8.7.09

Surpresa e suspense


Por Amílcar Neves*

Saiu no jornal, com certeza muita gente também leu a notícia, não apenas ele, que a flagrou por artes do mais puro acaso (como sempre acontece, aliás, com as grandes revelações, boas ou más, que a vida nos costuma oferecer: por acaso). Não se tratava de enorme manchete de capa, evidente, nem de miúdo título para singela nota em canto de página, perdida no meio do periódico, recortada entre a publicidade legal e os comunicados de falecimento e convites para missa de sétimo dia.

Foi, sim, por entre as cartas dos leitores, a seção do jornal febrilmente lida pelos leitores que escrevem cartas para o jornal (não era o caso dele), que seus olhos chocaram-se com a informação, deixando-o, de início, atônito e estupefato, posto que nada sabia do assunto até aquele momento. A carta em questão, por sinal que bastante longa para os padrões do espaço, levava o insuspeito título de Família e vinha da cidade de Cocal do Sul, assinada pelo notório Delírio Osório, conhecido em toda a região pelo apelido de Italiano e, em família, como Tio Lírio.

Tio Lírio, na verdade, em seu caso, seu tio-avô, opera como um dos patriarcas osórios, os quais constituem informalmente uma espécie de conselho consultivo com poderes deliberativos em instância final no tocante a assuntos de família (e de política regional também, sem dúvida, bem como em matérias religiosas e da administração pública). Na carta, Italiano Osório anuncia a realização, para breve, de mais uma Confraternização Osória, quando se conta congregar centenas de Osórios de todo o Sul do Estado e atualizar as estatísticas e registros históricos familiares, mas nada disso é novidade para ele nem para ninguém.

O que deveras o surpreendeu, de início, foi a informação segundo a qual, pela primeira vez, serão homenageados os Osórios que mais se tenham destacado no ano, e, depois, a revelação espantosa de que ele próprio - seu nome ali por extenso, inequívoco -, será um desses primos agraciados com as honras osórias.

Constrangido para sair por aí a fazer perguntas, Manoel Osório, único Osório que não retornou ao Sul, fica se perguntando qual mérito os patriarcas descobriram em sua pessoa - e, angustiado, mortifica-se porque ninguém lhe diz nada, todos agindo e comportando-se como se não tivessem lido o jornal, ao qual ele retorna cinco vezes ao dia para assegurar-se de não estar delirando.

* Amilcar Neves, escritor.
Crônica publicada na edição de hoje (8.7.2009) do jornal Diário Catarinense.
Reprodução autorizada pelo autor.


*
Honduras

O jornalista Raul Longo encaminha um texto do ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, a respeito do recente golpe civil-militar ocorrido em Honduras.

É IMPORTANTE QUE SE LEIA COM ATENÇÃO O TEXTO ABAIXO DE PÉREZ ESQUIVEL, MAS QUE SE O LEIA COM A CONSCIÊNCIA DE QUÃO POUCO AVANÇAMOS EM ORGANIZAÇÕES DE DEFESA DO NOSSO CONTINENTE.

É IMPORTANTE ESTARMOS ATENTOS DE QUE DESDE O IMPÉRIO BRITÂNICO, SEMPRE FOMOS O QUINTAL DOS LOIROS DE OLHOS AZUIS E NÃO SERÁ POR UM PRESIDENTE NEGRO QUE NOS ENXERGARÃO DE OUTRA FORMA.

A ÁSIA CONTINUARÁ SENDO O PARQUE DE DIVERSÕES, A ÁFRICA O CAMPO DE CAÇA E CONTINUAREMOS SENDO O POMAR.

MESMO PARA OS QUE TEM FÉ EM "SÃO" OBAMA, É PRECISO LEMBRAR QUE ELES TÊM LEGIÕES DE LEE OSWALD PARA CADA SANTO QUE, PORVENTURA, O SEJA DE FATO.

E QUE HÁ LIMITES PARA AS FORÇAS DE NOSSOS GOVERNOS, POR MAIS LEGÍTIMAS, UNIDAS E BEM INTENCIONADAS. POR MAIOR O RECONHECIMENTO INTERNACIONAL.

A INVASÃO DO IRAQUE FOI REALIZADA À REVELIA DA APROVAÇÃO INTERNACIONAL DE GOVERNOS MUITO MAIS INFLUENTES DO QUE OS NOSSOS. A FORÇA DE TODO GOVERNO, ONDE QUER QUE SEJA, ESTÁ NAS MANIFESTAÇÕES DE APÓIO DE SEUS POVOS.

A CRISE ECONÔMICA NÃO SIGNIFICA QUE OS EUA ARREFECERAM SUAS PRETENSÕES IMPERIALISTAS. MUITO PELO CONTRÁRIO!

O GOLPE EM HONDURAS É UM MUITO CLARO E EVIDENTE ALERTA DE QUE CONTINUAMOS SOB AS MESMAS AMEAÇAS DAS DÉCADAS DE 50, 60 E 70 DO SÉCULO PASSADO.

SÓ A MANIFESTAÇÃO POPULAR EM TODAS AS GRANDES CIDADES LATINO-AMERICANAS, ORGANIZADA POR MOVIMENTOS SOCIAIS, PODERÁ DEIXAR CLARO AO MUNDO QUE NÃO QUEREMOS MAIS SER O QUINTAL. NÃO QUEREMOS MAIS TIRANOS TÍTERES DOS INTERESSES IMPERIALISTAS. NÃO QUEREMOS MAIS SER IMPERIALIZADOS.

OU SAÍMOS ÀS RUAS E ÀS PRAÇAS QUEIMANDO BANDEIRAS DOS EUA, FAIXAS, CARTAZES E CARICATURAS DOS TANTOS TIRANOS QUE NOS FORAM IMPOSTOS O SÉCULO PASSADO, OU ETERNIZE-SE AS LÁGRIMAS DAS MÃES DA PLAZA DE MAYO EM NOSSOS OLHOS E POR NOSSOS PRÓPRIOS FILHOS, NAS PRÓXIMAS DÉCADAS DO SÉCULO 21.

ELES NÃO NOS ENXERGARÃO COM OUTROS OLHOS POR TEREM UM PRESIDENTE NEGRO, POR TER MUDADO O SÉCULO, POR TEREM PROVOCADO A CRISE MUNDIAL, POR NÃO MAIS HAVER O FANTASMA SOVIÉTICO PARA JUSTIFICAR DEFESA DA LIBERDADE COM IMPOSIÇÕES DE TORTURAS, MORTES E PRISÕES.

MUITO PELO CONTRÁRIO! E OS MESMOS MERCENÁRIOS E CORRUPTOS QUE SEMPRE OS APÓIAM CONTRA OS POVOS DE CADA PAÍS LATINO-AMERICANO, CONTINUAM AÍ A ESPERA, COMO BONS SABUJOS, PRONTOS A CRIAR CASUÍSMOS POLÍTICOS E FALSAS DENÚNCIAS.

ESTÃO AÍ NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E NAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS DE HONDURAS, PERU, PANAMÁ, CHILE, EL SALVADOR, VENEZUELA, BRASIL OU EM QUALQUER PARTE DESTE ENORME QUINTAL.

SÓ A MULTIDÃO, PELAS RUAS E PRAÇAS DE CADA GRANDE CIDADE E CAPITAL DA ARGENTINA AO MÉXICO, QUEIMANDO BANDEIRAS DOS EUA, SERÁ UM RECADO INEQUÍVOCO AO POVO DAQUELE PAÍS DE QUE DEVEM CONTER A PREPOTÊNCIA IMPERIALISTA DE SEUS LÍDERES.

APENAS O RECEIO DA CONSCIÊNCIA DE SEU PRÓPRIO POVO, CONTÉM A GANÂNCIA DOS IMPERIALISTAS DOS EUA. FOI ASSIM NO VIETNÃ. ESTÁ SENDO ASSIM NO IRAQUE.

LEMBREM-SE DO FAMOSO POEMA, POIS SE NOS CALARMOS AO GOLPE AOS JARDINS DE HONDURAS, EM BREVE DEVASTARÃO TODO O QUINTAL, POIS A CRISE SÓ OS FAZ MAIS SEQUIOSOS.

ATENÇÃO ÀS DENÚNCIAS DE ADOLFO PÉREZ ESQUIVEL:


Honduras: tierra desgarrada golpe a golpe

Fonte: Rebelión.

Adolfo Pérez Esquivel

El gobierno de facto en Honduras, busca justificar lo injustificable al
detener y expulsar del país al Presidente Manuel Zelaya. Vuelvo a
insistir en que, no podrían dar el golpe de Estado sin el consentimiento
del Pentágono y la CIA, que actúan más allá del Presidente Barack Obama.

Acabo de recibir noticias desde Honduras de periodistas y dirigentes
sociales que han logrado ocultarse para evitar la represión y poder
continuar informando sobre lo que ocurre en el país. Los dictadores han
impuesto la censura a todos los medios y han secuestrado equipos y
apresado a periodistas; continúan los allanamientos por fuerzas armadas,
en viviendas y lugares considerados opositores violando los derechos
humanos.

El Secretario General de la OEA, José Miguel Insulza no obtuvo los
resultados esperados en su viaje a Tegucigalpa y han aplicado sanciones
a Honduras.

Los dictadores no quisieron escuchar la voz de los presidentes que
reclaman la restitución en el gobierno del presidente Manuel Zelaya; por
el contrario, han endurecido su posición amenazando ponerlo preso si
regresa al país. Han desatado una fuerte represión contra las marchas en
apoyo al regreso del Presidente, provocando cientos de heridos y
detenidos. El gobierno de facto es responsable por la vida y seguridad y
de lo que pueda ocurrir al Presidente Zelaya y a la población.

Se agudiza la preocupación cuando vemos que el Presidente Obama, asumió
posiciones débiles para defender la democracia en Honduras, mientras los
mandatarios latinoamericanos en la OEA, pedían que se exprese en defensa
de la democracia y contra el golpe militar.

Los hechos demuestran que una cosa es decir y otra hacer, negándose
Obama a recibir al Presidente hondureño Manuel Zelaya

Es un hecho negativo y preocupante que pone en evidencia la complicidad
del gobierno de los EE.UU. en el golpe de Estado, que debemos considerar
una experiencia piloto de imponer nuevamente gobiernos antidemocráticos,
lo cual provoca un grave y peligroso antecedente para todo el continente
latinoamericano. Debemos recordar los intentos de golpes de Estado en
Venezuela, Bolivia y Haití, como el conflicto de baja intensidad con el
ataque de Colombia y EE.UU. contra Ecuador.

El interrogante que surge, es si Obama, estaba o no enterado del golpe
militar en Honduras, país que tiene una larga y dolorosa historia de
dominación norteamericana, basta recordar al “virrey” John Negroponte,
embajador de los Estados Unidos en Honduras y su activo rol en demoler
gobiernos y apoyar a la contrainsurgencia contra la Revolución
Sandinista, en Nicaragua, El Salvador y Guatemala y en la preparación,
financiamiento y penetración de los Contra y grupos paramilitares y
policiales en la región, como la instalación de bases norteamericanas en
territorio hondureño.

La herencia recibida por Obama del gobierno que le precedió es pesada y
llena de dificultades, como las guerras en Irak y Afganistán, donde lo
único que ha dejado la invasión a esos países es hambre, destrucción y
muerte. Pérdidas cuantiosas, destrucción de la capacidad económica y
cultural, y el saqueo de los recursos naturales y bienes de esos países
son el resultado de la impunidad jurídica de las fuerzas armadas de
EE.UU., responsables de crímenes de lesa humanidad.

El gobierno de Obama no pudo, hasta la fecha, avanzar en sus intenciones
y promesas electorales de erradicar la práctica de la tortura y la
degradación humana en las cárceles en Abu Graib, en Irak y en
Guantánamo, Cuba y cerrarlas definitivamente.

Es evidente que no tiene capacidad de revertir las políticas implantadas
por el gobierno de George Bush, y de otros gobiernos que le precedieron,
ni la posibilidad de cerrar esas cárceles que son una ofensa a la humanidad.

Los escenarios han cambiado en el continente. Los gobiernos
latinoamericanos en la OEA asumen su responsabilidad de fortalecer los
procesos democráticos. Es necesario respaldar a los mandatarios que han
decidido acompañar a Zelaya a Honduras y reclamar sus derechos.

Las Naciones Unidas y la comunidad internacional han repudiado el golpe
de Estado en Honduras y reclamado el regreso de Zelaya. Es necesario que
las organizaciones sociales, sindicatos, iglesias, movimientos
estudiantiles e intelectuales, medios de comunicación y redes sociales e
informativas, se sumen solidariamente para impedir la instauración en
Honduras o en cualquier otro país de dictaduras militares.

Lo que ocurre hoy en Honduras nos afecta a todos y todas. Es necesario
redoblar los esfuerzo y reclamar a organismos financieros como el BM-
FMI-el BID y la Unión Europea, bloquear toda ayuda a la dictadura
hondureña, hasta la reposición en su cargo del presidente Zelaya.

Los golpistas deben ser llevados ante la justicia, tanto civiles como
militares, empresarios y religiosos que son cómplices y han avalado el
golpe militar

El presidente Obama tiene aún muchas asignaturas pendientes con los
pueblos. Sabemos de las dificultades que tiene para lograr cambios en la
política de los EE.UU. Si no los asume con coraje y decisión, terminará
actuando como aquellos a quienes ha criticado y han llevado a la grave
situación que hoy vive ese país, y al daño provocado a otros pueblos en
el mundo. En la situación hondureña se pondrá en evidencia si está
dispuesto defender la democracia y a asumir los cambios prometidos o si
todo fueron palabras vacías de contenido.

La iglesia católica debe pronunciarse con claridad y no con actitudes de
doble sentido, como lo expresado en nombre de la Conferencia Episcopal
Hondureña, por el Obispo Auxiliar y vocero de Tegucigalpa Mons. Pineda,
que recomienda que Zelaya no viaje a Honduras y las evasivas sobre lo
que se debe hacer frente al golpe de Estado. El doble discurso y la
falta de coraje esta presente en la jerarquía eclesiástica.

Jesús siempre tuvo posiciones claras y concretas frente a las
injusticias. Los obispos debieran aprender del Maestro.

La tierra atormentada de Honduras reclama la solidaridad de los pueblos
de América Latina y el mundo. Es necesario resistir en la esperanza.


Buenos Aires, 5 de julio del 2009

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