31.7.09

A CRÔNICA DO OLSEN

Olá, camaradas, salve!

O velho guru Paulo Francis costumava dizer que "nunca entendi o impulso que leva gente civilizada a unir-se a uma malta para gritar "abaixo isso ou aquilo"... A declaração foi em 1979...

Well, em 1971, John Lennon estava em Nova Iorque, como se observa aí em plena função, de agitar e conscientizar, em breve será pré-história também, porque ninguém mais irá sair de casa... As invectivas serão através de "blogs", aliás, como já se está fazendo...

Pessoas ocultas combatendo o mal oculto... Nõs fingindo que estamos empenhados e "eles" fingindo que se rendem...

Claro, haverá pequenas tréguas, quando mediante uma oferta de emprego e pequenas benesses, um e outro sairá da trincheira do lado de cá e deporá as armas, não sem antes fazer um "mea culpa", e a vida emsociedade, a dita convivência prosseguirá... hipócrita e canalha como sempre foi...

Deve existir um lugar bom para se estar, se você já o encontrou não me diga nada, não corte o meu barato, porque eu ainda estou procurando...

A música é essa.

A crônica é esta, cética, cinica e eficiente:

CERTEZAS DA DÚVIDA



Por Olsen Jr.
olsenjr@matrix.com.br

O título aí é um oxímoron. Uma figura de retórica que une duas idéias opostas formando um outro conceito. Metafórico se pretenderem. Também, nesse caso, um livro do Paulo Francis publicado em 1970.

Dito isso, não me ocorreu nada melhor, para falar de duas “instituições” emblemáticas da igreja católica: o limbo e o purgatório.

Já anunciei que não gosto de discutir religião, lembrei novamente de Francis comentando sobre Kierkegaard, afirmava: “Kierkegaard é o único filósofo idealista levável a sério. Colocando a questão da espiritualidade em termos de fé, e não de lógica, é irrespondível”. É nisso que creio: cada um cada um. Mas na semana passada recebi um e-mail (de alguém aparentemente esclarecido) que afirmava ser o limbo e o purgatório a mesma coisa.

Well, o que era uma “certeza” passou a ser uma “dúvida”, e fui atrás do conhecimento com gente da área. Então, o limbo que foi revogado pelo Papa Bento 16 (em uma única canetada, tão surpreendente quanto inesperada, em abril de 2007, o ato foi considerado uma espécie de reengenharia celestial) era um lugar, nem no inferno e nem no céu, para onde iam as crianças que nasciam mortas ou que morriam sem ter recebido o batismo (que as livrava do pecado original). Depois o tal lugar também era destinado (a sacanagem começou aí) aquelas pessoas que eram tidas como boas e justas, mas que tinham morrido antes da passagem de Jesus pela terra, coisa de louco, todo homem é igual “mas alguns são mais iguais do que os outros”, na frase do multimídia Nöel Coward quando uma mulher lhe disse, em 1928, que todos os homens são iguais.

Já o purgatório, como o nome sugere, era um lugar de “purgação” que antecedia a entrada no céu. Uma última oportunidade de purificação/conversão para as pessoas que ainda precisavam preparar-se para ter condições de se encontrar com o criador e finalmente ingressarem no paraíso.

Acredito que deu para entender...

Aliás, por livre associação de ideias, falando em paraíso, lembrei daqueles dois amigos, quase irmãos, inseparáveis mesmo e que gostavam muito de futebol. Eles haviam combinado que o primeiro deles que morresse daria um jeito de se comunicar com o outro avisando se no céu havia jogo de futebol.

Passado um tempo, um deles morreu. Depois de três dias, finalmente, o combinado foi feito e ele se comunica com o amigo aqui na terra, diz “meu caro, tenho duas notícias para te dar, uma boa e outra ruim: a boa é que não só tem futebol aqui no céu, como irá começar um campeonato nesse final de semana; a ruim é que você foi escalado para jogar no domingo”.

Quando se tratava de obsessão, o Freud tinha uma figura que acredito imbatível para descrevê-la, dizia que se deveria comportar como aquele artista que não hesita em queimar todos os móveis do estúdio para manter o modelo aquecido e realizar a sua obra. Assim é suponho que se portam aqueles que possuem fé, que acreditam em algo superior ou então, se permanece naquele nonsense preconizado pelo humorista e cineasta, Woody Allen, “E se tudo for uma ilusão e nada existir? Nesse caso, não há dúvidas de que paguei demais por aquele carpete novo”.

Ilustrações: João Carpenter.

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