EMANUEL EM DOSE DUPLA
O blog da Bethania e a
segregação no Carnaval
O blog da Bethania e a
segregação no Carnaval
BethaniaBlog
SOBRE O BLOG DA BETHANIA
(Curta nota sobre “protecionismo” e os
velhos males do patrimonialismo brasileiro)
Por Emanuel Medeiros Vieira
SOBRE O BLOG DA BETHANIA
(Curta nota sobre “protecionismo” e os
velhos males do patrimonialismo brasileiro)
Por Emanuel Medeiros Vieira
Noticia-se que a cantora Maria Bethânia foi autorizada pelo ministério da Cultura a “captar” (as aspas são minhas) recursos no valor aproximado de 1 milhão e 300 mil reais, para a feitura de um blog.
Captar? É claro que logo aparecerão o Banco do Brasil, a Petrobrás (sempre ela!) e a Caixa para oferecer a verba necessária.
A verdade é que instalou-se uma “panela” poderosíssima – com apoio de artistas famosos – no ministério – que pela Cultura nada faz.
(É por que a “turma” apoiou a presidente?!)
A colocação necessária é a seguinte:
Não se trata de discriminar proponente famoso, como observou alguém.
Mas sim de recusar uma proposta de quem – até por ser famoso – não precisaria deste avall público para bancar patrocínio, às custas do nosso dinheiro.
E, certamente, de quem dispõe de recursos próprios para a empreitada.
E o Estado ficaria dispensado de renunciar a receita.
A renúncia fiscal deve atender a proponentes que não tenham condições para bancar um projeto.
Quanta gente anônima mereceria!
A postura que aprendemos no CPC da UNE (não aparelhada ainda...) era outra: cultura viva, idealista, desapegada da pecúnia e calcada na identidade do povo brasileiro.
Sem patrimonialismo ou privilégios.
(Salvador, março de 2011).
*
CARNAVAL DA
SEGREGAÇÃO
(E curta reflexão sobre a
instalação de usinas nucleares)
CARNAVAL DA
SEGREGAÇÃO
(E curta reflexão sobre a
instalação de usinas nucleares)
Por Emanuel Medeiros Vieira
O carnaval, pelo menos na Bahia, virou a celebração do “apartheid” e da
segregação.
Os cantores famosos que já ganham rios de dinheiros, ganharam mais.
Como observou Emiliano José, são vários os “apartheids” da organização do carnaval em Salvador nos últimos anos.
Os “cordeiros” (as pessoas que seguram as cordas dos blocos, onde entram quem pode pagar os abadás) são submetidos a um regime de trabalho semiescravo – são “negros convertidos em guardiãs dos brancos bem nascidos, protegidos por cordas”.
São obrigados a sustentar as cordas, afastando a multidão a que eles mesmo pertencem.
Resumindo: de um lado, a multidão de fora das cordas.
De outro, os que pagam proteção e brincam no interior das mesmas.
Reconheça-se o esforço do Ministério Público para diminuir a exploração.
Mas a segregação não desaparece.
Como observou o jornalista citado, “há turistas que chegam aos hotéis, embarcam nos ônibus, descem protegidos por seguranças, entram nas cordas, e dali voltam para suas camas, sem sequer interagir com Salvador, com a complexidade da cidade.”
Com esse tipo de privatização do espaço que deveria ser de todos, com privilégio para tais blocos, o chamado folião “pipoca” é marginalizado.
Os camarotes representam outro tipo de “apartheid”.
Uma plateia da dita elite vê o trio elétrico passar, e paga alto para fruir o espetáculo.
Muitos que participavam de blocos de rua e combatiam a ditadura, agora estão nos camarotes.
Preferem terceirizar responsabilidades (ABANDONANDO OS APOSENTADOS E O FUNCIONALISMO PÚBLICO COM SEUS SALÁRIOS DE FOME), e culpar Obama por tudo o que de ruim acontece.
Quem conhece um pouco de Freud, sabe que tal postura poderia ser qualificada de “mecanismo compensatório”, álibi ou truque mental para não assumir as próprias responsabilidades.
Não é má vontade. É só ler os jornais. Os que foram eleitos para combater a funesta herança carlista, hoje estão aliados a muitos remanescentes da ditadura.
Mas conheço antecipadamente a reação de vários petistas e simpatizantes camuflados ou envergonhados: culparão o mensageiro (o autor destas linhas) e não a mensagem (o modelo de governo).
É como culpar o termômetro pela febre.
Oferecem circo (o pão é pouco...), e o governador dito “progressista” quer a todo custo instalar uma usina nuclear na Bahia, mesmo com o “apocalipse” japonês.
O carnaval virou também virou espetáculo televisivo. Alpinistas sociais e atores de segunda, querem a todo custo aparecer.
Mesmo cantores conhecidos, não criticam tais jogadas. Ficam quietos para ganhar mais dinheiro.
Afastaram-se da Bahia real.
Repetem os estereótipos para turistas, e negam as raízes.
Não querem misturas.
Esquecem-se que Salvador é uma cidade de maioria negra.
Nos camarotes, “os palácios se reproduzem em ambientes cinematográficos, devidamente aromatizados, a depender do gosto do freguês, o ar condicionado evitando ou minimizando o suor.”
Que um dia, no carnaval da Bahia, as cordas sejam abolidas e as praças e as ruas sejam do povo.
E que voltem os verdadeiros blocos de rua*
*O governador da Bahia, Jacques Wagner, se lesse as minhas linhas, provavelmente, logo as desqualificaria.
Ele chamou de besteirol um belo texto do baiano João Ubaldo Ribeiro, contra a ponte Salvador-Itapirica.
Governador: desista da instalação de uma usina nuclear na Bahia!
Infelizmente, vários amigos (que, no seu íntimo sabem que eu tenho razão) não vão me apoiar. Dirão que é “jogo da direita”.
Como se usina nuclear fosse algo bom para o socialismo e a esquerda!
Como escreveu Janio de Freitas, “só mesmo a irracionalidade dos racionais para continuar espalhando usinas nucleares em seus países. O Brasil, é claro, vai para Angra3 e planeja mais”.
(Salvador, março de 2011)
2 comentários:
Parabéns, mais uma vez, pelo excelente texto do meu querido amigo e tio (nesta ordem, pois temos parentes que não nos damos, risos...) Tadeu!
Esta "segregação no carnaval" é a mais pura realidade, denotando uma cultura do "quem pode mais" (entenda-se: quem paga mais ou é influente) em detrimento daqueles (ou seja, o POVO, para quem a festa efetivamente é feita!) que deveriam curtí-la em sua totalidade!
Abs,
Eduardo Luchini Vieira
Parabéns pelos artigos e pelo blog.
Tivemos a liberdade de selecioná-lo para a lista de blogs do soscanasvieiras.
Assim, ficamos mais informados com o que acontece em outras comunidades.
Abraços,
Sandra Petersen
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