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SAMBAQUI MAGAZINE
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ABS discute futuro do Casarão - Emanuel Medeiros Vieira lembra antigos professores - As histórias alheias de Amílcar Neves - Honduras (Larissa Cabral) e Gaza (Raul Fitipaldi) - Novo protesto no Farol de Santa Marta (Laguna-SC)
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Casarão da ABS
Futuro do imóvel começa
a ser discutido em março
Futuro do imóvel começa
a ser discutido em março
A diretoria da Associação de Bairro de Sambaqui (ABS) realiza no dia 19 de março (sábado), às 15 horas, a primeira reunião para definir o futuro do Casarão da Ponta, atualmente com obras de restauração. O futuro do imóvel erguido em 1854 é objeto de polêmicas envolvendo integrantes da ABS, moradores e o poder público.
Existem aqueles que defendem a inauguração somente após a conclusão das obras de recuperação do anexo onde estão a cozinha e instalações sanitárias. Desse modo, o Casarão permaneceria fechado até a conclusão final dos trabalhos. Outros propõem a imediata inauguração da parte principal do imóvel, enquanto prosseguem as obras no anexo. A vice-presidente da ABS, Dóris Gomes, por exemplo, quer a definição da "data de inauguração para mantermos o casarão aberto, o quanto antes".
Na próxima semana, segundo Dóris Gomes, a diretoria da ABS se reunirá com a Secretaria de Obras de Florianópolis para discutir o futuro do anexo que, segundo o órgão municipal que cuida do patrimônio histórico da cidade, deveria ser posto abaixo. O vice-prefeito João Batista Nunes, numa das ocasiões em que assumiu a chefia do Executivo municipal, visitou o Casarão e se comprometeu com a restauração do anexo.
Passada essa polêmica, teremos outra, envolvendo o futuro do Casarão e sua manutenção. A idéia que começa a ganhar corpo sugere a instalação de um ponto de venda da produção artística e artesanal da região, incluindo as rendas, tarrafas e outros objetos. Nesse caso, uma parte dos recursos seria destinada à manutenção do espaço, que poderá abrigar atividades culturais em geral (música, cinema, teatro, exposições).
Existem aqueles que defendem a inauguração somente após a conclusão das obras de recuperação do anexo onde estão a cozinha e instalações sanitárias. Desse modo, o Casarão permaneceria fechado até a conclusão final dos trabalhos. Outros propõem a imediata inauguração da parte principal do imóvel, enquanto prosseguem as obras no anexo. A vice-presidente da ABS, Dóris Gomes, por exemplo, quer a definição da "data de inauguração para mantermos o casarão aberto, o quanto antes".
Na próxima semana, segundo Dóris Gomes, a diretoria da ABS se reunirá com a Secretaria de Obras de Florianópolis para discutir o futuro do anexo que, segundo o órgão municipal que cuida do patrimônio histórico da cidade, deveria ser posto abaixo. O vice-prefeito João Batista Nunes, numa das ocasiões em que assumiu a chefia do Executivo municipal, visitou o Casarão e se comprometeu com a restauração do anexo.
Passada essa polêmica, teremos outra, envolvendo o futuro do Casarão e sua manutenção. A idéia que começa a ganhar corpo sugere a instalação de um ponto de venda da produção artística e artesanal da região, incluindo as rendas, tarrafas e outros objetos. Nesse caso, uma parte dos recursos seria destinada à manutenção do espaço, que poderá abrigar atividades culturais em geral (música, cinema, teatro, exposições).
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LEMBRANDO
ANTIGOS
PROFESSORES
(Ensinamentos para se enfrentar
a mediocridade reinante)
LEMBRANDO
ANTIGOS
PROFESSORES
(Ensinamentos para se enfrentar
a mediocridade reinante)
Por Emanuel Medeiros Vieira
Os poetas, como os cegos, enxergam na escuridão.
Hoelderlin já nos ensinava: “O que permanece, fundam-no os poetas.”
Alphonsus de Guimaraens Filho escreveu: “Se não for pela poesia/como crer
na eternidade?”
Numa mensagem, meu amigo Ronaldo Cagiano, confessa: “Um minuto no túmulo de Balzac, uma tarde à beira do Sena ou um café n’A Brasileira, onde sentou Pessoa, me ensinam mais que todas as religiões e filosofias.”
Kafka já dizia: tudo o que não é literatura me aborrece.
Complementa Cagiano, o colega escritor: Não tenho medo de andar contra a corrente. A vida não é feita de adesões ao política, estética e culturalmente correto, mas ao que tem dimensão onírica, humana e solitária. E isso não dá votos, nem resenhas na Folha.”
O mais difícil – nos tempos em que se confunde uniformidade com igualdade – é permanecer fiel a si mesmo.
Há uma espécie de robotização, de mediocrização, em favor do gosto “médio”, para que não se veja além.
Mesmo com recursos tecnológicos, as imagens que circulam, no geral, são veiculadas apenas para vender, e o lixo dominical da TV aberta é a prova maior do que se quer dar para o rebanho.
É uma espécie de idiotização da mente.
Mesmo sabendo que o ser humano, em sua maioria, tende para a mediocridade e para o conformismo, a banalização dos valores e da vida só não espanta as consciências mais resignadas.
Insisto: é preciso ter disciplina, um projeto, e correr atrás dele, sem buscar álibis ou desculpas pelas dificuldades enfrentadas, evitando a auto-comiseração ou o fácil papel de vítima.
Por- que se escreve?
Porque – segundo Memo Giardinelli – só a arte e a literatura podem redimir o gênero humano, com mais tendência à mediocridade que ao talento.
Não tenho outro poder, senão o de buscar dizer a verdade diariamente naquilo que escrevo.
Um professor humanista, no curso Clássico (e não tínhamos ainda 20 anos), já advertia, quando percebeu o meu interesse e de outros colegas pela literatura e pela arte:
Não textualmente – assim, não coloco aspas –, ele dizia o seguinte: Preparem-se. Sigam em frente. Mas não vai ser fácil. Quase tudo conspirará contra vocês. Os fundamentos da mediocridade e da defesa da existência leviana, vazia são muito fortes e estão enraizados na sociedade.
Só querem que valha o que dá dinheiro.
Mas não nunca desistam. Alguns, antes dos 40, já terão vendido a sua alma. Não importa.
Só os iluminados chegarão mais longe. Mas com a consciência que sempre haverá pedras no caminho.
Vocês terão instantes tão belos e intensos, que eles compensarão
as mesquinharias, a inveja, a tendência de muitos de querer destruir aquilo que não conseguem para si mesmos. É a tendência de achar que dando cotoveladas no outro (naquele que se inveja), o invejoso se destacará.
Ou, em outras palavras: não faço, mas não quero que ninguém faça.
É a prevalência dos baixos instintos: inveja, ciúme, posse.
Mas o iluminado é maior que isso.
Quando penso nesse querido mestre, lembro-me das palavras de Carlos Castãneda:
“Sabemos que nada pode temperar tanto o espírito de um guerreiro quanto o desafio de lidar com pessoas intoleráveis em posições de poder.”
Hoelderlin já nos ensinava: “O que permanece, fundam-no os poetas.”
Alphonsus de Guimaraens Filho escreveu: “Se não for pela poesia/como crer
na eternidade?”
Numa mensagem, meu amigo Ronaldo Cagiano, confessa: “Um minuto no túmulo de Balzac, uma tarde à beira do Sena ou um café n’A Brasileira, onde sentou Pessoa, me ensinam mais que todas as religiões e filosofias.”
Kafka já dizia: tudo o que não é literatura me aborrece.
Complementa Cagiano, o colega escritor: Não tenho medo de andar contra a corrente. A vida não é feita de adesões ao política, estética e culturalmente correto, mas ao que tem dimensão onírica, humana e solitária. E isso não dá votos, nem resenhas na Folha.”
O mais difícil – nos tempos em que se confunde uniformidade com igualdade – é permanecer fiel a si mesmo.
Há uma espécie de robotização, de mediocrização, em favor do gosto “médio”, para que não se veja além.
Mesmo com recursos tecnológicos, as imagens que circulam, no geral, são veiculadas apenas para vender, e o lixo dominical da TV aberta é a prova maior do que se quer dar para o rebanho.
É uma espécie de idiotização da mente.
Mesmo sabendo que o ser humano, em sua maioria, tende para a mediocridade e para o conformismo, a banalização dos valores e da vida só não espanta as consciências mais resignadas.
Insisto: é preciso ter disciplina, um projeto, e correr atrás dele, sem buscar álibis ou desculpas pelas dificuldades enfrentadas, evitando a auto-comiseração ou o fácil papel de vítima.
Por- que se escreve?
Porque – segundo Memo Giardinelli – só a arte e a literatura podem redimir o gênero humano, com mais tendência à mediocridade que ao talento.
Não tenho outro poder, senão o de buscar dizer a verdade diariamente naquilo que escrevo.
Um professor humanista, no curso Clássico (e não tínhamos ainda 20 anos), já advertia, quando percebeu o meu interesse e de outros colegas pela literatura e pela arte:
Não textualmente – assim, não coloco aspas –, ele dizia o seguinte: Preparem-se. Sigam em frente. Mas não vai ser fácil. Quase tudo conspirará contra vocês. Os fundamentos da mediocridade e da defesa da existência leviana, vazia são muito fortes e estão enraizados na sociedade.
Só querem que valha o que dá dinheiro.
Mas não nunca desistam. Alguns, antes dos 40, já terão vendido a sua alma. Não importa.
Só os iluminados chegarão mais longe. Mas com a consciência que sempre haverá pedras no caminho.
Vocês terão instantes tão belos e intensos, que eles compensarão
as mesquinharias, a inveja, a tendência de muitos de querer destruir aquilo que não conseguem para si mesmos. É a tendência de achar que dando cotoveladas no outro (naquele que se inveja), o invejoso se destacará.
Ou, em outras palavras: não faço, mas não quero que ninguém faça.
É a prevalência dos baixos instintos: inveja, ciúme, posse.
Mas o iluminado é maior que isso.
Quando penso nesse querido mestre, lembro-me das palavras de Carlos Castãneda:
“Sabemos que nada pode temperar tanto o espírito de um guerreiro quanto o desafio de lidar com pessoas intoleráveis em posições de poder.”
(Salvador, fevereiro de 2011)
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HISTÓRIAS ALHEIAS
HISTÓRIAS ALHEIAS
Por Amílcar Neves*
Ao topar com uma referência a Emanuel Swedenborg no livro Não Mais, de Czeslaw Milosz, dois nomes saltam à mente: Péricles Prade e Jorge Luis Borges, os quais, de maneira direta ou indireta, citam o cientista sueco nascido em 1688 (e morto em 1772); Prade em Correspondências - Narrativas Mínimas, Borges em História Universal da Infâmia.
Com reputação consolidada na Europa por suas obras de álgebra, geologia, mineralogia, astronomia, fisiologia, física, "etc.", não era estranho a Swedenborg o fato de que a Natureza podia ser explicada e compreendida a partir de um conjunto de equações matemáticas. O que o incomodava de maneira crescente era a convicção angustiante de que essa Natureza lógica começava a tomar o lugar de Deus na imaginação das pessoas instruídas. Com o avanço das ciências, a universalização e a popularização da instrução, Deus corria risco cada vez maior e "o próprio cristianismo estava entrando, em sua opinião, numa fase de declínio definitivo", conta Milosz. A fé religiosa, embora ainda habitasse sua boca, já havia sido expulsa do coração dos homens pelo Século da Razão.
Então, aos 55 anos, Swedenborg tem uma visão em que um anjo lhe aparece fazendo-lhe revelações profundas. "Ao despertar", relata Álvaro Cardoso Gomes, "passou por um longo período em estado catatônico e, só depois disso, é que começou a divulgar a nova doutrina, a partir das revelações e do que ele próprio viu em seus sonhos místicos." Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza jogam um pouco mais de luz sobre esse transe: "Swedenborg proclamava ter recebido de Deus o dom de ingressar em vida no reino dos espíritos, e ao longo de quase 30 anos, dia a dia, sem deixar este mundo, visitou o outro." Tais viagens são narradas em sua importante obra Arcana Cœlestia.
Borges, no livro citado, reconta uma dessas visitas sob o título Um teólogo na morte: Melanchton, o teólogo, morreu e recebeu no outro mundo uma casa igual à que tinha na Terra. Assim, ao acordar, "reatou suas tarefas literárias como se não fosse um morto". Por desmerecer o céu, pois argumentava em seus escritos que à salvação da alma bastava a fé, dispensando a caridade, "os móveis começaram a se encantar até se tornarem invisíveis". Aos poucos, também sua casa e suas roupas foram se deteriorando, o que lhe revelava seu destino eterno.
Acabou "como que um criado dos demônios".
Com reputação consolidada na Europa por suas obras de álgebra, geologia, mineralogia, astronomia, fisiologia, física, "etc.", não era estranho a Swedenborg o fato de que a Natureza podia ser explicada e compreendida a partir de um conjunto de equações matemáticas. O que o incomodava de maneira crescente era a convicção angustiante de que essa Natureza lógica começava a tomar o lugar de Deus na imaginação das pessoas instruídas. Com o avanço das ciências, a universalização e a popularização da instrução, Deus corria risco cada vez maior e "o próprio cristianismo estava entrando, em sua opinião, numa fase de declínio definitivo", conta Milosz. A fé religiosa, embora ainda habitasse sua boca, já havia sido expulsa do coração dos homens pelo Século da Razão.
Então, aos 55 anos, Swedenborg tem uma visão em que um anjo lhe aparece fazendo-lhe revelações profundas. "Ao despertar", relata Álvaro Cardoso Gomes, "passou por um longo período em estado catatônico e, só depois disso, é que começou a divulgar a nova doutrina, a partir das revelações e do que ele próprio viu em seus sonhos místicos." Henryk Siewierski e Marcelo Paiva de Souza jogam um pouco mais de luz sobre esse transe: "Swedenborg proclamava ter recebido de Deus o dom de ingressar em vida no reino dos espíritos, e ao longo de quase 30 anos, dia a dia, sem deixar este mundo, visitou o outro." Tais viagens são narradas em sua importante obra Arcana Cœlestia.
Borges, no livro citado, reconta uma dessas visitas sob o título Um teólogo na morte: Melanchton, o teólogo, morreu e recebeu no outro mundo uma casa igual à que tinha na Terra. Assim, ao acordar, "reatou suas tarefas literárias como se não fosse um morto". Por desmerecer o céu, pois argumentava em seus escritos que à salvação da alma bastava a fé, dispensando a caridade, "os móveis começaram a se encantar até se tornarem invisíveis". Aos poucos, também sua casa e suas roupas foram se deteriorando, o que lhe revelava seu destino eterno.
Acabou "como que um criado dos demônios".
*Amilcar Neves é escritor com oito livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 32 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Prepara o lançamento de Se Te Castigo É Só Porque Eu Te Amo (teatro). Crônica publicada na edição de 26.2.2011 do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). reproduçãpo autorizada pelo autor.
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LARISSA EM HONDURAS
LARISSA EM HONDURAS
Acompanhem no Portal DESACATO o "Diário de Honduras" da acadêmica de jornalismo da UFSC Larissa Cabral, cujas postagens começam nesta segunda-feira (28.2) e se prolongam até 14 de março, quando retorna a Florianópolis. Natural de Joinville, Larissa vai mostrar em seu trabalho de conclusão de curso a realidade do jornalismo de resistência após o golpe de estado de 2009 naquele país. Mais em www.desacato.info.
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Enquanto
as bombas
caem em Gaza
Por Raul Fitipaldi
Enquanto
as bombas
caem em Gaza
Por Raul Fitipaldi
Desde que começaram as primeiras escaramuças na Tunísia, leio com certo desconforto, que muitos colegas começaram a enxergar revoluções atrás de postes, na fila da padaria e no canto das torcidas organizadas. Ora, que difícil é para nós entendermos minimamente o que acontece no meio oriente, e com que cota de esforço tentamos nos separar da mídia dominante, e lembrar que no meio disso tudo o exército israelense continua bombardeando Gaza; que as potências de ocidente têm com o mundo árabe todo o mesmo instinto que já tiveram com o Iraque. Segue....
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Farol de Santa Marta
Laguna-SC
Praia com 300 metros tem sete focos de esgotos
“PRAINHA em PROTESTO”
Laguna-SC
Praia com 300 metros tem sete focos de esgotos
“PRAINHA em PROTESTO”
Haverá neste fim de semana, domingo 27 de fevereiro de 2011, mais um evento protesto a favor do saneamento básico da Prainha do Farol de Santa Marta.
Nos dias 12 e 13 de fevereiro aconteceu o Iº Campeonato de Futebol Feminino do Farol de Santa Marta, categoria mirim e infantil onde foi realizada uma manifestação pacífica e divulgada na imprensa local e estadual.
Agora é a vez do Sub-25, jovens de 17 a 25 anos estarão jogando em manifesto pela mesma causa.
Será realizada mais uma manifestação com faixa e cartazes para as autoridades que agora queremos solucionar o problema.
A impunidade e a falta de interesse sobre o assunto deixaram a Prainha imprópria para banho e uma ameaça “ao ar livre” a todos que usufruem do espaço.
Atualmente são sete focos de esgoto em uma extensão que não chega a trezentos metros.
O evento visa chamar a atenção da população e das autoridades para o problema e abrir a discussão para a solução.
“Com dois mil metros de cano resolvemos a primeira parte do problema que é coletar o esgoto e tirar da faixa de areia. Num segundo passo seria a implantação das estações de tratamento para tratar o esgoto antes de despejar”. Afirma João Batista Andrade presidente da ONG Rasgamar. “Os córregos pluviais estão sendo usados para despejar o esgoto 'in natura' na Prainha desde o início da década de 80, nossos filhos não podem ir mais a praia”.
Segundo Batista, "fomos convidados pelos jovens a organizar um novo manifesto. Eles que tomaram a iniciativa e isso nos gratifica muito, pois sem envolvimento comunitário a solução fica difícil".
Um terceiro evento está sendo alinhavado para o mês de março com participantes de 35 a 55 anos, todos pescadores do Farol de Santa Marta, que estão se juntando a causa.
Será enviado convite especial ao prefeito de Laguna e ao presidente da CASAN para que ambos participem de uma mesa redondo com o Conselho Comunitário do Farol de Santa Marta, afim de tirar a proposta do papel.
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