Um americano na Armação
Por Amílcar Neves*
Ganchos, SC - Do lado norte da praia de Palmas das Gaivotas avista-se no mar, bem à frente, a ilha do Arvoredo, a maior e uma das mais importantes ilhotas que circundam a Ilha de Santa Catarina. Reserva ecológica terrestre e submarina de importância vital para muitas espécies, nossa modesta Galápagos não recebe turistas nem pescadores. Sequer em suas águas são permitidas as presenças desses visitantes, habitualmente predadores - até pelo simples fato de respirarem sua atmosfera.
O Arvoredo só não é mais importante do que a ilha de Anhatomirim, onde, sob o governo federal do marechal Floriano Peixoto, foram presos e posteriormente fuzilados, na fortaleza setecentista ali existente, quase duzentos cidadãos de destaque político e social da cidade de Nossa Senhora do Desterro - fato que levou o governo catarinense do engenheiro Hercílio Pedro da Luz a propor com sucesso, em 1894, a mudança do nome da cidade para Florianópolis.
Anhatomirim cose-se à costa do Continente justamente na Ponta de Ganchos, reduto de inúmeras vilas de pescadores e sede outrora de uma grande armação construída para dar suporte à intensa pesca de baleias que houve na região. Dezenas de praias bordam-se nos contornos recortados do promontório montanhoso. Uma delas é Palmas. Por algumas outras, ali perto, esparrama-se a pequena e acolhedora cidade pesqueira de Ganchos, que o mesmo espírito republicano de fins do século 19 rebatizou, na segunda metade do século 20, de Governador Celso Ramos.
O lado sul da praia de Palmas, já subindo umas encostas, é constituído por terras que abrigam ruínas de construções antigas, de paredes grossas de pedra e óleo de baleia: uma enorme senzala e uma casa-grande. A área foi propriedade de um certo Robert Suens Cathcart, que ali se estabeleceu precisamente dez anos após a Independência do Brasil e, ou chegou com o título ou o recebeu depois, de cônsul dos Estados Unidos. Um funcionário público americano vizinho à Armação da Piedade, à frente de uma ilha estratégica no meio do caminho marítimo entre Rio de Janeiro e Buenos Aires, as capitais do Brasil e da Argentina...
Onde estarão essas histórias todas, grandiosas e emocionantes, que reúnem a dramática caça de baleias no nosso mar, e o seu agitado processamento, a estrangeiros que por aqui passaram, para todos os efeitos, como armadores e traficantes de escravos?
O Arvoredo só não é mais importante do que a ilha de Anhatomirim, onde, sob o governo federal do marechal Floriano Peixoto, foram presos e posteriormente fuzilados, na fortaleza setecentista ali existente, quase duzentos cidadãos de destaque político e social da cidade de Nossa Senhora do Desterro - fato que levou o governo catarinense do engenheiro Hercílio Pedro da Luz a propor com sucesso, em 1894, a mudança do nome da cidade para Florianópolis.
Anhatomirim cose-se à costa do Continente justamente na Ponta de Ganchos, reduto de inúmeras vilas de pescadores e sede outrora de uma grande armação construída para dar suporte à intensa pesca de baleias que houve na região. Dezenas de praias bordam-se nos contornos recortados do promontório montanhoso. Uma delas é Palmas. Por algumas outras, ali perto, esparrama-se a pequena e acolhedora cidade pesqueira de Ganchos, que o mesmo espírito republicano de fins do século 19 rebatizou, na segunda metade do século 20, de Governador Celso Ramos.
O lado sul da praia de Palmas, já subindo umas encostas, é constituído por terras que abrigam ruínas de construções antigas, de paredes grossas de pedra e óleo de baleia: uma enorme senzala e uma casa-grande. A área foi propriedade de um certo Robert Suens Cathcart, que ali se estabeleceu precisamente dez anos após a Independência do Brasil e, ou chegou com o título ou o recebeu depois, de cônsul dos Estados Unidos. Um funcionário público americano vizinho à Armação da Piedade, à frente de uma ilha estratégica no meio do caminho marítimo entre Rio de Janeiro e Buenos Aires, as capitais do Brasil e da Argentina...
Onde estarão essas histórias todas, grandiosas e emocionantes, que reúnem a dramática caça de baleias no nosso mar, e o seu agitado processamento, a estrangeiros que por aqui passaram, para todos os efeitos, como armadores e traficantes de escravos?
*Amilcar Neves, escritor.
Crônica publicada na edição de hoje (2.9.2009) do jornal Diário Catarinense.
Reprodução autorizada pelo autor.
Crônica publicada na edição de hoje (2.9.2009) do jornal Diário Catarinense.
Reprodução autorizada pelo autor.
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