30.7.09

PAULO DUTRA


Clemente Paulo Dutra, popular Paulo Dutra, fotógrafo, repórter-fotográfico, jornalista, grande amigo, será o homenageado especial com a medalha e diploma de mérito Dakir Polidoro, durante sessão da Câmara Municipal no próximo dia 4, terça-feira, às 19 horas.

Foi escolhido pela Associação Catarinense de Imprensa (ACI) e os vereadores, ao lado de outros profissionais do primeiro time do jornalismo catarinense: Ricardinho Machado (jornal), Maria Odete Olsen (televisão), Marcelo Fernandes (rádio), Cláudio Silva da Silva-Sarará (repórter fotográfico) e Jerry Bittencourt (repórter cinematográfico).

O Sambaqui na rede publica dois textos sobre Paulo Dutra.

O primeiro é o copião de uma entrevista que fiz com ele em 2007.

O segundo foi encaminhado por Valdir Alves, outro veterano da redação do jornal O Estado.


TEXTO 1

Anotações de entrevista com Paulo Dutra.
Restaurante Pitangueira (Sambaqui). Fpolis-SC
25 de fev de 2007, 10h30 horas. Celso Martins

O local foi sugerido por Paulo Dutra, que chegou de ônibus, na hora marcada. O restaurante ainda estava fechado, tivemos que arrumar as cadeiras, secar, ajeitar uma mesa.. “Queremos transmitir como o Paulo Dutra se vê como fotógrafo, não os folclores que cercam sua atividade”, esclareci.

Nasceu em 22 de junho de 1940 na maternidade Carlos Corrêa, filho de Paulo Cordeiro Dutra, oficial músico da PM, e Leonina Santos Dutra, dona Nina, ambos falecidos. Passou a infância e juventude perambulando pela região da praça Getúlio Vargas, onde morava uma tia. “A turma se reunia nessa praça, que eu conheço bem, conheço árvore por árvore”.

Quando tinha 14 anos o pai comprou três terrenos na rua Tomás João dos Santos, na região do Banco redondo, “uma chácara imensa”. Estudou nas escolas Jurema Cavallazzi, Antonieta de Barros e o ginásio no IEE. Chegou a iniciar o científico, mas sonhava ser piloto de avião, tendo obtido o brevê através de curso no Aeroclube de São José. “Tenho um primo que foi comandante de avião”, lembra.

Certo dia, em 1957, depois das aulas no IEE, ele e um grupo de amigos seguiram de bicicleta para o Estreito, passando pela ponte Hercílio Luz, onde ocorriam as primeiras locações do filme “O Preço da Ilusão”, primeiro longa-metragem produzido em Santa Catarina por Armando Carreirão. Paulo Dutra estava com 17 anos. Ele e os amigos pararam, deixaram as bicicletas de lado e ficaram observando a movimentação.

A certa altura, “alguém da produção me chamou”.

- Ei guri, quer ganhar uns trocados?

- Depende...

- Vai na venda comprar sanduíches para o pessoal.

Paulo Dutra foi, acompanhado por alguns amigos, voltou, entregou o pedido e ficou de conversa com o pessoal da produção do filme. Nos dias seguintes ele retornou ao mesmo local depois das aulas. Eliseu Fernandes, câmera, ensinou Paulo a deslizar um carrinho com câmeras sobre trilhos. “Ia pra aula e depois assistia as filmagens. Depois de algum tempo eles foram fazer locações em outras partes e eu seguia de carro com eles”, recorda.

Foi Eliseu quem o ensinou a revelar os filmes. “Revelávamos primeiro pedaços de uns 30 centímetros para conferir a qualidade da imagem”, observa. Quando não ia para as locações, dirigia-se ao TAC, onde o pessoal da produção estava concentrado. “Corria para o porão, onde foi improvisado um laboratório para a revelação dos filmes. Foi então que eu aprendi toda a química da revelação”. Eliseu dizia: “Esse guri vai longe”. Quando precisou de um assistente de câmera, chamou Paulo Dutra, que a partir desse momento aprendeu a operar e ler um fotômetro.

Armando Carreirão, que dirigia tudo, precisou de um fotógrafo de cena e consultou Salim Miguel. Chegaram um acordo quanto a Paulo Dutra, que recebeu de Carreirão uma Rolleiflex, com filmes de 6x6cm. “E ainda atuei como extra no filme”, destaca.

Quando as filmagens chegaram ao fim, Carreirão montou uma produtora de cine-jornal, sendo contratados como cinegrafista Paulo Dutra, Martinelli e um soldado da PM conhecido por Juca. “Fizemos mais de 50 filmes”, lembra. Passados alguns meses, Eliseu Fernandes convidou Paulo para fazer estágio de produção e cinematografia em São Paulo, o que incluiu passagens pagas pela Atlântica Cinematográfica e a Herbert Richard, quando se tornou cinegrafista.

“Mas o que eu queria mesmo era ser piloto de avião da Varig. Em Florianópolis voei muito de teco-teco, alugava no Aeroclube, que na época ficava onde é hoje o Kobrasol”, lembra. Deu muitos rasantes pelas baías de Florianópolis, para desespero de sua mãe. “Um dia tu vai morrer”, dizia dona Nina. Paulo ficava em pânico na hora de colocar o avião de volta ao chão. “Eu pegava o avião, levantava vôo, fazia o diabo lá encima, mas ficava apavorado ao aterrissar”, diz.

Ao mesmo tempo, Paulo continuava a pegar emprestada a Rolleiflex de Carreirão para fotografar casamentos, festas, batizados e “dava um bom dinheiro. Nos bailes de debutantes, eu fotografava no começo do baile e no final, na saída do clube, já estava com as fotos prontas para ser vendidas, tanto no Clube 12 como no Lira”. Foi então que largou de vez a aviação e se voltou para a fotografia.

FOTOJORNALISMO
Corria o ano de 1962 e Dominguinhos Aquino dirigia o jornal O Estado, na rua Conselheiro Mafra, esquina com rua Padre Roma, impresso no antigo sistema de composição com linotipo e uso de clichês para as imagens. “Eu disse que queria fazer fotos para o jornal e ele respondeu que o jornal não precisava. Eu insisti, pois havia casado e precisava de um emprego. Alguém de quem não lembro mais disse que podia fazer”.

Dominguinhos mandou que Paulo Dutra fotografasse os personagens do dia-a-dia na cidade, vendedores, ambulantes, pessoas comuns nas ruas, figuras populares. As fotos eram impressas na capa, com texto-legenda escrito na redação, mas Paulo não recebia pelos serviços. “Um dia disse que queria ganhar pelas fotos e Dominguinhos respondeu que eu devia pagar por ter as fotos publicadas e me mandou embora”, assinala.

No dia seguinte foi chamado de volta. Combinaram que Paulo receberia através de contra-recibo toda sexta ou no máximo sábado pela manhã – naquela época a sexta-feira ainda não era dia de festa. “Ele tirava um bolo de notas do bolso do paletó e me pagava”, destaca. Foi nessa época que conheceu o ex-governador Aderbal Ramos da Silva, também dono o jornal O Estado, para quem passou a fazer fotos de festas de batizado, casamento e outras.

Fotógrafo de Celso Ramos

“Um dia, já conhecido como fotógrafo de rua, que não tinha muito, estava na fila do cine Ritz comprando ingresso para a sessão das moças das 14 horas, quando apareceu um sujeito dizendo que me conhecia e pediu que comprasse ingressos para ele”, lembra.

“Eu tenho te olhado, precisava de um fotógrafo”, disse o estranho, entregando um cartão, pedindo que fosse a seu gabinete no dia seguinte. Era Fúlvio Vieira, assessor de imprensa do governador Celso Ramos. Paulo foi, sendo apresentado aos demais profissionais do setor, incluindo os fotógrafos Nilson Silva, Toló, Waldemar Anacleto e um seu irmão. Ele seria o quinto fotógrafo. “O Anacleto chefiava a fotografia e disse que não precisava. O Fúlvio teve que insistir, e dizer que queria, e eu fui aceito desse jeito”, recorda. “Comi pedra nas mãos do Anacleto... Mas depois de algum tempo ele me aceitou”.

Mais uma vez, trabalhava e recebia através de contra-recibo, até que um dia mandaram que fizesse fotos da formatura da primeira turma de oficiais da PM, onde aconteceu uma apresentação da esquadrilha da fumaça.

Sem querer, fotografou a colisão entre dois aviões, depois um deles em chamas. Um caiu. Paulo correu até a praça do Quiosque onde fotografou o comandante Trindade morto. As casas atingidas, inclusive a do general Rosinha.

Através de Ilmar Carvalho, as fotos foram enviadas para as revistas Manchete e Fatos&Fotos, onde foram publicadas. Isso abriu as portas e Paulo foi convidado para fazer testes na Manchete, no Rio, então funcionando na rua Frei Caneca. Paulo não foi, apesar da insistência de Ilmar e Salim Miguel.

Algumas semanas depois apareceu outro convite e, dessa vez, ele se mandou para o Rio, apresenta-se ao diretor geral da Bluch, Arnaldo Niskier.

Na época Paulo tinha uma Rolleiflex velha e uma Laica que acabara de comprar. "Eles mandaram que aposentasse as duas e me entregaram uma Rolleiflex nova, 35 mm, e uma Nikon (Nikomat). Se fossem roubadas eu teria que pagar".

Primeira pauta: cobertura da presença do navio-escola Sagres, da Marinha de Portugal, que estava no Rio.

Ficou alguns meses trabalhando sem carteira assinada, ou salário, tendo que pedir emprestado para conseguir se manter no Rio. Mais tarde ele foi chamado, a carteira assinada e os atrasados pagos. Com isso pode pagar os empréstimos que o chefe de fotografia da revista, Gervásio Batista lhe fizera e a pensão em que morava. Além disso, foi instalado no hotel Novo Mundo, ocupado por três anos.

1963-64 - Governo Jango. Paulo consegue um emprego como fotógrafo da presidência, depois foi para a Agência Nacional, deslocado para o Ministério da Justiça e retornou à presidência. Foi nesse emprego federal que ele se aposentou (UFSC).

Na Manchete trabalhavam Raul Caldas (repórter), Salim Miguel (revistas especiais), Beto Carreiro (comercial).

Paulo fazia matérias com Alexandre Garcia.

Tinha carnê da Varig, ia e voltava a Florianópolis.

Bloch dirigia pessoalmente o jornal - ia até a garagem verificar os tanques dos veículos e conferir os gastos de papel, filme e revelador no laboratório fotográfico.

Paulo foi para a Manchete em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador.

Casado aos 21 anos com Liane Lamego, que tinha 15. O casal teve três filhos: Paulo Henrique Dutra é advogado trabalhista; a filha Ana Cláudia, mora em Monique, na Alemanha; Leila Beatriz trabalha na Casan junto com o marido. "Estão todos eles muito bem de vida", assegura.

Em 1975, Paulo foi transferido do Rio para Curitiba, instalando-se no hotel Lord. Retornava ao Rio quando a Manchete chamava - o quadro era de 54 fotógrafos, mas sempre havia algum de folga, férias ou em serviço.

Certa feita, o chamaram para ficar três dias no Rio, mas haviam se passado 30 e não era mandado de volta. Um dia encontrou Adolpho Bloch no elevador.

- E aí gaúcho? Porque toda essa tristeza? perguntou Bloch.

- Não foi gaúcho, sou de Santa Catarina.

- É a mesma coisa...

- Doutor, gostaria de aproveitar para dizer que estou há um mês sem ver a minha mulher. Me chamaram, mas não autorizam a volta.

- Não gosto de ver ninguém triste na minha empresa.

Bloch prometeu que ia resolver e mandou as passagens para que a esposa de Paulo fosse passar alguns dias com ele no Rio.

Paulo permaneceu por dois anos em Curitiba, até que o pai de Liane, doente, pediu que voltasse para cuidar da família, pois ele não teria muito tempo de vida.

Foi até o Rio, explicou a situação e sugeriu a criação de uma sucursal em Florianópolis. Diante da negativa, disse que ia sair da empresa, o que teria ocorrido, não fosse um encontro casual de rua com o engenheiro Colombo Machado Salles, então na direção do Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis.

Paulo caminhava pelo aterro do Flamengo, quando um senhor de cabelos brancos parou o carro em que estava e saltou, dirigindo-se e ele e pedindo desculpas por não tê-lo recebido semanas antes. "Eu estava muito ocupado, mas peço desculpas", disse. "O senhor deve estar me confundindo com outra pessoa, pois eu nunca lhe procurei em seu escritório", respondeu.

De fato, Colombo o confundira com o lagunense Ivens de Castro Farias, mas deixou um cartão pedindo que Paulo o visitasse. Como surgiu esse problema na Manchete, ele o procurou cerca de 15 dias depois. O futuro governador de Santa Catarinense disse que era amigo de Bloch e tinha interesse em contar com os serviços de Paulo.

Poucos dias depois, foi chamado à sala de Bloch.

- Ô gaúcho...

- Não sou gaúcho...

Bloch revelou ter recebido um pedido de um grande amigo que ia assumir o Governo de Santa Catarina.

- Vai para Santa Catarina com essa carta e se apresente ao Colombo, disse Bloch.

Paulo custou a acreditar no que estava acontecendo e dois dias depois estava em Florianópolis, apresentando ao futuro governador a carta em que o fotógrafo era colocado à sua disposição, pelo dono da revista Manchete.

Quando Colombo assumiu, Paulo foi chamado, passando então a receber o quarto salário - um do jornal O Estado, outro da Manchete e um terceiro do Governo Federal. "Eles tinham interesse em mim, então permitiam que eu recebesse de quatro fontes", explica.

A proximidade de Paulo com Colombo logo causou ciumeira entre outros assessores e funcionários do Palácio. O governador interferiu e colocou Paulo sob suas ordens diretas. Permanecia na ante-sala de Colombo atento a qualquer chamado.

Passados os quatro anos, Paulo retornou a Manchete, passando a realizar viagens seguidas. "Chegou um ponto em que não podia mais sentir o cheiro da gasolina do avião", salienta. "Eu sempre tinha um conjunto de ternos limpos no armário, pois acontecia de num dia pela manhã estar na Rocinha e de tarde no gabinete de uma autoridade", lembra.

"Nunca achaquei nem chantagei ninguém".

Jornal da Semana. "Naquela época eu era o fotógrafo mais bem pago do sul do Brasil", lembra. E alugou uma sala no Ceisa Center para instalar uma agência de fotografia, próximo de onde funcionava o Jornal da Semana, dirigido por Paulo da Costa Ramos. Contratado com carteira assinada, Paulo Dutra se tornou o titular de uma sessão muito comentada na época, a Fototeca, publicando imagens de mulheres semi-despidas.

"Deu muito rolo. Um dia eu estava na praia da avenida Beira-Mar, quando passou pela calçada uma mulher sem calcinha. Fiz e foto e publiquei. Outra vez foi a Regina Bortolon com os seios de fora, fotos feitas no Canto da Lagoa, autorizadas por ela e publicadas. "Ela entrou com uma ação e ganhou dinheiro e um aparelho de telefone".

"Entrei e saí do jornal O Estado uma meia dúzia de vezes", lembra. A ultima foi em 1988, após uma prolongada e desgastante greve na redação, onde permanecera por 10 anos. "Um dia parei na frente do jornal e o Comelli me atacou, pedindo que voltasse, pois o jornal estava num momento difícil.” "Só saí quando cortaram o salário".

Atualmente [2007] Paulo Dutra monta um site na internet e que deve iniciar em maio ou junho. Seu acervo fotográfico está espalhado e quase todo perdido, mas o que restou será digitalizado e aproveitado no site. "Vou juntar fotos antigas com atuais".

Paulo carrega consigo uma câmera digital Digiart modelo 590, com 5.0 megapixels.

"Bem de vida eu não estou, mas vivo bem e viajo muito. Estou contente".


TEXTO 2

Redação do jornal O Estado, 1997.

Por Valdir Alves

Caro Celso!

O fotografo Ed Keffel ganhou notoriedade nacional e esgotou diversas edições de O Cruzeiro flagrando um disco-voador sobrevoando a Barra da Tijuca, naquelas priscas eras então, um puta interior. Recordo-me da história a propósito da defesa do que restou do patrimônio intelectual do jornal O Estado onde, possivelmente, esteja em seus escombros um famoso disco-voador dando rasantes na praia da Joaquina, passeio devidamente registrado pelo fotografo Paulo Dutra com produção de Túlio Carpes.

Na segunda feira a redação informada da existência de tal foto imediatamente começou a preparar uma super-edição, ou melhor, um super tiragem, pois havia convencimento que a posse do material inédito cairia no gosto popular e seria o centro das atenções em Santa Catarina e também por outras terras.

Foi uma tarde de muita expectativa onde todas as outras matérias foram, naturalmente, tratadas secundariamente. Quem poderia se interessar pelos duelos parlamentares se a Capital agora tinha um disco voador? Quem prestaria atenção nas promessas do governador garantindo uma ligação da serra ao litoral, via 282? O mundo seria discutido pela ótica de um objeto voador não identificado.

A tensão aumentou no começo da noite porque o Paulo se dizia muito temeroso em fazer uso do material. Seguiu-se uma dezena de reuniões de Sardá, chefe de redação, com Dr. Comelli, dono do jornal; com Marcílio, editor chefe e daí para cima e para baixo, até que ficou acordado que as fotos somente seriam entregues no dia seguinte.

O clima não foi diferente nos dias subseqüentes. Houve até aumento da expectativa, pois o assunto então ganhara as mesas do Chopão, Romalino, Braseiro e tantos outros botecos que ancoravam as peregrinações noturnas dos repórteres. Surgiam às versões, dúvidas – dependendo dos vapores da noite.

A catarse sucedeu três ou quatro dias depois. No começo de uma tarde quando tudo prometia se repetir, dois impolutos oficiais da briosa aeronáutica, chegaram ao jornal para tratar de um assunto de do maior interesse da segurança nacional que naquele momento estava sendo colocada em risco por fotografias de objetos que não tinham sido registrados pelos radares militares. As fotos precisavam ser entregues imediatamente.

O fotografo argumentou que não tinha o material a mão. Que havia deixado em outro local. Não tem importância, disse o cara que tinha uma estrelinha no ombro – o do macarrão no braço ficou todo o tempo em silêncio – temos uma guarnição aí fora que poderá acompanhá-lo em total segurança.

O Paulo percebeu o cheque-mate. Olhou para o Doutor com cara de menino lambão, arrumou-se na cadeira explicando que nas circunstâncias do ocorrido tinha tido a nítida percepção que fotografara um disco voador nas proximidades do costão da Joaquina, sob uma imensa nuvem escura de uma trovoada que se anunciava iminente.

Mas que aprofundando suas investigações foi sabedor que no mesmo horário seu amigo Túlio Carpes havia arremessado uma calota de automóvel sobre a praia, induzindo a imaginação do profissional. É claro que esta imaginação estava tecnicamente turbinada por uma boa meia-duzia de caipirinhas, embora este pequeno detalhe não tenha merecido referência durante a conversa. Também não foi dito que o Túlio teve que jogar a calota quase uma centena de vezes para garantir algumas fotos com qualidade de disco voador.

Com a segurança nacional fora de perigo, os milicos se recolheram à caserna, não sem antes fazer laudatória preleção sobre os perigos de determinados assuntos. O Paulo foi devidamente esconjurado e o mais antigo perdeu a oportunidade de ter vendido um milhão de exemplares, assim como tinha acontecido com a revista O Cruzeiro.

Quanto testemunho terá sido jogado fora? Quantas histórias terão sido perdidas? Não sei dizer. Sei apenas que a tua iniciativa buscando salvar o que resta é muito lovável. Meus cumprimentos e um abraço fraterno do
Valdir Alves.

Um comentário:

Anônimo disse...

Celso Martins, camarada, salve!

Bom você ter resgatado a história do Paulo Dutra, um "figuraço" (no sentido carinhoso do termo) de nossa imprensa... Junto com a já folclórica alusão ao "disco voador" bem lembrada pelo Valdir Alves, bem lembrada, aliás, com o bom humor do nosso colega...

Congratulações e não deixe essa verve jornalística fenecer, assim, teremos a certeza de ainda ler muitas (his) ou (es)tórias como essa...

Como lembra a frase tirada do filme "O Homem que Matou o Fascínora"(The Man Who Shot Liberty Valence), "Quando a lenda for mais interessante que a realidade, imprima-se a lenda"...

Abração do viking!