22.2.11

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IRMÃ NATÁLIA
no DAQUI Jornal



O DAQUI Jornal acaba de ganhar um grande reforço: a presença de Juraci Andrade Pires, Irmã Natália, como a mais recente colaboradora. Nascida na Barra do Sambaqui em 30 de setembro de 1926, filha de Roldão da Rocha Pires e dona Virgínia Andrade Pires, professora na adolescência e parte da juventude. Ingressou na Irmandade da Divina Providência e foi consagrada em 1948, tendo dedicado boa parte de sua missão entre os pobres do Nordeste brasileiro.

A estréia de Irmã Natália no DAQUI Jornal acontece já na próxima edição que circula no dia 13 de março. Inicialmente ela vai escrever sobre sua mãe, dona Virgínia, e a educação que transmitiu aos filhos. A integração de Irmã Natália ao projeto de comunicação alternativa do distrito de Santo Antônio de Lisboa reforça o empenho de valorizar e trabalhar a memória coletiva das comunidades locais.

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Opinião
O sentido do trabalho

Por Dino Gilioli*

Os defensores do sistema capitalista prometeram que com os avanços tecnológicos os trabalhadores teriam mais tempo para o lazer, para o ócio; enfim, para viver uma vida mais tranqüila e mais saudável. O que se observa é justamente o contrário. Raras exceções, os trabalhadores acordam mais cedo e dormem mais tarde para “dar conta” de suas responsabilidades profissionais, familiares. Isto não quer dizer que a tecnologia é algo mal ou bom por si mesma. O fato, é que devemos percebê-la sem nenhuma ingenuidade ou romantismo. A tecnologia, que tem contribuído para melhorar a vida das pessoas, é a mesma que tem provocado a extinção de algumas profissões, a redução de postos de trabalho e o aumento do desemprego. É a mesma que tem servido de instrumento, no atual sistema, para aumentar os ganhos financeiros de alguns poucos em detrimento do aumento da carga e do ritmo de trabalho para muitos.

O que se vê é mais gente levando tarefa para casa e carregando o celular até para o banheiro, isto quando não dorme com ele ao lado do travesseiro. Além disto, os famosos emails ganharam notoriedade e vida própria, nos finais de semana e em qualquer horário este recurso está à disposição dos “viciados” em trabalho, dos amantes da “produtividade”. Já que nos dizem que o tempo é precioso, não dá para perder tempo não é mesmo? Sim, o tempo é precioso, mas para quê e para quem? Temos uma agenda lotada, mas nem sempre a vida é cheia de sentido e, não raras vezes, o trabalho preenche um vazio ou – no mínimo, nos proporciona confortável fuga.

Qual o sentido do trabalho e que espaço ele deve e pode ocupar na vida? Como não vivemos para sempre, o importante é tentar aproveitar a vida e o tempo da melhor maneira possível; porque o resultado dessa correria toda só pode ser dores, ansiedade, esgotamento. Não por acaso, pesquisadores já identificaram diversas doenças relacionadas ao excesso de trabalho. Estresse, distimia, depressão e burnout são apenas algumas. Mas há também as chamadas doenças ocupacionais, que nem sempre são perceptíveis a olho nu. Tais doenças têm o poder de aprisionar o indivíduo, de calar sua expressão e provocar um sofrimento silencioso. A pessoa afetada perde aos poucos a capacidade de desempenhar tarefas simples e de se comunicar normalmente. Quando não levadas a sério, as doenças do trabalho podem incapacitar as pessoas para a profissão e para a vida.

Antes que o pior aconteça precisamos lembrar, como nos adverte Charles Chaplin, de que “não sois máquinas, seres humanos é que sois”. Não devemos ser escravo de ninguém e de nada, muito menos podemos tolerar uma sobrecarga, um ritmo de trabalho que extrai de nós o direito de viver com saúde, com mais dignidade humana. As propagandas, os apelos diários ao consumo, nos impelem a uma vida de aparência, de um “status” pré-estabelecido; remetendo-nos, quase sempre, a querer mais e mais, a adquirir coisas que – na maioria das vezes, não faz nenhum sentido. Pense nisto.

*Dino Gilioli é diretor do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis - Sinergia. Texto distribuído pela Rede Popular Catarinense de Comunicação/Soberania Comunicacional.


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