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O tamanho do prejuízo
O tamanho do prejuízo
Por Amílcar Neves*
Ignoro se alguém já se preocupou em fazer o levantamento do monumental estrago que foi feito conosco. Desconheço se alguém já começou a medir o nosso enorme prejuízo. Indiscutível é que essa contagem das perdas e das baixas precisa ser realizada o quanto antes.
Hoje faz 46 anos que eclodiu um levante militar destinado a depor o governo constitucional brasileiro. Como sempre ocorre nessas ocasiões, a aventura contou com o apoio de setores civis influentes, conservadores e oportunistas, interessados no poder sem o risco e o incômodo do veredito popular pelo voto. Amanhã, 1º de abril, aniversaria a autoproclamada Revolução Redentora, de 1964, que, a pretexto de salvar o Brasil, mergulhou o país na escuridão e na ditadura.
O que havia por aqui nos anos 50? Em primeiro lugar, um país em transição, de um modelo rural com economia agrária para uma urbanização de feitio sofisticado. Com Juscelino Kubitschek surge a indústria automobilística e nasce Brasília, afirmações de que o Brasil podia ser uma potência. A conquista da Copa do Mundo de Futebol, em 1958, aumenta mais ainda a autoestima do brasileiro (a dose se repete em 1962). O movimento estudantil, uma invejável escola de participação política, ferve com o exercício amplo da democracia; veem-se, nele, jovens debatendo os problemas da cidade e do país, só isto.
Em 1960 Jânio Quadros elege-se presidente. Renuncia após sete meses e João Goulart, um rico fazendeiro gaúcho, assume o governo. Na época, o vice disputava uma eleição independente, não subia feito suplente de senador. Embora eleito diretamente, Goulart tem dificuldade para tomar posse: tentam dar, em 61, o golpe de 64, que vinha sendo ensaiado desde os anos 30. O pretexto: com ele, os comunistas tomariam o Brasil. Como isto não acontece, o tempo fica cada vez mais curto para os golpistas. Pior: em um ano e meio, na próxima eleição, Juscelino, popularíssimo, certamente será o presidente de novo. A partir daí não haverá mais como romper a Constituição. Por isso, houve o 1º de abril. Antes que ficasse tarde.
Quanto custou para o nosso aprimoramento político, para o nosso desenvolvimento social, para a nossa afirmação internacional essa aventura irresponsável, essa ditadura de 21 anos? Tamanha ruptura criminosa do crescimento intelectual e humano de todo um povo é o prejuízo que necessita ser medido de imediato.
Hoje faz 46 anos que eclodiu um levante militar destinado a depor o governo constitucional brasileiro. Como sempre ocorre nessas ocasiões, a aventura contou com o apoio de setores civis influentes, conservadores e oportunistas, interessados no poder sem o risco e o incômodo do veredito popular pelo voto. Amanhã, 1º de abril, aniversaria a autoproclamada Revolução Redentora, de 1964, que, a pretexto de salvar o Brasil, mergulhou o país na escuridão e na ditadura.
O que havia por aqui nos anos 50? Em primeiro lugar, um país em transição, de um modelo rural com economia agrária para uma urbanização de feitio sofisticado. Com Juscelino Kubitschek surge a indústria automobilística e nasce Brasília, afirmações de que o Brasil podia ser uma potência. A conquista da Copa do Mundo de Futebol, em 1958, aumenta mais ainda a autoestima do brasileiro (a dose se repete em 1962). O movimento estudantil, uma invejável escola de participação política, ferve com o exercício amplo da democracia; veem-se, nele, jovens debatendo os problemas da cidade e do país, só isto.
Em 1960 Jânio Quadros elege-se presidente. Renuncia após sete meses e João Goulart, um rico fazendeiro gaúcho, assume o governo. Na época, o vice disputava uma eleição independente, não subia feito suplente de senador. Embora eleito diretamente, Goulart tem dificuldade para tomar posse: tentam dar, em 61, o golpe de 64, que vinha sendo ensaiado desde os anos 30. O pretexto: com ele, os comunistas tomariam o Brasil. Como isto não acontece, o tempo fica cada vez mais curto para os golpistas. Pior: em um ano e meio, na próxima eleição, Juscelino, popularíssimo, certamente será o presidente de novo. A partir daí não haverá mais como romper a Constituição. Por isso, houve o 1º de abril. Antes que ficasse tarde.
Quanto custou para o nosso aprimoramento político, para o nosso desenvolvimento social, para a nossa afirmação internacional essa aventura irresponsável, essa ditadura de 21 anos? Tamanha ruptura criminosa do crescimento intelectual e humano de todo um povo é o prejuízo que necessita ser medido de imediato.
*Amilcar Neves é escritor com sete livros de ficção publicados, diversos outros ainda inéditos, participação em 31 coletâneas e 44 premiações em concursos literários no Brasil e no exterior. Crônica publicada na edição de hoje (31.3.2010) do jornal Diário Catarinense (Florianópolis-SC). Reprodução autorizada pelo autor.
Um comentário:
ler todo o blog, muito bom
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