protelar a leitura, li “Cerrado Desterro” (Thesaurus Editora, Brasília, 2008), o primeiro de uma trilogia de Emanuel Medeiros Vieira catarinense da cepa, mas vivendo em Brasília há muitos anos.

Emanuel, grande amigo, apesar de não nos conhecermos pessoalmente, é, para mim, sem demagogia, um dos maiores escritores deste país, principalmente na área do conto e da poesia. Mas esse livro nada tem a ver com tais gêneros. O que tenho em mãos é um livro de memórias (autobiográfico), um painel dramático de parte de sua atribulada vida. São quase 400 páginas para ler e refletir, até porque na página 215, ele faz um PEDIDO, que me parece desnecessário, mas que é justíssimo: pede àqueles que dispuserem a lê-lo, para que o façam por inteiro.

Eu penso, sinceramente, que seria uma falta de respeito não ler o livro de cabo a rabo. Posso assegurar que só tem a perder quem não ler Emanuel Medeiros Vieira.

“Cerrado Desterro” é um livro visceral, que fala das dores físicas e psicológicas carregadas por Emanuel, ao longo dos seus, hoje, 64 anos. É uma viagem que ele faz no tempo, registrando as passagens mais significativas de sua existência.

No fundo, o livro não deixa de ser uma grande ode à vida, ou, se preferirem, uma grande epopéia, porque canta, epicamente, os bons e os maus bocados que lhe couberam como herança do destino.

Esse advogado de formação, mas escritor por opção, mergulha no seu próprio íntimo, para falar da morte, dos que se foram; da traição e do embuste de certos falsos amigos; do terror da perseguição e da prisão, durante a ditadura militar; e do pavor que a “indesejada das gentes” lhe impôs, no leito de um hospital, mostrando-lhe as garras assassinas, que quase o levaram, em decorrência de uma operação na coluna, seguida de uma infecção (e tudo teria ido por água abaixo, se ele não tivesse sabido responder à morte com a vontade de viver). Enfim são depoimentos e reflexões que mexem com a emoção do leitor.

O seu relato tocou-me profundamente, escrito com o silício da mortificação que dignifica os homens de fibra! Os destemidos!

Emanuel Medeiros Vieira, o emparedado entre a vida e a morte, resolveu passar a sua vida a limpo, fazendo uma espécie de acerto de contas com o seu público leitor, e o fez como poucos , em tais circunstâncias o fariam/farão.

Eu sei que o desalento nunca foi a sua praia. Por isso, segue, altivamente, dando o seu recado. Além do mais, continua sendo o grande humanista que sempre foi, e que a posteridade ainda lhe reserve, ainda, muitos anos de vida, para que ela seja testemunha das muitas e inolvidáveis alegrias e exemplos de sabedoria que, certamente, nos proporcionará!

Embora rodeada de abismos, a alma de Emanuel é imensurável, porque portadora da vida vivificada. Parabéns!

*Silvério da Costa é escritor.

28.10.09

Prefeitura não
cumpre
acordo

O compromisso assumido pelo engenheiro Luiz Américo, da Prefeitura de Florianópolis, visando assegurar a fiscalização social das obras do novo pavimento da estrada geral de Sambaqui, não está sendo cumprido. Com isso ninguém pode garantir a qualidade do serviço que está sendo feito. A presença do geólogo Cezar Gouvêa, morador de Sambaqui , professor aposentado com décadas de experiência na construção de rodovias, foi sugerida pelo próprio engenheiro da Prefeitura durante a reunião realizada na semana passada no Conselho Comunitário de Sambaqui e aceito pelos moradores presentes.

Confira a seguir o relato encaminhado hoje por Gouvêa à Associação do Bairro de Sambaqui (ABS):

Até o presente momento não houve contato de qualquer pessoa da Prefeitura para tratar do acompanhamento das obras de pavimentação da Rod. Gilson da Costa xavier, como havia sido combinado com o Eng. Luís Américo, com testemunho do Intendente Maurício Meurer, em conversa que mantivemos logo após a reunião de quinta-feira, ocasião em que o referido engenheiro assumiu o compromisso público de aceitar que fizesse esse acompanhamento como representante da comunidade.

Tenho o número do celular do Eng. Luís Américo, que me foi fornecido nesse momento: 9925-9364, mas é óbvio que não me cabe fazer o contato, e parece-me evidente, também, que não há por parte do órgão municipal qualquer intenção de cumprir o compromisso assumido perante os representantes comunitários do nosso Distrito, assim como de diversos Vereadores e outras autoridades.

Assim sendo, quero denunciar perante todos aquilo que foi acordado naquela reunião, renunciar à função para que fui convidado pelo representante da Secretaria de Obras da PMF e confirmado pela assembléia alí reunida, e solicitar a minha amiga e Presidente da Associação do Bairro de Sambaquí que comunique esses fatos aos demais líderes comunitários, bem como outras pessoas que participam de nossas preocupações com os assuntos que afetam o Distrito de Santo Antonio de Lisboa.

Atenciosamente, Cezar Gouvêa

*

Meliantes estão de volta...

Os meliantes que assolam o Sambaqui foram presos, mas já estão soltos novamente. Depois do assalto à residência de uma assistente do delegado Renato Hendges, chefe da Divisão Antisseqüestro da Deic, os policiais chegaram até o quatro ontem à tarde. Fizeram escuta nos celulares dos dois menores. Hoje, entretanto, o casal belo e faceiro fazia compras no supermercado local, como se nada tivesse acontecido. Os menores foram retirados pela mãe do Conselho Tutelar.

*
A B S
EDITAL DE CONVOCAÇÃO

ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA

A ASSOCIAÇÃO DO BAIRRO DE SAMBAQUI, pelo presente Edital, convoca todos os moradores do Bairro, para participarem da assembléia a ser realizada no dia 05 de Novembro de 2009 (Quinta-feira), às 20:00h em primeira chamada, e às 20:30h em segunda chamada, na secretaria da ABS, localizada no anexo ao Casarão da Ponta do Sambaqui, Rodovia Rafael da Rocha Pires, 2990, para deliberarem sobre a seguinte ordem do dia:

Adequação do Estatuto da Entidade ao novo código civil.


Estamos quase lá


Por Amílcar Neves

Dir-se-ia (com absoluta propriedade, aliás) que, se não estamos lá, é porque ainda permanecemos cá. Embora, nos casos em questão, o sucesso na conquista do objetivo (“estar lá”) é, precisamente, permanecer cá, isto é, aqui onde se está neste momento.

O caso do Avaí, por exemplo, que disputa o campeonato em ritmo de bolero (dois pra lá, dois pra cá): necessitando de 45 pontos para se garantir entre os 16 classificados para a Série A de 2010 (a primeira divisão do campeonato nacional de futebol do Brasil, que reúne os 20 melhores times em atividade no País), passadas 31 rodadas conseguiu juntar 44 pontos. Tem, agora, as sete rodadas remanescentes até o final do certame, quando estarão em jogo 21 pontos, para amealhar um pontinho apenas, o pontinho salvador.

E por que 45 pontos? Por uma questão puramente estatística, observadas as séries históricas dos campeonatos em que vigorou o mesmo esquema de 20 equipes disputando o título (e a permanência na elite do ano seguinte) em jogos corridos, ou seja, sem classificações intermediárias que habilitem a uma infinidade de quartas-de-final, semifinais e inúmeras finais em ida, volta, retorno, confirmação, prorrogação e cobrança de pênaltis - coisas, estas, que dão enorme prazer e gosto para a televisão, que fatura mais com tantas quartas-de-decisão, semi-decisões e decisões sem fim (e sem lógica). Pensa o vulgo que deve levar o título o clube que for melhor em todo o campeonato, e não apenas durante uma pequena parte do seu desenrolar.

Matematicamente o Avaí pode ser rebaixado para a Segundona: basta perder todas as partidas e o Náutico, hoje em 17º lugar e primeiro a cair, se o campeonato terminasse agora, vencer os jogos que faltam, chegando aos 53 pontos; mas, inversamente, ganhando os derradeiros confrontos (e os nove primeiros colocados ganhando poucos), o Avaí conquistará o título brasileiro com 65 pontos - o Palmeiras, atual líder, mal e porcamente alcança os 54.

Já o Figueirense, disputando uma competição muito mais apertada, em que, das 20, apenas 12 equipes permanecerão na Série B de 2010, está muito melhor do que o Avaí para conservar o seu status. O Bahia, 17º da B, somará 53 pontos se ganhar os seis jogos restantes - apenas dois pontos a mais do que já desfruta o time do Continente.

Pode-se dizer, pois, que está de parabéns o futebol praticado na capital catarinense.


*Amilcar Neves, escritor.
Crônica publicada na edição de hoje (28.10)
do jornal Diário Catarinense.
Reprodução autorizada pelo autor.


*

Reunião Casa da Memória

Dia 29/10 (quinta-feira)

ONDE: Auditório da Casa da Memória
HORÁRIO: 18h30min
PAUTA: Conferência Municipal e Estadual e Políticas Culturais aplicadas no Estado

IMPORTANTE: Nesta reunião, além de discutir detalhes sobre o Conselho Municipal de Cultura e sobre a proposta de Fundo Municipal (que terá de ser diferente do atual, estadual), precisamos também elaborar uma estratégia para a criação de um Fórum Estadual de Cultura.

Murilo Silva - Presidente do Fórum Municipal de Cultura.

27.10.09

A U D Á C I A
Estréia nacional


Uma leitura da Operação Barriga Verde


"Audácia", o documentário vencedor do prêmio DOCTV IV em Santa Catarina, estréia em rede nacional na próxima quinta-feira (29.10), às 23 horas, na TV Brasil. Na sexta (30.10), às 22h40, será exibido na TV Cultura (SP), com reprisse no dia 3.11 (terça-feira, às 02h00).

Com autoria de Zuca Campagna, direção de Chico Pereira e fotografia de Marco Nascimento, "Audácia" aborda as prisões ocorridas em novembro de 1975, em Santa Catarina, na chamada "Operação Barriga Verde", quando foram presas e torturadas 42 pessoas no Estado acusadas de integrar o Partido Comunista Brasileiro-PCB*.

O foco da narrativa é a Colônia Penal Agrícola de Canasvieiras, atual sede do Sappiens Parque, onde boa parte dos presos permaneceu. Antigos militares, carcereiros e sobreviventes do período prestaram depoimentos.

* O episódio da Operação Barriga Verde é tema do livro "Os quatro cantos do sol" (EdUFSC/Fundação Boiteux), escrito pelo titular do Sambaqui na Rede.

Disponível na Óptica Brasil (Santo Antônio de Lisboa).


Para maiores informações sobre o documentário AUDÁCIA:


*

Imagens da Operação Barriga Verde (SC, 1975)

Alécio Verzola, residente em Sambaqui, personagem de Audácia.



Imagens do Arquivo do DOPS-PR/Arquivo Público do Paraná e Arquivo Público de Santa Catarina.
CERCO AO MELIANTES


Resultados da reunião de ontem (26.10) do Conselho de Segurança Comunitária (CONSEG) de Santo Antônio de Lisboa. Em pauta ação de quatro meliantes em Sambaqui.

1) Todas as pessoas que foram abordadas e/ou intimidadas e as vítimas de roubos e furtos e outros atos, devem registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) na sub-delegacia de Santo Antônio de Lisboa (posto policial, antiga Intendência).

2) Use o Disque-Denúncia. Relate a situação no bairro e as ações dos meliantes. Solicite o retorno da ronda policial.


Polícia Civil - 181
Polícia Militar - 0800 481717


26.10.09

Agenda de hoje
26.10.2009

POLÍTICA CULTURAL E
SEGURANÇA PÚBLICA

*

Meliantes em Sambaqui

Reunião do CONSEG de Santo Antônio de Lisboa às 19h30 no Cesusc. Quatro meliantes alugaram uma casa nas imediações da Ponta do Sambaqui e a transformaram em base de suas "operações". Estão entrando nas casas, arrombando veículos e assaltando com uso de faca. Os moradores permanecem alarmados.

*
Acesso à Cultura

Audiência pública hoje (26), às 19h, no plenarinho da Assembleia Legislativa. Em pauta dois projetos de lei federais que buscam incentivar o acesso à cultura e fomentar a produção no setor: O PL 5798/09 do Vale-Cultura, e o PL 468/09, que altera a forma de tributação dos produtores culturais no chamado “Supersimples”. Ambos já foram aprovadas na Câmara dos Deputados e agora tramitam no Senado.

O debate terá a presença do assessor parlamentar do Ministério da Cultura (MinC), Paulo Brum. A promoção é da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Alesc, a pedido dos deputados Padre Pedro Baldissera e Pedro Uczai. Além de produtores culturais, participam entidades que representam empresários de diversos setores.

O vale cultura será a primeira política pública voltada ao “consumo” no setor, diferente de outras, focadas no financiamento da produção cultural. As propostas ampliam o acesso aos bens culturais e garantem o estímulo do mercado da cultura. Com a emenda recebida na Câmara dos Deputados, incluindo os funcionários públicos no benefício, o vale cultura aumentará ainda mais o seu alcance. Em Florianópolis, por exemplo, isto significará a ocupação de muitas poltronas vazias em espetáculos e salas de cinema e de teatro. Haverá a injeção de R$ 7 bilhões a R$ 9 bilhões por ano na cadeia produtiva da Cultura. Mais de 14 milhões de pessoas será incluídas no mercado de consumo de bens culturais.

Com a disponibilização deste dinheiro, o Estado precisará ampliar a oferta de bibliotecas e livrarias, de salas de cinema, espaços teatrais e de artes cênicas nas cidades e nas regiões mais distantes e mais pobres. Exige-se a criação de uma ampla intervenção nos municípios, recuperando, adaptando e construindo novos espaços culturais. Precisaremos de políticas fomentadoras, ao lado da expansão das condições de consumo de produtos e serviços culturais, garantindo a expansão dos meios de produção e circulação de bens culturais

Além das iniciativas públicas (equipamentos e espaços culturais), a iniciativa privada (produtores locais) terá que formular alternativas de comunicação com este novo consumidor, que deverá ser provocado a se interessar por produções locais, conseguindo - em grande medida - concorrer com toda a parafernália da indústria cultural (rádio, TV, jornal), que acaba com a diversidade e trabalha com a massificação dos produtos culturais. Caberá, portanto, muita criatividade para a oferta dos produtos culturais.

Em centros urbanos mais concentrados, como Florianópolis e Joinville, apostar na interiorização de espetáculos articulados com as associações de bairro, por exemplo. Já em municípios menores, como as dezenas de Guaraciabas existentes em todo o Estado, ou até mesmo em cidades como São Miguel Oeste, penso que a instalação de equipamentos e espaços, ainda não existentes, deverão ser prioridade.

(Murilo Silva - Presidente do Fórum Cultural de Florianópolis)

25.10.09

NOTÍCIAS E ESCRITOS

Rosana Bond e Liliane Motta da Silveira
Oldemar Olsen Jr.
Amílcar Neves
Emanuel Medeiros Vieira



*
Rosana e Liliane

1) Dois livros infanto-juvenis de Rosana Bond, moradora de Sambaqui, foram premiados nesta semana pelo Estado de Goiás:Os guerreiros sagrados (Editora Escala Educacional, SP) e O senhor da água (Editora Ática, SP). Estão na lista de obras que serão compradas pelo governo para distribuição em escolas goianas.

2) A cineasta Liliane Motta da Silveira, moradora de Santo Antônio de Lisboa, acaba de ter um filme classificado entre os finalistas internacionais do Festival de Curtas Metragens de Cuzco, no Peru. Os campeões serão selecionados e premiados em novembro.

A obra, com o título No tempo em que nós vivíamos, é um documentário de 15 minutos e trata da visão dos índios guaranis sobre a chegada dos invasores europeus em Santa Catarina, nos anos 1500.

Os diretores são Liliane e Flávio Vidigal, a produção é da Set (Cinema e Televisão) e a fotografia de Vinícius Muniz. A jornalista e pesquisadora Rosana Bond, de Sambaqui, participou como entrevistada.

*

Dá-lhe Olsen!

Bom dia, senhores e senhoras, salve!

Algumas pessoas se sentiram "insultadas" com a expressão "camaradas" que sempre me vali para saudá-los... Respeito...

Como um certo partido aí, vulgarizou a outra, "companheiros", também me recuso...

Assim, fica bem para todos, afinal "senhor" ou "senhora" é respeitoso e não agride ninguém... Melhor que "tio" ou "tia"...

Ao contrário do que meu semblante possa denotar, sou de "boa paz"... Como afirmava um advogado que já foi meu amigo, o "viking ternura"... Well, como o tempo passa e como essa "passagem" muda algumas pessoas... Alguns, para pior...

Estou tergiversando porque vou falar da dor... Tudo isso me deixa triste...

A música é essa, "Because", dos Beatles... Era uma que a banda "Sweet Little Sexteen" gostava de tocar (o título da banda é uma homenagem ao bom e velho Chuck Berry, de quem os Beatles também eram fãs)...


Vai:



Com o carinho do poeta!


A DOR DOS OUTROS

Por Olsen Jr.

A vida em condomínios abriga algumas peculiaridades que muitas vezes passam despercebidas de seus moradores. O fato de muitas ações serem repetidas diariamente produz uma rotina imperceptível. Assim, é quase certo que encontraremos as mesmas pessoas todos os dias. Algumas mais, outras menos.

Com as crianças tais particularidades são mais arraigadas. Elas praticamente crescem juntas, meninos e meninas em turmas distintas. Usufruem da mesma piscina, praticam esporte na mesma quadra, usam o salão de festas para reuniões sociais e desfrutam da churrasqueira com os adultos ou de maneira independente.

Com o passar do tempo, os pais se tornam amigos e passam a ter, inconscientemente certa responsabilidade pela população miúda. Todos se conhecem e frequentam uns os apartamentos dos outros e até dormem uns na casa de um ou de outro como se o ato representasse uma pequena aventura.

Você só entende o significado disso quando, passados aí 15 anos recebe o telefonema de um filho afirmando: “pai, o Lucas morreu”...

Segue-se um silêncio e antes que você possa dizer alguma coisa, ouve “o Sky (apelido carinhoso do garoto, provavelmente tirado do filme “Guerra nas Estrelas”) era um dos meus melhores amigos”...

Então “cai a ficha” e antes de encontrar algo para dizer, você se lembra deles brincando juntos lá no prédio onde moravam... Jogando bola no pátio... Ocupando o tempo com o “Banco Imobiliário”, jogando canastra, xadrez, os brinquedos eletrônicos e depois, mais adultos, a descoberta e paixão pela música... Cada um escolhendo um instrumento e ensaiando... É, seguem-se todas aquelas manobras pouco sutis de conduzir a aparelhagem para cima e para baixo, no carro de um ou de outro dos pais, da escolha de um lugar para ensaiar, da negociação com a vizinhança, afinal, daquelas tertúlias musicais bem que poderia sair um virtuose, quem sabe alguém que ficará famoso um dia e poderão dizer, “puxa, essa gurizada ensaiava lá perto de casa, mas sempre botei fé que dali sairia alguma coisa boa... E não é que eu estava certo!”...

Soube que o Lucas tinha apenas 30 anos, não fumava e não bebia, havia casado recentemente, dedicava-se inteiramente a música... Acabara de ganhar uma bolsa para fazer um mestrado em música e a sua banda iria tocar no final do ano na França, estava animado, no auge do entusiasmo que poderia representar uma promissora carreira e aí um enfarte põe fim ao sonho...

Ironia, triste destino, quando nos aproximamos do sonho, ele se esfuma, evapora, some… Permanece então a história da luta que foi para buscá-lo e isso justifica uma vida inteira, ainda que se alie à tristeza, a solidão, as dores do que se perdeu pelo caminho…

Meu filho está chorando ao telefone... Imagino o que significa aquela tragédia para todos os amigos deles, os pais do Lucas, Paulo e Gisele da Rosa e os seus irmãos, Tiago e Paola... O mundo desabando em cima de uma família e as forças do universo mostrando em todos os nossos poros o quanto somos pequenos e vulneráveis aos seus desígnios...

Penso nas “Meditações”, do poeta John Donne quando diz “...A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte da humanidade”...

A dor dos outros explodindo em significações e eu ali, mediocremente pensando na eleição para uma academia de letras, deus meu, como um homem pode deixar-se corromper por tal papel?
Foi naquela hora, na tarde de terça-feira, dia 20, que decidi não submeter mais o meu destino a uma minoria de homens de letras... E daí, já despido da glória passageira do Olimpo, como um mortal que acaba de descobrir a verdade essencial, solidariamente, chorei junto com o meu filho aquela perda humana que nenhuma lágrima poderia mais trazer de volta!

*
Ler. Para quê?

Por Amílcar Neves*

Ler um livro, para começar. Com todo o respeito pelos jornais, revistas e meios eletrônicos, ler, de verdade, é ler livro. Por mais que, democraticamente, se possa discordar desta posição.

Ler um livro de literatura, fique claro. Manuais técnicos, religiosos e de autoajuda são textos de consulta, não de leitura. Ler livro é ler literatura, apesar de se vender o peixe por aí embrulhado em folhas de livro.

Ler um livro de literatura de qualidade, esta é a questão. Nem tudo o que reluz é literatura. Ler livro de literatura é ler obra de qualidade estética e, claro, literária; o resto, me desculpem, é perda de tempo.

Então, invariavelmente, vem a pergunta: por qual razão, humanitária ou prática, haveria alguém de pôr-se numa tal confusão de escolher um livro, e que fosse de literatura, e que fosse de qualidade, para fazer essa coisa tão chata e enfadonha que é isso de ler?

Evidente: numa casa em que pai, mãe, tios e vizinhos param tudo - param de comer, de conversar, de se conhecer e até de amar - para se deixar hipnotizar por uma sequencia quase interminável de telenovelas (a sucessão de enredos sempre repetitivos só acaba na hora de dormir para ir trabalhar amanhã cedo), fica bem mais difícil para a criança e o adolescente descobrirem espontaneamente o prazer insuperável da leitura (de um bom e instigante livro de literatura).

O escritor peruano Mario Vargas Llosa dá a pista para uma resposta sensata à questão no livro Cartas a um Jovem Escritor:

“Sem dúvida, o jogo da literatura não é inócuo. Produto de uma insatisfação íntima com a vida como ela é, a ficção também é uma fonte de mal-estar e insatisfação, pois quem, através da leitura, vive uma grande ficção - como as duas que acabo de citar, a de Cervantes e a de Flaubert [o autor se refere, respectivamente, a Dom Quixote e Madame Bovary] - retorna à vida real com uma sensibilidade muito mais aguçada diante de suas limitações e imperfeições, inteirado por aquelas magníficas fantasias de que o mundo real e a vida de verdade são infinitamente mais medíocres do que os inventados pelos escritores. Essa intranquilidade frente ao mundo real que a boa literatura alimenta pode, em certas circunstâncias, traduzir-se também em uma atitude de rebeldia contra a autoridade, as instituições ou as crenças estabelecidas.”

Por isso os ditadores odeiam livros, quem os escreve e quem os lê.

*Amilcar Neves, escritor.
No crônica publicada no jornal Diário Catarinense
de 21.10.2009.
Reprodução autorizada pelo autor.

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Saint Exupéry

Aviador por profissão, escritor
por vocação (e devoção)


Por Emanuel Medeiros Vieira

Antoine de Saint Exupéry (1900-1944) deve estar no vasto Mediterrâneo. Nunca acharam o corpo deste aviador por profissão e escritor por vocação (e devoção).
Não importa. Ele é do mar e de todos nós.
O grande Antoine um dia desceu na nossa ilha, no Campeche (felizmente, antes de sua favelização).
Não, não é, como muitos pensam, um escritor das misses que, com suas curtas massas encefálicas, nunca o entenderam. É maior. Leiam só o final de “Terra dos Homens”, na tradução de Braga.

Traduzi trechos do livro de Saint Éxupery.
Mas a versão do maior cronista brasileiro de todos os tempos é perfeita.
Leiam: “O que me atormenta, as sopas populares não remedeiam. O que me atormenta não são essas faces escavadas nem essas feiúras. É Mozart assassinado, um pouco, em cada um desses homens.
Só o Espírito, soprando sobre a argila, pode criar o homem.”

ARTHUR RIMBAUD: Tive a ousadia de fazer uma tradução de “O Barco Bêbado”, de Arthur Rimbaud (1854-1891), um dos mais belos poemas de todos os tempos.
Algumas fontes informam que ele escreveu essa obra-prima aos 17 anos.
Ele nasceu na cidade francesa de Charleville.
Foi um aluno brilhante, e aos 15 anos já havia ganho vários prêmios por composições em latim.
Em 1871, escreve vários poemas, que envia ao já célebre poeta Paulo Verlaine (1844-1896).
No mesmo ano, vai para Paris, onde Verlaine o introduz à comunidade literária.
Resumindo: Verlaine abandona a mulher e o filho por sua causa.
Em 1872, os dois vão até Londres e Bruxelas.
No ano seguinte, em meio a uma briga, Verlaine atira duas vezes no amante, e é condenado a dois anos de prisão.
Rimbaud volta a Charleville e termina o livro “Une saison en enfer” (“Uma temporada no inferno”).
Esta obra inspirou o cineasta Jean Luc Godard (1930) na construção de um de seus mais importantes e belos filmes: “O Demônio das Onze Horas” (“Pierrot le Fou”), de 1965.
Em 1874, Rimbaud retorna a Londres e conclui “Illuminations” (“Iluminações”).
Aos 21 anos pára de escrever.
Sim, desiste da poesia na casa dos 20 anos.
Decide trabalhar, viaja muito, vive “relacionamentos amorosos com exóticas nativas e ganhando a vida como traficante e comerciante de armas.” (Paulo Hecker Filho).
Volta à França em 1891 e tem a perna amputada.
Morre em Marselha, em novembro de 1891, aos 37 anos.
Vinícius de Moraes (que leu tudo) confessou a Paulo Hecker Filho: “O maior de todos é Rimbaud.”
Henry Miller afirmou: “A última palavra do desespero, da audácia, da maldição. A poesia tudo deve a Rimbaud. Até agora ninguém o superou em audácia e imaginação.”

POESIA: Os poetas, como os cegos, enxergam na escuridão.
Hoelderlin já nos ensinava: “O que permanece, fundam-no os poetas.”
Alphonsus de Guimaraens Filho escreveu: “Se não for pela poesia/como crer
na eternidade?”
Numa mensagem, meu amigo Ronaldo Cagiano, confessa: “Um minuto no túmulo de Balzac, uma tarde à beira do Sena ou um café n’A Brasileira, onde sentou Pessoa, me ensinam mais que todas as religiões e filosofias.”
Kafka já dizia: tudo o que não é literatura me aborrece.
Complementa Cagiano, o colega escritor: Não tenho medo de andar contra a corrente. A vida não é feita de adesões ao política, estética e culturalmente correto, mas ao que tem dimensão onírica, humana e solitária. E isso não dá votos, nem resenhas na Folha.”

Me perguntaram numa escola aqui em Brasília: “Como se faz um bom livro?”
Eu sorri, sala cheia, jovens de 20 anos.
Sabia de cor a resposta de Somerset Maugham: “Há três regras para se escrever um bom livro. Infelizmente, ninguém sabe quais são.”
Dia de citações, não é? Meus perdões.
Porque escrever não tem receita. Tem inspiração sim. Mas tem muito trabalho. “Transpiração”, disciplina. Há que começar a faina diária mal rompe a aurora.
Todos os dias, todos.
E ler, muito. Reler. Ler mais. Sempre. Até o último suspiro.
Se paramos de ler, vamos morrer.
O aprendizado da escrita é misterioso.
“O processo de aprender a escrever é desanimador porque é inexplicável”, afirma Alberto Manguel.
Ele complementa: “A leitura é uma atividade pela qual os governos sempre manifestaram um limitado entusiasmo”
É claro. A leitura abre os espíritos.
A literatura “revela”.
A verdade liberta. Com ela no seu coração, você não votaria mais por ter recebido uma esmola, um saco de cimento, umas telhas ou uma bolsa-família.
Ler sempre incomoda os ditadores, os napoleões tupiniquins, desagrada os poderosos, os idiotas e medíocres de plantão.
E, no geral, eles estão nos órgãos ditos culturais, com o seu vasto número de funcionários entediados, seus burocratas mesquinhos e seus lanches vespertinos, suas panelinhas burlescas, que querem camuflar o seu enorme vazio com roupas chics ou retóricas e preciosismos. Não enganam. Não adianta. São figuras que merecem a piedade. Serão varridos por qualquer vento sul. Podem receber prebendas, se acham “sérios”, às vezes assinam colunas diárias.
Mas serão sempre figuras menores: aquelas que morrerão sem a solidariedade de si mesmas.
Manguel lembra que Pinochet proibiu “Dom Quixote”, de Cervantes.
Lógico, o leitor lendo Quixote descobriria a alma nazista do facínora sanguinário que foi o ditador chileno, uma besta do Apocalipse sul-americano.
Penso no que disse um republicano espanhol (pai de um escritor) que passou muitos anos numa prisão política:
“Até na cadeia vocês serão mais felizes de gostarem de ler.”
É verdade!
O que me salvou nos meses de prisão política no DOPS foi a leitura (na OBAN não permitiam: lá era só porrada).

LEMBRANDO PRESTES: Agildo Barata estava numa cela com Luiz Carlos Prestes, em 1945. Notou um opúsculo de capa verde. Na capa: “Pensamentos de Augusto Comte”. No interior: aforismas estóicos, que Prestes traduzia do grego para passar o tempo. E dizia que como a capa era de Comte, os milicos não iriam tomá-la.
Conclusão de Barata: quando penso em Prestes, penso sempre num livro de máximas estóicas e de capa positivista.
“Que sacada, hein”, interpreta o meu velho amigo Flávio Aguiar (desde 1962, no Colégio Anchieta, em Porto Alegre), editor do “Carta Maior”, e que agora vive em Berlim.
Essa cidade sempre me emociona, pois lá varei noites conversando com Luiz Travassos, tomando todo o vinho alemão existente, a gente caminhando até perto do Muro.
Ele lá exilado. Eu fugido da “ditabranda”, segundo a Folha.
Voltando ao líder comunista: quando penso em Prestes penso mais num pensamento granítico e positivista de um homem íntegro, profundamente digno (às vezes equivocado, mas nunca desonroso).
Por exemplo: sua aliança (“Constituinte com Getúlio”) com Vargas (que o deixaria muitos anos preso nas mãos do perverso Filinto Miller) foi um erro ou uma necessidade naquele momento, em função de um projeto político maior?
Em termos éticos não se justifica. Foi Filinto quem entregou Olga, a mulher de Prestes, para a Gestapo.
Prestes era mais positivista que comunista. Estou equivocado?
David Nasser escreveu um livro chamado “Falta Alguém em Nuremberg”.
Esse alguém era Filinto “carrasco” Miller, que foi presidente da ARENA, o “maior partido do Ocidente”, segundo o inesquecível Francelino Pereira.
Francelino foi quem fez a nunca respondida indagação: “Que país é esse?”
Lembrando: a polícia política do Estado Novo (1937-1945), chefiada por Filinto Miller, arrancou com torquês um dente de Carlos Marighella.
Marighella, segundo o juízo insuspeito de Jarbas Passarinho (que fez a célebre proclamação no dia da promulgação do AI-5, 13 de dezembro de 1968: “às favas com os escrúpulos, senhor presidente”), teria sido o homem mais corajoso que existiu no Brasil no enfrentamento da tortura.

TRANSPOSIÇÃO: Amo muito o Rio São Francisco. Amo tanto que situei em Pirapora, Minas Grais, o momento mais emblemático e dramático do meu romance “Olhos Azuis – Ao Sul do Efêmero” (sua gestação durou 12 anos).
A personagem Júlia amava demais aquele rio e queria morrer perto dele.
Amo tanto e conheço um pouco a sua “vida” (para não parecer imodesto). Conheço o velho Francisco em Minas, em Sergipe, na Bahia...
O rio está morrendo. E a transposição não o salvará.
A quem serve a transposição? Às empreiteiras, às oligarquias nordestinas, às empresas do agro e do hidronegócio, aos políticos fisiológicos dos partidos hegemônicos, aos prefeitos e vereadores corruptos, à vocação megalomaníaca de Lula, que na avaliação de muitos é uma espécie de Médici do populismo.
A transposição serve ainda a outros interesses menores.
Não ajuda às populações ribeirinhas. E só deveria servir a elas.
Quem diz isso não é o DEM ou PSDB, não é gente de “direita”: é a Comissão Pastoral da Terra.
Rubem Siqueira, sociólogo desta comissão, diz que a “vistosa” obra da transposição é um “achado”do ponto de vista do marketing da costura política e econômica.
Para ele e para nós, a obra “não só cabala votos, mas encanta as oligarquias nordestinas e atrai abastados doadores de campanha como as empresas envolvidas na construção e no usufruto do projeto público, poderosas empreiteiras e aquelas não menos poderosas do agro e do hidronegócio.”
Ruben Siqueira lembra que os “Pais da Pátria”, os que buscam unanimidade servil sempre acabam virando ditadores.
Pena que a Ilha natal esteja tão longe do Rio São Francisco.
Pois quem conhece um pouco a situação, como algumas pessoas de bem do Nordeste e de outras regiões, estão cientes de como é equivocada (meu coração gostaria de chamá-la de criminosa) a chamada transposição do Rio São Francisco.
É de uma crueldade inqualificável o que estão fazendo com as populações ribeirinhas.
E com o rio.
Pobre Francisco, que já foi o rio de nossa unidade.
Belo Francisco!
Quem assistiu a um por-do-sol em Três Marias, MG, sabe do que estou falando. Falo de sua beleza.

O RETORNO DO ENGENHO


Imagens do TRIO ENGENHO no Baicau de Alguém

Alisson.

Marcelo.













Chico.









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C O N V O C A Ç Ã O
U R G E N T E!


O Conselho de Segurança (CONSEG) do distrito de Santo Antônio de Lisboa se reúne em caráter extraordinário nesta segunda-feira, às 19:30 horas, no CESUSC.

Motivo: a presença de quatro notórios meliantes espalhando o pânico na comunidade de Sambaqui. Eles alugaram uma casa na estrada geral, próximo a Ponta do Sambaqui, e passam os dias roubando residências e equipamentos de veículos. Uma moradora foi assaltada com faca. Eles se apresentam como pedintes nas casas e, de forma agressiva, vão "pedindo" o que precisam.

Segundo Ana Maria Blanco, do CONSEG, foram convidados representantes das políciais Militar e Civil e do Conselho Tutelar (dois são menores).

A tensão é grande. Alguns moradores sugerem a ação direta, mas estão contidos pelos que acreditam na ação das autoridades da segurança pública. Entretanto, qualquer nova investida do grupo pode gerar conseqüências graves.