27.4.10





T R Â N S I T O

Desvio pela rua Padre Rohr
passa a valer em 3 de maio

CONFIRA AS MUDANÇAS

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Leia também:
A escritora Rosana Bond
no
Círculo de Leitura da UFSC

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Trecho da rua Padre João Alfredo Rohr
(nome do Pai da Arqueologia catarinense).


Um pouco de ordem no caos

O trânsito de Sambaqui e Barra do Sambaqui não será mais desviado pela rua Padre Rohr a partir de amanhã (28.4) como chegou a ser anunciado através de faixas.

A alteração se deve a um complemento da obra rede de esgotos na altura dos restaurantes Deck e Bate Ponto, em Santo Antônio de Lisboa, sob a responsabilidade da empresa Itajui.

Em princípio o desvio passaria a vigorar amanhã, por 45 dias (se não chover), com base em uma autorização do IPUF após consulta a um mapa.

Trecho ao vivo da rua Pe Rohr em 25.4.2010.

Uma reunião realizada hoje (27.4), às 8 horas, na Intendência do Distrito de Santo Antônio de Lisboa, serviu para colocar um pouco de ordem na casa.

O encontro mobilizado pelo presidente do Conselho Comunitário da Barra do Sambaqui, Manoel Hercílio Marciano (Deca), contou com representantes da Associação de Bairro de Sambaqui (ABS), o intendente Maurício Meurer, os engenheiros Luiz Américo Medeiros (secretário adjunto) e Daniel Fernandes (Obras-PMF), além do representante da empresa Itajauí, engenheiro Arthur Larocca, moradores, e o vereador Edinon Manoel da Rosa (Dinho, PSB).

Célio Marciano, Meurer, Deca e o secretário adjunto Luis Américo.

Resumo das medidas

Mapa situando a rua Pe Rohr.


1) As alterações no trânsito vigoram a partir do dia 3 de maio próximo (45 dias - previsão).

2) Será feita uma operação tapa-buraco na rua Padre João Alfredo Rohr.

3) Caminhões e demais veículos pesados (fora os ônibus) terão que transitar exclusivamente pela rua João Alfredo Rohr (ida e volta).

4) O trânsito de veículos pequenos no sentido Sambaqui e Barra do Sambaqui a Santo Antônio será pela estrada geral (rodovia Rafael da Rocha Pires), em meia pista. O acesso a Sambaqui e Barra será feito exclusivamente pela rua João Alfredo Rohr. (Ítem corrigido em 28.4.2010 às 14h50)

5) Guardas municipais e funcionários da Itajuí deverão orientar o trânsito e os motoristas, sobretudo em dois pontos críticos da rua João Alfredo Rohr e nos acessos.

6) Os usuários dos coletivos vão ter que desembarcar antes do local da obra e seguir a pé até o outro lado para apanhar novo ônibus.

7) Caso as medidas não se mostrem viáveis na prática, as alterações necessárias vão ser feitas, através de nova reunião com representação da comunidade.


Cena da reunião de hoje na Intendência.

Engenheiro Arthur Larocca (Itajauí).

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Escritora e jornalista
Rosana Bond participa

do Círculo de Leitura


Rosana num lançamento em julho de 2009 em Sambaqui, onde reside.

Por Paulo Clóvis Schmitz*

A escritora e jornalista Rosana Bond, autora de mais de 20 livros sobre conflitos na América Latina e a saga dos povos ameríndios, é a convidada da edição de abril do Círculo de Leitura, evento mensal que ocorre na UFSC. Paranaense radicada há muitos anos em Florianópolis, ela estará na Sala Harry Laus da Biblioteca Universitária nesta quinta-feira, dia 29, às 18h, para falar de seu trabalho, de suas leituras, dos autores prediletos e das pesquisas que vem fazendo para embasar o segundo volume de “O caminho de Peabiru”, que segue as trilhas que ligavam o litoral sul do Brasil aos altiplanos peruanos nos primeiros séculos da colonização do continente.

Com passagens pelas redações de O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, Jornal de Brasília, RBS TV, O Estado e Tribuna da Bahia, além de haver colaborado com as revistas Veja, IstoÉ e Planeta, Rosana Bond trocou o jornalismo pelos livros nos anos 90, tornando-se pesquisadora nas áreas de História e Geografia. Também se voltou ao público infanto-juvenil, publicando “A magia da árvore luminosa”, “Crescer é uma aventura” e “O senhor da água”.

Entre seus livros mais conhecidos estão “Nicarágua: a bala na agulha” (1985), “Sendero luminoso: fogo nos Andes” (1991), “A civilização inca” (1993), “O caminho de Peabiru” (1996), “A saga de Aleixo Garcia, o descobridor do império inca” (1998), “Peru: do império inca ao império da cocaína” (2004), além de uma edição reformulada e ampliada de “A saga de Aleixo Garcia” (2005).

Esta obra defende que o português Aleixo Garcia teve contato com a avançada civilização inca em 1524, oito anos do espanhol Francisco Pizarro, tido como o descobridor do império situado na área ocupada hoje pelo Peru. O livro de Rosana Bond acompanha os passos do aventureiro lusitano, cuja expedição teria saído da Ilha de Santa Catarina (que os índios carijó chamavam de Meiembipe), passado pelo Paraná, Paraguai (ele é considerado o descobridor daquele país) e pela Bolívia, até chegar aos Andes peruanos. Ele era sobrevivente de um naufrágio próximo à Ilha e salvou-se nadando até a terra firme, onde travou contato com os indígenas, através dos quais ficou sabendo do caminho que levava até o El Dorado e suas riquezas em ouro e prata.

Numa linha idêntica, “O caminho de Peabiru” consumiu 14 anos de pesquisa da jornalista e mostra os trajetos que partiam do litoral brasileiro rumo aos Andes, compondo a mais importante via transoceânica do continente sul-americano antes de Colombo. No livro, ela também relata o massacre dos povos indígenas pelo invasor espanhol, a partir do século XVI, pondo fim a uma civilização avançada, que tinha notórios conhecimentos sobre medicina fitoterápica, astronomia, engenharia, matemática e irrigação de áreas desérticas.

O contato com os índios, um hábito que ajudou a jornalista a escrever “O senhor da água”, ainda é constante. Numa entrevista recente, ela disse que os moradores de aldeias próximas a Florianópolis estão lhe ensinando “a ser gente civilizada”, passando-lhe noções história indígena, arqueologia, astronomia, linguística e até agronomia.


O CÍRCULO

Criado pelo poeta Alcides Buss, o Círculo de Leitura é um projeto que permite ao convidado e aos presentes discutirem informalmente sobre os livros que estejam lendo, as leituras do passado e as influências de outros autores sobre o seu trabalho. Escritores e jornalistas como Salim Miguel, Oldemar Olsen Jr., Fábio Brüggemann, Inês Mafra, Mário Pereira, Maicon Tenfen, Cleber Teixeira, Dennis Radünz, Rubens da Cunha, Renato Tapado, Raimundo Caruso, Nei Duclós, Marco Vasques, Zahidé Muzart, João Carlos Mosimann, Mário Prata e Tabajara Ruas foram alguns dos participantes das etapas anteriores do projeto.


BREVE ENTREVISTA

Como tomou contato com a leitura, na infância? O ambiente familiar era propício ao convívio com os livros?
Rosana Bond – Criada pelos avós paternos e maternos, em Curitiba, até os 10 anos eu lia os gibis mais comuns naquele tempo, como Fantasma e Mandrake, além de clássicos como “Cinderela” e os livros de Monteiro Lobato. Mas o contato mais proveitoso foi com a literatura oral, porque minha avó materna era filha de índios e gostava de contar histórias bem brasileiras. Por isso, personagens como Saci Pererê, Negrinho do Pastoreio e Pedro Malasarte povoaram minha cabeça desde cedo. Os outros avós me presenteavam com disquinhos contendo músicas das historinhas do Gato de Botas, Pinocchio e a Senhora Baratinha. Portanto, mesmo sem biblioteca em casa, havia um ambiente propício para o contato com a leitura. Também comecei a escrever muito cedo, e lembro que no primeiro ano a professora já elogiava meus textos, falando alto para a classe sobre a qualidade das redações que fazia...

Aos 13 anos, fui morar com meu pai e a madrasta em Londrina (PR), e aí foi um banho de literatura, porque eles tinham uma boa biblioteca, liam muito e me incentivaram a fazer o mesmo.

E depois, na adolescência e juventude, quais foram as experiências mais marcantes?
Rosana – Na adolescência, peguei um gostinho pela poesia, lendo Thiago de Mello, Fernando Pessoa e até Camões. Na idade adulta, voltei aos poetas, mas me concentrei nos latino-americanos e espanhóis, em nomes como Pablo Neruda, Cesar Vallejo, Alfonsina Storni, Rubén Darío e Rafael Alberti. Antes disso, na juventude, já havia saboreado a prosa de Julio Cortázar, Gabriel García Marquez e Aldous Huxley. Marcou-me muito a obra de Bertrand Russel, em especial “Por que não sou cristão”, que me fez chorar, mas também me atraíram as histórias de detetives de Conan Doyle, Edgar Alan Poe, Georges Simenon e Dashiell Hammett.

O segundo choro veio com Dee Brown e seu “Enterrem meu coração na curva do rio”. Devorei quase toda a obra de José María Arguedas, Jack London, Alejo Carpentier e Jorge Amado, sem falar no “Quixote” de Cervantes, lido no espanhol quinhentista. Isso me ajudou a entender um pouco os homens daquela época e a linguagem dos documentos com que iria trabalhar em minhas pesquisas sobre o continente americano.

Quais são as leituras do momento?
Rosana – Estou lendo uma coletânea de textos maoístas da década de 70 que foi reeditada em 2003. Outra leitura é o artigo “Os incas e a paisagem: organização geopolítica e religiosa do território pré-hispânico”, de um professor e antropólogo da Universidade de Salta, na Argentina, que vai subsidiar o volume dois do meu livro “O caminho de Peabiru”.

Como vê a relação dos jovens de hoje com a leitura?
Rosana – Vejo que os jovens, em regra, leem pouco e mal, ou seja, leem muita porcaria. Os catálogos das editorias nacionais, salvo exceções, parecem privilegiar conteúdos de puro entretenimento. O sistema dominante determina o que, como e se as pessoas vão ler.

Qual é a influência da Internet sobre a leitura? Ela estimula ou inibe o contato dos jovens com os livros?
Rosana – A internet pode ajudar ou atrapalhar. Vejo a rede como uma ferramenta, que pode construir ou destruir uma vocação para a leitura. Ela é um suporte, apenas. Não imagino um predomínio do livro virtual no curto prazo. O papel é mais prático para o leitor, além de ter um encanto, uma magia especial. No médio prazo, podem surgir equipamentos que substituam o livro e que podem, até, ser úteis para o planeta, porque vão reduzir o corte de árvores para produzir papel.

Seus livros tratam, basicamente, de temas ligados ao continente latino-americano. O que explica a preferência por esta parte tão esquecida pelo mundo, e particularmente pelos brasileiros?
Rosana – Sou meio gauche, remo contra a maré, e alinho-me entre aqueles poucos que não se rendem ao predomínio da cultura norte-americana ou europeia. Gosto de olhar para os nossos vizinhos, para o mundo latino, para os ameríndios antigos e atuais. Já viajei muito e até morei um tempo em outros países da região, cobrindo guerras e mantendo contatos com índios de distintas tribos. Hoje, continuo estudando esses povos e ainda viajo até eles quando posso, mesmo sem a freqüência de antigamente.

*Paulo Clóvis Schmitz /Jornalista na Agecom-UFSC.

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