16.6.10

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Crônica de Amílcar Neves
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Jornalistas: ato por diploma
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Jogos do Brasil no Baiacu

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Santo Antônio de Lisboa (Florianópolis-SC), junho/2010. Foto: Celso Martins.

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Um modelo de brasileiro


Por Amílcar Neves*

Tio Nico chegou outro dia, na semana passada. Tio Nico na verdade foi batizado Nicósio Osório, mas ele só atende se chamado de Nico. Porque não gosta do seu nome, preferia que fosse Nicózio Ozório, com "z" no nome e no sobrenome. Idiossincrasias. Muito comuns em se tratando de Osórios, essa gente que se espalha por todas as cidades do Sul catarinense (e só por lá) à exceção de Imaruí. Em Imaruí não se criam Osórios. A vida é assim (especialmente para eles).

O fato de morar na Capital faz de Manoel Osório (único dentre eles a recusar-se sistematicamente a voltar para o Sul) um valiosíssimo procurador plenipotenciário da família no centro do poder estadual, a despeito do visível desconforto de muitos com a teimosia do parente extraviado; de todo modo, sua casa é uma verdadeira embaixada osória, dando direito a acomodações e estrutura completa de escritório para todos que a procuram. Assim é que tio Nico foi dar com os costados por lá.

Agente federal secreto dos serviços de inteligência lotado em Criciúma, na terça-feira Nicósio Osório estava na Capital para tratar de assuntos particulares, que incluíam a compra de uma bicicleta nova para a mulher, Mariquinha Osorinha, na loja e oficina do Valdir, no Córrego Grande. Naturalmente, estacionou sua Grand Cherokee preta de vidros escuros e placas com duplo par de algarismos 5 de Balneário Camboriú (um disfarce) sobre a calçada, toda atravessada, bloqueando completamente a passagem de transeuntes.

Um pedestre reclamou da atitude dele, Nico mandou-o procurar serviço, fazer algo de útil ao invés de incomodar os outros, o pedestre insistiu na ilegalidade e no desrespeito de estacionar na calçada, Nico, rindo, debochado, falou-lhe para chamar então a polícia certo de que ela não viria, Mariquinha começou a fazer gestos obscenos repetidos gritando que faltava ao pedestre uma boa dose de intercurso carnal e, enquanto o casal se dirigia à bicicletaria, Nico puxou uma carteira, mostrou-a ao pedestre tão de longe que ele não pudesse distinguir nada e advertiu-o que tomasse muito cuidado com as coisas que faz na rua.

Mais tarde, em conversa descontraída na casa do sobrinho Manoel Osório, tio Nico mostrava-se indignado com os políticos prepotentes e corruptos que se valem da certeza da impunidade para tirarem vantagens pessoais. E arrematava:

- É por isso que este é um país de m*!

* Amílcar Neves, escritor.
Crônica publicada na edição de hoje (16.6) do
jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC).
Reprodução autorizada pelo autor.


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Lembrete

Apenas para reforçar o convite para o lançamento dos livros Diálogos com a Literatura Brasileira - volume III (do qual participo, Editora Movimento e Editora Letra D'Água, com distribuição gratuita aos presentes ao coquetel, organização e entrevistas por Marco Vasques com escritores dos três estados do Sul do Brasil) e Flauta sem Boca (Editora Letras Contemporâneas, poemas de Marco Vasques). Quinta-feira, 17.06.10, 19 horas, na Fundação Badesc (Visconde de Ouro Preto 216, atrás do TAC). Gostaria de vê-los a todos lá.

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Jornalistas fazem
ato pelo diploma


Será neste dia 17 de junho de 2010,
às 14h, na Esquina Democrática.


O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina e a Regional Sul da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecos) chamam os colegas profissionais, estudantes e professores de Jornalismo, a representação das mantenedoras dos cursos de jornalismo e a sociedade catarinense para um ato de desagravo à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que há um ano, em 17 de junho de 2009, decidiu que a formação superior não pode ser exigida dos jornalistas.

Mais do que um erro histórico, a decisão do STF permite o ingresso na profissão a pessoas sem qualquer noção de jornalismo, da sociedade e, especialmente, da ética profissional.

A manifestação pública de todos nós vai além do repúdio a Gilmar Mendes, relator do voto que, pela primeira vez na história de um País, entendeu que não é necessário estudar para o exercício de uma profissão complexa e importante.

O ministro Gilmar Mendes será esquecido com a poeira do tempo e os jornalistas, os estudantes, os cursos e as instituições mantenedoras e a sociedade vencerão esta batalha, trazendo de volta, através do Congresso Nacional, a necessidade da formação para o acesso ao registro profissional.

Em 17 de junho, junte-se a nós. Diga sim à formação dos jornalistas.


Ato em Florianópolis - Dia 17 de junho, das 14h às 16h, na Esquina Democrática (calçadão das ruas Felipe Schmidt e Deodoro).

Proposta de Ato nas escolas de jornalismo: 22 de junho - UFSC (Florianópolis); 23 de junho - Unisul (Palhoça); 24 de junho - Estácio de Sá (São José). (E. T.)

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Brasil
x
Costa do Marfim

NO BAIACU
Santo Antônio de Lisboa



Domingo, dia 20.6, feijoada no almoço e música do grupo Feijoada Completa: Chico Cavaco, Luis 7 Cordas (violão), Nice Cantora e outros.

Maiores informações: 48-91011183 (Nelson) e 91624298 (novo fone do Ponto de Cultura Baiacu de Alguém).

Entrada Franca.


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