Direto da Lagoa
OLSEN JR.
OLSEN JR.
Olá, camaradas, salve!
Todas às vezes que venho publicamente responder/explicar algumas ideias para pessoas que não conheço e que também não me conhecem (mas que no entanto, ficam me "avaliando" como se fosse matéria de troca) me lembro de uma peça do amigo, escritor maldito, Plínio Marcos, "Jornada de um imbecil até o entendimento"...
Gasta-se muito tempo nisso...
O melhor seria deixar o barco a deriva, ao sabor da espontaneidade e das forças da natureza...
Mas então, não seria mais eu...
O fato de vir aqui dizer isso, mostra que ainda acredito, que dá para mudar, embora, com todo o respeito, já não tenha mais paciência...
Vai a de hoje com o que ainda resta dela... Da paciência... E do entendimento...
A música foi um desafio para a época... Ninguém tinha feito isso antes... Digo, da parte em que só se assobia...
Lembram-se?
Todas às vezes que venho publicamente responder/explicar algumas ideias para pessoas que não conheço e que também não me conhecem (mas que no entanto, ficam me "avaliando" como se fosse matéria de troca) me lembro de uma peça do amigo, escritor maldito, Plínio Marcos, "Jornada de um imbecil até o entendimento"...
Gasta-se muito tempo nisso...
O melhor seria deixar o barco a deriva, ao sabor da espontaneidade e das forças da natureza...
Mas então, não seria mais eu...
O fato de vir aqui dizer isso, mostra que ainda acredito, que dá para mudar, embora, com todo o respeito, já não tenha mais paciência...
Vai a de hoje com o que ainda resta dela... Da paciência... E do entendimento...
A música foi um desafio para a época... Ninguém tinha feito isso antes... Digo, da parte em que só se assobia...
Lembram-se?
CARTA AOS
LEITORES
DE UM POETA
LEITORES
DE UM POETA
Por Olsen Jr.
(Para Carlos Damião Werner Martins)
Após alguns dias ausente para tratar de assuntos particulares, me vejo logo às voltas com um tiroteio de opiniões contraditórias sobre o céu e a terra e principalmente tudo o que há entre ambos.
Todo indivíduo que se propõe a emitir opinião sobre algo deveria antes se fazer a pergunta: “em que medida o que vou dizer acrescenta algo sobre o que já se conhece sobre o assunto?”. Isso evitaria muito hein-hein-hein paroquial e de baixa extração.
A medida de um texto é dada pelo que o autor escreve (vivência, história, talento e estilo) e também pelo que o leitor acrescenta ao que está lendo (vivência, história, sensibilidade e percepção)... Há situações em que não vale a pena insistir: com o escritor ou com o leitor. No primeiro caso, é simples, você não gosta, deixa-o de lado; no segundo, cada um deve procurar a obra que tenha a medida que sua própria compreensão possibilita. Pode levar determinado tempo, mas é uma providência honesta e útil.
Quando se escreve, parte-se sempre de uma realidade. Essa realidade pode ser alheia ao leitor. O que possibilita as ilações daí decorrentes. É o leitor exercitando a sua liberdade. Não quer dizer que o que ele deduz represente a verdade, mas é o que a sua experiência permite criar, a “sua verdade”, portanto. Não deve haver imposições, mas constatações. Gostamos de nos identificar com o que lemos. Separamos o que nos diz mais daquilo que nos diz menos. A diferença entre uma e outra empresta a certeza (para o leitor) de que o que decodificou valeu a pena ou não. Se o escritor escreve com liberdade, na escolha dos temas e no tratamento dado a ele, o mesmo ocorre com o leitor, no sentido de fazer a sua escolha e até a rejeitar a obra lida.
O escritor Ernest Hemingway afirmava que “A dignidade do movimento de um iceberg é devida a que só um oitavo dele está acima da superfície da água”. O leitor ideal seria aquele capaz de descobrir essa outra parte, aquela que não está visível. Nesse sentido é que uma obra pode ser enriquecida até revelando possibilidades que o próprio autor desconhecia.
A grande arte universaliza as circunstâncias onde está inserida.
Outro dia usei uma blague do Paulo Francis para explicar alguns descaminhos que a nossa origem portuguesa possibilitou (desconfiança, burocracia) e já insinuaram que sou preconceituoso... Lembrei do comediante William C. Fields “Sou livre de qualquer preconceito. Odeio todo mundo, indistintamente”... Well, a blague é a maneira bem humorada de chamar a atenção sobre um assunto. Cá entre nós, minhas duas avós são descendentes de portugueses, minha mãe também, e daí? Português, italiano, belga, sueco, godo, visigodo, tolteco-maia, tupi-guarani... O importante não é a nacionalidade da qual você deriva ou de onde você se originou, mas o que faz para mudar o lugar onde está até porque ninguém sabe para onde vamos (parodiando o poeta português, Sidônio Muralha – de onde o Antônio Maria copiou a ideia “... Não sei para onde vou, só sei que não vou por aí”) e onde certamente a etnia não terá a menor importância.
Vai levar muito tempo ainda para aprendermos que o futebol é só um esporte, que uma seita é o último refúgio dos sem imaginação, que todo o fanático é um débil mental e principalmente, o charme de uma democracia reside em nossa capacidade de aceitar as diferenças, e isso vale para tudo.
A sociedade cresce com suas contradições, mas para isso é preciso respeitar o que é diferente, aliás, falando nisso, longe de mim ser igual aos meus semelhantes.
Até a próxima, com humor e com afeto!
Todo indivíduo que se propõe a emitir opinião sobre algo deveria antes se fazer a pergunta: “em que medida o que vou dizer acrescenta algo sobre o que já se conhece sobre o assunto?”. Isso evitaria muito hein-hein-hein paroquial e de baixa extração.
A medida de um texto é dada pelo que o autor escreve (vivência, história, talento e estilo) e também pelo que o leitor acrescenta ao que está lendo (vivência, história, sensibilidade e percepção)... Há situações em que não vale a pena insistir: com o escritor ou com o leitor. No primeiro caso, é simples, você não gosta, deixa-o de lado; no segundo, cada um deve procurar a obra que tenha a medida que sua própria compreensão possibilita. Pode levar determinado tempo, mas é uma providência honesta e útil.
Quando se escreve, parte-se sempre de uma realidade. Essa realidade pode ser alheia ao leitor. O que possibilita as ilações daí decorrentes. É o leitor exercitando a sua liberdade. Não quer dizer que o que ele deduz represente a verdade, mas é o que a sua experiência permite criar, a “sua verdade”, portanto. Não deve haver imposições, mas constatações. Gostamos de nos identificar com o que lemos. Separamos o que nos diz mais daquilo que nos diz menos. A diferença entre uma e outra empresta a certeza (para o leitor) de que o que decodificou valeu a pena ou não. Se o escritor escreve com liberdade, na escolha dos temas e no tratamento dado a ele, o mesmo ocorre com o leitor, no sentido de fazer a sua escolha e até a rejeitar a obra lida.
O escritor Ernest Hemingway afirmava que “A dignidade do movimento de um iceberg é devida a que só um oitavo dele está acima da superfície da água”. O leitor ideal seria aquele capaz de descobrir essa outra parte, aquela que não está visível. Nesse sentido é que uma obra pode ser enriquecida até revelando possibilidades que o próprio autor desconhecia.
A grande arte universaliza as circunstâncias onde está inserida.
Outro dia usei uma blague do Paulo Francis para explicar alguns descaminhos que a nossa origem portuguesa possibilitou (desconfiança, burocracia) e já insinuaram que sou preconceituoso... Lembrei do comediante William C. Fields “Sou livre de qualquer preconceito. Odeio todo mundo, indistintamente”... Well, a blague é a maneira bem humorada de chamar a atenção sobre um assunto. Cá entre nós, minhas duas avós são descendentes de portugueses, minha mãe também, e daí? Português, italiano, belga, sueco, godo, visigodo, tolteco-maia, tupi-guarani... O importante não é a nacionalidade da qual você deriva ou de onde você se originou, mas o que faz para mudar o lugar onde está até porque ninguém sabe para onde vamos (parodiando o poeta português, Sidônio Muralha – de onde o Antônio Maria copiou a ideia “... Não sei para onde vou, só sei que não vou por aí”) e onde certamente a etnia não terá a menor importância.
Vai levar muito tempo ainda para aprendermos que o futebol é só um esporte, que uma seita é o último refúgio dos sem imaginação, que todo o fanático é um débil mental e principalmente, o charme de uma democracia reside em nossa capacidade de aceitar as diferenças, e isso vale para tudo.
A sociedade cresce com suas contradições, mas para isso é preciso respeitar o que é diferente, aliás, falando nisso, longe de mim ser igual aos meus semelhantes.
Até a próxima, com humor e com afeto!
*
Carlos Damião observa:Publico as crônicas do Olsen todas as semanas, porque, além de amigo, ele é um dos grandes talentos da literatura catarinense em todos os tempos. São belas crônicas. Na semana passada, ele fez referência a um episódio triste - o fato de seu automóvel ter sido depredado por vândalos, após a derrota do Avaí para o Internacional.
Estaria tudo bem, não fossem alguns comentaristas do meu blog... Estes perceberam, na crônica de Olsen Jr., um laivo de preconceito contra os manezinhos. Bobagem total, de quem nem conhece Olsen Jr., achando que ele é apenas mais um gaúcho que torce pelo Internacional e torce o nariz para as nossas raízes luso-açorianas. Nada disso é verdade, e tive oportunidade de contestar os que reagiram ao escrito do cronista: Olsen Jr. é catarinense de Chapecó e, como escritor consagrado, tem a liberdade de escrever o que quiser (direito, aliás, consagrado pela Constituição-Cidadã de 1988), inclusive sobre futebol, uma paixão que não escolhe pátria.
Foi isso que aconteceu. E hoje o Olsen Jr. nos brinda com mais um texto brilhante. Que dirão seus desafetos, em especial aqueles que não o conhecem?
Estaria tudo bem, não fossem alguns comentaristas do meu blog... Estes perceberam, na crônica de Olsen Jr., um laivo de preconceito contra os manezinhos. Bobagem total, de quem nem conhece Olsen Jr., achando que ele é apenas mais um gaúcho que torce pelo Internacional e torce o nariz para as nossas raízes luso-açorianas. Nada disso é verdade, e tive oportunidade de contestar os que reagiram ao escrito do cronista: Olsen Jr. é catarinense de Chapecó e, como escritor consagrado, tem a liberdade de escrever o que quiser (direito, aliás, consagrado pela Constituição-Cidadã de 1988), inclusive sobre futebol, uma paixão que não escolhe pátria.
Foi isso que aconteceu. E hoje o Olsen Jr. nos brinda com mais um texto brilhante. Que dirão seus desafetos, em especial aqueles que não o conhecem?
3 comentários:
Celso, meu camarada, salve!
Você dominou a técnica, refiro-me aquela coisa de conseguir postar o vídeo na coluna, junto com a crõnica, hora dessas tu me explicas porque eu ainda não sei fazer o troço...
O Damião é um cara generoso como se pode perceber...
É bom ter amigos assim...
Você também, meu caro, não se furte...
Abração para você e congratulações por resgatar o Emanuel Medeiros Vieira, nosso amigo, das "antigas", como se diz...
Abração fraterno do viking!
Criei um blog para escrever coisas de nosso cotidiano, e assim poder trazer assuntos pertinentes a nossa cidade e aos cidadãos que aqui moram.
Como sou novo na área da blogosfera e toda ajuda será bem vinda, espero contar com todos e se puderem me façam uma visita, estou esperando por vocês.
Celso, camarada, salve!
Com o tempo vamos aprendendo a ser mais generosos, a ter compaixão... Aliás, a compaixão é uma das marcas dos grandes escritores, remember o Dostoiévski, e os russos de modo geral...
Nossa afinidade com eles, digo com o povo russo, é que os brasileiros, aqui como lá, fazem blague com a própria desgraça e isso integra a índole que permite sermos tolerantes com os mais fracos e a respeitarmos (em termos) as diferenças...
O Damião, na condição de poeta, emprega a sua sensibilidade e a sua generososidade para "mediar" conflitos e eventualmente premiar os seus amigos, nos quais nós dois fazemos parte...
O carinho aqui deste outro poeta!
No aguardo nas novidades prometidas, e desejando sucesso...
Até!
Olsen Jr.
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