6.2.11

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PROCISSÃO DE NAVEGANTES

Mais:
Pepe, lamento de uma perda,
por Emanuel Medeiros Vieira


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Passagem da Procissão
de Navegantes pela

Ponta do Sambaqui


Manhã de domingo (6.2). A tradicional Procissão de Navegantes
de Cacupé chega até a Ponta do Sambaqui e retorna para missa
e festividades na Capela da Santa Cruz. Fotos: Celso Martins










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Por Emanuel Medeiros Vieira

Para o meu sobrinho e amigo Giuseppe (Pepe), que partiu nesse 5 de fevereiro (sábado) – que encontre no Espírito de Deus a paz que tanto buscou em vida.

Me informam no domingo de manhã, que partiste ontem à noite.

Estou longe, e ontem ainda pensava em ti e nas conversas tantas que tivemos.

(Escrevo no calor da hora, com o coração partido.)

No amor, Pepe, todos os erros são perdoados.

Leal, travaste uma duríssima luta contra as sombrias forças que muitas vezes nos atormentam.

Não foi fácil, Pepe.

Não, não faço literatura, e não sei dizer, eu que já enterrei tantos amigos.

Um dia, escreverei com mais densidade (como mereces) sobre ti.

É como um catarse: escrevo e ouço “Jesus Alegria dos Homens”, de Bach.

“Nem tudo de mim morrerá”, escreveu Horácio (século I a.C).

Foi-se a matéria.

E o Espírito está além.

Me dizem que teu corpo será sepultado com os teus avós paternos – meus pais.

Estás em maravilhosa companhia.

Não estarás só.

Os sonhos se esborracham no chão?

Tantas vezes nos perguntamos: o que é a vida?

Qual a razão de tanta dor?

Por que tudo isso?

Não sei, meu sobrinho.

Amaste muito, e como escrevi acima, no amor todos os erros são perdoados.

Teu bravo e generoso pai Antônio fez tudo o que era humanamente possível.

(Como a tua mãe e o teu irmão Eduardo.)

E me lembro do que alguém já escreveu: “Mesmo agora que ele se foi, eu ainda o tenho na riqueza das minhas memórias. Agora sei que nosso mundo não é mais permanente do que uma onda subindo no oceano. Qualquer que sejam as nossas lutas e triunfos, qualquer que seja o modo como os experimentamos, em breve todos fundem-se numa coisa só, como a tinta aguada de uma aquarela num papel.”

Giuseppe Luchini Vieira (Pepe): descansa em paz!

(Salvador, fevereiro de 2011)

5 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns meu prezado Tio. Fostes muito feliz neste teu artigo sobre o saudoso Pepe.Descrevestes bem sua luta, e o texto me emocionou bastante.Guardas para a posteridade,um comovente relato que nos ajuda a eternizar instantes compartilhados com ele e com sua querida família. Um abraço,
César

Anônimo disse...

Querido tio Tadeu. Como o César também me emocionei com o que escreveste, conseguiste expressar o que sinto!!! A angústia, de nós que ficamos, nos sentindo tão impotentes.....é horrível! Tantos 'por que?' Perguntas que serão respondidas UM DIA,para nós que temos fé em uma outra vida, esta sim ETERNA! Mas como é difícil sobreviver a todas estas partidas dos nossos queridos! Como bem disse o maravilhoso Padre Vilson Groh, na despedida ontem, é uma dor que doi na alma! Queremos ter certeza de que "Pepe finalmente encontrou a PAZ que tanto procurou nesta vida"!
Beijo,
Rosângela.

Anônimo disse...

Querido tio Tadeu:
Teu lindo texto mostra bem a dor e o espanto de sepultar nosso amado Pepe. Aquele menino que sempre foi a mais genuína força de vida, uma explosão de testosterona, de inteligência, de vigor, de bom-humor. Uma grande companhia que se transforma numa grande ausência. Estamos pasmos, vazios, imensamente tristes, tristes, tristes.
Que Deus dê a Paz: para ele, para nós.

Raquel

Unknown disse...

PEPE AMADO!

Tem pessoas que com um simples e pequenino gesto marcam nossas vidas para sempre e por nada jamais as esquecemos!!! E voce amigo é uma dessas pessoas........ Descanse em paz meu amigo do coração...... Um dia nos encontraremos.................

Jornalista Arlei Zimmermann disse...

Difícil, muito difícil pra eu escrever... Querido Pepe, como diz Richard Bach em seu livro “Fernão Capelo Gaivota”, livro que você gostava muito, mas muito mesmo: “Não há limites, a sua corrida para a aprendizagem acaba de começar”. “Vê mais longe a gaivota que voa mais alto..”. É quando podemos nos enxergar num pássaro que deseja ir além e descobre que é só o início da aprendizagem". Assim era você.
Uma Gaivota que se preza tem de sentir as estrelas, analisar paraísos, conquistar múltiplos espaços. Gaivota que se preza precisa buscar perfeição. E você Pepe, sempre queria perfeição. "Importante é olhar de frente, em uma, em dez, cem mil vidas. Para Fernão nada é limite: voa, treina, aprende, paira sobre o comum do viver. Se o destino é o infinito, o caminho é nas alturas!” Era assim que você vivia Pepe, sem limites. Que Deus te abençõe e que você seja muito feliz nesta nova morada. Como disse minha irmã, um dia todos nós nos encontraremos.