14.3.11

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Eternidade
Emanuel Medeiros Vieira
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Fatma, fosfateira e
o Wikileaks Brasil
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Nova Era de
João Manoel do Nascimento


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Ponta do Sambaqui, 13.3.2011. Foto: Celso Martins

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ETERNIDADE
(E APROPRIAÇÕES)

Sambaqui, 13.3.2011. Foto: Celso Martins

Agradecendo aos autores que “pilhei”

Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA

PARA MAURA SOARES


Onde estão as estantes dos livros que não escrevemos?

De todos os livros lidos?

E tantos ainda faltam.

“Estendem-se pelo espaço remoto da biblioteca universal”

Aproprio-me do que já foi pensado

(e tudo já foi concebido):

“Estamos sempre no começo do começo da letra A”.

E assim chegaremos à eternidade:

a infância debruçada sobre nós – minha peregrinação:

“Há um caminho por onde passo/e outro que passa por mim/

Um anda por meus passos/e não tem fim/O outro é onde meus passos perderam-se de mim.”

(Miguel Sanchez Neto).

Eternidade:

o tempo é um orixá que não incorpora porque humano algum suportaria o seu peso?

Passamos,

Em cada amanhecer, chegamos mais “perto”:

não adiantam as artimanhas.

Até quando?

E a sede de Infinito não cessa nunca.

(Salvador, março de 2011)

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A fosfateira de Anitápolis
segundo o Wikileaks Brasil


Imagens do blog do biólogo Jorge Albuquerque (Mata Atlântica SC)

Com o título FATMA - Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina, Está à Venda?, o Wikileak Brasil denuncia a conivência do órgão ambiental com crimes contra o meio ambiente. Confira.

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Bem-Vindos à Nova Era

Por João Manoel do Nascimento*

A internet é uma ferramenta fantástica e revolucionária. As recentes mudanças no mundo árabe são exemplos do "poder de fogo" das redes sociais e da nova forma de cidadania, tanto que os ditadores "desligam" a World Wide Web ("Rede de Alcance Mundial") imediatamente quando percebem que vão se ferrar.

Vários fenômenos estão ocorrendo simultaneamente e o tempo para adaptação ao imenso volume de novas informações encurtou. Os escândalos são tantos e tão freqüentes que as instituições estatais não estão dando conta de oferecer rápidas e eficientes soluções aos novos desafios (antes maliciosamente ocultados).

Sem haver um marco histórico bem definido, conforme a História sempre dividiu pedagogicamente nas chamadas "Idades" ("Invenção" da Escrita, Fim do Império Romano do Ocidente, Fim do Império Romano no Oriente e Revolução Francesa), estamos vivenciando o surgimento de uma Nova Era.

Esta Nova "Idade", que alguns chegaram a denominar como o fim da História ou o fim das ideologias, é algo tão espetacular que não estamos conseguindo compreender a sua dimensão, pois a velocidade está desafiando o cérebro humano. A despeito do desafio de inclusão social de parcelas pobres da população na internet, parte da humanidade está se tornando "obsoleta" por não conseguir ou por se recusar a se adaptar. Estes obsoletos estão deixando de ser cidadãos.

Entre vários eventos caracterizadores, não há um único marco histórico como a queda do Muro de Berlim, o "11 de Setembro de 2001" ou a Crise Financeira de 2008. São tantos os acontecimentos espetaculares que, às vezes, nos sentimos perdidos, sem rumo. As notícias da manhã, são "velhas" à noite! Chegam a dizer que, em um único ano, a humanidade acumula mais conhecimento do que todo o resto de sua existência!

Porém existem elementos caracterizadores deste momento histórico (ainda não concretizado), no qual as invenções tecnológicas tornam-se ultrapassadas em menos de um único ano. Entre vários, listo apenas alguns:

1 - A democracia está passando por um profundo processo de reinvenção;

2 - A política passou a ser o compromisso individual com a transformação da realidade e a delegação do "destino" apenas a representantes não reflete mais a democracia contemporânea;

3 - A "ideologia" ecológica está aflorando como forma de sobrevivência, por isso se fortalece diariamente, pois o homem descobriu que a "natureza" é finita (ainda que, por vezes, imprevisível);

4 - A consciência da existência de uma coletividade única está tomando corpo contra o egoísmo individualista (que é resistente);

5 - As atuais instituições públicas e "Poderes" dos Estados não estão conseguindo apresentar respostas eficazes às transformações e, por isso, perdem um pouco de sua legitimidade a cada dia;

6 - A transparência e a plena publicidade dos atos dos governantes passou a ser um princípio absoluto;

7 - Vários percebem que "mídia podre" é cúmplice da corrupção e da manipulação perpetuada pelos "donos do poder", sendo que, cada vez mais se presta a tentar conduzir a "opinião pública", no entanto, não percebeu que apenas os "obsoletos" são controláveis;

8 - E, acima de tudo, a internet tornou impossível o controle da informação (mesmo na China e no Irã, os jovens conseguem burlar).

Estamos em um mesmo "navio" chamado Planeta Terra e o(s) capitão(ães) que não respeitar(em) as novas regras impostas pelos rebeldes marujos será(ão) deposto(s). Ainda que a presença física seja fundamental nas manifestações, a tecla "ENTER" passou a ser a mais revolucionária das armas.

Os movimentos sociais têm que se adaptar para esta enxurrada de novas demandas e de escândalos diários. O tempo de mobilização é extremamente menor do que estavam acostumados. As estratégias e o "timing" das reações populares são desafios para os líderes (que passaram a ser mais numerosos, mais pontuais e mais temporários). As redes sociais (listas de e-mails, blogs, facebook, twitter, etc) são ferramentas obrigatórias de cidadania.

Bem-vindos ao mundo NOVO. Reinventem-se, conectem-se, informem-se, critiquem e ajam antes que se tornem também "obsoletos".

Neste mundo, o perigo é a banalização das violências e dos desrespeitos aos direitos fundamentais.

*João Manoel do Nascimento é advogado e líder comunitário no Pontal de Jurerê/Daniela. E-mail: joaomn@yahoo.com.br.





Um comentário:

CHIICO MIGUEL disse...

Caro Emanuel,
Li seus poemas e encontro neles motivação para outros. Esta é a boa poesia. Li também um artigo a seguir, não me lembro do autor, ah, sim, de JOÃO MANUEL DO NASCIMENTO, que é bastante incisivo sobre a nossa era, sobre a indecisão do homem contemporâneo, sobre a necessidade de nos informarmos mais e melhor para agir. Grande trabalho vou até copiar para meu computador e tentar repassálo, juntamente com um poema meu, com o mesmo título do seu ETERNIDADE. Só que a minha eternidade é do amor. Um poema que já foi musicado.
Abraços
FRANCISCO MIGUEL DE MOURA